Transmissão da gripe A H7N9 da ave para seres humanos
Especialistas discutem as características clínicas da infecção e descrevem o genoma viral
Introdução
A infecção humana pelo vírus da gripe aviária A H7N9 surgiu no leste da China, em fevereiro de 2013, e tem sido associada à exposição a aves. Discutimos as características clínicas e microbiológicas de pacientes infectados pelo vírus da gripe A H7N9, comparando as características genômicas do vírus humano com as do vírus presente em aves de mercados de Zhejiang, na China.
Métodos
Entre 7 de março e 8 de abril de 2013, foram incluídos no estudo pacientes internados que apresentassem sintomas respiratórios de início recente, infiltrados radiográficos inexplicáveis e infecção pelo vírus H7N9 confirmada em laboratório. Registramos os históricos e resultados de estudos hematológicos, bioquímicos, radiológicos e microbiológicos. Colhemos amostras da garganta e de escarro, utilizamos RT-PCR para detectar os genes M, H7 e N9 e cultivamos amostras em células renais caninas de Madin-Darby. Testamos a presença de coinfecções e monitoramos as concentrações séricas de seis citocinas e quimiocinas. Coletamos swabs cloacais de 86 aves de mercados 'úmidos' epidemiologicamente vinculados e inoculamos ovos de galinha embrionados com as amostras. Por sequenciamento RT-PCR, conseguimos identificar e subtipar isolados. A extração do RNA, a síntese do DNA complementar e o sequenciamento PCR foram realizados para um isolado humano e um isolado de frango. Caracterizamos e analisamos filogeneticamente os oito segmentos de genes dos vírus nos isolados dos pacientes e dos frangos, construindo árvores filogenéticas dos genes H, N, PB2 e NS.
Constatações
Foram identificados quatro pacientes (idade média de 56 anos), os quais tiveram contato com aves de 3 a 8 dias antes do início da doença. Eles apresentaram febre e pneumonia rapidamente progressiva, sem resposta a antibióticos. Os pacientes eram leucopênicos e linfopênicos, e apresentavam insuficiência hepática ou renal, aumento substancial nas concentrações séricas de citocinas ou quimiocinas e coagulação intravascular disseminada, com progressão da doença. Dois pacientes morreram. Amostras de escarro foram mais propensas a testarem positivas para o vírus H7N9 do que as amostras de swabs da garganta. O isolado viral do paciente foi bastante semelhante ao de um frango de mercado epidemiologicamente vinculado. Todos os segmentos de genes virais eram de origem aviária. Em Zhejiang, o H7 dos vírus isolados ficou mais próximo ao do vírus H7N3 de patos domésticos, enquanto o N9 ficou mais próximo ao do vírus H7N9 do pássaro selvagem, na Coreia do Sul. Observamos substituições de Gln226Leu e Gly186Val no vírus humano H7 (associadas ao aumento da afinidade para receptores de ácido siálico com ligações α2,6) e a mutação de PB2 Asp701Asn (associada à adaptação dos mamíferos). A mutação de Ser31Asn, que está associada à resistência ao adamantano, foi observada no M2 viral.
Interpretação
A transmissão entre espécies, de aves para seres humanos, deste novo vírus recombinante H7N9 está associada a pneumonia grave e disfunção de múltiplos órgãos em seres humanos. O monitoramento da evolução viral e um estudo mais aprofundado da patogênese da doença podem melhorar o controle da doença, o controle da epidemia e a preparação para uma pandemia.
A infecção humana pelo vírus da gripe aviária A H7N9 surgiu no leste da China, em fevereiro de 2013, e tem sido associada à exposição a aves. Discutimos as características clínicas e microbiológicas de pacientes infectados pelo vírus da gripe A H7N9, comparando as características genômicas do vírus humano com as do vírus presente em aves de mercados de Zhejiang, na China.
Métodos
Entre 7 de março e 8 de abril de 2013, foram incluídos no estudo pacientes internados que apresentassem sintomas respiratórios de início recente, infiltrados radiográficos inexplicáveis e infecção pelo vírus H7N9 confirmada em laboratório. Registramos os históricos e resultados de estudos hematológicos, bioquímicos, radiológicos e microbiológicos. Colhemos amostras da garganta e de escarro, utilizamos RT-PCR para detectar os genes M, H7 e N9 e cultivamos amostras em células renais caninas de Madin-Darby. Testamos a presença de coinfecções e monitoramos as concentrações séricas de seis citocinas e quimiocinas. Coletamos swabs cloacais de 86 aves de mercados 'úmidos' epidemiologicamente vinculados e inoculamos ovos de galinha embrionados com as amostras. Por sequenciamento RT-PCR, conseguimos identificar e subtipar isolados. A extração do RNA, a síntese do DNA complementar e o sequenciamento PCR foram realizados para um isolado humano e um isolado de frango. Caracterizamos e analisamos filogeneticamente os oito segmentos de genes dos vírus nos isolados dos pacientes e dos frangos, construindo árvores filogenéticas dos genes H, N, PB2 e NS.
Constatações
Foram identificados quatro pacientes (idade média de 56 anos), os quais tiveram contato com aves de 3 a 8 dias antes do início da doença. Eles apresentaram febre e pneumonia rapidamente progressiva, sem resposta a antibióticos. Os pacientes eram leucopênicos e linfopênicos, e apresentavam insuficiência hepática ou renal, aumento substancial nas concentrações séricas de citocinas ou quimiocinas e coagulação intravascular disseminada, com progressão da doença. Dois pacientes morreram. Amostras de escarro foram mais propensas a testarem positivas para o vírus H7N9 do que as amostras de swabs da garganta. O isolado viral do paciente foi bastante semelhante ao de um frango de mercado epidemiologicamente vinculado. Todos os segmentos de genes virais eram de origem aviária. Em Zhejiang, o H7 dos vírus isolados ficou mais próximo ao do vírus H7N3 de patos domésticos, enquanto o N9 ficou mais próximo ao do vírus H7N9 do pássaro selvagem, na Coreia do Sul. Observamos substituições de Gln226Leu e Gly186Val no vírus humano H7 (associadas ao aumento da afinidade para receptores de ácido siálico com ligações α2,6) e a mutação de PB2 Asp701Asn (associada à adaptação dos mamíferos). A mutação de Ser31Asn, que está associada à resistência ao adamantano, foi observada no M2 viral.
Interpretação
A transmissão entre espécies, de aves para seres humanos, deste novo vírus recombinante H7N9 está associada a pneumonia grave e disfunção de múltiplos órgãos em seres humanos. O monitoramento da evolução viral e um estudo mais aprofundado da patogênese da doença podem melhorar o controle da doença, o controle da epidemia e a preparação para uma pandemia.
Chen Y, Liang W, Yang S, et al. Human infections with the emerging avian influenza A H7N9 virus from wet market poultry: clinical analysis and characterisation of viral genome. The Lancet. 2013;doi:10.1016/S0140-6736(13)60903-4.
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