sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

FELIZ ANO NOVO

Desejo um feliz ano novo a todos os leitores deste Blog, com muita paz e saúde. Em 2011 continuem lendo as informações que este Blog traz.
Um GRANDE abraço a todos.
Weide.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Energia piezoelétrica

Piso gera eletricidade pela passagem de veículos e pedestres


Pesquisadores da Unesp desenvolvem sistema de geração
de energia piezoelétrica que funciona com a passagem
de carros e pedestres

Ao passar sobre uma placa cerâmica embutida no asfalto, os veículos estimulam o material a produzir energia elétrica. Esta energia, então, alimenta a iluminação de placas e dos semáforos da própria rua ou estrada.

Esta é apenas uma das possíveis aplicações de uma pesquisa feita na Universidade Estadual Paulista (Unesp) que visa ao desenvolvimento de um sistema para o aproveitamento da energia cinética dos carros para a geração de eletricidade.

Energia piezoelétrica

O trabalho começou com o professor Walter Katsumi Sakamoto, do Departamento de Física e Química da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, que utilizou sua experiência na construção de sensores de radiação e de umidade de solo para elaborar dispositivos piezoelétricos, que geram energia quando são submetidos à pressão ou torção.

Essas tecnologias têm em comum a utilização de compósitos cerâmicos nanométricos em formato de filmes. O pesquisador costumava importar alguns desses materiais, como o polifluoreto de vinilideno (PVDF), o poliéter-éter-cetona (PEEK) e o titanato zirconato de chumbo (PZT).

No entanto, para desenvolver o sensor piezoelétrico, decidiu encontrar similares nacionais. Foi quando convidou a professora Maria Aparecida Zaghete Bertochi, do Departamento de Química Tecnológica da Unesp, em Araraquara, a participar do trabalho.

Fabricação de PZT

"O desafio foi desenvolver um material que apresentasse boa dispersão no polímero e, para isso, precisávamos encontrar o tamanho e a dispersão ideal das partículas", conta Maria Aparecida. Bons resultados forma obtidos pela produção de nanopartículas de titanato zirconato de chumbo (PZT) preparadas por processo químico.

A fim de obter o material, o grupo de Araraquara desenvolveu um novo método de síntese para a cerâmica. O convencional, chamado de mistura de óxidos, exige altas temperaturas, além da submissão do material a um processo de moagem.

Os pesquisadores conseguiram dispensar o tratamento térmico e a dispersão em meio aquoso e obtiveram o PZT a temperaturas de 180ºC. "Nosso método também promove menor contaminação ambiental por chumbo", disse a pesquisadora.

Já o compósito desenvolvido com a matriz PEEK suportou temperaturas de até 360º C e a nanocerâmica ficou bem dispersa, formando um filme compósito bastante homogêneo.

Energia por pressão

O filme não precisa ficar na superfície do solo o que torna o material apto a ser aplicado em condições severas. Os pesquisadores estimam que o dispositivo se manteria operante mesmo sob temperaturas inferiores a 0º C e sob água, como no caso de uma enchente, por exemplo.

Para gerar energia, o equipamento necessita de pressão intermitente, que seria exercida pela passagem dos pneus dos veículos. Essa força provoca uma deformação mecânica no material, que produz energia elétrica.

Sakamoto colocou o novo compósito entre duas placas de acrílico. O material gerou energia toda vez que uma das placas foi apertada manualmente, o que foi comprovado com o acendimento de um led (diodo emissor de luz) conectado ao dispositivo.

"Essa tecnologia poderá gerar energia em áreas movimentadas e não somente a partir da passagem de carros, mas também de pessoas a pé", explicou Sakamoto.

Segundo ele, shoppings centers poderiam utilizar pisos especiais que transformassem os passos dos frequentadores em energia para iluminar os corredores. Algumas estações de metrô no Japão já utilizam pisos do tipo.

Energia limpa

O advento recente das lâmpadas led, que consomem bem menos energia do que as fluorescentes e incandescentes, deverá, segundo Sakamoto, ajudar a impulsionar o uso da tecnologia piezoelétrica. "Sem contar o ganho ambiental por se produzir uma energia limpa", salientou.

"Dentro do próprio automóvel, poderíamos instalar geradores piezoelétricos que se alimentariam dos movimentos dos amortecedores, do giro dos pneus e de outras peças móveis", estima. A fonte alternativa pouparia o motor do carro, atualmente o responsável pela alimentação de seu sistema elétrico.

As aplicações são inúmeras. Um exemplo seria o no uso de compósitos em solas de sapatos, capazes de gerar energia suficiente para alimentar aparelhos celulares e outros eletrônicos portáteis enquanto seus usuários caminham.

Aplicações dos materiais piezoelétricos

Outro emprego da tecnologia piezoelétrica estaria na inspeção estrutural de materiais como, por exemplo, os usados na fuselagem de aeronaves. Sakamoto averiguou que o compósito foi bem-sucedido na detecção de microtrincas em placas de fibra de carbono presente nos aviões.

Ao colar o filme compósito na superfície da placa, a presença de trincas é detectada. Isso ocorre porque as fissuras emitem sinais conhecidos como ondas de Lamb. Nesse caso, o PZT percebe a interferência e gera um sinal que pode ser lido em um osciloscópio.

Entre outras possíveis aplicações desses sensores também estão a detecção de vazamentos de raios X em clínicas e hospitais e a produção de implantes capazes de estimular o crescimento ósseo guiado, o que seria muito útil em tratamentos ortopédicos e implantes dentário.

Supercapacitores

Entre os próximos desafios da pesquisa está o desenvolvimento de matrizes poliméricas mais moles, semelhantes à borracha. "Em teoria, quanto maior a deformação do compósito, maior é o sinal gerado", explicou o professor da Unesp.

Os pesquisadores procuram parceiros que se interessem em investigar novos capacitores que consigam armazenar uma quantidade maior de energia do que os modelos atuais. A nova geração desses dispositivos, apelidados de supercapacitores, é alvo das pesquisas desse tipo de energia.

Sakamoto aponta que a resposta para esse obstáculo estará mais uma vez na nanotecnologia. "O desafio será desenvolver outro nanomaterial com a propriedade primordial de acumular grande quantidade de energia em um tamanho reduzido", disse.

Vinho tinto e mulher

Vinho tinto aumenta o desejo sexual da mulher

Nunca foi segredo para ninguém que algumas taças de vinho podem deixar uma mulher mais “soltinha”, com a libido à flor da pele. E, pesquisadores italianos concluíram de fato, que o nível de desejo sexual feminino aumenta quando ela ingere vinho tinto.

O estudo especifica que foram encontrados componentes químicos no vinho tinto que melhora as funções sexuais pelo aumento da circulação sanguínea em áreas chaves do corpo. Segundo os pesquisadores, essa descoberta precisa ser interpretada com algumas precauções, pois sugere que existe relação entre o consumo do vinho tinto e a melhora na sexualidade. Ou seja, moderação no consumo é importante.

No projeto, que é descrito como o primeiro a examinar a entrada do vinho tinto e a função sexual feminina, cientistas da Universidade de Florença recrutaram 800 mulheres na idade entre 18 a 50 anos. As mulheres – que não possuíam nenhum problema de saúde sexual – foram separadas em três grupos. Um grupo consumia regularmente uma ou duas taças de vinho tinto por dia, outro ingeria menos de uma taça por dia de qualquer vinho ou outra bebida alcoólica, e outro grupo fazia abstinência.

Mulheres que bebiam mais de duas taças por dia foram excluídas do estudo para evitar uma possível confusão nos efeitos de embriaguez. Todas as participantes completaram um questionário, o Índice da Função Sexual Feminino, que foi usado pelos pesquisadores a fim de avaliar as mulheres e a saúde sexual. Foram incluídas 19 questões com uma pontuação total entre dois e 36, sendo que a pontuação mais alta significa melhor funcionamento. As mulheres que bebiam o vinho tinto pontuaram a média de 27.3 pontos, comparado com 25.9 para as que bebiam menos, e 24.4 para as abstinentes.

Ainda não é claro como o vinho tinto pode causar esse efeito, apesar de haver diversas teorias. Uma sugere que os antioxidantes do vinho tinto têm um efeito benéfico no revestimento dos vasos sanguíneos, e com a dilatação desses vasos aumenta a circulação sanguínea em áreas precisas do corpo.
O efeito placebo


Efeito placebo é o efeito mensurável ou observável sobre uma pessoa ou grupo, ao qual tenha sido dado um tratamento placebo.
Um placebo é uma substância inerte, ou cirurgia ou terapia "de mentira", usada como controle em uma experiência, ou dada a um paciente pelo seu possível ou provável efeito benéfico. O por quê de uma substância inerte, uma assim chamada "pílula de açúcar," ou falsa cirurgia ou terapia fazerem efeito, não está completamente esclarecido.

A teoria psicológica: está tudo na sua cabeça
Muitos acreditam que o efeito placebo seja psicológico, devido a um efeito real causado pela crença ou por uma ilusão subjetiva. Se eu acreditar que a pílula ajuda, ela vai ajudar. Ou a minha condição física não muda, mas eu sinto que ela mudou. Por exemplo, Irving Kirsch, um psicólogo da Universidade de Connecticut, acredita que a eficácia do Prozac e drogas similares pode ser atribuída quase que inteiramente ao efeito placebo.
Em um estudo publicado [em junho de 1999], Kirsch e... Guy Sapirstein... analisaram 19 testes clínicos de antidepressivos e concluíram que a expectativa de melhora, e não ajustes na química do cérebro, foram responsáveis por 75 por cento da eficácia das drogas.*
"O fator crítico," afirma Kirsch, "são nossas crenças a respeito do que irá acontecer conosco. Você não precisa confiar nas drogas para ver uma profunda transformação." Em um estudo anterior, Sapirstein analisou 39 estudos, feitos entre 1974 e 1995, de pacientes depressivos tratados com drogas, psicoterapia, ou uma combinação de ambos. Ele descobriu que 50 por cento do efeito das drogas se deve à resposta placebo.

As crenças e esperanças de uma pessoa sobre um tratamento, combinadas com sua sugestibilidade, podem ter um efeito bioquímico significativo. Sabemos que a experiências sensoriais e pensamentos podem afetar a neuroquímica, e que o sistema neuroquímico do corpo afeta e é afetado por outros sistemas bioquímicos, inclusive o hormonal e o imunológico. Assim, há provavelmente uma boa dose de verdade na afirmação de que a atitude esperançosa e as crenças de uma pessoa são muito importantes para o seu bem estar físico e sua recuperação de lesões ou doenças.

Entretanto, pode ser que muito do efeito placebo não seja uma questão da mente controlando moléculas, mas sim controlando o comportamento. Uma parte do comportamento de uma pessoa "doente" é aprendida. Assim como o é parte do comportamento de uma pessoa que sente dor. Em resumo, há uma certa quantidade de representação de papéis pelas pessoas doentes ou feridas. Representação de papéis não é o mesmo que falsidade, é claro. Não estamos falando de fingimento. O comportamento de pessoas doentes ou com lesões tem bases, até certo ponto, sociais e culturais. O efeito placebo pode ser uma medida da alteração do comportamento, afetado por uma crença no tratamento. A mudança no comportamento inclui uma mudança na atitude, na qual uma pessoa diz como se sente, ou como esta pessoa age. Ela também pode afetar a química do corpo da pessoa.

A explicação psicológica parece ser aquela em que as pessoas mais acreditam. Talvez seja por isso que muitas pessoas fiquem consternadas quando são informadas de que a droga eficiente que estão tomando é um placebo. Isso a faz pensar que o problema está "todo em sua cabeça" e que não há nada realmente errado com elas. Além disso, há muitos estudos que descobriram melhoras objetivas na saúde com o uso de placebos para apoiar a noção de que o efeito placebo é inteiramente psicológico.

Médicos em um estudo eliminaram verrugas com sucesso, pintando-as com uma tinta colorida e inerte, e prometendo aos pacientes que as verrugas desapareceriam quando a cor se desgastasse. Em um estudo de asmáticos, pesquisadores descobriram que podiam produzir a dilatação das vias aéreas simplesmente dizendo às pessoas que elas estavam inalando um broncodilatador, mesmo quando não estavam. Pacientes sofrendo dores após a extração dos dentes sisos tiveram exatamente tanto alívio com uma falsa aplicação de ultrassom quanto com uma verdadeira, quando tanto o paciente quanto o terapeuta pensavam que a máquina estava ligada. Cinqüenta e dois por cento dos pacientes com colite tratados com placebos em 11 diferentes testes, relataram sentir-se melhor -- e 50 por cento dos intestinos inflamados realmente pareciam melhores quando avaliados com um sigmoidoscópio.*

Claramente, tais efeitos não são puramente psicológicos.

A teoria da natureza-seguindo-seu-curso
Alguns acreditam que pelo menos parte do efeito placebo se deve a uma doença ou lesão seguindo seu curso natural. Nós muitas vezes nos curamos com o tempo, mesmo se não fizermos nada para tratar uma doença ou lesão. O placebo é às vezes erroneamente considerado como eficaz quando, na verdade, o corpo está se curando espontaneamente.
Entretanto, curas espontâneas e remissão espontânea de doenças não podem explicar todas as curas ou melhoras que ocorrem devido a placebos, ou devido a medicamentos ou tratamentos ativos, por sinal. As pessoas a quem não é dado nenhum tratamento freqüentemente não se saem tão bem quanto aquelas a quem são dados placebos ou remédios e tratamento reais.
a teoria do processo-de-tratamento
Outra teoria que está ganhando popularidade é a de que um processo de tratamento que envolva atenção, cuidado, afeição, etc. para o paciente, um processo que seja encorajador e que alimente esperanças, pode por si só disparar reações físicas no corpo, que promovem a cura.

Certamente há dados que sugerem que o simples fato de estar em situação de tratamento consegue alguma coisa. Pacientes deprimidos que são puramente colocados em uma lista de espera por tratamento não se saem tão bem quanto aqueles a quem são dados placebos. E -- isto é muito sugestivo, eu acho -- quando os placebos são dados para controle da dor, o curso do alívio da dor segue o mesmo que se teria com uma droga ativa. O pico do alívio vem aproximadamente uma hora após eles serem administrados, assim como vem com a droga real, e assim por diante. Se a analgesia por placebo fosse o equivalente a não dar nada, seria de se esperar um padrão mais aleatório. (Dr. Walter A. Brown, psiquiatra, Brown University)

Dr. Brown e outros acreditam que o efeito placebo é principalmente ou puramente físico e se deve a mudanças físicas que promovem a cura ou o bem estar.

As mudanças físicas obviamente não são causadas pela substância inerte em si, então qual é o mecanismo que explicaria o efeito placebo? Alguns pensam que é o processo de administrá-lo. Pensa-se que o toque, o cuidado, a atenção e outras comunicações interpessoais que fazem parte do processo do estudo controlado (ou das característica terapêuticas), além da esperança e encorajamento dados pelo experimentador/terapeuta, afetam o humor da pessoa testada, que por sua vez dispara mudanças físicas, como a liberação de endorfinas. O processo reduz o stress por dar esperanças ou reduzir a incerteza sobre que tratamento adotar ou qual será o resultado. A redução no stress previne, ou desacelera a ocorrência de futuras mudanças físicas prejudiciais.

A hipótese do processo-de-tratamento explicaria como remédios homeopáticos inertes e as terapias questionáveis de muitos dos praticantes da saúde "alternativa" são muitas vezes eficazes, ou tidos como eficazes. Ela explicaria também por quê pílulas ou procedimentos usados pela medicina tradicional funcionam, até que seja demonstrado que não possuem valor.

Há quarenta anos atrás, um jovem cardiologista de Seattle chamado Leonard Cobb, conduziu um teste singular de um procedimento então comumente usado para a angina, no qual os médicos faziam pequenas incisões no peito e atavam nós em duas artérias para tentar aumentar o fluxo do sangue para o coração. Era uma técnica popular -- 90 por cento dos pacientes relatavam melhoras -- mas quando Cobb a comparou com a cirurgia placebo, na qual se fazia incisões mas não atava as artérias, as operações falsas se mostravam igualmente bem sucedidas. O procedimento, conhecido como ligação mamária interna, foi logo abandonado.*

Se o efeito placebo é principalmente psicológico, ou cura espontânea mal interpretada, ou devido a um processo caracterizado por demonstrar cuidado e atenção, ou devido a alguma combinação dos três, pode não ser conhecido com completa confiança. Mas não há dúvidas sobre o poderoso efeito do placebo.

Eficácia do placebo
H. K. Beecher avaliou duas dúzias de estudos e calculou que aproximadamente um terço dos pacientes nos estudos melhorou devido ao efeito placebo ("The Powerful Placebo," O Poderoso Placebo, 1955). Outros estudos calculam que o efeito seja ainda maior do que afirmou Beecher. Por exemplo, estudos demonstraram que os placebos são eficazes em 50 a 60 por cento dos pacientes com determinadas condições, por exemplo, "dores, depressão, algumas indisposições cardíacas, úlceras gástricas e outras queixas estomacais."* E tão eficazes como as novas drogas psicotrópicas parecem ser, no tratamento de vários distúrbios mentais. Alguns pesquisadores sustentam que não há evidências adequadas a partir de estudos que provem que as novas drogas sejam mais eficazes que os placebos.
Os placebos já chegaram a ser mostrados causando efeitos colaterais desagradáveis. Existem até relatos de pessoas se tornando viciadas em placebos.

O dilema ético
O poder do efeito placebo levou a um dilema ético. Um médico não deve enganar as pessoas, mas deve aliviar a dor e sofrimento dos seus pacientes. Deveria alguém usar a enganação para o benefício de seus pacientes? Seria anti-ético para um médico conscientemente prescrever um placebo sem informar ao paciente? Se informar ao paciente reduz a eficácia do placebo, seria justificável algum tipo de mentira com o objetivo de beneficiá-lo? Alguns médicos acham justo usar o placebo nos casos em que foi demonstrado um forte efeito placebo, e onde o sofrimento é um fator agravante.* Outros acham que é sempre errado enganar o paciente, e que o consentimento informado exige que se conte ao paciente que o tratamento é um tratamento placebo. Outros, especialmente os praticantes da medicina "alternativa", nem sequer querem saber se um tratamento é um placebo ou não. Sua atitude é a de que, contanto que o tratamento seja eficaz, quem se importa se ele é um placebo?

Os placebos são perigosos?
Ao mesmo tempo em que os céticos talvez rejeitem a fé, a oração e as práticas médicas "alternativas" como bioharmônicos, quiroprática e homeopatia, estas práticas talvez não deixem de ter seus efeitos benéficos. Claramente, elas não curam o câncer ou reparam um pulmão perfurado, mas poderiam prolongar a vida ao dar esperanças e aliviar o sofrimento, e pela interação com o paciente em uma forma cuidadosa e atenciosa. No entanto, para aqueles que dizem "que diferença faz por que alguma coisa funciona, contanto que funcione" eu respondo que é provável que haja algo que funcione ainda melhor, algo para os outros dois terços ou metade da humanidade que, por uma razão qualquer, não podem ser curadas ou ajudadas por placebos. Além disso, placebos podem nem sempre ser benéficos ou inofensivos. Em acréscimo aos efeitos colaterais adversos, mencionados acima, John Dodes observa que

Pacientes podem se tornar dependentes de praticantes não científicos que empregam terapias de placebos. Tais pacientes podem ser levados a acreditar que estão sofrendo de uma hipoglicemia "reativa" imaginária, alergias ou micoses inexistentes, "intoxicação" por amálgama de restaurações dentais, ou que estão sob os poderes do Qi ou de extraterrestres. E os pacientes podem ser levados a acreditar que as doenças respondem somente a um tipo específico de tratamento feito por um praticante específico.*

Em outras palavras, o placebo pode ser uma porta aberta para o charlatanismo.

Para finalizar, a esperança dada por muitos praticantes "alternativos" é uma esperança falsa. É verdade que o tratamento cuidadoso e humano de uma pessoa que está morrendo pode prolongar a sua vida e pode melhorar a qualidade do que restar de vida para o paciente. Mas dar aos pais esperanças de que sua garotinha com um tumor no cérebro "poderia" responder ao tratamento com antineoplastos, sobreviver e crescer para se tornar uma adolescente e adulta saudável, quando se sabe que a probabilidade disto acontecer é praticamente zero, parece cruel e desumano. A atenção e o tratamento constante poderiam ajudar a criança a viver e sofrer por mais tempo, e os pais poderiam ficar eternamente gratos pelo tempo extra que tiveram com sua criança amada, mas no fim das contas estes tratamentos são como um abuso dos indefesos.

Por outro lado, se um adulto que está morrendo de alguma coisa como câncer pancreático, e não recebeu nenhuma esperança de recuperação por parte dos praticantes da medicina tradicional, quisesse tratar-se com antineoplastos em um procedimento clínico onde a esperança e o cuidado são mais abundantes que o sucesso ou o conhecimento, pareceria cruel e desumano negar-lhe isso. Nós não temos nenhuma obrigação de oferecer tal tratamento, mas se ele estiver disponível e o paciente puder pagar por ele, será que é da nossa conta interferir? Podemos achar que este homem é tolo e está apenas desperdiçando seu dinheiro porque está desesperado. Podemos achar que aqueles que fornecem tais tratamentos questionáveis são charlatães e estão cruelmente enchendo as pessoas com falsas esperanças. Podemos achar que não é nada além do efeito placebo que é responsável pelo apoio do paciente a continuar o tratamento. Mas até que possa ser demonstrado sem sombra de dúvidas que o tratamento é fraudulento, potencialmente prejudicial ou completamente e absolutamente inútil, será que temos o direito de evitar que ele seja fornecido?

Nas segundas, quartas e sextas eu digo "sim". Nas terças, quintas e sábados eu digo "não". Nos domingos eu digo "eu não sei".

Lógicas e falácias

Lógicas Falácias



Introdução

Existe muito debate na net. Infelizmente, muito dele é de baixa qualidade. O propósito deste documento é explicar o básico sobre raciocínio lógico, e esperançosamente melhorar a qualidade geral do debate.
O Dicionário Conciso Oxford de Inglês define lógica como "a ciência do raciocínio, prova, pensamento ou inferência". A lógica irá deixar você analisar um argumento ou um pedaço de raciocínio, e deduzir onde é provável de ele ser correto ou não. Você não precisa saber lógica para argumentar, claro; mas se você sabe pelo menos um pouco, você vai achar mais fácil para apontar argumentos inválidos.
Existem muitos tipos de lógica, como lógica emaranhada e lógica construtiva; elas têm regras diferentes, e diferentes forças e fraquezas. Esse documento discute a lógica Booleana simples, porque é comum e relativamente simples de entender. Quando pessoas falam sobre algo sendo "lógico", elas geralmente querem dizer o tipo de lógica descrita aqui.

O Que A Lógica Não É

É válido mencionar algumas coisas que a lógica não é.
Primeiramente, raciocínio lógico não é uma lei absoluta que governa o universo. Muitas vezes no passado, pessoas concluíram que porque algo é logicamente impossível (dada a ciência do dia), deve ser impossível, período. Uma vez também era acreditado que a geometria Euclidiana era uma lei universal; ela é, apesar de tudo, logicamente consistente. Novamente, nós agora sabemos que as regras da geometria Euclidiana não são universais.
Segundo, lógica não é um grupo de regras que governam o comportamento humano. Os humanos podem ter metas logicamente conflitantes. Por exemplo:
· John deseja falar com quem quer que esteja a cargo.
· A pessoa a cargo é Steve
· Portanto João deseja falar com Steve.
Infelizmente, John pode ter um objetivo conflitante de evitar Steve, querendo dizer que a resposta racional pode ser inaplicável na vida real.
Esse documento apenas explica como usar lógica; você deve decidir se a lógica é a ferramenta certa para o trabalho. Existem outros meios de comunicar, discutir e debater.

Argumentos

Um argumento é, citando a esquete de Monty Python, "uma série conectada de afirmações para estabelecer uma proposição definida".
Existem muitos tipos de argumentos; nós iremos discutir o argumento dedutivo. Argumentos dedutivos são geralmente vistos como os mais precisos e mais persuasivos; eles provêm prova conclusiva para suas conclusões, e são ou válidos ou inválidos.
Argumentos dedutivos têm três estágios: premissas, inferência, e conclusão. Entretanto, antes de nós podermos considerar estes estágios em detalhe, nós precisamos discutir os tijolos de um argumento dedutivo: proposições.


Proposições

Uma proposição é uma afirmação que é ou verdadeira ou falsa. A proposição é o significado da afirmação, não o arranjo preciso de palavras usadas para exprimir esse significado.
Por exemplo, "Existe um número par primo maior que dois" é uma proposição. (Uma falsa, nesse caso.) "Um número par primo maior que dois existe" é a mesma proposição, refraseada.
Infelizmente, é muito fácil mudar intencionalmente o significado de uma afirmação por refraseá-la. É geralmente mais seguro considerar o fraseamento de uma proposição como significante.
É possível usar lingüisticas formais para analisar e refrasear uma afirmação sem mudar seu significado, mas como fazer isso está fora do âmbito desse documento.

Premissas

Um argumento dedutivo sempre requer um numero de suposições centrais. Essas são chamadas premissas, e são as suposições onde o argumento é construído; ou para olhar de outra forma, as razões para aceitar o argumento. Premissas são apenas premissas no contexto de um argumento particular; elas podem ser conclusões em outros argumentos, por exemplo.
Você deve sempre apresentar as premissas de um argumento explicitamente; esse é o princípio de Audiatur Est Altera Pars. Falhando em apresentar suas suposições é freqüentemente visto como suspeito, e irá reduzir a aceitação de seu argumento.
As premissas de um argumento são muitas vezes introduzidas com palavras como "Assuma...", "Desde...", "Obviamente..." e "Porque...". É uma boa idéia fazer seu oponente concordar com as premissas de seu argumento antes de proceder adiante.
A palavra "óbvio" é freqüentemente vista com suspeita. É ocasionalmente usada para persuadir pessoas a aceitarem falsas afirmações, ao invés de admitir que elas não entendem porque algo é "óbvio". Então não tenha medo de questionar afirmações que pessoas dizer ser "óbvias" - quando você ouviu a explicação você pode sempre dizer algo como "Você está certo, agora que eu pensei sobre isso desse jeito, isso é óbvio."

Inferência

Uma vez que as premissas combinam, o argumento procede via um processo passo-a-passo chamado inferência.
Na inferência, você começa com uma ou mais proposições que foram aceitas, você então usa essas proposições para chegar a uma nova proposição. Se a inferência é válida, essa proposição deve ser aceita. Você pode usar a nova proposição para inferências mais tarde.
Então inicialmente, você pode apenas inferir coisas das premissas do argumento. Mas conforme o argumento prossegue, o número de afirmações disponíveis para inferência aumenta.
Existem vários tipos de inferências válidas - e também alguns tipos inválidos, que nós iremos olhar depois nesse documento. Passos da inferência são muitas vezes identificados por frases como "portanto..." ou "...implica que..."

Conclusão

Esperançosamente você ira chegar a uma proposição que é a conclusão do argumento - o resultado que você está tentando provar. A conclusão é o resultado do passo final da inferência. É uma conclusão apenas no contexto de um argumento particular, poderia ser uma premissa ou suposição em outro argumento.
A conclusão é dita para ser afirmada na base das premissas, e a inferência vinda delas. Esse é um ponto sutil que merece explicações mais adiante.
Implicação Em Detalhe

Claramente você pode construir um argumento válido de premissas verdadeiras, e chegar a uma conclusão verdadeira. Você também pode construir um argumento válido de premissas falsas, e chegar a uma conclusão falsa.
A parte complicada é que você pode começar com falsas premissas, proceder via inferências válidas, e alcançar uma conclusão verdadeira. Por exemplo:
· Premissa: Todos os peixes vivem no oceano. (falso)
· Premissa: Lontras marinhas são peixes. (falso)
· Conclusão: Portanto lontras marinhas vivem no oceano. (verdadeiro)
Há uma coisa que você não pode fazer, no entanto: começar de premissas verdadeiras, proceder via inferência dedutiva válida, e alcançar uma conclusão falsa.
Nós podemos resumir esses resultados como uma "tabela verdade" para implicação. O símbolo "=>" denota implicação; "A" é a premissa, "B" a conclusão. "V" e "F" representam verdadeiro e falso respectivamente.
Tabela Verdade para Implicação



Premissa
Conclusão
Inferência

A
B
A => B

Falso
Falso
Verdadeiro

Falso
Verdadeiro
Verdadeiro

Verdadeiro
Falso
Falso

Verdadeiro
Verdadeiro
Verdadeiro







· Se as premissas são falsas e a inferência é válida, a conclusão pode ser verdadeira ou falsa. (Linhas 1 e 2.)
· Se as premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa, a inferência deve ser inválida. (Linha 3.)
· Se as premissas são verdadeiras e a inferência é válida, a conclusão deve ser verdadeira. (Linha 4.)
Então o fato que um argumento é válido não necessariamente significa que sua conclusão suporta - pode ter começado de premissas falsas.
Se um argumento é válido, e além disso começou de premissas verdadeiras, então é chamado de um argumento sensato. Um argumento sensato deve chegar à uma conclusão verdadeira.

Exemplo de Argumento

Aqui há um exemplo de um argumento que é válido, e que pode ou não ser sensato:
1. Premissa: Todos os eventos têm uma causa
2. Premissa: O universo teve um começo
3. Premissa: Todos os começos envolvem um evento
4. Inferência: Isso implica que o começo do universo envolveu um evento
5. Inferência: Portanto o começo do universo teve uma causa
6. Conclusão: O universo teve uma causa
A proposição na linha 4 é inferida das linhas 2 e 3. A linha 1 é então usada, com a proposição derivada na linha 4, para inferir uma nova proposição na linha 5. O resultado da inferência na linha 5 é então reafirmado (em forma ligeiramente simplificada) como a conclusão.

Reconhecendo Argumentos

Reconhecer um argumento é mais difícil que reconhecer premissas ou uma conclusão. Muitas pessoas banham seus textos com afirmações, sem nunca produzir alguma coisa que você possa racionalmente chamar de um argumento.
Algumas vezes argumentos não seguem o padrão descrito acima. Por exemplo, pessoas podem afirmar suas conclusões primeiro, e então justificá-las depois. Isso é válido, mas pode ser um pouco confuso.
Para tornar a situação pior, algumas afirmações parecem com argumentos mas não são. Por exemplo:
"Se a bíblia é precisa, jesus deve ou ter sido insano, um mentiroso maldoso, ou o filho de deus."
Isso não é um argumento, isso é uma afirmação condicional. Isso não apresenta as premissas necessárias para suportar sua conclusão, e mesmo que você adicione essas afirmações isso sofre de um número de outros defeitos que são descritos em mais detalhes no documento Argumentos Ateus.
Um argumento também não é o mesmo que uma explicação. Suponha que você está tentando argumentar que Albert Einstein acreditou em deus, e diga:
"Einstein fez sua famosa afirmação "Deus não joga dados." por causa de sua crença em deus."
Isso pode parecer um argumento relevante, mas não é; isso é uma explicação da afirmação de Einstein. Para ver isso, lembre que uma afirmação da forma "X porque Y" pode ser refraseada como uma afirmação equivalente, da forma "Y portanto X". Fazendo isso nos dá:
"Einstein acreditou em deus, portanto ele fez sua famosa afirmação "Deus não joga dados."."
Agora está claro que a afirmação, que pareceu com um argumento, está de fato assumindo o resultado que está supostamente sendo provado, a fim de explicar a citação de Einstein.
Além disso, Einstein não acreditou em um deus pessoal preocupado com negócios humanos - novamente, veja o documento Argumentos Ateus.

Leitura Posterior

Nós traçamos o contorno da estrutura de um argumento dedutivo sensato, das premissas até a conclusão. Mas no final, a conclusão de um argumento lógico válido é apenas tão convincente quanto as premissas de onde você começou. Lógica em si mesma não resolve o problema de verificar as afirmações básicas que suportam argumentos; para isso, nós precisamos de outra ferramenta.
O significado dominante de verificar afirmações básicas é a investigação da ciência. Entretanto, a filosofia da ciência e o método científico são tópicos imensos que estão um pouco além do escopo desse documento.

Falácias

Existe um numero de armadilhas para se evitar quando se está construindo um argumento dedutivo; elas são conhecidas como falácias. No português diário, nos referimos aos muitos tipos de crenças erradas como falácias; mas em lógica, o termo têm um significado mais específico: uma falácia é um defeito técnico que faz um argumento ser insensato ou inválido.
(Note que você pode criticar mais que apenas a sensatez de um argumento. Argumentos são quase sempre apresentados com algum propósito específico em mente - e a intenção de um argumento pode também ser válida de crítica.)
Argumentos que contém falácias são descritos como falaciosos. Eles freqüentemente parecem válidos e convincentes; algumas vezes apenas inspeção de perto revela-se o defeito lógico.
Abaixo está uma lista de algumas falácias comuns, e também alguns planos retóricos muitas vezes usados no debate. A lista não é intencionada para ser exaustiva; a esperança é que se você aprender a reconhecer algumas das falácias mais comuns, você será capaz de evitar ser enganado por elas.
O projeto Nizkor em http://www.nizkor.org/ tem outra excelente lista de falácias; Stephen Downes mantém uma lista também. Os trabalhos de referência mencionados acima também contém listas de falácias.
Tristemente, muitos dos exemplos abaixo foram tirados diretamente da Usenet, se bem que alguns foram refraseados em prol da clareza.

Lista de Falácias

· Acento
· Ad Hoc
· Afirmação do Conseqüente
· Anfibolia
· Evidência Anedota
· Argumentum Ad Antiquitatem
· Argumentum Ad Baculum / Apelo Para Força
· Argumentum Ad Crumenam
· Argumentum Ad Hominem
· Argumentum Ad Ignorantiam
· Argumentum Ad Lazarum
· Argumentum Ad Logicam
· Argumentum Ad Misericordiam
· Argumentum Ad Nauseam
· Argumentum Ad Novitatem
· Argumentum Ad Numerum
· Argumentum Ad Populum
· Argumentum Ad Verecundiam
· Audiatur Est Altera Pars
· Bifurcação
· Circulus In Demonstrando
· Pergunta Complexa / Falácia de Interrogação/ Falácia de Pressuposição
· Falácias de Composição
· Acidente Inverso / Generalização Apressada
· Convertendo Uma Condicional
· Cum Hoc Ergo Propter Hoc
· Negação do Antecedente
· A Falácia de Acidente / Generalização Arrasadora / Dicto Simpliciter
· Falácia de Divisão
· Equívoco / Falácia de Quatro Termos
· A Analogia Estendida
· Ignoratio Elenchi / Conclusão Irrelevante
· A Falácia da Lei da Natureza / Apelo à Natureza
· A Falácia "Nenhum Escocês de Verdade..."
· Non Causa Pro Causa
· Non Sequitur
· Petitio Principii / Implorando a Pergunta
· Plurium Interrogationum / Muitas Perguntas
· Post Hoc Ergo Propter Hoc
· Pista Falsa
· Reificação / Hipoestatização
· Trocando o Fardo da Prova
· O Argumento do Declive Escorregadio
· Espantalho
· Tu Quoque
· Falácia do Meio Não distribuído / Falácias "A é Baseado em B" / Falácias "...é um tipo de..."

Acento

Acento é uma forma de falácia através da troca de significados. Nesse caso, o significado e trocado ao se alterar partes de uma afirmação que são enfatizadas. Por exemplo:
"Nós não vamos falar mal de nossos amigos."
e
"Nós não vamos falar mal de nossos amigos."

Ad Hoc

Como mencionado antes, há uma diferença entre argumento e explicação. Se nós estamos interessados em estabelecer A, e B é oferecido como evidência, a afirmação "A porque B" é um argumento. Se nós estamos tentando estabelecer a verdade de B então "A porque B" não é um argumento, é uma explicação.
A falácia Ad Hoc é dar uma explicação pós-fato que não se aplica a outras situações. Freqüentemente essa explicação ad hoc estará vestida para parecer um argumento. Por exemplo, se nós assumimos que deus trata as pessoas igualmente, então a seguinte explicação é uma ad hoc:
"Eu fui curado do câncer."
"Faça preces ao senhor, então. Ele é seu curador."
"Então, ele irá curar todos os outros que têm câncer?"
"Er... Os meios de deus são misteriosos."

Afirmação do Conseqüente

Essa falácia é um argumento da forma "A implica B, B é verdade, portanto A é verdade". Para entender porque isso é uma falácia, examine a tabela verdade para implicação dada anteriormente. Aqui está um exemplo:
"Se o universo tivesse sido criado por um ser sobrenatural, nós iríamos ver ordem e organização em todo lugar. E nós vemos ordem, não aleatoriedade - então está claro que o universo teve um criador."
Isso é o contrário de Negação do Antecedente.


Anfibolia

Anfibolia ocorre quando as premissas usadas em um argumento são ambíguas por causa de um fraseamento descuidado ou não gramatical. Por exemplo:
"Premissa: Crença em deus preenche uma fenda muito necessária."

Evidência Anedota

Uma das falácias mais simples é contar com evidência anedota. Por exemplo:
"Há provas abundantes que deus existe e que continua realizando milagres hoje. Semana passada eu li sobre uma garota que estava morrendo de câncer. Sua família inteira foi para a igreja e rezou por ela, e ela foi curada."
É válido usar experiência pessoal para ilustrar um ponto; mas tais anedotas não provam realmente nada à ninguém. Seus amigos podem dizer que eles encontraram-se com Elvis no supermercado, mas os que não tiveram a mesma experiência irão requerer mais do que a evidência anedota do seu amigo para convencê-los.
Evidências anedotas podem ser muito convincentes, especificamente se a audiência quer acreditar. Essa é parte da explicação para as lendas urbanas, estórias que são verificavelmente falsas foram conhecidas como anedotas circulantes por anos.

Argumentum ad Antiquitatem

Essa é a falácia de afirmar que algo é certo ou bom simplesmente porque é velho, ou porque "essa é a maneira que isso sempre foi." O oposto de Argumentum Ad Novitatem.
"Por milhares de anos cristãos acreditaram em jesus cristo. O cristianismo deve ser verdadeiro, para ter persistido tão longo mesmo na face de perseguição."

Argumentum Ad Baculum / Apelo Para Força

Um Apelo para Força acontece quando alguém recorre à força (ou à ameaça de força) para tentar forçar outros a aceitar uma conclusão. Essa falácia é freqüentemente usada por políticos, e pode ser resumida como "deve tornar certo". A ameaça não precisa vir diretamente da pessoa argumentando. Por exemplo:
"...Então há uma ampla prova da verdade da bíblia. Todos os que rejeitam a aceitar a verdade irão queimar no inferno."
"...em todo caso, eu sei seu número de telefone e eu sei onde você mora. Eu mencionei que eu sou licenciado para portar armas ocultas?"

Argumentum Ad Crumenam

A falácia de acreditar que dinheiro é critério de estar correto ou não; que os que têm mais dinheiro são mais suscetíveis a estarem certos. O oposto de Argumentum Ad Lazarum. Por exemplo:
"Software da Microsoft é sem dúvida superior; por qual outro motivo Bill Gates teria ficado tão rico?"



Argumentum Ad Hominem

Argumentum ad hominem literalmente significa "argumento dirigido ao homem"; existem duas variedades.
A primeira é a forma abusiva. Se você recusa a aceitar uma afirmação, e justifica sua recusa criticando a pessoa que fez a afirmação, então você é culpado de argumentum ad hominem abusivo. Por exemplo:
"Você clama que Ateus podem ser morais - porém eu descobri que você abandonou sua esposa e crianças."
Isso é uma falácia porque a verdade de uma afirmação não depende das virtudes da pessoa afirmando-a. Um argumentum ad hominem menos descarado é rejeitar a proposição baseada no fato que isso também foi afirmado por outra pessoa facilmente criticável. Por exemplo:
"Portanto nós devemos fechar a igreja? Hitler e Stalin teriam concordado com você."
Uma segunda forma de Argumentum ad hominem é tentar persuadir alguém a aceitar uma afirmação que você faz, referindo-se às circunstâncias particulares dessa pessoa. Por exemplo:
"Portando é perfeitamente aceitável matar animais para comer. Eu espero que você não argumente de outra maneira, dado que você está feliz em usar sapatos de couro."
Isso é conhecido como Argumentum ad hominem circunstancial. A falácia pode também ser usada como uma desculpa para rejeitar uma conclusão particular. Por exemplo:
"Claro que você iria argumentar que discriminação positiva é uma coisa má. Você é branco."
Essa forma particular de Argumentum ad Hominem, quando você alega que alguém está racionalizando a conclusão por razões egoístas, é conhecida também como "envenenando o bem".
Não é sempre válido referir-se às circunstâncias de um indivíduo que está fazendo uma reclamação. Se alguém é um conhecido perjurador ou mentiroso, o fato irá reduzir sua credibilidade como uma testemunha. Isso não irá, entretanto, provar que seu testemunho é falso nesse caso. Isso também não irá alterar a sensatez de nenhum argumento lógico que ele possa fazer.

Argumentum Ad Ignorantiam

Argumentum ad ignorantiam significa "argumento da ignorância". A falácia ocorre quando é argumentado que algo deve ser verdade, simplesmente porque não se foi provado que é falso. Ou, equivalentemente, quando é argumentado que algo deve ser falso porque não se foi provado ser verdade.
(Note que isso não é o mesmo que assumir que algo é falso até que seja provado ser verdade. Na lei, por exemplo, você é geralmente assumido como inocente até provado ser culpado.)
Aqui estão alguns exemplos:
"Claro que a bíblia é verdadeira. Ninguém pode provar de outra maneira."
"Claro que telepatia e outros fenômenos psíquicos não existem. Ninguém mostrou nenhuma prova de que eles são reais."
Em investigação científica, se é sabido que um evento iria produzir certa evidência se tiver ocorrido, a ausência de tal evidência pode validamente ser usada para inferir que esse evento não ocorreu. Isso não prova com certeza, entretanto.
Por exemplo:
"Um dilúvio como o descrito na bíblia iria requerer que um enorme volume de água estivesse presente na terra. A terra não têm um décimo de tanta água, mesmo se nós contarmos a congelada nos pólos. Portanto tal dilúvio não ocorreu."
É, claro, possível que algum processo desconhecido ocorreu para remover a água. A boa ciência iria então demandar uma teoria plausível testável para explicar como ela desapareceu.
Claro, a história da ciência é cheia de predições más logicamente válidas. Em 1893, a Royal Academy of Science foi convencida por Sir Robert Ball que comunicação com o planeta Marte era fisicamente impossível, porque iria requerer uma bandeira tão grande quanto a Irlanda, que iria ser impossível de ser ondulada. [Fortean Times Número 82.]
Veja também Trocando o Fardo da Prova.

Argumentum Ad Lazarum

A falácia de assumir que alguém pobre é mais sensato ou mais virtuoso que alguém que é mais rico. Essa falácia é o oposto da Argumentum Ad Crumenam. Por exemplo:
"Monges são mais prováveis de possuir uma idéia luminosa sobre o sentido da vida, já que eles abriram mão das distrações da riqueza."

Argumentum Ad Logicam

Essa é a "falácia falácia" de argumentar que uma proposição é falsa porque foi apresentada como a conclusão de um argumento falacioso. Lembre sempre que argumentos falaciosos podem chegar até conclusões verdadeiras.
"Pegue a fração 16/64. Agora, cancelando um seis no topo e um seis na base, nós temos que 16/64 = 1/4."
"Espere um segundo! Você não pode simplesmente cancelar o seis!"
"Oh, então você está nos dizendo que 16/64 não é igual a 1/4, está?"

Argumentum Ad Misericordiam

Esse é o Apelo à Piedade, também conhecido como Súplica Especial. A falácia é cometida quando alguém apela à piedade pelo bem de ter a conclusão aceita. Por exemplo:
"Eu não matei minha mãe e pai com um machado! Por favor não me ache culpado, eu já estou sofrendo o suficiente sendo um órfão."

Argumentum Ad Nauseam

Essa é a crença incorreta que uma afirmação é mais provável de ser verdade, ou mais provável de ser aceita como verdade, quão mais for ouvida. Então um Argumentum ad Nauseam é um que implica constante repetição em afirmar alguma coisa, dizendo a mesma coisa várias vezes até você ficar enjoado de ouvir.

Argumentum Ad Novitatem

Esse é oposto de Argumentum Ad Antiquitatem; é a falácia de afirmar que algo é melhor ou mais correto simplesmente porque é novo, ou mais novo que outra coisa.
"BeOS é uma escolha muito melhor de sistema operacional do que OpenStep, já que têm um design muito mais novo."

Argumentum Ad Numerum

Essa falácia está relacionada de perto com a Argumentum Ad Populum. Consiste em afirmar que quanto mais pessoas suportam ou acreditam em uma proposição, mais provável é que essa proposição seja correta. Por exemplo:
"A vasta maioria das pessoas nesse país acreditam que punição capital têm um perceptível efeito dissuasivo. Para sugerir que não têm na face de tanta evidência é ridículo."
"Tudo que eu estou dizendo é que milhares de pessoas acreditam no poder da pirâmide, então deve haver algo nisso."

Argumentum Ad Populum

Esse é conhecido como Apelando para a Galeria, ou Apelando para as Pessoas. Você comete essa falácia se você tentar ganhar aceitação de uma afirmação ao apelar à um grande número de pessoas. Essa forma de falácia é freqüentemente caracterizada por linguagem emotiva. Por exemplo:
"Pornografia deve ser banida. É violência contra mulher."
"Por milhares de anos pessoas acreditaram em jesus e na bíblia. Essa crença tem tido um grande impacto em suas vidas. O que mais evidente você precisa para que jesus seja o filho de deus? Você está tentando dizer a essas pessoas que elas são tolas enganadas?"

Argumentum Ad Verecundiam

O Apelo à Autoridade usa admiração de uma pessoa famosa para tentar ganhar suporte para uma afirmação. Por exemplo:
"Issac Newton era um gênio e acreditava em deus."
Essa linha de argumento não é sempre completamente falsa; por exemplo, pode ser relevante referir-se a uma autoridade vastamente respeitada em um campo particular, se você está discutindo esse assunto. Por exemplo, nós podemos distinguir claramente entre:
"Hawking concluiu que os buracos negros desprendem radiação"
e
"Penrose concluiu que é impossível construir um computador inteligente"
Hawking é um físico e então nós podemos racionalmente esperar suas opiniões sobre radiação de buracos negros como sendo informadas. Penrose é um matemático, então é questionável até onde ele é bem qualificado para falar no assunto de inteligência de máquinas.

Audiatur Et Altera Pars

Muitas vezes, pessoas irão argumentar de suposições que elas não se incomodam em declarar. O princípio de Audiatur et Altera Pars é que todas as premissas de um argumento devem ser declaradas explicitamente. Isso não é estritamente uma falácia falhar em declarar todas as suas suposições, porém, é freqüentemente visto com suspeita.

Bifurcação

Também referida como a falácia "preto e branco", bifurcação ocorre se alguém apresenta uma situação como tendo apenas duas alternativas, onde de fato outras alternativas existem ou podem existir. Por exemplo:
"Ou o homem foi criado, como a bíblia nos diz, ou ele evoluiu de elementos químicos inanimados por pura chance aleatória, como os cientistas nos dizem. O último é incrivelmente improvável, então..."


Circulus In Demonstrando

Essa falácia ocorre se você afirma uma premissa como a conclusão que você deseja alcançar. Muitas vezes, a proposição é refraseada então a falácia parece ser um argumento válido. Por exemplo:
"Homossexuais não devem ter permissão para entitular cargos governamentais. Daí qualquer oficial governamental que é revelado como um homossexual irá perder seu trabalho. Portanto homossexuais irão fazer qualquer coisa para esconder seu segredo, e irão estar abertos à chantagem. Portanto homossexuais não podem ter permissão para entitular cargos governamentais."
Note que o argumento é inteiramente circular, a premissa é a mesma que a conclusão. Um argumento como o acima foi realmente citado como uma razão para o serviço secreto britânico oficialmente banir empregados homossexuais. Outro exemplo clássico é:
"Nós sabemos que deus existe porque a bíblia nos diz isso. E nós também sabemos que a bíblia é verdadeira porque é a palavra de deus."
Argumentos circulares são surpreendentemente comuns, infelizmente. Se você já alcançou uma conclusão particular uma vez, é fácil para acidentalmente fazer disso uma afirmação quando explicando seu raciocínio para alguém.

Pergunta Complexa / Falácia de Interrogação / Falácia de Pressuposição

Essa é a forma interrogativa de Implorar a Pergunta. Um exemplo é a clássica pergunta carregada:
"Você parou de bater na sua esposa?"
A pergunta pressupõe uma resposta definida para outra pergunta que não foi nem mesmo perguntada. Esse truque é freqüentemente usado por advogados em examinação cruzada, quando eles perguntam questões como:
"Onde você escondeu o dinheiro que você roubou?"
Similarmente, políticos freqüentemente fazem perguntas carregadas como:
"Quanto tempo essa interferência dos EU em nossos afazeres será permitida continuar?
Ou
"O Chanceler planeja mais dois anos de privatização arruinosa?"
Outra forma dessa falácia é pedir por uma explicação de algo que é falso ou ainda não afixado.

Falácias de Composição

A Falácia de Composição é concluir que a propriedade compartilhada por um número de itens individuais, é também compartilhada por uma coleção desses itens, ou que a propriedade de partes de um objeto, deve também ser uma propriedade da coisa inteira. Exemplos:
"A bicicleta é inteiramente feita de componentes de massa baixa, e é portanto muito leve."
"Um carro usa menos gasolina e causa menos poluição que um ônibus. Portanto carros são menos danosos ao ambiente do que os ônibus."

Acidente Inverso / Generalização Apressada

Essa falácia é o reverso da Falácia de Acidente. Ocorre quando você forma uma regra geral ao examinar apenas poucos casos específicos que não são representativos de todas as causas possíveis. Por exemplo:
"Jim Bakker foi um cristão insincero. Portanto todos os cristãos são insinceros."


Convertendo Uma Condicional

Essa falácia é um argumento da forma "se A então B, portanto se B então A".
"Se os padrões educacionais são rebaixados, a qualidade do argumento visto na internet piora. Então se nós vermos o nível de debate na net piorar nos próximos anos, nós iremos saber que nossos padrões educacionais ainda estão caindo."
Essa falácia é similar à Afirmação do Conseqüente, mas fraseada como uma afirmação condicional.

Cum Hoc Ergo Propter Hoc

Essa falácia é similar a Post Hoc Ergo Propter Hoc. A falácia é afirmar que por causa de dois eventos ocorrerem juntos, eles devem ser casualmente relacionados. É uma falácia porque ignora outros fatores que podem ser a(s) causa(s) dos eventos.
"Os níveis de literatura caíram constantemente desde o advento da televisão. Claramente ver televisão impede o aprendizado."
Essa falácia é um caso especial da falácia mais comum Non Causa Pro Causa.

Negação do Antecedente

Essa falácia é um argumento da forma "A implica B, A é falso, portanto B é falso". A tabela verdade para implicação mostra claramente porque isso é uma falácia.
Note que essa falácia é diferente da Non Causa Pro Causa. Que têm a forma "A implica B, A é falso, portanto B é falso", onde A não implica de fato B. Aqui, o problema não é que a implicação é inválida; melhor dizendo é que a falsidade de A não permite-nos deduzir nada sobre B.
"Se o deus da bíblia aparecesse pra mim, pessoalmente, isso iria certamente provar que o cristianismo é verdade. Mas deus nunca apareceu pra mim, então a bíblia deve ser um trabalho de ficção."
Esse é o contrário da falácia de Afirmação do Conseqüente.

A Falácia de Acidente / Generalização Arrasadora / Dicto Simpliciter

Uma generalização arrasadora ocorre quando uma regra geral é aplicada à uma situação particular, mas as características dessa situação particular significam que a regra é inaplicável. É o erro feito quando você vai do geral ao específico. Por exemplo:
"Cristãos geralmente não gostam de Ateus. Você é um cristão, então você não deve gostar de Ateus."
Essa falácia é muitas vezes cometida por pessoas que tentam decidir questões morais ou legais ao aplicar mecanicamente regras gerais.

Falácia de Divisão

A falácia da divisão é o oposto da Falácia de Composição. Consiste em assumir que uma propriedade de alguma coisa deve se aplicar às suas partes, ou que uma propriedade de uma coleção de itens é compartilhada por cada item.
"Você está estudando em um colégio rico. Portanto você deve ser rico."
"Formigas podem destruir uma árvore. Portanto essa formiga pode destruir uma árvore."


Equívoco / Falácia de Quatro Termos

Equívoco ocorre quando uma palavra chave é usada com dois ou mais significados diferentes no mesmo argumento. Por exemplo:
"O que poderia ser mais dado que software grátis? Mas tenha certeza que isso continuará grátis, que usuários podem fazer o que eles quiserem com isso, nós devemos pôr uma licença nisso para ter certeza que irá sempre ser livremente redistribuído."
Uma maneira de evitar essa falácia é escolher sua terminologia cuidadosamente antes de começar o argumento, e evitar palavras como "livre/grátis" que têm muitos significados.

A Analogia Estendida

A falácia da Analogia Estendida muitas vezes ocorre quando alguma regra geral sugerida está sendo argumentada. A falácia é assumir que mencionando duas situações diferentes, em um argumento sobre uma regra geral, constitui uma exigência que essas situações são análogas entre si.
Aqui está um exemplo real de um debate on-line sobre legislação anti-criptografia:
"Eu acredito que é sempre errado se opor à lei violando-a."
"Tal posição é odiosa: implica que você não iria ter apoiado Martin Luther King."
"Você está dizendo que legislação de criptografia é tão importante quanto a luta por liberação Negra? Como se atreve!"

Ignoratio Elenchi / Conclusão Irrelevante

A falácia de Conclusão Irrelevante consiste em exigir que um argumento suporte uma conclusão particular quando realmente não têm nada logicamente a ver com a conclusão.
Por exemplo, um cristão pode começar dizendo que ele irá argumentar que os ensinamentos do cristianismo são indubitavelmente verdadeiros. Se ele então argumentar no percurso que o cristianismo é de grande ajuda à muitas pessoas, não interessa quão bem ele argumente ele não irá ter mostrado que os ensinamentos do cristianismo são verdadeiros.
Tristemente, esse tipo de argumentos irrelevantes são freqüentemente bem sucedidos, porque eles fazem muitas pessoas verem a suposta conclusão sob uma luz mais favorável.

A Falácia da Lei da Natureza / Apelo à Natureza

O Apelo à Natureza é uma falácia comum em argumentos políticos. Uma versão consiste em desenhar uma analogia entre uma conclusão particular, e alguns aspectos do mundo natural - e então afirmando que a conclusão é inevitável, porque o mundo natural é similar:
"O mundo natural é caracterizado por competição; animais lutam contra os outros por posse de limitados recursos naturais. O capitalismo, a luta competitiva por posse de capital, é simplesmente uma parte inevitável da natureza humana. É como o mundo natural funciona."
Outra forma de apelar à natureza é argumentar que por causa dos humanos serem produtos do mundo natural, nós devemos imitar o comportamento visto no mundo natural, e que fazer diferente é "anatural".
"Claro que a homossexualidade não é natural. Quando foi a última vez que você viu dois animais do mesmo sexo acasalando?"
Robert Anton Wilson lida com essa forma de falácia em seu livro "Lei Natural". Um recente exemplo de "Apelo à Natureza" levado aos extremos é o Unabomber Manifesto.


A Falácia "Nenhum Escocês de Verdade..."

Suponha que eu afirme que nenhum Escocês põe açúcar no seu mingau. Você conta isso apontando que seu amigo Angus gosta de açúcar com seu mingau. Eu então digo "Ah, sim, mas nenhum Escocês de verdade põe açúcar no seu mingau."
Esse é um exemplo de um Ad Hoc modificado sendo usado para reforçar uma afirmação, combinado com uma tentativa de mudar o significado das palavras usadas na afirmação original; você pode chamar isso de combinação de falácias.

Non Causa Pro Causa

A falácia Non Causa Pro Causa ocorre quando alguma coisa é identificada como a causa de um evento, mas não foi realmente demonstrada ser a causa. Por exemplo:
"Eu tomei uma aspirina e rezei pra deus, e minha dor de cabeça desapareceu. Então deus me curou da dor de cabeça."
Isso é conhecido como uma falácia da falsa causa. Duas formas específicas de falácia Non Causa Pro Causa são as falácias Cum Hoc Ergo Propter Hoc e Post Hoc Ergo Propter Hoc.

Non Sequitur

Um non sequitur é um argumento onde a conclusão é desenhada de premissas que não são logicamente conectadas com ela. Por exemplo:
"Já que Egípcios fizeram muitas escavações para construir as pirâmides, eles foram especialistas em paleontologia."
(Non sequiturs são um ingrediente muito importante no humor. Elas continuam a ser falácias, porém.)

Petitio Principii / Implorando a Pergunta

Essa falácia ocorre quando as premissas são pelo menos tão questionáveis quanto a conclusão alcançada. Por exemplo:
"Alienígenas estão abduzindo vítimas inocentes toda semana. O governo deve saber o que está acontecendo. Portanto o governo está ligado com os alienígenas."

Plurium Interrogationum / Muitas Perguntas

Essa falácia ocorre quando alguém demanda uma resposta simples (ou simplística) para uma pergunta complexa.
"As taxas mais altas são um impedimento ao trabalho ou não? Sim ou não?

Post Hoc Ergo Propter Hoc

A falácia de Post Hoc Ergo Propter Hoc ocorre quando alguma coisa é assumida como a causa de um evento meramente porque aconteceu antes desse evento. Por exemplo:
"A União Soviética colapsou após instituir o Ateísmo estadual. Portanto nós devemos evitar o Ateísmo pelas mesmas razões."
Esse é outro tipo de falácia de Causa Falsa.

Pista Falsa

Essa falácia é cometida quando alguém introduz material irrelevante ao assunto sendo discutido, e então a atenção de todos é divergida dos pontos feitos, para uma conclusão diferente.
"Você pode dizer que a pena de morte seja um dissuasivo ineficaz contra o crime - mas quanto as vítimas do crime? Como você acha que os membros familiares sobreviventes se sentem quando eles vêem o homem que matou seu filho mantido na prisão às custas deles? É certo que eles devam pagar para que o assassino do filho deles seja alimentado e tenha uma casa?"

Reificação / Hipoestatização

Reificação ocorre quando um conceito abstrato é tratado como uma coisa concreta.
"Eu percebi que você descreveu ele como "mal". Onde esse "mal" existe no cérebro? Você não pode mostrar isso para mim, então eu digo que isso não existe, e nenhum homem é "mal"."

Trocando o Fardo da Prova

O fardo da prova está sempre na pessoa afirmando algo. Trocando o fardo da prova, um caso especial de Argumentum Ad Ignorantiam, é a falácia de pôr o fardo da prova na pessoa que nega ou questiona a afirmação. A fonte da falácia é a suposição que algo é verdade até que se prove o contrário.
Para discussão posterior, veja o documento Introdução ao Ateísmo.
"OK, então se você não pensa que alienígenas cinzas ganharam o controle do governo dos EUA, você pode provar isso?"

O Argumento do Declive Escorregadio

Esse argumento afirma que um evento deva ocorrer, então outros eventos prejudiciais irão. Não há prova que os eventos prejudiciais são causados pelo primeiro evento. Por exemplo:
"Se nós legalizarmos a maconha, então mais pessoas iriam começar a tomar crack e heroína, e nós teríamos que legalizar eles também. Bem antes nós teríamos uma nação cheia de viciados em drogas na assistência social. Portanto nós não podemos legalizar a maconha."

Espantalho

A falácia do espantalho ocorre quando você deturpa a posição de alguém então pode-se atacar mais facilmente, derrubar essa posição deturpada, e então concluir que a posição original foi demolida. Isso é uma falácia porque falha em lidar com o argumento atual que foi feito.
"Para ser um Ateu, você têm que acreditar com absoluta certeza que não há um deus. Para se convencer com absoluta certeza, você deve examinar todo o Universo e todos os lugares onde deus poderia estar. Já que obviamente você não fez, sua posição é indefensável."
O argumento do espantalho acima aparece quase que uma vez por semana na net. Se você não consegue ver onde ele está errado, leia o documento "Introdução ao Ateísmo".

Tu Quoque

Essa é a famosa falácia "você também". Ocorre se você argumentar que uma ação é aceitável porque seu oponente a performou. Por exemplo:
"Você está sendo abusivo a esmo."
"E daí? Você vem sendo abusivo também."
Isso é um ataque pessoal, e é portanto um caso especial de Argumentum Ad Hominem.

Falácia do Meio Não distribuído / Falácias "A é baseado em B" / Falácias "...é um tipo de..."

Essas falácias ocorrem se você tentar argumentar que coisas são similares de alguma maneira, mas você não realmente especifica como elas são similares. Exemplos:
"A história não e baseada sobre fé? Se é, então a bíblia não é também uma forma de história?"
"O Islã é baseado em fé, cristianismo é baseado em fé, então o Islã não é uma forma de cristianismo?"
"Gatos são uma forma de animal baseado em química de carbono, cães são uma forma de animal baseado em química de carbono, então os cães não são uma forma de gato?"

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A inutilidade das leis

A um exame atento, as milhares de leis que existem para regular a humanidade parecem estar divididas em três categorias principais: proteção da propriedade, proteção dos indivíduos, proteção do governo. E analisando cada uma destas categorias, chegamos a uma única e inevitável conclusão lógica e necessária: a inutilidade e perniciosidade das leis.

Os socialistas sabem o que significa proteção da propriedade. As leis que regulam a propriedade não foram criadas para garantir, nem ao indivíduo nem à sociedade o gozo do produto do seu trabalho. Pelo contrário, elas foram criadas para despojar o produtor de uma parte daquilo que ele produziu e para garantir a outras pessoas a posse daquela porção do produto que foi roubado, ou do produtor em particular ou da sociedade em geral. Quando, por exemplo, a lei assegura ao Senhor Fulano de Tal o direito sobre uma casa, ela não está estabelecendo seu direito sobre uma casinha que ele mesmo tenha construído, ou a um prédio erguido com a ajuda de alguns amigos. Se fosse assim, seus direitos nem seriam questionados. Mas pelo contrário, a lei está estabelecendo seus direitos sobre uma casa que não é fruto do seu trabalho, em primeiro lugar porque ele a fez construir por outros, aos quais nem sequer pagou o preço justo pelo trabalho realizado e, depois, porque a casa representa um valor social que ele não poderia ter produzido para si. A lei, no caso, está estabelecendo o seu direito a algo que pertence a todas as pessoas em geral e a nenhuma em particular. A mesma casa construída nos confins da Sibéria não teria o mesmo valor que tem numa cidade grande e, como sabemos, este valor é o resultado de cerca de 50 gerações de homens que construíram a cidade, embelezaram-na, dotando-a de água e gás, belas avenidas, universidades, teatros, lojas, vias férreas e estradas que levam a todas as direções. Assim, ao reconhecer os direitos do Sr. Fulano a uma determinada casa em Paris, Londres ou Rouen, a lei está lhe reservando, injustamente, certa porção do produto do trabalho da humanidade, como um todo. E é precisamente porque essa apropriação - e todas as outras formas de propriedade que tenham as mesmas características - é uma injustiça gritante que são necessários todo um arsenal de leis e um exército de soldados, policiais e juízes para mantê-las contra o bom senso e o sentimento de justiça inerentes à humanidade.

A metade das nossas leis - o código civil de cada país - não serve a qualquer outro propósito senão o de manter esta apropriação, este monopólio em benefício de determinados indivíduos em detrimento de toda a humanidade. Três quartos das causas julgadas pelos tribunais não são nada mais do que disputas entre monopolistas - dois ladrões lutando pela posse do produto de seus roubos. E muitas das nossas leis criminais têm o mesmo objetivo em vista, tendo sido criadas para manter o trabalhador numa posição de subordinação em relação ao patrão, proporcionando a segurança necessária para que a exploração continue.

Quanto a garantir ao produtor o produto do seu trabalho, não há qualquer lei que ao menos tente fazê-lo, já que isso é algo tão simples, tão natural, de tal modo integrado aos usos e costumes da humanidade, que o Direito nem sequer cogitou disso. O banditismo às escancaras, com espada na mão, não é uma característica da nossa época. Nem jamais dois trabalhadores chegam a disputar o produto do seu trabalho. Se têm um desentendimento, eles o resolvem chamando uma terceira pessoa, sem que haja necessidade de recorrer à lei. O único ser capaz de arrancar de outro o produto do seu trabalho é o proprietário que interfere sempre para ficar com a parte do leão. Quanto à humanidade em geral, ela em toda a parte respeita o direito de cada um àquilo que ele mesmo criou, sem recorrer a qualquer lei especial.

Como todas as leis sobre propriedade, que enchem grossos volumes de Códigos de Direito e fazem as delícias de nossos advogados, não têm qualquer outro objetivo senão o de proteger a apropriação injusta, garantir que certos indivíduos se apropriem indevidamente do trabalho de outros seres humanos, não há nenhuma razão que justifique a sua existência. No dia da Revolução, os revolucionários sociais estão firmemente decididos a acabar com todas elas. E na verdade, nada mais justo do que fazer-se uma grande fogueira ao ar livre lançando nela todas as leis que tratassem dos assim chamados "direitos de propriedade", todos os títulos de propriedade, todos os registros e escrituras: em uma palavra, tudo aquilo que tivesse qualquer ligação com uma instituição que logo será vista como uma nódoa da humanidade, tão humilhante quanto a escravidão ou o servilismo de outras épocas.

As observações que acabamos de fazer a respeito das leis sobre a propriedade poderiam ser aplicadas também à segunda categoria de leis: aquelas destinadas a manter os governos, ou seja, as leis constitucionais. É outra vez um arsenal de leis, decretos, disposições, decisões de conselhos e o que mais houver, criados com o fim de proteger as diversas formas de governo, seja ele representativo, delegado ou usurpado, sob cujo tacão a humanidade se contorce. Sabemos bem - e os anarquistas não cansam de demosntrá-lo em suas eternas críticas contra as várias formas de governo - que a missão de todos os governos, monárquicos, constitucionais ou republicanos, é proteger e manter através da força, os privilégios das classes dominantes - a aristocracia, o clero e os comerciantes. Mais de um terço de todas as leis que existem - a cada país tem milhares delas que regulam os impostos, as taxas, a organização dos departamentos ministeriais e suas repartições, as Forças Armadas, a Polícia, a Igreja, etc. - não tem qualquer outro objetivo senão manter, remendar e desenvolver a máquina administrativa. E esta máquina, por sua vez, funciona quase que exclusivamente para proteger os privilégios da classe dominante. Analise estas leis, observe-as em ação no dia-a-dia e descobrirá que nenhuma delas merece ser preservada.

Sobre estas leis não pode haver duas opiniões diversas - não apenas os anarquistas como os radicais mais ou menos revolucionários concordam que a única coisa a fazer com as leis que tratam da organização dos governos seria arremessá-las ao fogo.

Resta considerar a terceira categoria, aquela que diz respeito à proteção dos indivíduos e ao combate e prevenção do "crime", a mais importante delas, já que a maior parte dos preconceitos a ela estão vinculados; porque, se desfruta de uma certa consideração especial, é em conseqüência da crença de que este tipo de lei é absolutamente indispensável à manutenção da segurança em nossas sociedades.

Essas leis, criadas a partir das práticas mais úteis às comunidades humanas, foram mais tarde aproveitadas pelos governantes como um dos meios para justificar sua própria dominação. A autoridade dos chefes das tribos, das famílias mais ricas da cidade e do rei dependia da função de juízes que desempenham o mesmo nos nossos dias: sempre que é discutida a necessidade da existência de um governo é o seu papel como juíz supremo que está sendo posto em questão. "Se não houvesse governo, os homens acabariam por destruir-se uns aos outros" - diz o orador da aldeia. "O principal objetivo de todos os governos é assegurar a cada acusado o direito de ser julgado por doze homens honestos", afirmou Burke. Pois bem, apesar de todos os preconceitos que ainda existem em torno do tema, já é tempo de que os anarquistas declarem, em alto e bom som, que esta categoria de lei é tão inútil e injuriosa quanto as precedentes.

Em primeiro lugar, quanto aos assim chamados "crimes" - assaltos contra pessoas - é sabido que pelo menos 2/3 e freqüentemente 3/4 deles são instigados pelo desejo de apossar-se da fortuna alheia. Esta imenas classe de "crimes e delitos" desaparecerá no dia em que a propriedade privada deixar de existir. "Mas - dirão alguns - se não tivermos leis para contê-los e castigos para detê-los, sempre haverá bandidos para tentar contra a vida de seus semelhantes, que levarão a mão à faca em todas as lutas nas quais se envolverem e vingarão a mais insignificante ofensa com a morte". Este refrão é repetido sempre que se põe em dúvida o direito que a sociedade tem de punir os criminosos.

Entretanto, há um fato relacionado a este assunto que hoje já foi suficientemente provado: a severidade da pena não diminui a quantidade de crimes. Enforque e esquarteje os criminosos se quiser, e o número de crimes continuará igual. Elimine a pena de morte e não terá um crime a mais, eles diminuirão até. As estatísticas o provam. Mas se a colheita for boa, o pão barato e fizer bom tempo, o número de crimes cairá imediatamente. Isso também pode ser provado pelas estatísticas. A quantidade de crimes sempre aumenta ou diminui em proporção direta aos preços dos alimentos e ao estado do tempo. Não que a fome seja a causa de todos os crimes. Não é este o caso. Mas se a colheita é boa, e os alimentos podem ser comprados a um preço acessível quando o sol brilha, os homens, de coração mais leve e menos infelizes que de costume, não se entregam a paixões sombrias, nem mergulham a faca no peito de seu semelhante por motivos banais.

Além do mais, é também sabido que o medo do castigo nunca impediu que qualquer crime fosse cometido. Aquele que mata seu vizinho por vingança ou miséria, não pensa muito nas conseqüências; e houve, até hoje, bem poucos assassinos que não estivessem firmemente convencidos de que não deveriam ter sido acusados.

Não falando de uma sociedade em que o homem receberá uma educação melhor, em que o desenvolvimento de todas as suas faculdades e a possibilidade de exercê-las irá proporcionar-lhe tantas alegrias que ele não procurará envenená-las com remorsos - mesmo numa sociedade como a nossa, mesmo com estes tristes produtos da miséria que hoje vemos entre o povo das grandes cidades. No dia em que os criminosos não sofrerem mais qualquer castigo, o número de crimes não aumentará e é extremamente provável que, pelo contrário, sofra o decréscimo por criminosos reincidentes, homens que a prisão embruteceu.

Somos continuamente lembrados dos benefícios que a lei confere e dos efeitos benéficos do castigo, mas terão aqueles que nos falam tentado alguma vez fazer um balanço entre os benefícios atribuídos às leis e castigos e os efeitos degradantes que esses castigos tiveram sobre a humanidade? Tente calcular todas as perversas paixões que os atrozes castigos infligidos em nossas ruas despertaram na humanidade. O homem é o animal mais cruel que existe na face da terra. E quem terá estimulado e desenvolvido esses instintos cruéis, desconhecidos mesmo entre os macacos, senão o rei, o juíz e os padres apoiados em leis que permitiam que a pele fosse arrancada em tiras, o breu fervente derramado sobre as feridas, os membros arrancados, os ossos esmagados, os homens despedaçados para que sua autoridade fosse mantida? Tente avaliar a torrente de depravação libertada entre a sociedade humana pela política de delação encorajada pelos juízes e paga em dinheiro vivo pelos governos, a pretexto de auxiliar na descoberta de "crimes". Basta apenas que entre nas prisões e veja no que se transforma um homem privado da liberdade e encerrado com outros seres depravados, mergulhados no vício e na corrupção que escorre das próprias paredes das nossas prisões. Basta lembrar que, quanto mais reformas sofrem estas prisões, mais detestáveis se tornam. Nossas modernas prisões-modelo são mil vezes mais abomináveis do que as masmorras da Idade Média. Finalmente, basta lembrar da corrupção e depravação que existem entre os homens, alimentadas pela idéia da obediência - que é a própria essência da lei - da punição; da autoridade arrogando-se o direito de punir, de julgar sem considerar nem a nossa consciência, nem a estima de nossos amigos; da necessidade de que hajam carrascos, carcereiros e informantes - em uma palavra, de todos os atributos da lei e da autoridade. Pense em tudo isto e certamente concordará conosco quando afirmamos que uma lei que inflige punições é uma abominação que deveria deixar de existir.

Povos sem organização politica e, portanto, menos depravados do que nós entenderam perfeitamente que o homem a quem chamam de "criminoso" é simplesmente um infeliz; que a solução não é açoitá-lo, acorrentá-lo ou matá-lo no cadafalso ou na prisão, mas ajudá-lo como a um irmão, dispensando-lhe um tratamento baseado na igualdade e nos costumes em vigor entre os homens honestos. Na próxima revolução, esperamos que o grito de guerra seja: "Queimem as guilhotinas, destruam as prisões, expulsem os juízes, os policiais e os informantes - a raça mais imunda que existe sobre a face da terra; tratem como a um irmão o homem que foi levado pela paixão a praticar o mal contra seu semelhante; e, sobretudo, retirem dos ignóbeis produtos da ociosidade da classe média a possibilidade de exibir seus vícios sob cores atraentes, e estejam certos de que apenas uns poucos crimes violnetos virão perturbar a nossa sociedade".

Os principais incentivadores do crime são a ociosidade, a lei - leis que regem a propriedade, o governo, as punições e os delitos - e a autoridade que toma a seu cargo a criação e aplicação destas leis.

Chega de leis! Chega de juízes! Liberdade, igualdade e solidariedade humana são as únicas barreiras efetivas que podemos opor aos instintos anti-sociais de alguns seres que vivem entre nós.

AIDS, a grande trapaça

HIV não causa Aids. HIV não causa nada. Uma declaração cambaleante dado o exagero e aceitação pelo estabelecimento científico e, através deles pelo público, de que o vírus HIV é a única causa da Aids. O HIV é um vírus fraco e não afeta o sistema imunológico. E a Aids não é transmitida sexualmente.
Há dois tipos principais de vírus. Usando a analogia do avião, você poderia chamar um destes vírus de "piloto". Ele pode mudar a natureza de uma célula e deixá-la doente. Isto normalmente acontece muito depressa depois que ele a infecta. E então há o vírus "passageiro" que vive fora da célula, entra pra dar uma volta, mas nunca afeta a célula ao ponto de causar doenças.

O HIV é um vírus passageiro!

Então como diabos ele conseguiu o título de vírus mais ameaçador do mundo?
A pessoa que anunciou que o HIV causava Aids foi um norte-americano, o Doutor Robert Gallo. Desde então ele tem sido acusado de má-conduta profissional, o seu teste foi exposto como fraudulento, e dois dos executivos do seu laboratório foram considerados culpados de infrações criminais. Dezenas de milhares de pessoas fazem testes para anticorpos de HIV todos os anos e Dr Gallo, que patenteou o seu "teste", ganha royalty por cada um deles. Luc Montagnier, o sócio de Gallo na teoria HIV-causa-Aids, admitiu em 1989: "O HIV não é capaz de causar a destruição do sistema imunológico que é visto em pessoas com Aids". Quase 500 cientistas ao redor mundo concordam com ele. Assim como o Dr. Robert E Wilner, autor do livro "A Decepção Mortal. A Prova de que Sexo e HIV não Causam Aids".

O Dr. Wilner até mesmo injetou o vírus HIV em si mesmo em um programa de televisão na Espanha para apoiar as suas reivindicações. Outros doutores e autores chegaram às mesmas conclusões, entre eles Peter Duesberg PhD e John Yiamouyiannis PhD, no livro deles, "Aids: A Boa Notícia é que o HIV não Causa essa doença. A Notícia Ruim é que "Drogas Recreativas" e Tratamentos Médicos Como o AZT Causam". Este é um título longo, mas resume a situação.
Pessoas estão morrendo de Aids por causa dos tratamentos usados para "tratar" a Aids! Isso funciona assim: agora é aceito pelo estabelecimento e pelas pessoas que o HIV causa Aids, o sistema construiu este mito em cima do seu diagnóstico e "tratamento". Você vai para o doutor e lhe dizem que seu teste de HIV deu positivo (positivo somente para os anticorpos do HIV, na verdade eles não fazem o teste para o próprio vírus). por causa da propaganda, muitas pessoas já começam a morrer emocionalmente e mentalmente quando lhes dizem que eles são HIV-positivos. Eles foram condicionados a acreditar que a morte é inevitável.

O medo da morte os leva a aceitar, freqüentemente até exigir, os altamente exagerados "tratamentos" que supostamente vão parar a manifestação da Aids.
(Mas eles não vão.) O mais famoso é o AZT, produzido pela organização Wellcome, possuída pelos... espere por isto, Rockefellers, uma das principais famílias manipuladoras na Nova Ordem Mundial (NWO).

O AZT foi desenvolvido como uma droga anti-câncer para ser usada em quimioterapia, mas foi considerado muito tóxico até mesmo para isso! O efeito do AZT no "tratamento" do câncer foi o de matar células - simplesmente isso - não só matar células cancerosas, mas também células saudáveis. A questão seguinte (e isto é aceito até mesmo pelo estabelecimento médico), era: o AZT mataria as células cancerosas antes que tivesse matado tantas células saudáveis que matasse o corpo? Esta é a droga usada para "tratar" o HIV. Qual é o seu efeito?

Ele destrói o sistema imunológico, CAUSANDO assim a Aids. As pessoas estão morrendo do tratamento, não do HIV. Aids é simplesmente o colapso do sistema imunológico para o qual há infinitas causas, nenhuma delas é sexualmente transmissível. Essa é outra trapaça que tem rendido uma fortuna
para os fabricantes de preservativos e criado um medo enorme ao redor da expressão de nossa sexualidade e da liberação e expansão de nossa força criativa.

O que tem acontecido desde A Grande Trapaça é que agora qualquer um que morre por causa de uma fraqueza no sistema imunológico é dito ter morrido do abrangente termo, Aids. Isso é até mesmo posto no diagnóstico. Se você é HIV positivo e morre de tuberculose, pneumonia, ou 25 outras doenças não
relacionadas, agora conectadas pelos Trapaceiros à "Aids", você é diagnosticado como tendo morrido de Aids. Se você não é HIV positivo e morre de um dessas doenças, você é diagnosticado como tendo morrido dessa doença, não Aids. Isso manipula o quadro diariamente para indicar que só HIV-positivos morrem de Aids.

Isso é uma mentira.

Muitas pessoas que morrem de Aids não são HIV-positivos, e a razão para que o número das mortes causadas pela Aids não tenham subido às nuvens como o predito, é que a grande maioria das pessoas diagnosticadas HIV-positivas nunca desenvolveram Aids. Por que?

Porque o HIV não tem nada a ver com a Aids.

Qualquer coisa que destrói o sistema imunológico causa Aids, e isso inclui as chamadas drogas recreativas. A vasta maioria das mortes nos Estados Unidos envolvem homossexuais, e isto perpetua o mito de que a Aids tem algo a ver com sexo. Mas os homossexuais no EUA estão entre os maiores usuários das drogas que doutores genuínos têm ligado à Aids. Prostitutas que freqüentemente tomam drogas pegam Aids, prostitutas que invariavelmente não tomam drogas não adquirem Aids. A elevação da Aids nos Estados Unidos corresponde perfeitamente com o aumento no uso de drogas - a maioria das quais são disponibilizadas às pessoas nas ruas através de elementos dentro do Governo dos EUA, incluindo Bill Clinton e George Bush. Na África, o colapso do sistema imunológico, agora conhecido como Aids, é causado por falta de boa comida, de água limpa e pelos efeitos gerais da pobreza.
Hemofílicos não morrem por causa de sangue infectado com HIV, eles morrem, da mesma forma que eles faziam antes da fraude Aids, de um erro no próprio sistema imunológico deles. O sistema imunológico deles ataca proteínas externas no sangue infundido, e em raras ocasiões ele pode ficar confuso durante esse processo e atacar a si mesmo. O sistema imunológico deles, em efeito, comete suicídio. O HIV é irrelevante pra isso. Contudo quantas pessoas que hoje foram diagnosticadas HIV-positivas estão tendo as suas vidas destruídas pelo medo de que os sintomas da Aids começarão a qualquer momento?

O AZT é o assassino. Não há um único caso do AZT revertendo os sintomas da Aids. Como poderia? Ele os está causando, pelo amor de Deus.
A indústria da Aids vale agora bilhões de libras por ano e faz uma fortuna inimaginável para a indústria de drogas controlada pelos Rockefellers e pelo resto da Elite Global.

Circuncisão

Símbolo da aliança divina para uns, ritual iniciático para outros, essa prática de mais de 5 mil anos tem justificativas religiosas, mitológicas e médicas



Quando nos referimos aos rituais humanos, não é possível precisar ao certo a data e o local de sua origem. Esse é o caso da circuncisão, intervenção cirúrgica que consiste na remoção do prepúcio, prega cutânea que recobre a glande do pênis. Essa remoção, chamada também exérese do prepúcio ou peritomia (do grego peri, "em torno", e tomia, "corte"), é realizada atualmente em clínicas com condições de higiene e assepsia.

A circuncisão existe há mais de 5 mil anos. Ela é praticada numa vasta zona que vai da África subsaariana até o Oriente Próximo, incluindo a Pérsia, passando pelo Magreb, a Líbia e o Egito, a Palestina, a Síria, a Arábia e o Iêmen. Os turcos são circuncidados, assim como os muçulmanos da Ásia Menor. Judeus e muçulmanos do mundo inteiro são circuncidados, independentemente de suas convicções religiosas. Hoje em dia, o fator de integração e conformidade com a aparência física supera as crenças religiosas. Contabilizamos mais de 900 milhões de circuncidados no mundo, número que pode passar de um bilhão, se considerarmos a evolução do islamismo nas regiões sub-africanas e no Ocidente. Atualmente, as zonas de extensão da circuncisão são a Europa e os Estados Unidos. Por razões de higiene, a circuncisão ganha terreno, sobretudo, em meio laico.

Embora os historiadores tenham se limitado a conjeturas, sabemos que essa prática - como outras intervenções e marcas corporais - antecede todas as invenções da humanidade e até mesmo o monoteísmo. A Bíblia relata que na época de Abraão a circuncisão já era conhecida e praticada às margens do rio Jordão e na Samaria.

Desde o princípio, essa prática inscreveu-se no registro do simbólico: "E a aliança que eu faço com vocês e com seus futuros descendentes, e que vocês devem observar, é a seguinte: circuncidem todos os homens. Circuncidem a carne do prepúcio. Este será o sinal da aliança entre mim e vocês. Quando completarem oito dias, todos os meninos de cada geração serão circuncidados; também os escravos nascidos em casa ou comprados de estrangeiros, que não sejam da raça de vocês" (Gênesis, XVII, 10-11).




Com exceção dos hieróglifos, estamos diante do texto mais antigo que trata de uma prática ligada ao órgão genital de mais de um bilhão de homens no mundo. Desde tempos remotos, ela envolveu inúmeros povos da Arábia-Iêmen, Etiópia-Sudão-Egito e Mesopotâmia, que estiveram entre os maiores inovadores de ritos sociais.

Heródoto confirma a antiguidade do costume: "[...] Os colquidianos, os egípcios e os etíopes são os únicos povos que sempre praticaram a circuncisão. Os fenícios e os sírios da Palestina reconhecem nesse hábito a influência dos egípcios; os sírios que vivem nos vales do Termodon declaram que esse costume foi introduzido em sua comunidade há pouco tempo pelos colquidianos". E o grande historiador de Halicarnasso conclui: "Egípcios e etíopes, eu não saberia dizer qual dos dois povos foi o primeiro a praticá-lo, pois trata-se de um costume muito antigo" (Histórias, II, 104).

Desde então, a ciência histórica não forneceu muitos dados sobre a prática da circuncisão. Afora o relato da Bíblia citado no início, não dispomos de documentos confiáveis que precisem o local de seu nascimento. "A circuncisão vem dos egípcios, dos árabes ou dos etíopes?", pergunta-se Voltaire, no século XVIII. E afirma: "Sei apenas que os padres da Antiguidade imprimiam em seus corpos marcas de sua consagração, assim como se marcava com um ferro ardente a mão dos soldados romanos" (Obras completas, tomo VII). Para responder parcialmente ao filósofo, sugerimos algumas pistas. Segundo pesquisas, a circuncisão teria nascido em solo africano e dataria de cinco a sete mil anos. Após sua implantação definitiva no leste do continente africano, ela teria migrado para o norte pelo rio Nilo, graças à dispersão de tribos estabelecidas na região.

Há centenas de anos, a circuncisão teria evoluído no Egito faraônico de forma considerável a ponto de ser "codificada". Prova disso é a descoberta por arqueólogos de representações de falos circuncidados em uma necrópole de Tebas datando do Novo Império (1500 a.C.). Embora o clero egípcio não seguisse as religiões monoteístas que iriam popularizar a circuncisão, em particular o judaísmo, ele era circuncidado e exigia que os novos adeptos o fossem igualmente. Essa codificação era obra de padres e médicos que seguiam o exemplo dos faraós, os quais conferiam à circuncisão uma indiscutível função iniciática e sacerdotal. Não deveria Pitágoras ser circuncidado antes de ingressar na grande biblioteca de Alexandria para se iniciar nos mistérios órficos? Graças a Titus Flavius Clemens ou Clemente de Alexandria (150-215), sabemos que esses "mistérios" constituíam a base dos ensinamentos de Orfeu, personagem mítico da Trácia antiga, que, além de seu conhecimento científico e mágico, inventou a cítara. Sobre essas diferentes iniciações, Jâmblico (240-325), filósofo neoplatônico, forneceu uma brilhante interpretação em sua obra Os mistérios do Egito. E o historiador fenício Sanconiaton relata, em sua Teogonia fenícia, que Cronos, o primeiro rei desse povo, praticara a circuncisão em seus companheiros e em si mesmo.

Desde então, a circuncisão vem adquirindo importância crucial para aqueles que a praticam. É um ritual que soube agregar em torno de si uma quantidade de significados de alcance universal: religiosos, iniciáticos, profiláticos, estéticos e medicinais.

Entre os hebreus, o mohel ou moël é o responsável pela circuncisão, chamada hatâna. O rabino inicia o ritual com uma bênção para legitimar a exérese do prepúcio, possibilitando a denominação da criança. A circuncisão judaica, além de permitir o acesso à lei divina, representa o sinal da aliança com o povo eleito: "Minha aliança estará marcada na carne de vocês como aliança eterna" (Gênesis, XVII, 10-13).

Durante os dois primeiros séculos da era cristã, uma controvérsia acirrada atravessou a nobreza da Roma antiga. Seria ou não necessário circuncidar os novos cristãos para que fossem totalmente integrados à comunidade cristã? O debate atingia grandes proporções, à medida que os judeus e uma parte dos primeiros cristãos eram habitualmente circuncidados. A questão era ao mesmo tempo dogmática e doutrinal: se a circuncisão fazia parte da identidade coletiva judaica e de sua aliança com Deus, o cristão deveria aceitá-la como símbolo comum, sem perder sua identidade? E também sua alma.

Os apóstolos Pedro e Paulo levantaram a questão da contradição, mas finalmente a concepção paulina triunfou, levando a uma nova orientação do culto. Não era suficiente estar circuncidado na carne, se a alma permanecesse pecadora. Era necessário que o espírito também o estivesse, de modo que observasse escrupulosamente as leis divinas. E o apóstolo acrescenta: "Os verdadeiros circuncidados somos nós que prestamos culto movidos pelo espírito de Deus. Nós colocamos nossa glória em Jesus Cristo e não confiamos na carne" (Carta aos Filipenses, III, 3). Surge assim o batismo, originário do grego baptisma, "conversão do coração". Desde então, o significado religioso da circuncisão não mudou, apesar da proliferação da circuncisão laica e da perseguição aos judeus durante o nazismo, quando se verificava se os homens eram ou não circuncidados.

No que se refere à circuncisão entre os árabes, desde tempos imemoriais os habitantes da península Arábica, formada por Iêmen, Omã, Iraque e Palestina, praticam a circuncisão em meninos de 13 anos. Sabemos que esse costume originou-se com a circuncisão de Ismael, o antepassado dos árabes, filho do patriarca Abraão, que foi circuncidado aos 13 anos. A Bíblia, contrariamente ao Alcorão, relata esse episódio.

Há dois outros elementos importantes que contribuíram para a aceitação islâmica da circuncisão. Por um lado, o profeta Maomé (570-632) - nascido circuncidado segundo a lenda - nunca a proibira, e, por outro, a circuncisão tornara-se um privilégio matrimonial. Até o início do século XX, os jovens iemenitas de 16 anos deviam ser circuncidados perante suas prometidas, testemunhas da coragem e do estoicismo de seus futuros esposos.

No entanto, cabe enfatizar o propósito, talvez apócrifo, atribuído ao califa Umar (581-644), que dizia: "Maomé foi enviado ao mundo para islamizá-lo e não para circuncidá-lo". Seja como for, desde a chegada do islamismo e da sua extraordinária propagação, ela atingiu todos os países seguidores do culto de Alá.

Finalmente, servindo de base a todas as razões mencionadas e parecendo legitimá-las, a questão da higiene é recorrente no campo da peritomia. A própria circuncisão muçulmana a encerra em seu nome: tahara (purificação) no Magreb; sounna (tradição) no Sudão e no Egito, khotên na Turquia e na Pérsia e enfim taziinet (embelezamento) na Mauritânia.

Mas se a circuncisão é uma prática "fortemente recomendada", não é uma condição religiosa stricto sensu do islamismo nem uma prescrição da doxa. Ela é adotada em terra islâmica, inclusive pelos novos convertidos, mas não faz parte das cinco condições exigidas para ser um bom muçulmano: profissão de fé, prece, doação, jejum e peregrinação à Meca.

Já o continente africano contempla dois tipos de circuncisão: a animista - a mais antiga - e a monoteísta, praticada nas regiões islâmicas. Em vários países africanos, a circuncisão - como o uso da barba e, no caso das mulheres, do véu islâmico - é considerada como um elemento de adesão ao culto maometano. Em outros países, como a Etiópia ou o Egito, os coptas - descendentes do povo do Antigo Egito - a praticam por mimetismo social, em vista de sua integração na comunidade circuncidada do entorno. Vários grupos étnicos importantes seguem essa prática: os dogons, os malinkés, os soninkés, os bambaras, os kabiyés do norte do Togo, os iorubás, os bozos, os pigmeus da África equatorial e os mossis. Os etnólogos que abordaram essa questão, com base nos mitos autóctones, apresentam duas explicações quanto à origem da circuncisão africana.

A primeira, de ordem cosmogônica, afirma que a origem da circuncisão encontra-se na criação do mundo como sinal de separação inicial dos indivíduos (supressão da androgenia) e de fixação no sexo ao qual eles pertencem. A segunda, de ordem sociopolítica, está vinculada à transmissão do poder no seio de uma comunidade africana sob domínio de um chefe tradicional. Essas duas grandes razões estão intrinsecamente ligadas à preocupação constante da fecundidade.
A circuncisão é justificada por três tipos de discursos. Cada cultura segue aquele que mais se enquadra a suas tradições e costumes
Mitológica
É aquela aplicada às tribos africanas e aos povos que seguem a circuncisão pré-monoteísta e profana, como ocorre nas ilhas de Vanuatu, na Austrália e ao sudeste da Nova Guiné. Diz uma lenda do arquipélago que um dia um jovem rapaz e sua irmã decidiram ir ao bosque colher frutas. Após terem cortado cachos de bananas, o rapaz descansou ao pé de uma árvore, enquanto a irmã terminava a colheita do dia.

Mas, ao descer da árvore, o machado caiu de sua mão e cortou o prepúcio do irmão. Uma vez curado, o rapaz teve relação sexual com uma moça do vilarejo, que, satisfeita com o desempenho do amante, contou o que ocorrera a suas amigas. Despertou então o desejo de todas elas em dormir com o jovem, causando inveja aos homens da tribo. Curiosos, eles perguntaram a suas companheiras o motivo de tal interesse e elas responderam unânimes: "Só dormiremos com vocês, se estiverem como ele".

Religiosa
A circuncisão hebraica é o melhor modelo dessa vertente explicativa. De fato, o judaísmo considera a supressão do prepúcio como uma validação ou confirmação da adesão ao dogma. Fala-se, nesse caso, em "sinal de aliança" e "ingresso na Torá".
Quanto ao cristianismo, a circuncisão não é preconizada, mas sublimada a uma vocação espiritual. Lembremos da linha de demarcação introduzida pela literatura patrística. Filastro de Brescia fala da "circuncisão do coração", enquanto Tertuliano evoca a "circuncisão espiritual".

O islamismo não trouxe mudanças importantes ao rito. Para essa religião, a circuncisão implica uma purificação corporal, uma "prova" necessária ao fiel quando passa a freqüentar a mesquita. Dessa forma, sua função espiritual é relegada ao segundo plano. A explicação religiosa da circuncisão resume-se ao conceito de privar o homem de fatores exógenos que possam desviá-lo do caminho espiritual.

Médica
A explicação mais comum para os partidários atuais da circuncisão seria o fator higiênico. Em realidade, essa tese data de Filon de Alexandria (13 a.C. - 54 d.C.), filósofo judeu de origem grega que, em sua obra De circumcisione, chama a atenção para o fato de que a circuncisão garantiria uma maior higiene ao órgão genital masculino, evitando uma série de afecções como sífilis, fimose, herpes, balanopostites, falsa gonorréia, concentração de esmegma.

Nesse sentido, podemos afirmar que a circuncisão é o único tratamento válido para a fimose (estreitamento anormal e doloroso do prepúcio) e a parafimose (estrangulamento da base da glande do pênis por um prepúcio estreito demais). A história relata que após ter passado quatro anos em abstinência sexual por ter contraído fimose, o rei Luís XVI optou pela circuncisão.