sábado, 4 de dezembro de 2010

Antioxidantes

Quem tem o poder de reverter o processo de envelhecimento, aumentar a energia e fazer com que as pessoas se sintam mais jovens? Segundo os defensores das pílulas, os responsáveis por isso são os antioxidantes. Mesmo assim, a FDA - Food and Drug Administration - Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA -proibiu os fabricantes de declarar que os antioxidantes reduzem os riscos de doenças.

A cada ano, um número incontável de americanos gasta bilhões de dólares com suplementos antioxidantes (perto de US$ 2 bilhões, somente com betacaroteno e vitaminas C e E), acreditando que eles reduzem consideravelmentete o risco de câncer, doenças cardíacas e perda de memória. Entretanto, a maioria dos especialistas concorda que tomar antioxidantes não é uma solução para ter uma boa saúde ou a resposta para permanecer jovem. Então, que conclusão podemos tirar disso?

Neste artigo, aprenderemos a verdade sobre os antioxidantes: o que são, como funcionam, a quantidade necessária, onde achar as melhores fontes de dieta e o que as últimas pesquisas científicas dizem a respeito.

O que são antioxidantes
Como o nome diz, os antioxidantes são substâncias capazes de agir contra os danos normais causados pelos efeitos do processo fisiológico de oxidação no tecido animal. Nutrientes (vitaminas e minerais) e enzimas (proteínas no seu corpo que ajudam as reações químicas) são antioxidantes. Acredita-se que os antioxidantes ajudam na prevenção do desenvolvimento de doenças crônicas como o câncer, as doenças cardíacas, derrame, Mal de Alzheimer, artrite reumatóide e catarata.

O estresse oxidativo ocorre quando a produção de moléculas prejudiciais, chamadas de radicais livres, está além da capacidade protetora das defesas antioxidantes. Os radicais livres são átomos quimicamente ativos ou moléculas que apresentem um número ímpar de elétrons na sua órbita externa. Exemplos de radicais livres são o ânion superóxido, o radical hidroxila, os metais de transição como o ferro e o cobre, o ácido nítrico e o ozônio. Os radicais livres contém oxigênio conhecido como espécies reativas de oxigênio (ROS), que são os radicais livres biologicamente mais importantes. Os ROS incluem os radicais superóxidos e o radical hidroxila mais os derivados do oxigênio que não contém elétrons ímpares, como o peróxido de hidrogênio e o oxigênio "singlete".

Como têm um ou mais elétrons ímpares, os radicais livres são altamente instáveis. Eles vasculham o seu corpo para se apropriar ou doar elétrons e, por esta razão, prejudicam as células, proteínas e DNA (material genético). O mesmo processo oxidativo também causa o ranço no óleo, a cor marrom em maçãs descascadas e a ferrugem no ferro.

É impossível evitarmos os danos causados pelos radicais livres. Eles são resultado de diversos processos orgânicos e são precipitados por vários fatores exógenos (do exterior) e endógenos (fontes internas) do nosso corpo. Os oxidantes que se desenvolvem dos processos internos do nosso corpo são formados pelo resultado natural da respiração aeróbica, metabolismo e inflamação. Os radicais livres exógenos são formados através de fatores ambientais como poluição do ozônio, luz solar, exercício físico, raios-X, nicotina e álcool. O nosso sistema antioxidante não é perfeito, então, com a idade, as células são danificadas pelo acúmulo de oxidação.

O processo antioxidante
Os antioxidantes bloqueiam o processo de oxidação neutralizando os radicais livres. Fazendo isto, eles mesmos tornam-se oxidados. Esta é a razão pela qual existe uma necessidade constante de recarregar os nossos recursos antioxidantes.

Funcionamento dos antioxidantes
Quebra da cadeia - quando um radical livre libera ou rouba um elétron, um segundo elétron é formado. Esta molécula circula pelo corpo e faz a mesma coisa com uma terceira molécula, gerando assim mais produtos instáveis. Como isto acontece? Ou o radical é estabilizado por um antioxidante que quebra a cadeia tal como o betacaroteno e as vitaminas C e E ou simplesmente se decompõe em um produto inofensivo.

Preventiva - as enzimas antioxidantes como o superóxido dismutase, a catalase e a glutationa peroxidase previnem a oxidação reduzindo a taxa de iniciação da cadeia. Isto significa que procurando radicais na etapa de iniciação, tais antioxidantes podem impedir que o processo de oxidação se inicie. Estas enzimas podem, também, prevenir a oxidação estabilizando os metais de transição como o cobre e o ferro.

A eficácia de qualquer antioxidante no corpo depende do radical livre que está envolvido, como e onde ele é gerado e onde a lesão se encontra. Conseqüentemente, enquanto em um determinado corpo um antioxidante protege contra os radicais livres, em outro ele pode não ter este mesmo efeito. Em algumas circunstâncias eles podem até mesmo agir como um pró-oxidante, que gera espécies tóxicas do oxigênio.

Tipos de antioxidantes
Nutrientes antioxidantes
Os antioxidantes da nossa dieta parecem ser de grande importância no controle dos danos causados pelos radicais livres. Cada nutriente é único em termos de estrutura e função antioxidante.

A vitamina E é um nome genérico para todos os elementos (até o momento, foram identificados oito deles) que apresentam atividade biológica do isômero alfa tocoferol. Um isômero tem duas ou mais moléculas com a mesma fórmula química e arranjos atômicos diferentes. O alfa tocoferol, o mais conhecido e disponível isômero do mercado, tem maior biopotência (maior efeito no corpo). Por ser solúvel em gorduras, o alfa tocoferol está em uma posição única para proteger as membranas das células, que são em sua grande maioria compostas de ácidos gordurosos, dos danos causados pelos radicais livres. Ele também protege as gorduras em lipoproteínas de baixa densidade (LDLs ou colesterol "ruim") da oxidação.

A vitamina C, também conhecida como ácido ascórbico, é solúvel em água. Sendo assim, ela procura por radicais livres que estão em um meio aquoso (líquido), como o que está dentro das nossas células. A vitamina C funciona sinergicamente com a vitamina E para eliminar os radicais livres. A vitamina C também regenera a forma reduzida (estável) da vitamina E.

O betacaroteno também é uma vitamina solúvel em água e é amplamente estudada entre os 600 carotenóides identificados até o momento. Ela é encarada como a melhor eliminadora do oxigênio singlete, que é uma forma energizada, mas sem carga do oxigênio, que é tóxica para as células. O betacaroteno é excelente para procurar por radicais livres em uma concentração de oxigênio baixa.

O selênio é um elemento essencial. É um mineral que precisamos consumir em pequenas quantidades e sem o qual não poderíamos sobreviver. Ele forma o centro ativo de várias enzimas antioxidantes incluindo a glutationa peroxidase.

Similar ao selênio, os minerais manganês e zinco são microelementos que formam uma parte essencial das várias enzimas antioxidantes.

Enzimas antioxidantes
As enzimas antioxidantes superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT) e glutationa peroxidase (GPx) servem como linha primária de defesa na destruição dos radicais livres.

O SOD primeiro reduz (adiciona um elétron) o radical superóxido (O2-) para formar peróxido de hidrogênio (H2O2) e oxigênio (O2). 2O2- + 2H --SOD--> H2O2 + O2

2O2- + 2H --SOD--> H2O2
+ O2 2O2- + 2H --SOD--> H2O2
+ O2 2O2- + 2H --SOD--> H2O2
+ O2 2O2- + 2H --SOD--> H2O2
+ O2 A catalase e a GPx então trabalham simultaneamente com a proteína glutationa para reduzir o peróxido de hidrogênio e por fim produzir água (2O).


2H2O2--CAT--> H2O
+ O2
H2O2 + 2glutationa --GPx--> glutationa
oxidada + 2H2O 2H2O2--CAT--> H2O
+ O2 H2O2 + 2glutationa --GPx--> glutationa
oxidada + 2H2O 2H2O2--CAT--> H2O
+ O2 H2O2 + 2glutationa --GPx--> glutationa
oxidada + 2H2O 2H2O2--CAT--> H2O
+ O2 H2O2 + 2glutationa --GPx--> glutationa
oxidada + 2H2O 2H2O2--CAT--> H2O
+ O2 H2O2 + 2glutationa --GPx--> glutationa
oxidada + 2H2O A glutationa oxidada é então reduzida por uma outra enzima oxidante - a glutationa redutase.

Juntas, elas consertam o DNA oxidado, reduzem a proteína oxidada e destroem os lipídios oxidados, substâncias parecidas com gordura que são componentes das membranas das células. Várias outras enzimas agem como um mecanismo de defesa antioxidante secundário para proteger você de futuros danos.

Outros antioxidantes
Além das enzimas, vitaminas e minerais, existem outros nutrientes e compostos que têm propriedades antioxidantes. Entre eles está a coenzima Q10 (CoQ10 ou ubiquinona), que é essencial para a produção de energia e proteção do corpo contra radicais livres destrutivos. O ácido úrico, um produto do metabolismo do DNA, é reconhecido como um importante antioxidante. Além disso, as substâncias em plantas chamadas fitoquímicos estão sendo estudadas por suas atividades antioxidantes e o potencial de estímulo à saúde.

Os antioxidantes melhoram a saúde
Visto que os antioxidantes agem contra os efeitos prejudicais dos radicais livres, poderíamos pensar em consumir o máximo possível deles. No entanto, mesmo sendo componentes necessários para uma boa saúde, ainda não está claro se os suplementos devem ser tomados. E se devem, qual é a quantidade a ser consumida. Há algum tempo pensava-se que os suplementos eram inofensivos, mas sabe-se agora que o consumo de altas doses de antioxidantes pode ser prejudicial devido ao alto potencial de toxicidade e interação com medicamentos. Lembre-se: os antioxidantes por si só podem agir como pró-oxidantes em níveis elevados.

Então, existe alguma base científica para todo este alarde feito sobre os antioxidantes? Os estudos experimentais realizados até agora tem resultados distintos, abaixo relacionados.

O Estudo de Prevenção do Câncer com Betacaroteno e Alfa Tocoferol (ATBC), envolveu homens finlandeses fumantes e consumidores de álcool. Os voluntários receberam doses de 20 mg de betacaroteno sintético ou 50 mg de vitamina E ou uma combinação dos dois ou um placebo. Depois de oito anos, os voluntários que tomaram vitamina E tiveram 32% menos diagnósticos de câncer de próstata e 41% menos mortes por câncer de próstata comparados aos homens que não tomaram vitamina E. Entretanto, após apenas quatro anos, houve 16% mais casos de câncer de pulmão e 14% mais mortes por câncer de pulmão no grupo que tomou somente o betacaroteno.

No experimento da eficácia do Retinol e do Carotenóide (CARET), os voluntários eram fumantes ou trabalhadores expostos ao amianto. Eles receberam uma combinação de 30 mg de betacaroteno sintético e 25 mil UI (unidades internacionais) de retinol (vitamina A pré-formada) ou placebo. Este estudo foi interrompido cedo porque os resultados preliminares mostraram um aumento de 28% na taxa de câncer de pulmão no grupo que tomou betacaroteno comparado ao grupo que tomou placebo.

Um estudo feito sobre a saúde (PHS) de 22 mil médicos, dos quais 11% eram fumantes e 40% ex-fumantes, não mostrou um efeito protetor nem um efeito tóxico após 12 anos de acompanhamento. Os participantes foram aleatoriamente escolhidos para receber ou 50 mg de betacaroteno em dias intercalados ou placebo. Um segundo estudo PHS está em andamento para testar o betacaroteno, a vitamina E, a vitamina C e a multivitamina com ácido fólico em homens saudáveis com 65 anos ou mais para o diminuir o declínio cognitivo.

Um estudo realizado em 1997 e publicado no Jornal da American Medical Association (Associação Médica Americana) descobriu que 60 mg de vitamina E por dia reforçaram o sistema imunológico em um grupo de pacientes saudáveis com 65 anos e 200 mg geravam uma melhora maior após quatro meses. Entretanto, 800 mg de vitamina E resultaram em uma imunidade pior em relação a que eles teriam se não tivessem recebido nenhuma dose.

Em 2001, o Instituto Nacional da Saúde promoveu uma pequisa médica sobre as doenças dos olhos em relação à idade (AREDS). Um ensaio clínico randomizado e controlado, mostrou que suplementos em altas doses como 500 mg de vitamina C, 400 UI de vitamina E, 15 mg de betacaroteno, 80 mg de zinco e 2 mg de cobre reduziram significativamente o risco da degeneração macular relacionada a idade avançada (AMD) comparado ao placebo. Além disso, o grupo que tomou antioxidante e zinco teve uma significativa redução nas taxas de perda de acuidade visual.

Existem várias explicações possíveis para estes resultados:

a quantidade de antioxidantes nos suplementos talvez seja tão alta quando comparada com aquela na dieta que leva a um efeito tóxico;

outros nutrientes podem estar presentes nas frutas e vegetais que funcionam em sincronia com os antioxidantes e são necessários para fornecer um efeito protetor;

os participantes do estudo eram muito idosos para começar a tomar antioxidantes ou tinham estilos de vida tão prejudiciais à saúde que os antioxidantes não conseguiam reverter o quadro.

Mais do que isso, inúmeros estudos observacionais, em que os pesquisadores procuram por associações sem fornecer aos participantes os suplementos, têm associado dietas ricas de frutas e vegetais antioxidantes com um risco menor de doenças como o câncer, doença coronariana, derrame, catarata, mal de Parkinson, Alzheimer e artrite. Então, apesar dos achados decepcionantes dos experimentos, os cientistas estão convencidos dos vários benefícios em potencial das dietas antioxidantes ricas em frutas e verduras (mas lembre-se que os antioxidantes devem ser ingeridos in natura como parte da dieta). Eles simplesmente ainda não conseguiram calcular exatamente como os diferentes sistemas antioxidantes funcionam juntos no nosso corpo para nos proteger dos danos dos radicais livres.

Quanto é necessário
A American Heart Association (Associação Americana do Coração), por exemplo, não recomenda o uso dos suplementos antioxidantes "até que mais informações sejam compiladas", mas ao invés disto, sugere que as pessoas "comam diariamente uma variedade de alimentos de todos os grupos básicos".

Mais do que isso, em abril de 2000, a Food and Nutrition Board of the Institute of Medicine (Comitê de Nutrição e Alimentos do Instituto de Medicina), um conselho que é parte da National Academy of Sciences (Academia Nacional de Ciências), relatou que a vitamina C, a vitamina E, o selênio e os carotenóides como o betacaroteno, deveriam vir dos alimentos e não dos suplementos. Depois de examinar os dados disponíveis sobre os efeitos benéficos e prejudiciais dos antioxidantes na saúde, a diretoria concluiu que não existe evidência para dar suporte ao uso de altas doses destes nutrientes para combater as doenças crônicas. Na realidade, o conselho advertiu que altas doses de antioxidantes podem conduzir a problemas de saúde, incluindo a diarréia, sangramento e o risco de reações tóxicas.

Desde 1941, a Food and Nutrition Board tem determinado os tipos e quantidades de nutrientes que são necessários para uma dieta saudável, analisando a literatura científica, considerando como os nutrientes protegem contra as doenças e interpretando dados do consumo de nutrientes. Para cada tipo de nutriente, a Diretoria estabelece uma Quantidade Dietética Recomendada (RDA) que é um objetivo de ingestão diário para quase todos (98%) indivíduos saudáveis e um "nível de ingestão máximo tolerável" (UL) que é a quantidade máxima de um nutriente que um indivíduo saudável pode ingerir a cada dia sem o risco de efeitos adversos a saúde. Em alguns casos, a Diretoria decide que não existe evidência suficiente para determinar qual a quantidade de um nutriente específico é essencial ou prejudicial a saúde.

Ao longo dos últimos anos, a Diretoria tem atualizado e expandido o sistema para determinar os valores do RDA e o do UL que são agora coletivamente chamados de Ingestão Dietética de Referência ou DRIs. As seguintes recomendações foram feitas para o consumo de antioxidantes no relatório de 2000 chamado de "Ingestão Dietética de Referência para a vitamina C, vitamina E, selênio e carotenóides":


Antioxidante RDA (adultos)
Nível máximo (adultos) Comentário
Vitamina E 15 mg 1,070 mg de vitamina E natural

785 mg de vitamina E sintética
Quantidades maiores prejudicam a coagulação do sangue, aumentando a probabilidade de hemorragia
Vitamina C Mulheres: 75 mg

Homens: 90 mg
2 mil mg Quantidades maiores podem levar à diarréia e outros distúrbios gastrointestinais. Super dosagens podem levar ao câncer, arterosclerose e pedras nos rins.
Betacaroteno Nenhum Nenhum Altas dosagens tornam a pele laranja-amarelada (hiperbetacarotemia), mas não há toxicidade. Entretanto, as pesquisas indicam que não é recomendável o consumo de doses de betacaroteno além do que já existe em uma multivitamina e na sua dieta regular.
Selênio 55 microgramas 400 microgramas Doses maiores podem causar a perda de cabelos, rachaduras na pele, fatiga, distúrbios gastrointestinais e anormalidades no sistema nervoso.

Onde são achados os antioxidantes
Embora a pesquisa pareça promissora, particularmente com relação a vitamina E, o alimento é a escolha mais inteligente para se obter os antioxidantes. Os estudos demonstram que para se ter uma boa saúde é preciso comer, no mínimo, cinco porções de frutas e vegetais todos os dias como parte de uma dieta equilibrada. Abaixo está uma lista de onde achar os antioxidantes específicos. Se você tem interesse em tomar suplementos antioxidantes, converse com o seu médico sobre o que é melhor para você.

Vitamina E é achada em óleos vegetais, nozes, amendoim, amêndoas, sementes, azeitonas, abacate, germe de trigo, fígado e folhas verdes.

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