terça-feira, 28 de maio de 2013

Sexta-feira 13: um bom dia para morrer

Sexta Feira 13Todos os anos possuem uma ou duas ocasiões em que o dia 13 cai numa sexta feira. Na próxima sexta-feira quando isso acontecer, milhares de pessoas continuarão a viver suas vidas normalmente, já que tecnicamente, não possuem outra opção. Farão apostas, investirão dinheiro, tentarão um flerte e embarcarão em aviões como fariam em qualquer outro dia da semana, ou será que uma sexta feira 13 não é como qualquer outro dia? Símbolos tem poder, e se você duvida disso, desenhe uma suástica na testa e tente passar o dia como passaria qualquer outro.
Mesmo que você seja presidente da anistia anti racismo, ou faça parte do conselho sionista e saiba que a suástica na verdade é um símbolo místico encontrado em muitas culturas em tempos diferentes, dos índios Hopi aos Astecas, dos Celtas aos Budistas, dos Gregos aos Hindus, que na China e um símbolo de orientação quádrupla, que segue os pontos cardeais e desde o ano 700 ela assumiu o significado do número dez mil, no Japão, ela é usada para representar templos e santuários em mapas, que no começo do século XX era largamente utilizada como amuleto de sorte e sucesso, que a própria palavra "suástica" deriva do sânscrito svastika, significando felicidade, prazer e boa sorte, você irá se sentir diferente, e as pessoas ao seu redor te olharão de forma diferente.
Assim para muitas pessoas, especialmente as que sofrem de friggatriskaidekafobia, sair de casa já será um grande desafio. Friggatriskaidekafobia é o nome clínico para o medo irracional da sexta-feira 13, sendo friga o nome da deusa nórtica que deu origem ao nome pagão do dia da semana (Friday) e triskaidekafobia sendo "medo do número 13".

O Mito da Sexta feira 13


De acordo com folcloristas, não existem registros do mito da sexta-feira 13 anteriores ao século XIX, sendo o documento mais antigo que fala do assunto  a biografia de Gioachino Rossini, escrita por Henry Sutherland Edwards, em 1869:

"Rossini estava cercado por todos os lados por amigos que o admiravam e dele gostavam muito; Por que sexta-feira 13 é mau agouro?"

Mas obviamente, um registro por escrito não implica que uma tradição forte e antiga existisse antes dele. Por causa disso existem muitas teorias que tentam explicar o porquê deste dia ser considerado uma fonte de má sorte.

A hipótese mais óbvia une a fome com a vontade de comer, afirmando que é de conhecimento geral que o número 13 é um símbolo do azar e que sexta-feira é um dia de azar, assim sexta-feira 13 apenas potencializa o poder que os dois elementos já trazem.

Na numerologia o número 12 é muito bem resolvido: temos 12 signos zodiacais, doze meses no ano, um relógio tem 12 horas, para cada metade do dia, foram 12 as tribos de Israel, 12 os apóstolos de Jesus, 12 os deuses do Olimpo, por essa lógica o número 13 seria o primeiro número a romper essa harmonia, sendo anti-natural até para os deuses.

Já sexta-feira era considerada um dia de azar pelo menos desde o século XIV, registrada no The Canterbury Tales, e muitos comerciantes e artesãos passaram a afirmar que sexta-feira era um péssimo dia para se viajar ou dar início a novas projetos, curiosamente sexta-feira foi o dia que os mulçumanos escolheram como seu dia de adoração. A cultura européia sempre teve o costume de usar as tradições religiosas daqueles que consideravam inimigos como símbolo de azar, torpeza e depravação, foi assim que o dia sagrado dos Judeus batizou o encontro de bruxas com o demônio - os Sabbaths - e que a cngregação de feiticeiros passou a ser designada sinagoga, o templo sagrado Judeu. Assim, talvez o fato da escolha mulçumana do dia, combinada com a tradição cristã de que Jesus foi crucificado em uma sexta-feira tenham contribuído com a fama do dia. Além disso desde o século XIX o termo "Sexta-Feira Negra" é associado com desastres, sejam financeiros ou de outra natureza.

Charles Panati, afirma que a superstição se deriva de um mito antigo, desta vez não cristão, mas nórtico:

"A origem desta superstição parece ser de um conto da mitologia Nórtica. 'Friday' recebeu seu nome de Frigga, a deusa do amor e da fertilidade. Quando as tribos nórticas e germânicas se converteram para o cristianismo, Frigga ganhou o status de Bruxa e criou-se a crença de que toda sexta-feira, a bruxa vingativa organizava um encontro com outras onze bruxa além do demônio - somando 13 elementos - onde planejavam eventos horríveis que aconteceriam na semana que se seguisse. Por muitos anos na Escandinávia, 'Fridya' era conhecido como "O Sabbath das Bruxas."

Já outra teoria tem a ver com a noite fatídica em que os Cavaleiros Templários foram traídos e aprisionados. Os homens do Rei Felipe receberam envelopes que não deveriam ser abertos até o amanhecer do dia 13 de outubro de 1307 - um sexta-feria - quando aberto o envelope continha ordens de prender todos os templários sob acusações de praticarem heresias e posteriormente foram queimados vivos, quando morria, o líder templário Jacques Demolay amaldiçoou os envolvidos na trama de debandar o grupo, e, para um maior efeito dramático, de fatos o rei, o papa e outros envolvidos de fato morreram.

Nem só de mitos vive o azar


Se sexta-feira 13 fosse apenas uma lenda, como a dos discos voadores que vivem no interior do planeta, provavelmente seria uma curiosidade citada de vez em quando, mas seu poder de fato tem uma influência concreta no dia a dia das pessoas.

"Cerca de 21 milhões de pessoas sofrem da fobia de sexta-feira 13 só nos Estados Unidos", afirma Donald Dossey, cientista comportamentalista especializado no tratamento de fobias. "Eu tenho tratado de pacientes que sequer levantam da cama nas sexta-feiras 13". Graças a este medo ou a receios em uma escala menor, foi estimado que um valor entre U$800.000.000,00 e U$ 900.000.000,00 de dólares em negócios são perdidos todas sexta-feira 13, apenas em território norte-americano.

Mas deveriamos ter medo desta data? Em 1993 o British Medical Journal realizou um estudo sobre o trânsito dos dias em que a sexta-feira coincide com o 13º dia do mês. Eles descobriram que poucas pessoas deixam de sair de carro por conta do dia "azarado" mas cruzando os dados descobriram também que o número de internações hospitalares por causa de acidentes de trânsito realmente aumentam neste dia. Sem entrar no mérito das causas, os dados revelaram que o risco de internação hospitalar em conseqüência de um acidente de carro pode crescer, em uma sexta-feira 13, em até 52%.

Estes dados se referem apenas ao transporte terrestre. Mas é curioso notar que Marinheiros ingleses não gostam de zarpar seus navios à sexta-feira e que a Continental Airlines, assim como muitas utras companhias aéreas não possuem uma linha 13 em suas frotas.

Mas há males que vem para bens, como dizem os otimistas - ou conformistas. O Centro Holandês de Estatísticas de Seguros averiguou em 2008, que menos acidentes e registros de incêndios acontecem quando o décimo terceiro dia do mês cai em uma sexta-feira, do que nas outras sextas-feiras, isso acontece porque as pessoas tomam muito mais cuidados, temendo o azar, e reduzem as chances de acidentes, ou simplesmente não saem de casa. Assim, ao menos na Holanda, dirigir em uma sexta-feira 13 é um pouco mais seguro do que em qualquer outro dia ou outra sexta-feria do ano, ao contrário do que ocorre na Inglaterra.

Para algumas pessoas é um dia de sorte. Para outras um dia de azar. Existem ainda aqueles que demonstram indiferença, mas mesmo estes pensam duas vezes antes de apostar dinheiro ou subir em um avião numa Sexta-feira 13.

A matemática do Azar


Se considerarmos um período de 400 anos do nosso calendário Gregoriano, temos um conjunto de 146.097 dias (365x400 = 146.000 dias mais os 97 dias bissextos que aparecem a cada 4 anos). 146.097 dias divididos por 7 (dias em uma semana) totalizam 20.871 semanas, assim como 400 anos multiplicado por 12 totalizam 4.800 meses (cada ano tem 12 meses). Cada ciclo de 400 anos contém o mesmo padrão de dias da semana (e isso inclui o mesmo padrão de sextas-feiras 13), mas nenhum dia do mês, até o vigésimo oitavo, pode acorrer o mesmo número de vezes no mesmo dia da semana (já que o número de semanas, 4.800, não é divisível por 7, número de dias em uma semana). O curioso é que o décimo terceiro dia de um mês, tem uma chance um pouco maior de cair em uma sexta-feira do que em qualquer outro dia da semana. Na média há uma sexta feira 13 a cada 212.35 dias.

Montando uma tabela da distribuição do 13o dia nos 4.800 meses do nosso período temos:

Domingo, 687 ocorrências
Segunda-Feira, 685 ocorrências
Terça-Feira, 685 ocorrências
Quarta-Feira, 687 ocorrências
Quinta-Feira, 684 ocorrências
Sexta-Feira, 688 ocorrências
Sábado, 684 ocorrências

Mitologia do Azar


  • Para os cristãos Jesus Cristo ter sido crucificado em uma sexta-feira e na última ceia haviam 13 pessoas: ele + 12 apóstolos;
  • Existe uma crença nórtica que diz que sempre que 13 pessoas se sentam em uma mesa para comer, uma delas vai morrer; essa crença se deriva da lenda do banquete com 12 deuses. Loki, não foi chamado e armou uma briga que causou a morte do deus Balder;
  • Já que a páscoa Judaica é celebrada no dia 14 do mês de Nissan, de acordo com o calendário hebraico, Jesus Cristo provavelmente foi crucificado não apenas em uma sexta-feira mas no dia 13 também;
  • Em 13 de Dezembro de 1968, sexta-feira 13 o governo do Brasil decreta o AI-5 e institui a ditadura militar;
  • O pior incêndio de florestas na história da Austrália ocorreu em uma sexta-feira 13 de 1939, onde aproximadamente 20 mil quilômetros de terra foram queimados e 71 pessoas morreram;
  • A queda do avião que levava a equipe uruguaia de rúgbi nos Andes, que acabou adquirindo um gosto por carne humana, foi em uma sexta-feira 13 de 1972;
  • 13 de Outubro de 1307, sexta-feira, quando a Ordem dos Templários foi declarada ilegal pelo rei Filipe IV de França. Os seus membros foram presos simultaneamente em todo o país e alguns torturados e, mais tarde, executados por heresia;
  • Curiosamente na Espanha, o dia de azar é quinta-feira, e não sexta, assim o "Jueves y trece" - literalmente quinta-feira e treze - é o dia temido.
  • O furação Charley devastou o sul da Florida em 13 de agosto de 2004;
  • O asteroide 99942 Apophis passará perto da terra, afetando os satélites de comunicação no dia 13 de Abril de 2029.

Um guia rápido para ter sonhos lúcidos


- Quem me dera ter sonhos lúcidos.
- Eu também!
Não é assim muito difícil. Aqui está um exercício básico que começou a dar resultados comigo há já alguns anos. Levou-me cerca de três semanas antes de começar a funcionar, por isso esperem algum tempo para construírem esta técnica.
Mas se forem firmes, eu "garanto" que vão começar a ter sonhos lúcidos. Primeiro que tudo, durante as vossas actividades diárias, comecem a perguntar-se aleatoriamente "estou a sonhar ?" Faça a pergunta e depois foque-se nas suas sensações corporais, para verificar o quanto "reais" são.
Depois tente fazer algo que apenas conseguiria num sonho lúcido, tal como mudar a cor do chão. Obviamente, se estiver acordado isto não vai funcionar. No entanto se fizer isto umas poucas vezes durante o dia consistentemente durante algumas semanas, começa a tornar-se num hábito ligado ao seu subconsciente (leva cerca de trinta dias a construir ou a destruir um hábito).
Depois de algum tempo, vai estar uma noite a sonhar em que o hábito já está tão profundamente entranhado que se vai perguntar "estou a sonhar?" quando estiver mesmo a sonhar. Vai notar que o seu corpo se sente ligeiramente diferente quando está a ter um sonho lúcido, e vai ser *capaz* de mudar a cor do chão, tal como mudar e guiar outros aspectos do sonho.
Quando primeiro se torna lúcido nos seus sonhos, haverá uma tendência para acordar: quando a mente se torna consciente, esta decide que é altura para o corpo fazer o mesmo. Continue a tentar, e concentre-se em continuar adormecido as primeiras vezes. Após algum tempo vai conseguir manter-se adormecido e a ter sonhos lúcidos.
Não recomendo que tente voar quando começar a ter sonhos lúcidos. Se descolar logo para os ares, não deixa nada ao seu redor na sua paisagem sonhada, e torna-se ainda mais difícil encontrar algo com que se consiga relacionar para o manter a dormir.
Ganhe alguma prática só se passeando pela paisagem do seu sonho e mudado coisas menores antes de começar a fazer coisas espectaculares. Claro que se quiser começar a voar na sua primeira noite, tente, mas pode encurtar o seu sonho.
Eu não posso deixar de frisar a importância de um diário dos seus sonhos a ajudar o seu trabalho. Mantenha um bloco ou, ainda melhor, um gravador ao lado da sua cama e relate os seus sonhos "imediatamente" após acordar. Não precisa de escrever todos os detalhes, só os pontos mais relevantes para si. E vai-se admirar com aquilo que pode esquecer apenas em cinco minutos senão o escrever imediatamente. Se tiver um gravador, transcreva os pontos mais importantes para um diário com uma base regular, antes que o seu trabalho se torne grande demais.
Um diário vai ajuda-lo mais a recordar-se dos seus sonhos, dando-lhe mais hipóteses de se tornar lúcido. Também traz outros benefícios, tais como de lhe mostrar os seus padrões mais habituais no seu subconsciente.
Evite livros sobre a interpretação de sonhos como se fossem a praga; você é o melhor juiz para o que os símbolos significam para si. E se não os quiser interpretar, então não o faça.
O principal objectivo é recordar-se melhor dos seus sonhos. Espero que isto ajude. Eu tive muito sucesso só com esta técnica, mas ela requer que a mantenha o tempo suficiente para que o hábito se forme (provavelmente 3 / 4 semanas). Não espere sucesso do dia para a noite:
Não há nenhum serviço de pronto a comer para dominar as artes ocultas. No entanto, o esforço vale a pena.
Assim para todos aqueles que se lamentam: não é assim tão difícil, mas dêem-lhe alguma dedicação.
Na Vida, no Amor, e no Riso
Fenwick Rysen 

O que é Ocultismo?


Não há diferença entre o antigo e o moderno ocultismo. Até onde sei, todo verdadeiro "ocultismo" está fundamentado nos mesmos princípios, embora os termos em que eles foram expressos tenham variado em diferentes idades.
Por ocultismo entendo a ciência, ou melhor dizendo, a sabedoria que dá uma explicação verdadeira e exata do trabalho das leis da natureza, assim como sua aplicação , em todo o universo.
Posto que toda verdade é una, seus ensinos devem necessariamente estar de acordo com todos os fatos provados da ciência, quer seja antiga ou moderna. Até mais, ela deve explicar todos os fatos da história, ou as leis que governam as relações entre os homens, todas as mitologias, e as relações com que o homem se encontra com respeito ao universo.
É, de fato, a ciência da origem, o destino, os poderes do universo e todas as coisas que ele inclui.
O ponto discordante entre ocultismo e ciência moderna é que o primeiro trabalha para usar as forças e materiais da natureza em sua condição natural enquanto o ultimo usa estes em sua condição separada e limitada nos planos inferiores da manifestação.
Por exemplo o ocultista usa uma força invisível da mesma natureza quando quer produzir correntes de calor, eletricidade, e outros semelhantes, como elementos em sua forma mas alta e espiritual enquanto que o cientista é obrigado a usar materiais como a luz , água, etc. e primeiro deve desintegrá-los em seus componentes básicos, como eles se encontram no plano material inferior, para levar a cabo seus experimentos.
O ocultista observa a natureza como uma unidade , e atribui toda diversidade ao fato de que esta unidade compõe-se por manifestações nos diferentes planos, percepção de cujos planos depende do desenvolvimento do observador.
Acredita que a única lei que se estende a todas as coisas é o desenvolvimento por evolução, a um grau quase infinito, até a fonte original de toda evolução - O Logos Divino: Daí que o homem, tal como lhe conhecemos é capaz de um desenvolvimento quase infinito.
O também acredita na absoluta unidade original de todas as formas e modos de existência, e que todas as formas de matérias são intercambiáveis , assim como o gelo pode converter-se em água e vice-versa. Ao olhar a idéia dos milagres, sua idéia é que os homens excepcionais podem obter faculdades adicionais de percepção e ação e ser capazes de controlar os elementos...
Acreditando que a natureza e suas leis são unas, o ocultista sabe que toda ação contrária as suas leis encontra força opostas e será destruída, e assim o homem desenvolvido deve , se deseja obter a divindade, converter-se em um cooperador da natureza. Isto deve fazê-lo treinando-se a si mesmo de acordo com a natureza. Esta conformidade com a natureza o conduz a atuar com benevolência para obter sem desviar o mas alto bem, porque o que se chama bem não é mais que a ação de acordo com a Lei Una. O ocultismo não dá uma afirmação racional da conduta correta como nenhum outro sistema, porque o converte à moral em uma lei cósmica, em vez de apoiá-la em uma superstição. Ainda mais, a realização da unidade da natureza conduz o ocultista a compreender que a unidade da vida que subjaz a tudo esta trabalhando também dentro de si mesmo e o esta conduzindo a encontrar na consciência não meramente um critério do correto e o incorreto, mas sim o germe de uma faculdade superior, uma luz que o guia em seu caminho, enquanto que na vontade o encontra força capaz de indefinido incremento e expansão.
Todas as mitologias são representações pictóricas das leis e forças da natureza , como os credos não são nada mais que as expressões parciais das leis universais, através do estudo intuitivo das mas antigas que estão em poder do conhecimento oculto. Este conhecimento em sua pureza foi transmitido desde tempos imemoriais de mestre a discípulo e cuidadosamente conservado de seu abuso recusando-o a compartilhá-lo até que o candidato haja realmente provado ser incapaz de usá-lo incorretamente porque é óbvio que nas mãos de uma pessoa ignorante e mau disposta seu uso pode trazer um enorme dano.
Os experimentos atuais de leitura do pensamento, psicometria, clarividência, mesmerismo, etc...mostraram que existem boas razões para acreditar que existem poderes ocultos e faculdades latentes no homem
As "maravilhas" do ocultismo são o resultado de uma cultivação científica e o fruto do perfeito controle sobre estes poderes
Esta sabedoria secreta é o fundamento de todas as antigas religiões e filosofias, quer sejam Indianas, Egípcias, Caldeias, Zoroástricas, Gregas, etc. Seus rastros se encontram em todas as idades e países, não há engano mas grande que se supor que sua realidade depende de uma só autoridade . Seus iniciados e adeptos formam uma sucessão ininterrupta da mais antiga aparição do homem neste planeta, sua organização é hoje como era virtualmente há milhares de anos, e como será dentro de milhares de anos. No momento atual esta vibrando mas na mente das pessoas e muitos então acreditam que é uma coisa nova. Não é assim. Assim como em alguns momentos do ano a luz do dia tem maior duração que em outros assim mesmo a luz divina da sabedoria em alguns ciclos é mas abertamente difundida que em outros.
Para aqueles que tenham olhos para ver, uma luz mas brilhante surgiu , mas ela não deixará de brilhar porque poucos lhe prestam atenção e muitos inclusive a desprezam, enquanto outros a mal representem e tratem de persuadirem-se a si mesmos e a outros que não há senão trevas sobre todos.

Ausência de espírito: presença de corpo


 
ausencia.jpg"Pode-se dizer que o francês é o produto de uma arte particular de se exprimir, de se mover e de se vestir. Sua lei neste domínio é o 'gosto' - uma palavra tomada de empréstimo à mais baixa das funções sensoriais e aplicada aqui a uma tendência do espírito. Com este gosto ele se degusta a si mesmo, à maneira em que preparou, isto é, como um molho saboroso. Incontestavelmente, neste ponto, ele chegou à virtuosidade."
(Richard Wagner, Beethoven [L&PM, 1987, 97 págs.])

O espírito morreu e o corpo está mais vivo do que nunca. Nietzsche, que entendia a filosofia também como uma justificação para o corpo, se perderia num mundo em que, depois dos avanços da ciência, a metafísica foi enterrada, em definitivo. Se ontem o corpo só podia ser entendido como uma extensão do espírito, hoje o espírito é que só pode ser entendido como uma extensão do corpo. Cada indivíduo deve ser compreendido, apreendido, percebido, em sua dimensão física, aquela, a do corpo. Toda existência, também, se encerra... no corpo. Viver, nos dias de hoje, consiste em administrar o único patrimônio que efetivamente se tem: ou seja, o corpo. 


Basta pensar: qual a maior forma de transcendência hoje? O sexo, não o amor - porque o primeiro pode ser racionalizado; o segundo, não. Sexo é "satisfação garantida ou o seu dinheiro de volta". É "bom mesmo quando é ruim". E o amor? Justo o contrário: ruim mesmo quando é bom. O amor dá trabalho, o amor cobra, o amor exige. O amor liga no dia seguinte. O amor vira ódio. O sexo, não! O sexo se basta a si próprio, o sexo se justifica, o sexo, bem, está "pronto pra outra", algumas horas depois. Quem ganha então, nessa disputa, o corpo ou o espírito? O corpo. [Um a zero em cima do espírito.]

Se o corpo do outro (e não o seu espírito) se tornou o nosso maior desafio, o nosso maior mistério, como vencer o enigma ("Devoro-te, devoro-te, devoro-te! Decifra-me, decifra-me, decifra-me!") da esfinge? Simples: usando "fogo contra fogo", corpo contra corpo, um corpo contra o outro - o meu corpo contra o seu corpo. Eis que a estética se converte em culto ao próprio corpo! A perfeição escultural, a erradicação do pecado - lipídico, polissacarídeo -, a erudição dos pesos e das medidas, a consagração da atividade física. A beleza que, se não for minha, se não estiver implantada em mim, se não puder ser espelhada de forma narcísica, eu não tenho como apreciar, eu não tenho como sentir, eu não tenho como ser feliz. Fora do corpo não existe vida! (Lembram-se disso?) [Dois a zero em cima do espírito.]

Assim, o prazer só ganha sentido quando parte do corpo e não quando parte do espírito. Audição, visão, tato, paladar e olfato. Sim, os cinco sentidos! A chave para o desfrute do corpo do outro. Um mundo de sensações, um universo de dimensões infinitas! Uma única sensibilidade a ser desenvolvida: a material, a concreta, a real, a do gosto. "Bom gosto" versus "mau gosto". A linguagem se escraviza aos humores do corpo (expressões proliferam para dar conta da morte do espírito): gostoso, delicioso, saboroso, apetitoso, irresistível! O hedonismo - busca incessante pelo prazer, fuga desesperada da dor - torna-se a única filosofia possível. E a ciência? Só se for a dos exercícios, a dos regimes! A psicologia...? Apenas uma muleta para a aceitação dos estados do corpo (e não do espírito) e das limitações (de novo, do corpo). [Três a zero em cima do espírito.]

Já a tecnologia merece todo um capítulo. Os computadores, por exemplo, não estão aí para armazenar informações de valor - mas, sim, para estender a memória (fraca) do corpo, para acelerar a velocidade de processamento (do sistema nervoso), para materializar-se em espírito (o mesmo que, desligado da tomada, desconectado, desplugado, deixa de existir! Tem fim! É finito!). E os telefones? Para falar mais perto e ouvir mais longe (o som do corpo). E a televisão? Meio de transporte! E o automóvel? Meio de locomoção! E os eletrodomésticos? Manutenção, consertos, reparos! E a internet? O id, o ego e o superego! E... o resto? Corpo! Corpo! Corpo! Corpo! Corpo, corpo, corpo, corpo! [Quatro a zero em cima do espírito.]

E por mais que se fale em "sociedade da informação", a civilização do espírito tende também a se extinguir. Tudo o que não for palpável, imediato, sensível cai na vala comum do misticismo. Toda abstração é condenável! Todo raciocínio, esquemático (senão merece a lata do lixo)! Toda ambição, ali na esquina (com a profundidade de um pires)! Discutir idéias (e não coisas ou pessoas) é falar grego (a língua dos alienígenas ["Em que mundo você vive?"]). Escrever, então, é tratar com fantasmas do tempo em que ainda se lia ("Quem lê tanta notícia?").

Enquanto isso, o corpo se estende, infinito. [Infinito a zero em cima do espírito.]



"Um mundo onde só o útil compensa, onde o belo só é vantajoso quando proporciona prazer e [onde] o sublime fica sem resposta."
(Richard Wagner, Beethoven [L&PM, 1987, 97 págs.])

domingo, 26 de maio de 2013

Gatos podem prever sua morte


As ações de Oscar parecem ser deliberadas. Ele regularmente caminha em volta da unidade da casa de saúde para pacientes com demência (em inglês) avançada. Ele fareja e fita uma paciente antes de sentar-se ao lado dela. Oscar então ronrona enquanto está com a paciente e normalmente a deixa logo após ela morrer.
Como Oscar faz isso? Trata-se de um “sexto sentido”, um cheiro exclusivo que ele fareja ou algo mais? Especialistas em animais formularam várias explicações, mas a maioria concorda que provavelmente isso tem a ver com um cheiro específico produzido por pacientes terminais. Em outras palavras, pessoas que estão morrendo exalam cheiro de determinados produtos químicos que não são detectáveis por outros humanos, mas que podem provocar o olfato de Oscar. Um especialista em felinos disse que os gatos podem sentir doenças em seus amigos humanos e animais [Fonte: BBC News (site em inglês)]. Jacqueline Pritchard, uma especialista em animais, disse à BBC News que ela estava certa de que Oscar estava sentindo os órgãos vitais entrando em colapso [Fonte: BBC News (site em inglês)].
Quanto a por que ele faz vigília próximo aos pacientes, Oscar pode estar imitando o comportamento da equipe que passa mais tempo com pacientes que estão morrendo. Um especialista em animais sugeriu que pode ser que Oscar simplesmente aprecia o conforto de cobertores aquecidos colocados em pacientes que estão morrendo [Fonte: NPR (site em inglês)].
Histórias de animais com habilidades notáveis não são raras. Há muito tempo existem histórias de cães que detectam vários tipos de câncer com seu faro. Um estudo comprovou depois que os cães podiam sentir evidência de câncer de bexiga ao farejá-lo na urina. Algumas pessoas que sofrem de epilepsia (em inglês) grave usam cães especialmente treinados fornecidos por instituições de caridade. Esses cães avisam seus donos sobre convulsões (em inglês) iminentes, dando lambidas ou fazendo algum outro sinal. Uma mulher disse que seu cão regularmente lhe dá um aviso com antecedência de 40 minutos, permitindo que ela vá para um local seguro para não se preocupar com perigos quando ela tem convulsões [Fonte: BBC News (site em inglês)].
Os cães que sentem convulsões buscam cheiros sutis e mudanças nas características dos seus donos (como pupilas dilatadas). O seu treinamento, que leva pelo menos um ano, lhes ensina a avisar seus donos. Apesar de estarmos acostumados a ouvir falar de cães que aprendem a ajudar os cegos ou a buscar pessoas feridas, o caso de Oscar é mais curioso. Gatos, diferentemente de cães ou mesmo elefantes, não são associados a um comportamento altruístico ou empático. Cientistas acreditam que cães podem sentir doenças nos outros devido à sua origem evolucionária como os lobos, que precisavam ser capazes de detectar quando algum animal na matilha estava ferido ou doente.
Nós descobrimos algumas explicações racionais para as ações de Oscar e de cães que prevêem convulsões: cheiros sutis, pupilas dilatadas, comportamentos aprendidos. Mas, e quanto a outros comportamentos animais estranhos? Alguns animais podem realmente prever terremotos ou sentir compaixão?

Vitamina C na cura da tuberculose


Vitamina C (crédito: BBC)
A descoberta foi feita em testes de laboratório e pode gerar novos remédios
Uma pesquisa realizada por cientistas de uma universidade dos Estados Unidos revelou que a vitamina C pode ser eficaz no tratamento da tuberculose multirresistente, uma forma grave da doença que não responde aos remédios geralmente usados contra ela.
Segundo o estudo dos pesquisadores da Universidade de Yeshiva, em Nova York, a bactéria causadora dessa tuberculose não resistiu a um tratamento com vitamina C em laboratório. Resta saber se tal descoberta pode ser usada em um tratamento com remédios no futuro.
Essas moléculas, por sua vez, reagiram com moléculas de bactérias que causam a doença, mesmo as resistentes a medicamentos, e as mataram.
O estudo foi divulgado em um artigo na publicação científica Nature Communications.

Novo mecanismo

O líder da pesquisa, William Jacobs, professor de microbiologia e imunologia na Faculdade de Medicina da Universidade de Yeshiva, disse que os cientistas foram capazes de demonstrar essa aplicação da vitamina C "somente em um tubo de ensaio, e não sabemos se vai funcionar em seres humanos e animais".
"Isso seria um grande estudo a se considerar, porque temos cepas de tuberculose para as quais não há medicamentos, e eu sei que no laboratório podemos matar esses tipos com a vitamina C."
"Também ajuda sabermos que a vitamina C é barata, amplamente disponível e muito segura de usar. Pelo menos, este trabalho mostra-nos um novo mecanismo que podemos explorar para atacar a tuberculose", completou.
Pode ser que, no futuro, a vitamina C possa ser usada juntamente com medicamentos contra a tuberculose. Uma outra aplicação da descoberta seria o desenvolvimento de novos medicamentos contra a tuberculose que sejam capazes de gerar grande número de radicais livres.
Estima-se que 650 mil pessoas no mundo têm tuberculose multirresistente.
A vitamina C, ou ácido ascórbico, tem muitas funções importantes no corpo, incluindo proteger as células e mantê-las saudáveis.
Boas fontes naturais da vitamina incluem laranja, groselha e brócolis, e a maioria das pessoas obtém tudo que necessita por meio de sua dieta.

Medicamentos contra colesterol podem aumentar diabetes


Comprimidos de atorvastatina | Foto: Getty
Cientistas dizem que uso preferencial de estatina mais fraca deve ser considerado
Alguns tipos de estatinas, substâncias usadas para evitar doenças do coração, aumentam o risco de diabetes tipo 2 em idosos, de acordo com pesquisadores canadenses.
O estudo, divulgado na publicação científica British Medical Journal, sugeriu que estatinas mais poderosas ─ como a atorvastatina ─ podem aumentar o risco de diabetes em 22% em comparação com os tipos mais fracos.
De acordo com os pesquisadores, a atorvastatina, vendida no Brasil com o nome de Lipitor, teve ligação com um caso extra de diabetes para cada um dos 160 pacientes que a utilizaram.
No entanto, os especialistas dizem que, de um modo geral, os benefícios da substância ainda são maiores do que os riscos.
As estatinas são um grupo de medicamentos indicados para baixar os níveis de mau colesterol no sangue. Isso reduz as chances de um ataque cardíaco ou de um derrame.
Todas as drogas têm efeitos colaterais, mas a equipe de pesquisadores de hospitais em Toronto diz que há controvérsias sobre o aumento do risco da diabetes causado pelas diferentes estatinas.
Para confirmar a hipótese, eles examinaram os registros médicos de 1,5 milhão de pessoas acima de 66 anos e compararam a incidência de diabetes entre pessoas tratadas com diversos tipos de estatinas.
"Descobrimos que pacientes tratados com atorvastatina, rosuvastatina ou sinvastatina tinham mais riscos de aparição da diabetes comparados aos tratados com pravastatina", diz o estudo.
"Clínicos devem levar em conta esse risco quando estiverem considerando um tratamento com estatina para pacientes. O uso preferencial da pravastatina (...) pode ser indicado."

Benefícios

Comentando sobre o estudo, o professor Risto Huupponen e a professora Jorma Viikari, da Universidade de Turku, na Finlândia, disseram que "os benefícios gerais das estatinas ainda superam o risco potencial de diabetes".
No entanto, segundo eles, é preciso levar em conta o fato de que cada tipo de estatina é indicado para um tipo de paciente.
"As estatinas mais potentes, pelo menos em doses mais altas, devem ser preferencialmente reservadas para pacientes que não respondem a tratamentos de baixa potência, mas têm um risco maior de desenvolver doenças cardiovasculares."
"As estatinas são tomadas com segurança por milhões na Grã-Bretanha e protegem os que têm alto risco de desenvolver doenças cardíacas", disse Maureen Talbot, especialista da British Heart Foundation.
"Apesar de os estudos sugerirem um aumento no risco de que pacientes idosos desenvolvam diabetes quando tomam certas estatinas, outros fatores de risco como sobrepeso, histórico familiar e etnia podem ter tido um papel."

sábado, 25 de maio de 2013

A gênese dos anormais

“Digamos que o monstro é o que combina o impossível com o proibido”.
- Foucault - Os anormais.

Segundo Michel Foulcault, em Os anormais, o monstro fez parte da constituição do domínio da anormalidade no século XIX. Ele é a figura chave que nos permite entender as articulações entre as instâncias de poder e os campos de saber envolvidos na constituição dos “anormais”.

Cada época constitui formas privilegiadas de monstro. No decorrer da Idade Média, o homem bestial – mistura entre o reino humano e animal – constituiu o imaginário da época. A monstruosidade dos irmãos siameses dominou a literatura especializada ao longo do Renascimento. Já na Idade Clássica, os hermafroditas foram eleitos os monstros da vez.

Se cada época possui suas formas eleitas de monstruosidade, assistimos, ao longo do século XIX, uma diluição dos grandes monstros em uma série de monstrinhos perversos, a saber: os anormais. Como se deu esse processo?

O suplício


Até o século XVIII, o monstro era considerado dentro de uma noção jurídico-biológica ou jurídico-natural. Ele não era apenas uma infração das leis da sociedade, mas, principalmente, uma violação das leis naturais. Nesse contexto, o monstro não gerava uma simples resposta da lei. O que ele suscitava era algo diferente da lei, era a violência, o suplício.

O suplício funcionava como um ritual de atrocidade que tinha como objetivo responder ao crime cometido com um desequilíbrio de forças tal que anulasse a ofensa, seja ela qual fosse. Não por acaso temos notícias de suplícios que duravam dias como o caso do assassino de Guilherme de Oranges, em 1584, que sofreu queimaduras, decepações, cortes e as mais horríveis torturas durante dezoito dias.

Essa economia do poder de punição transforma-se, no final do século XVIII, num conjunto de preceitos e análises que permitem intensificar seus efeitos de poder. Desse modo, o poder de punição deixa de se exercer como um rito (ritual do suplício) e passa a funcionar por meio dos mecanismos de vigilância e controle. Nesse ponto, a questão deixa de ser “qual é o crime?” e passa a ser “o que leva um indivíduo a ser criminoso?”. É a passagem do crime ao criminoso. O crime que era apenas uma violação das regras, passa a ter uma constituição, em outras palavras, uma natureza.

A patologização das condutas criminosas: o nascimento da psiquiatria


A partir dessa nova economia do poder de punição são formuladas novas teorias sobre a natureza da criminalidade. Surge, portanto, uma patologia das condutas criminosas. É na passagem do crime ao criminoso que vemos emergir um novo saber que pretende colocar-se como protetor da sociedade contra os anormais. É o nascimento da psiquiatria. E foi justamente nesse terreno fértil da constituição da anormalidade que a psiquiatria se constituiu como um novo campo de saber. Isso porque a natureza ou a racionalidade do crime cria uma lacuna para o poder judiciário que só pode julgar e penalizar na medida em que conheça a natureza do crime, ou seja, na medida em que conheça as causas que levaram o criminoso a cometer seu crime.

Essa nova mecânica das relações de poder teve como efeito alterar a antiga concepção jurídico-natural do monstro. A partir desse momento, a monstruosidade passa a ser entendida de um ponto de vista moral, ou seja, nasce uma monstruosidade moral que, ao longo do século XIX, se transformará em uma espécie de monstruosidade das condutas cotidianas.

O monstro moral


O primeiro monstro moral é o monstro político. Com o advento da revolução francesa, o criminoso passou a ser aquele que rompe o pacto social. Em outras palavras, o criminoso é aquele indivíduo que coloca seus interesses pessoais acima dos interesses sociais. A figura paradigmática dessa relação é o rei, o rei déspota ou tirano. Assim, o primeiro monstro moral é o rei. Nessa época, foi constituído todo um arcabouço teórico que ligava a realeza, principalmente Luis XVI e Maria Antonieta, a uma monstruosidade tirânica sempre associada ao tema do incesto. Monstro incestuoso, monstro sexual.

Segundo livros e folhetos da época, Maria Antonieta era o modelo desse monstro político-moral-sexual: além de sua tirania e de sua sede de sangue era uma mulher depravada, escandalosa, entregue à libertinagem. Quando criança perdeu a virgindade com seu irmão José II e se tornou amante de Luis XV (e do cunhado deste). Para completar seu quadro libertino, ela era acusada de manter relações homoafetivas.

Concomitante ao modelo do monstro déspota com sua libertinagem, surge o monstro revolucionário, o monstro popular, imagem invertida do rei tirânico. Do mesmo modo que o monarca, o monstro popular (que também é um monstro político) rompe o pacto social. Se aquele era um monstro incestuoso, esse será o monstro antropofágico, que tem fome de carne humana, que volta a um estado de natureza selvagem. É a imagem do povo revoltado.

Foram justamente essas duas figuras do monstro político-moral, o rei incestuoso e o povo canibal ou a monstruosidade sexual e a monstruosidade antropofágica, que serviram de modelo de inteligibilidade para a psiquiatria no século XIX. A psiquiatria constituiu seu saber reativando esses temas da sexualidade antropofágica por meio de uma série de novos domínios, de novos objetos no interior de seu discurso. Essa nova série de elementos são os impulsos, pulsões, tendências e, principalmente, os instintos.

O instinto


Segundo os médicos do início do século XIX, o instinto é um dado natural que faz parte da essência do próprio ser. Um instinto deturpado seria a indicação mais que precisa de uma essência comprometida.

Foucault destacou que há, nesse momento, uma freada da teoria da alienação mental centrada no delírio. É o fim dos alienistas e o início de uma neuropsiquiatria organizada em torno dos impulsos e dos instintos. Essa freada na teoria da alienação centrada no delírio abre a possibilidade para construção de uma psicopatia sexual que constrói a idéia do instinto sexual como origem dos distúrbios. Para esse autor, essa freada na teoria da alienação mental centrada no delírio para uma psicopatia sexual é que constrói a ligação entre um instinto sexual como origem dos distúrbios. Entra em cena um novo objeto para a psiquiatria: o prazer. A psiquiatria foi obrigada a elaborar uma teoria e uma armadura conceitual própria e é nisso que consiste a teoria da degeneração.

A psiquiatria do último quarto do século XIX passa por cima do essencial da justificação da medicina no século XVIII e início do XIX, ou seja, sobrepõe a idéia da cura. A psiquiatria deixa de ser, ou será secundariamente, uma técnica de saber da cura.

O que ocorreu foi uma certa despatologização de seu objeto por meio da idéia de “estado”. O “estado” não seria propriamente uma doença, mas um fundo causal que estaria associado a uma gama imensa de processos e episódios (comportamentais) que, unidos em uma síndrome, comporiam uma doença.

Desse modo, a busca por uma causa única que explique a “anormalidade” será substituída por uma “metassomatização” representada pela idéia de hereditariedade. Metassomatização, pois, funciona como um “corpo fantástico” que possibilita a explicação de qualquer tipo de desvio.

Os degenerados: perversidade e perigo


Não é possível abordar a idéia de desvio sem passar pelos seus correlatos: loucura e crime. Em última instância, se todo desvio acontece na forma de um crime (no sentido de não corresponder às normas vigentes), todo crime representará, ao menos em potencial, os indícios de um ser desviante.

Ao deslocar a questão do crime para o criminoso, como vimos acima, – ou da ruptura da saúde para o comprometimento do ser em si – o que a medicina e a jurisprudência fizeram foi dobrar o delito com outras coisas que não são o delito (comportamento, maneiras de ser etc). Esses outros elementos foram apresentados como a causa, a origem ou a motivação do delito. É justamente a possibilidade de criar esses “duplos-sucessivos” que permitiu a passagem do ato à conduta, do delito à maneira de ser. Houve, contudo, o deslocamento do nível de realidade da infração, pois as condutas não infringiam a lei (nenhuma lei impede alguém de ser desequilibrado). Assim sendo, não há mais uma infração penal, mas irregularidades em relação às regras, que podem ser fisiológicas, morais etc.

Temos discursos epistemologicamente fracos, pois pelo lado da justiça, a jurisprudência não buscou exatamente determinar o criminoso ou o inocente, e pelo lado da medicina, a psiquiatria não buscou determinar quem era ou não doente e, conseqüentemente, tratar o mal. Houve a busca pela perversidade e pelo perigo. Em suma, buscou-se determinar e construir o “anormal”. O resultado de todo esse processo foi a construção dos degenerados.

O degenerado não era considerado, de modo geral, como um doente afetado por uma moléstia qualquer. Era, antes de tudo, uma espécie ou classe diferente, menos humana. O degenerado colocava em risco, além dele mesmo, toda a sociedade, por ser ele próprio um perigo.

A monstruosidade das condutas cotidianas


Os anormais ou os degenerados são os herdeiros diretos dos grandes monstros, principalmente, do monstro moral. E o instinto foi o mecanismo que possibilitou a passagem das grandes irregularidades monstruosas aos pequenos distúrbios da anormalidade, das pequenas irregularidades da conduta. Desse modo, o modelo do monstro moral-sexual-antropofágico serviu como base na elaboração dos desvios comportamentais que caracterizaram o domínio da anormalidade no século XIX. Em outras palavras, foi o que permitiu a passagem do grande monstro aos monstrinhos perversos que marcou, e talvez ainda marque, nosso imaginário social.

A cotação do ouro nas Olimpíadas

tux jesusA cada quatro anos, atletas de centenas de países se reúnem em um país pré escolhido com o objetivo de competirem e ver quem é o mais foda dentre os fodões. Para evitar mais desgraças do que as que os telejornais nos transmitem todos os dias, essas competições se restringem apenas a modalidades esportivas. Diz a lenda que o objetivo dessa disputa acerrada entre os atletas é a união de povos e raças, a paz a amizade e o bom relacionamento.
Esse período de 4 anos entre os jogos recebe o nome de olimpíada, mas curiosamente os jogos que marcam o fim e o início de uma olimpíada receberam o nome de olimpíada também. É como pegar uma forma de assar, colocar massa dentro, rechear a massa de maçãs, assar e depois de 40 minutos tirar do forno e gritar: PESSOAL A FORMA DE ASSAR ESTÁ PRONTA! Bem assim somos nós.
Outra lenda afirma que os jogos olímpicos tiveram inícia na Grécia antiga, na cidade de Olímpia, e os jogos além de não contarem com a participação feminia - afinal estamos falando de gregos - eram dedicados a Zeus, que tinha sua casa de veraneio favorita no monte Olimpo. Mas na verdade esses jogos que praticamos hoje começaram mesmo no ano de 1896. Nos primeiros jogos lendários os vencedores ganhavam ramos de oliveiras como prêmio, mas com o passar do tempo as pessoas julgaram que ninguém competiria para ganhar um galho morto de árvore e assim mas olimpíadas de 1896 o vencedor receberia uma medalha de prata e o segundo colocado levaria para casa o galho morto de árvore - talvez para lembrar a ele que o segundo colocado é o primeiro perdedor. Foi apenas nos Estados Unidos, no verão de 1904, que teve início a moda de entregar medalhas para o primero, segundo e terceiro colocados. Curiosamente a medalha de ouro na época era de ouro maciço, mas em algum momento perceberam que precisavam usar muito ouro para isso e dois jogos depois, em 1912, a medalha do primeiro lugar foi substituida por uma medalha de prata banhada a ouro, com pelo menos 6 gramas de ouro puro nessa cobertura; se quiser saber quem foram os pão-duros que tiveram essa idéia lembre-se que os jogos de 1912 foram na Suécia, o lar de grandes invenções como ABBA, Roxette e Cardigans.

Bem, e por que você está perdendo seu tempo com isso?
Além de servir como ótima tática de xaveco em baladas nas épocas de olimpíadas, esse costume de premiar os três melhores competidores mundiais nos mostram coisas interessantes sobre seres humanos.
Nestes jogos de 2012, que talvez sejam os últimos jogos olímpicos antes do fim do mundo da Profecia Maia, um momento me chamou a atenção. Estava eu de pé na sala, fumando um cigarro com a televisão ligada, enquanto passava minhas calças, e um frênezi insano, recheado de gritos e berros tomou conta da transmissão. Eu sabia que era uma competição de natação, porque conseguia perceber a piscina com o canto do olho, e resolvi dar uma olhada para ver se tinha sorte de conseguir captar alguma atleta de maiô pulando para cima e para baixo comemorando sua vitória. O que vi foi mais interessante - não sexualmente mas psicologicamente.
Um marmanjo peludo todo entusiasmado gritava e pulava, infelizmente com seu shorts sunga, segurando sua medalha. Um olhar mais atento revelou que a medalha que ele segurava não era a de ouro - afinal, ninguém pularia daquele jeito por "no mínimo 6 gramas de ouro" - e sim de bronze. O nome do nadador era Brendan Hansen e ele havia ganho os 100 metros de nado peito, um nome curioso para uma modalidade que se permite o uso dos braços e pernas do nadador. Bem, Brendan tinha e ainda tem inúmeras razões para comemorar daquele jeito: ele era o competidor mais velho naquela modalidade com 31 anos, ele estava voltando de uma aposentadoria, estatisticamente nadadores com mais de 30 anos não ganham muitas medalhas, ele foi o 13o a conseguir uma, e ele não era o favorito. Claro que existe mais uma razão para ele estar feliz daquele jeito, a medalha que ele ganhou foi a de bronze e não a de prata.
Se você parar para pensar agora, numa competição entre centenas de pessoas, incluindo você, se tivesse a chance de estar entre os três melhores, mas não como o melhor, preferiria chegar em segundo ou em terceiro lugar?
Em 1995 três pessoas pararam para pensar nisso. Bem não exatamente nisso, mas em algo que levou a esta pergunta. Vicki Medvec, Scott Madey e Tom Gilovich pegaram vídeos dos jogos olímpicos de Barcelona e esturam incessantemente apenas o fim das disputas, o momento exato em que os competidores de determinada competição descobriam como haviam se saído - viam as notas dos juízes ou em que posição haviam terminado. Então eles analizaram as emoções de cada um deles novamente quando subiam ao pódio para receber suas medalhas. Sabe o que eles notaram? Duas coisas:
- Medalhistas de ouro mostravam as emoções positivas mais intensas;
- Medalhistas de bronze tinham emoções positivas muito mais intensas do que medalhistas de prata.
Bem, eles pensaram, que bizarro esses competidores olímpicos. E então repetiram o estudo no Empire State Games - uma espécie de jogos olímpicos anuais para atletas amadores do estado de Nova Iorque. E então em outras competições. E eles repararam que o quadro se repetia:
- Vencedor do ouro: feliz pra caralho;
- Vencedor da prata: putz que legal que eu tou aqui;
- Vencedor do bronze: feliz pacas;
O que os pesquisadores deduziram disso?
Antes de prosseguirmos façamos uma pequena pausa para descansar, olhar ao redor e parecer que não está lendo textos da internet no horário de trabalho. Ou para ir dar aquela mijadinha. Aproveite e veja se tem mais gente por perto e proponha o seguinte jogo:
Cada pessoa coloca R$10 reais num bolo em uma mesa. Todos ficam em volta do bolo de dinheiro. Pegue um maço de baralhos e embaralhe bem. Então decidam que carta vai ser a carta da sorte. Cada pessoa vai tirando uma carta do topo do maço, que deve estar virado para baixo, e a mostra a todos. Se a carta que a pessoa tirar a carta escolhida (um oito de paus por exemplo), ela leva a bolada. Para melhorar discutam para decidir quem começa tirando a primeira carta. Para melhorar ainda mais lembre a todos que como as cartas foram embaralhadas, estão ordenadas aleatoriamente e que a ordem de virar a carta influenciará no resultado.
Normalmente num jogo desses uma pessoa ganha, outras perdem. A que ganha leva a grana para casa, as que perdem costumam ficar pensando no que seria diferente se elas tivessem escolhido ser a segunda ou terceira ou primeira a tirar a carta. Esse tipo de pensamento acerca do que poderia ter sido diferente numa sequência aleatória de acontecimentos, quando esses acontecimentos são influenciados pela ordem em que ocorrem - parecendo assim possuir um efeito de ordem temporal (e se eu tivesse tirado antes ou depois?) - e consequentemente começam a atribuir emoções de culpa ao jogador que jogou antes delas. Ou seja, se o cara que tira a carta antes de você ganha, você olha pra ele e pensa: filho da puta!
A isso damos o nome de pensamento contrafactual.

Descansados? Voltemos ao texto.
Como dizia, os pesquisadores atribuiram as respostas emocionais dos medalhistas de prata e bronze a algo chamado "Pensamento Contrafactual". Uau! Onde já ouvimos esse nome antes? Bem o pensamento contrafactual são os pensamentos de o que poderia ter acontecido se as coisas tivessem sido diferentes ou se algo diferente tivesse acontecido no meio das coisas.
Ou seja, para os pesquisadores o medalhista de prata fica puto porque ele não venceu. Ele foi o segundo colocado, mais um pouco e ele seria ouro. O MELHOR DE TODOS! O sr. Prata não fica pulando de alegria porque ele acaba se comparando com o sr. Ouro e a comparação não é positiva para o lado dele da balança. Já o sr. Bronze não se preocupa com a prata ou o ouro, ele olha para trás e vê quanta gente atrás dele não ganhou uma medalha, assim ele acaba fazendo uma comparação onde o lado dele tem saldo positivo.
Ou seja, quando você ganha a medalha de prata é muito difícil não pensar: "Cara, que merda, se eu tivesse ido um pouquinho de nada mais rápido, um segundinho... se no final eu desse um pouquinho mais de mim...". Já quando ganha a de bronze naturalmente pode pensar "eu poderia ganhar ouro se tivesse me saído melhor", mas é muito mais fácil cerebralmente pensar "Cara... eu quase fico sem medalha... SE FODEU POVÃO... UHUUUUU BEIJEM O MEU BRONZE HAHAHAHAHAHAHA".
Isso combina com outro aspecto curioso de nosso cérebro, o enquadramento. Veja você se considera uma boa pessoa? Você se considera uma pessoa bonita, ou gorda? Repare na sua resposta a essa pergunta e se questione, por que acha isso? Nosso cérebro não é muito bom em julgar coisas de forma objetiva, para criar um julgamento ele tem que usar uma base de comparação. Assim você pode não se achar uma musa ou um Deus Grego da Beleza, mas com certeza sabe que tem muita, mas MUITA, gente mais feia do que você por ai. Sabendo disso seu cérebro cria uma tabela comparativa e responde para você onde ele se coloca nessa lista. Você é a melhor pessoa naquilo que faz, profissionalmente ou por hobbie? Existem melhores? Existem piores? Esse é um dos motivos que faz com que pessoas tenham inveja de colegas e vizinhos, já que para se classificarem elas precisam de um comparativo, seu apartamento é legal? Seus filhos são inteligentes? Seu pau é grande? Seu carro é foda? Sua bunda é um pedaço de mau caminho? Para responder isso você vai ter que procurar os apartamentos dos amigos, os filhos dos outros, os paus dos atores pornôs, aquelas vagabundas de fio dental na praia. Nós somos incapazes de julgar nossas qualidades e defeitos em um sentido absoluto. E isso inclui nossas performances.
E assim, da mesma forma que com o pensamento contrafactual, o medalhista de prata se compara com o medalhista de ouro, já o medalhista de bronze se compara com todos os que não receberam medalhas.
Curiosamente essa resposta dos medalhistas pode explicar muita coisa da sua vida. Por exemplo, por que existe tanta insegurança sobre o que estamos fazendo? Estou tratando tal pessoa da forma certa? Será que fiz direito naquela reunião de emprego? Digo ou não digo isso pro meu chefe? Tento criar um projeto novo ou simplesmente continuou no arroz com feijão? Dependendo do seu enquadramento, se for positivo ou negativo, você pode evoluir tanto afetivamente quanto profissionalmente quanto mentalmente ou seguir o caminho oposto e apenas adotar o que todos ao redor julgam ser o correto para poder criar uma imagem positiva de si mesmo/mesma.
Se você for um freelancer, pense: porque é tão difícil fazer orçamentos que condizam com o quanto você acha que seu trabalho vale? Melhor cobrar pouco e levar bronze do que chutar alto e não ser o primeiro colocado?
É o velho conselho do sábio zen, ou ele podia ser apenas uma pessoa estúpida também nunca saberemos, comprovado psicologicamente: Basear sua felicidade na expectativa dos outros é o caminho para a infelicidade.
Desta forma a celebração de Brendan não apenas faz sentido, mas era também esperada.

olé

Mas claro, apenas como forma de manter a competição animada, não podemos deixar de lado o sensação que um medalhista deve sentir não apenas por ganhar, mas de participar nos jogos olímpicos, afinal o objetivo dos jogos é a união de povos e raças, a paz, a amizade, o bom relacionamento e a carteira cheia. Afinal, você não acha que os medalhistas levam para casa apenas um souvenir dos jogos, acha?
Nessas olimpíadas de 2012:
- A Rússia paga R$ 270 mil para cada medalhista de ouro.
- A França paga R$ 130 mil para cada medalhista de ouro.
- O Japão paga R$ 72 mil para cada medalhista de ouro.
- A China paga R$ 63 mil para cada medalhista de ouro.
- A Coreia do Sul paga R$ 600 mil para cada medalhista de ouro.
- Cingapura nunca conquistou uma medalha de ouro. Porém, quem vencer ganhará um bônus de R$ 1,6 milhão.
- O Canadá paga R$ 40 mil para cada medalhista de ouro.
- A Estônia paga R$ 300 mil para cada medalhista de ouro.
- A Alemanha paga R$ 39 mil para cada medalhista de ouro.
- A Itália paga R$ 370 mil para cada medalhista de ouro.
- O Azerbaijão dará um bônus de R$ 1,5 milhão para cada medalhista de ouro.
- Os Estados Unidos paga R$ 50 mil aos medalhistas de ouro, R$ 30 mil aos medalhistas de prata e R$ 20 mil aos medalhistas de bronze. O pagamento é feito pelo Comitê Olímpico dos EUA.
- No Brasil, a premiação não é feita pelo governo, e sim por cada confederação. Na natação e nos saltos ornamentais, cada medalha de ouro vale R$ 100 mil. A prata de Thiago Pereira rendeu R$ 50 mil ao nadador. No judô, o ouro vale R$ 50 mil (foi o que venceu Sarah Menezes). No atletismo, a medalha de ouro vale R$ 30 mil, a prata, R$ 20 mil, e o bronze, R$ 15 mil.
Talvez os únicos atletas reais ainda nos dias de hoje sejam os ingleses, que ganham apenas um "obrigado" de seu pais. Os valores estão em reais.

A Psicose

A psicose, de acordo com alguns autores, é uma doença mental caracterizada pela distorção do senso de realidade, uma inadequação e falta de harmonia entre o pensamento e a afetividade. Não deve passar despercebido a qualquer psiquiatra, conforme diz Uchoa, a importância de fatores como a constituição, temperamento, caráter, peculiaridades de ordem tipológica, experiências anteriormente vividas e ambiente familiar e/ou social na formação e estruturação das psicoses. A articulação desta causalidade múltipla nas psicoses tem sido objeto de atenção constante dos pesquisadores em psicopatologia e tem resultado em discussões intermináveis entre as mais diversas escolas do pensamento psicológico.

Se alguma conclusão dessa polêmica acirrada entre as várias tendências sobre o adoecer mental pode ser aproveitada, esta se resume na constatação da incompatibilidade entre as duas maneiras principais de abordar o problema da loucura: a visão clínica e a visão cultural. O enfoque clínico da Doença Mental será sempre diferente da abordagem cultural e filosófica.
Classificação
As várias tendências de reflexão sobre a Doença Mental, notadamente sobre as Psicoses, embora provenientes de diversos momentos históricos do pensamento psicológico, estimulam a tônica das discussões acerca do tema. Entre os autores encontramos defensores do modelo Sociogênico, no qual a sociedade complexa e exigente é a responsável exclusiva pelo enlouquecimento humano, defensores do modelo Organogênico, diametralmente oposto ao anterior e onde os elementos orgânicos da função cerebral seriam os responsáveis absolutos pela Doença Mental e do modelo Psicogênico, onde a dinâmica psíquica é responsável exclusiva pela doença e as disposições constitucionais pessoais pouco importam. Finalmente há o modelo Organodinâmico, o qual compatibiliza os três anteriores num enfoque bio-psico-social.
Tem sido quase unanimemente aceito na psiquiatria clínica a associação de determinadas configurações de personalidade predispostas e a eclosão de psicoses. Estas personalidades são as chamadas Personalidades Pré-mórbidas, cujo conceito é abordado no capítulo sobre os Transtornos da Personalidade, tanto pela CID (Classificação Internacional das Doenças) quanto pela DSM (Manual de Diagnóstico e Estatística das Doenças Mentais). Trata-se de constituições de personalidades problemáticas que, por si só, acabam transtornando a vida do indivíduo, incapacitando um desenvolvimento pleno e, ainda, em certas circunstâncias, encerrando uma maior aptidão para o desenvolvimento de determinadas doenças psíquicas.
A Constituição (Personalidade) Pré-mórbida é considerada pela psicopatologia como uma variação do existir humano e traduz uma possibilidade mais acentuada para o desenvolvimento de certa vulnerabilidade psíquica. Aqui o termo "possibilidade" deve ser considerado em toda sua plenitude, ou seja, trata-se de um caráter não-obrigatório mas que deve ser levado muito a sério.
Sintomas e Processos
Clinicamente e a grosso modo, podemos dizer que as neuroses diferenciam-se das psicoses pelo grau de envolvimento da personalidade, sendo sua desorganização e desagregação muito mais pronunciadas nas psicoses. O vínculo com a realidade é muito mais tênue e frágil nas psicoses que nas neuroses. Nestas últimas, a realidade não é negada, mas é vivenciada de maneira mais sofrível, é valorizada e percebida de acordo com as lentes de uma afetividade problemática e é representada de acordo com as exigências conflituais. Já nas psicoses, alguns aspectos da realidade são negados totalmente e substituídos por concepções particulares e peculiares que atendem unicamente às características da doença.
A sintomatologia psicótica se caracteriza, principalmente, pelas alterações a nível do pensamento e da afetividade e, conseqüentemente, todo comportamento e toda performance existencial do indivíduo serão comprometidos. Enquanto nas neuroses o pensamento, os sentimentos e a afetividade se encontram quantitativamente alterados, na psicose esses atributos psíquicos se apresentam qualitativamente doentes, tal como uma novidade patológica cronologicamente localizada na história de vida do paciente e que passa, desse momento em diante, a atuar morbidamente em toda sua performance psíquica.
O processo psicótico impõe ao paciente uma maneira patológica de representar a realidade, de elaborar conceitos e de relacionar-se com o mundo objectual. Não contam tanto aqui as variações quantitativas de apercepção do real, como pode ocorrer na depressão, por exemplo, mas um algo novo e qualitativamente diferente de todas as variações normalmente permitidas entre as pessoas normais, um algo essencialmente patológico, mórbido e sofrível.
A Esquizofrenia
A Esquizofrenia, representante mais característica das psicoses, é uma doença da Personalidade total que afeta a zona central do eu e altera toda estrutura vivencial. Culturalmente o esquizofrênico representa o estereotipo do "louco", um indivíduo que produz grande estranheza social devido ao seu desprezo para com a realidade reconhecida. Agindo como alguém que rompeu as amarras da concordância cultural, o esquizofrênico menospreza a razão e perde a liberdade de escapar às suas fantasias.
Segundo Kaplan, aproximadamente 1% da população é acometido pela doença, geralmente iniciada antes dos 25 anos e sem predileção por qualquer camada sócio-cultural. O diagnóstico da doença ainda se baseia exclusivamente na história psiquiátrica e no exame do estado mental, muito embora os meios de investigação por imagens funcionais esteja avançando a passos largos no sentido de estabelecer-se um diagnóstico mais preciso. É extremamente raro o aparecimento de esquizofrenia antes dos 10 ou depois dos 50 anos de idade e parece não haver nenhuma diferença na prevalência entre homens e mulheres.
Esquirol (1772-1840) considerava a loucura como sendo a somatória de dois elementos: uma causa predisponente, atrelada à personalidade, e uma causa excitante, fornecida pelo ambiente. Hoje em dia, depois de muitos anos de reflexão e pesquisas, a psiquiatria moderna reafirma a mesma coisa com palavras atualizadas. O principal modelo para a integração dos fatores etiológicos da esquizofrenia é o modelo estresse-diátese, o qual supõe o indivíduo possuidor de certa vulnerabilidade específica, vulnerabilidade esta colocada sob a influência de fatores ambientais estressantes (causa excitante). Em determinadas circunstâncias o binômio diátese-estresse proporcionaria condições para o desenvolvimento da esquizofrenia. Até que um fator etiológico para a doença seja identificado, este modelo parece satisfazer as teorias mais aceitas sobre o assunto.
Atualmente, através da CID-10, foi incluída na classificação das esquizofrenias o Transtorno Esquizotípico. Na realidade não acreditamos tratar-se de mais um tipo da doença mas, talvez, se trate apenas de um outros estágio da mesma doença. Tomando-se por base os sintomas gerais e de primeira ordem das esquizofrenias, podemos entender o Transtorno Esquizotípico como sendo uma fase pré-mórbida da psicose. Seria um estadiamento da doença mais sério que o Transtorno Esquizóide de Personalidade e menos mórbido que a Esquizofrenia franca. Tanto está certa esta visão que o próprio CID-10 considera este transtorno como sinônimo de Esquizofrenia Prodrômica (Inicial), Borderline (limítrofe), ou Pré-Psicótica.
Alguns sintomas, embora não sejam específicos da Esquizofrenia, são de grande valor para o diagnóstico. Seriam:
1- audição dos próprios pensamentos (sob a forma de vozes)
2- alucinações auditivas que comentam o comportamento do paciente
3- alucinações somáticas
4- sensação de ter os próprios pensamentos controlados
5- irradiação destes pensamentos
6- sensação de ter as ações controladas e influenciadas por alguma coisa do exterior.
Tentando agrupar a sintomatologia da esquizofrenia para sintetizar os principais tratadistas, teremos destacados três atributos da atividade psíquica morbidamente envolvidos: o comportamento, a afetividade e o pensamento. Os Delírios surgem como alterações do conteúdo do pensamento esquizofrênico e as alucinações como pertencentes à sensopercepção. Ambos acabam sendo causa e/ou conseqüência das alterações nas 3 áreas acometidas pela doença (comportamento, afetividade e pensamento).
Delírios
Os Delírios na Esquizofrenia podem sugerir uma interpretação falsa da realidade percebida. É o caso por exemplo, do paciente que sente algo sendo tramado contra ele pelo fato de ver duas pessoas simplesmente conversando. Trata-se, neste caso, de uma Percepção Delirante. Desta forma, a Percepção Delirante necessita de algum estímulo para ser delirantemente interpretado (no caso, duas pessoas conversando).
Outras vezes não há necessidade de nenhum estímulo à ser interpretado, como por exemplo, julgar-se deus. Neste caso trata-se de uma Ocorrência Delirante. O Delírio mais freqüentemente encontrado na Esquizofrenia é do tipo Paranóide ou de Referência, ou seja, com temática de perseguição ou prejuízo no primeiro caso e de que todos se referem ao paciente (rádios, vizinhos, televisão, etc) no segundo caso.
Na Esquizofrenia os Delírios surgem paulatinamente, sendo percebidos aos poucos pelas pessoas íntimas aos pacientes. Em relação ao Delírio de Referência, inicialmente os familiares começam à perceber uma certa aversão à televisão, aos vizinhos, etc.
Alucinações
As Alucinações mais comuns na Esquizofrenia são do tipo auditivas, em primeiro lugar e, em seguida, visuais. Conforme diz Schneider, "de valor diagnóstico extraordinário para o diagnóstico de uma Esquizofrenia são determinadas formas de ouvir vozes: ouvir os próprios pensamentos (pensar alto), vozes na forma de fala e respostas e vozes que acompanham com observações a ação do doente". Esta Sonorização do Pensamento, juntamente com alguns outros sintomas que envolvem alucinações auditivas e sensações de ter os próprios pensamentos influenciados por elementos externos, compõem a sintomatologia que Schneider considerou como sendo de Primeira Ordem.
Um esquizofrênico pode estar ouvindo sua própria voz, dia e noite, sob a forma de comentários e antecipações daquilo que ele faz ou pretende fazer , como por exemplo: "ele vai comer" ou ainda, "o que ele está fazendo agora ? Está trocando de roupas". Outro sintoma importante no diagnóstico da esquizofrenia é a sensação de que o pensamento está sendo irradiado para o exterior ou mesmo sendo subtraído ou "chupado" por algo do exterior: Subtração e Irradiação do pensamento, também considerados de Primeira Ordem. Igualmente podemos encontrar a sensação de que os atos estão sendo controlados por forças ou influências exteriores.
SINTOMAS DE PRIMEIRA ORDEM(De acordo com Schneider)
  • Sonorização do pensamento
  • Subtração do pensamento
  • Irradiação do pensamento (ou difusão)
  • Sensação de ações controladas
  • Todas as demais alucinações, auditivas, visuais, tácteis, olfatórias, gustativas, cenestésicas e cinestésicas, embora sejam consideradas sintomas acessórios por Bleuler, aparecem na esquizofrenia com freqüência bastante significativa. Normalmente as alucinações auditivas são as primeiras a aparecer e as últimas a sumir.
O Autor
Geraldo J. Ballone, Coordenador do site PsiqWeb - Psiquiatria Clínica didática para pesquisas e consultas.

domingo, 19 de maio de 2013

Armas de fogo: desarmando estatísticas?


desarmando.gifUma informação errada repetida muitas vezes acabará por convencer a muitos de sua correção. Quanto mais autoridade detiver aquele que a repete, mais pessoas irá convencer. É portanto desolador quando um ilustre Ministro da Justiça, sobre cuja honestidade de propósito não pairam quaisquer dúvidas, torna-se arauto de informações equivocadas e, com base nelas, persegue o absurdo objetivo de desarmar o cidadão honesto, retirando-lhe o direito de auto-defesa que o poder público não revela condições de suprir, enquanto criminosos detêm, sem pleitear autorização, arsenais de padrão militar.

Em editorial no jornal O Globo (30.11.2000), recita o Sr. Ministro o batido bordão do movimento pelo desarmamento, segundo o qual “a maioria das armas adquiridas legalmente por pessoas de bem termina nas mãos de marginais”, bem como afirma ser “comprovado” que o cidadão armado não teria coragem ou habilidade para defender-se. Nada é mais distante da realidade e somente a lamentável ausência de estatísticas confiáveis no País torna difícil demonstrar a incorreção das assertivas.

Há anos os advogados do banimento das armas de fogo tentam convencer-nos que o cidadão honesto é ignorante, incapaz e despreparado para defender-se com uma arma de fogo. Apóiam-se nas estatísticas nacionais que se limitam a registrar ocorrências em que as vítimas foram mortas ou feridas ao reagirem a atos de violência. Desconsideram a evidente circunstância de que aqueles numerosos casos em que a reação é bem sucedida e evita a perpetração da violência não geram registros de ocorrência, fonte quase exclusiva das estatísticas policiais. Pesquisas conduzidas nos Estados Unidos indicam que 95% das situações potencialmente violentas envolvendo civis legalmente armados são resolvidas sem que um tiro seja disparado e sem que a violência se consume. Estimativas abalizadas sugerem que isto ocorre centenas de milhares de vezes por ano.
O mundo está repleto de exemplos que demonstram a estreita relação entre o direito de auto?defesa e a redução dos índices de criminalidade. Um estudo do Prof. John R. Lott Jr., concluído em 1998 e publicado pela University of Chicago Press, examinou as estatísticas policiais locais e federais para 3.045 cidades e condados dos Estados Unidos, num período de 18 anos (1977-1994), e as relacionou com a evolução da legislação sobre armas e munições no mesmo período. O pesquisador disponibilizou seus dados a todos os estudiosos que o solicitaram, angariando o respeito até de fervorosos opositores da auto-defesa.
Lott estabeleceu que os fatores predominantes no aumento da incidência de crimes violentos no período foram o número de prisões e a extensão das penas. Em 1991, por exemplo, 44.000 dos 162.000 criminosos em liberdade condicional voltaram a cometer crimes violentos e 20% dos assassinatos de policiais foram cometidos por criminosos em progressão de regime ou por condenados à solta. De 1980 a 1994, os 10 estados americanos com maior aumento da população prisional registraram uma redução de 13% em crimes violentos, enquanto os 10 estados com menores acréscimos no número de presos tiveram um aumento médio de 55% em crimes violentos.
Baseando-se em dados publicados nos FBI Uniform Crime Reports, apurou que a taxa de homicídios nas jurisdições que regulam mais severamente a compra e o porte de armas (California, Illinois, Maryland, New Jersey, New York e Washington) é 23% maior que a taxa do resto do país. A proibição da venda de armas em Washington foi editada em 1977 e em 1990 a taxa de homicídios havia triplicado. Nos anos que se seguiram à proibição a maioria dos homicídios foi cometida com as armas de fogo por ela abrangidas. Em Chicago, a proibição foi imposta em 1982 e a taxa anual de homicídios dobrou. Os exemplos são inúmeros e a conclusão inevitável é de que as restrições afetam apenas os cidadãos honestos, não os criminosos. Para reduzir os crimes é preciso sobretudo responsabilizar os criminosos por suas ações e aplicar com rigor as penas da lei.
Por outro lado, a liberalização do porte de armas revelou-se uma das mais eficientes e econômicas formas de reduzir a incidência de crimes violentos, já que os criminosos não sabem quais das vítimas em potencial estarão armadas e em condições de defender-se. Inevitavelmente, essa dúvida beneficia igualmente os cidadãos que não portam armas. Os estados americanos com maior número de portes de armas emitidos apresentam as maiores reduções nos números de crimes violentos, como informou a Revista Veja quanto aos estados do sul do Brasil. Lott observou que a cada ano adicional de vigência de legislação liberalizando o porte de armas a taxa média de homicídios reduziu-se em 3%, a de estupros e a de roubos em 2% cada.
Finalmente, o trabalho de Lott demonstra que a redução nos crimes violentos acarretada pela liberalização dos portes não é, segundo as estatísticas americanas, acompanhada de aumento na taxa de mortes acidentais ou suicídios com armas de fogo, outro mito não comprovado e repetido à saciedade pelo lobby anti-armas nacional.
O professor de direito e pesquisador americano David Kopel registra que a implementação de legislação liberalizando o porte de armas é sempre acompanhada de alertas quanto às tragédias que inevitavelmente ocorrerão, como tiroteios em discussões de trânsito e brigas domésticas. Trinta e um estados americanos têm hoje leis liberais quanto ao porte de armas, metade da população americana e 60% dos proprietários de armas de fogo residem nesses estados. Vinte e dois desses estados adotaram tais leis na última década, onze nos últimos dois anos, a vista dos excelentes resultados verificados nos estados precursores. Nenhum deles registrou o cumprimento dessas profecias. O Deputado da Florida Michael Friedman prometia “calamidade e carnificina” quando a legislação foi passada, em 1987, naquele estado. O que se verificou foi uma redução de 40% na taxa de homicídios, contra 21% de redução na média nacional. O Departamento de Estado da Florida informa que menos de 0.002% dos portes de armas emitidos foram cancelados por uso indevido.
Na Suíça, a maioria dos cidadãos integra a força de defesa nacional e guarda em casa fuzis automáticos e munição. Os suíços consomem 60 milhões de cartuchos de munição por ano em exercícios de tiro ao alvo. O número de crimes envolvendo armas de fogo na Suíça é ínfimo.
A Itália tem as leis mais rigorosas da Europa quanto a armas de fogo. E ostenta milhares de homicídios por ano praticados com armas de fogo.
O número de homicídios na Inglaterra dobrou desde a proibição de armas de fogo. Em decisão inédita, a polícia do condado de Nottinghamshire acaba de armar seus integrantes quando em patrulha.
Os exemplos são infindáveis, as conclusões evidentes: são falsas as premissas em que se apóia o movimento pelo desarmamento. A mobilização popular é bem intencionada mas o alvo do programa está errado. A solução requer estudos, como os acima citados, que evitem a repetição de erros e coragem para adotar medidas eficazes, conquanto impopulares. A rigorosa e moderna lei nº 9.437/97 é satisfatória para regular o porte responsável e seguro de armas de fogo pelo cidadão honesto. Cumpre estender seus requisitos à compra e posse, estas ainda desprovidas de maiores salvaguardas.
A disseminação de armas de fogo no meio criminoso no Brasil, a impossibilidade de sua imediata eliminação e a incapacidade, ainda que temporária, do poder público de defender com eficácia a vida, a integridade física e o patrimônio dos cidadãos, tornam qualquer medida legal restritiva do direito à auto-defesa temerária e irresponsável, verdadeiro encorajamento à atividade criminosa. Que as boas intenções não nos condenem, sem estudo e sem recurso, à impotência e ao abandono à própria sorte.

Internet de fachada versus Internet verdadeira


fundooooAntes de começar, façamos um teste simples. Entre no google e procure por sexo, e então clique em imagens. Faça a mesma coisa buscando por "fuck", "face fuck", etc. Apesar de algumas imagens surgirem a grande maioria não será tão explícita quanto você imagine. Caso esteja se sentindo particularmente de saco cheio procure por suicídio ou qualquer outro termo do gênero, com certeza algumas imagens de gente morta, mas a maioria absoluta simplesmente são imagens poéticas, piadas, etc.
Pois bem... o que aconteceu com a pornografia suja, a escatologia, as coisas nojentas da internet? A resposta é: elas fugiram de você!

Há algo de errado com a Internet


Antes de entrar na internet verdadeira, vamos conhecer um pouco sobre a Internet de Fachada. Assim como tudo no mundo, a internet existe de uma maneira para as massas e de uma maneira para aqueles poucos indivíduos que se esforçam um pouco mais. Considere, para início de conversa que 80% de todo tráfico de dados acontece em apenas 20% dos sites espalhados pela grande rede. Que liberdade de informação é essa em que todo mundo acessa a mesma coisa o tempo todo? A Internet de Fachada enfrenta, além do comodismo de seus usuários três sérias ameaças: o "Fim da Privacidade", a Influência das Corporações" e a "Bolha de Informação".

O Fim da Privacidade

Quando você procura no Google sobre "sexo anal" e clica em qualquer link que ele oferece, a sua busca é registrada pelo mecanismo de busca junto com dados pessoais como horário, navegador, resolução de tela, sistema operacional, IP, localização geográfica e outros dados do seu computador. Estes dados em conjunto formam uma marcação capaz de identificar você de forma única e inconfundível. Isso por si só já é perturbador, mas o ponto crucial é que o Google possui parceiros comerciais. Estes parceiros utilizam os dados oferecidos pelo google para criar um perfil seu e cruzando com dados de pesquisas mercadológicas eles sabem sua idade, sua cidade e que você curte sexo anal. Dai todos aqueles anúncios e banners estranhos que parecem te perseguir. Além disso este perfil pode, e geralmente é, vendido para outras empresas e organizações. Como seguradoras, ongs, bancos e agências de crédito.

Além disso toda pesquisa feita no Google (assim como no Yahoo e qualquer outro mecanismo de busca) é salva e três coisas podem acabar acontecendo com você:
  1. Os dados podem ser tornados públicos pelo governo ou por uma intimação legal: http://www.readwriteweb.com/archives/googles_second_transparency_report_us_info_request.php
  2. Um funcionário mal intencionado pode usar estas informações para algum fim pouco nobre: http://gawker.com/5637234/
  3. O sistema pode ser hackeado: http://www.wired.com/threatlevel/2010/01/operation-aurora/

A Influência das Corporações
Censura do facebookNegociado secretamente por um pequeno número de países ricos e por poderes corporativos, o Acta por exemplo pleiteia criar um novo órgão internacional para a regulamentação do fluxo de dados. Na prático isso vai dar poder as Multinacionais para policiarem tudo que fazemos online e inclusive impor penalidades com multas ou prisões ás infrações daquilo que for julgado ilegal.  A recente onda de sites dedicados ao compartilhamento de arquivos é testemunha o suficiente desta fragilidade.
Não se trata apenas de censurar a informação que você consome, mas até mesmo aquilo que você cria e produz. Policiar comentários e posts antes que eles sejam publicados faz parte da política interna de funcionamento do Facebook. Entretanto o sistema não é declarado ao usuário final senão por letras miudas. Dependendo do que voce postar pode se deparar com mensagens desagradáveis como esta ao lado. O mesmo algoritmo usado para filtrar seus emails e criar seu filtro Anti-Spam também é usado para ler e catalogar tudo o que você escreve no seu webmail ou nas redes sociais. E algumas coisas já começaram a ser apagadas.
Logo virá um tempo em que você para baixar uma música o vídeo ou quem sabe até um texto ou imagem você precisará da permissão destas corporações.A dez anos atrás você entrava em um site, baixava um programa e instalava o que queria. Hoje, temos a 'Apple Store' ou o 'Google Store', com todos os programas previamente aceitos e selecionados para você. A campanha "Copyright é Racismo. Diga NãO" promovida pelo do Morte Súbita inc  e parceiros é uma tentativa de expor estes fatos para os usuários em geral, então não vamos dedicar muito espaço para a questão aqui.

A Bolha de informação
Algo ErradoDe uns anos para cá especialistas vem trabalhando com o termo "filter bubble" - a bolha do filtro. Resumidamente a coisa funciona assim, o que é a internet para você? Provavelmente você responderá que ela é um lugar cheios de sites pelos quais você navega, esses sites podem ser redes sociais como o orkut ou o facebook, podem ser portais superfodas da informação proibida ao alcance de todos como a Morte Súbita Inc. ou podem ser blogs, sites de compra ou sites menores como a página que você montou para sua tia onde ela posta receitas de bolo. Você não errou, basicamente a internet é isso, mas como você faz para chegar nesses sites? Decora todos os endereços dos quais te falam? Anota em papeis os www da vida? Entra no google e procura "Bolos da Tia Suzana"?
Os mecanismos de busca tomaram um tamanho hoje que é praticamente impossível se navegar na internet sem eles. Isso todos sabemos. Agora esses mesmos mecanismos de busca filtram tudo o que você está tendo como resultado de uma busca sem você saber. Baseado no histórico das suas navegações, sites que costuma buscar, coisas que compra, nos "like" e "+" que você digita os mecanismos de busca mostram páginas específicas para você. Faça um novo teste, procure por "Obama" no google usando máquinas diferentes e veja quais as primeiras respostas que o Google te oferece.
Como vimos toda busca que você faz é salva e será usada para "refinar" a informação para você. Se você costuma entrar em sites comunistas e socialistas receberá uma respostas diferente de alguém que costuma entrar em sites de Direita, mesmo se ambos procurarem por "Verdade sobre a morte de Che Ghevara", por exemplo. Ficou curioso? Dê uma olhada no seu histórico: https://www.google.com/history/
Além dos termos de buscas, também são salvos todos os cliques que você dá. A idéia por trás disso é que você clica em coisas que concorda e gosta. Mas o problema é que assim você vai, cada vez mais, receber o mesmo tipo de informação. Sempre mais do mesmo. Sempre mais daquilo que você já conhece e concorda. Paulo e Mari procuram por "Lula", mas o primeiro lê notícias sobre escândalos e a segunda sobre o bom desempenho de sue governo.

Isso pode ser bom para confirmar tudo aquilo que você acredita, mas qualquer pessoa inteligente ao saber disso se questiona: O que será que não está sendo mostrado para mim? Tente procurar por aborto, casamento gay ou desarmamento. O que estas buscas realmente nos dizem é que foi construída uma bolha de informação, que promove aquilo que ela "acha" que você vai gostar e exclui todo o resto, filtrando assim a sua exposição a informação.
Isso tem dois efeitos divertidos. Primeiro a internet é que decide o que vai te mostrar. Segundo existe um porrilhão de informações por ai que estão anos luz do seu alcance, não porque sejam ruins ou falsas, mas simplesmente porque a internet acha que não valem nada para você. Quando o Google diz 3.000.000.000 de resultados encontrados, o quão fundo você mergulha no mar de "OOOOO" procurando sites lá do fim da lista?
Essa bolha de filtros é um dos responsáveis por você não achar mais aquela sujeira que gostava tanto na internet, mas ela não está sozinha. Imagine que você consiga se livrar dessa bolha usando mecanismos de busca que não filtram como o http://duckduckgo.com. Procure algo que você ache que te deixaria sem dormir (e não falo apenas de fotos de pessoas que sofrem de fungos ou de calcanhar de maracujá). Pense em crimes, em racismo, em sexo do mais bizarro, em informações secretas e cultos que de fato desejam permanecer em segredo.
Existem pessoas que desejam manter um contato, como um fórum, mas de fato não querem que ninguém saiba que existem - alguém mais pensou em necrofilia? Existem órgãos do governo que disponibilizam material para pessoas que precisam, mas você não é uma delas. E acredite isso tudo está na internet, mas você não consegue ver.
Então, se você procura um pouco de privacidade e dados reais, uma boa alternativa é buscar mecanismos de busca que se comprometem em não guardar nem filtrar a informação para você, como o https://duckduckgo.com por exemplo. Mas deixar a bolha de filtro para trás apenas vai colocar à sua disposição sites que estão na internet disponíveis para todos mas que não eram mostrados para você. Mas existem sites que não querem que ninguém os encontre e nenhum mecanismo de buscas sabe que eles existem.
O lado negro da internet possuiu muitos mais sites e muito mais material - fotos, vídeos, arquivos para download, textos e imformação do que a internet que você usa. Não é de se admirar que ele tenha uma reputação extremamente negativa, aqueles que o conhecem dizem que é um local perigoso  onde hackers, pedófilos, sociedades satânicas - nada de errado com isso - e os mais variados tipos de pessoas mal intencionadas e bizarras se reúnem para trocar informações entre si. Esse lado negro, como tudo na vida, tem inclusive um nome.

Você já ouviu falar da Deep Web?

Também conhecida como Deepnet, Darknet, Undernet, Invisible Web ou Hidden web, a Deep Web nada mais é do que todos os sites que existem por ai que não podem ser encontrados por mecanismos de buscas (Google, Yahoo, Bing, etc). Isso significa que para acessar um site da Deep Web, você precisa saber seu endereço, pois nunca irá chegar até ele através do resultado de uma busca no Google. Os motivos para esses sites não estarem indexados nos mecanismos de busca variam, podem ser punição por violação dos termos de indexação, ou mera opção do donos de sites; qualquer dono de site pode retirar seu sites dos buscadores e se tornar um Deep Web, isso é extremamente fácil de se fazer, o que é complicado é o que leva alguém a querer essa privacidade. Se por um lado, grupos de amigos, acadêmicos, empresas, escolas, universidades, e etc, podem optar por não serem incomodados por "curiosos", tentando manter o o acesso a seus sites restrito a seu público limitado, por outro lado, existem aqueles que precisam da privacidade como escudo para proteger suas práticas ilegais, condenáveis e bizarras.
Mas de fato a reputação que conseguiu para si não é injusta. A Deep Web está repleta de hackers, cientistas, traficantes de drogas, astrônomos, assassinos, físicos, revolucionários, os funcionários do Governo, Polícia, Feds, terroristas, pervertidos, os mineiros de dados, seqüestradores, sociólogos, etc. Aparentemente todo mundo que achamos que são maus demais, loucos demais, ou irreais demais para usarem a internet.
Por isso nem é preciso dizer que é extremamente importante que você tenha muita, muita, MUITA cautela ao navegar pelas águas profundas do mundo www. Os riscos de se pegar um vírus, malware ou de acabar vendo coisas "desagradáveis" é incalculavelmente maior do que o de se navegar na internet comum. Arquivos .exe são praticamente um tabu, existem aos milhares mas não seria sábio brincar com eles. Você já ouviu falar do eschelon? Pois é. Brincadeira de criança perto do que acontece no lado escuro. Quando falamos sobre assassinos, sequestradores, pedfilos, etc., não estávamos brincando. Imagine o tipo de investigação constante nesta área da web por parte das equipes realmente sérias do governo. Navegar na DW pode ser uma maneira de se conseguir chamar a atenção de gente muito séria para você.
Para se ter idéia do tamanho daquilo que você não é capaz de enxergar:
  • A informação pública na Deep Web chega a ser 500 vezes maior do que a da internet visível. 
  • A Deep Web contém cerca de 550 bilhões de documentos individuais em comparação com o 1.000.000.000 da Web comum. 
  • Existem mais de 200.000 sites na Deep Web, se nos concentrarmos apenas nos 60 maiores, juntos possuem cerca de 40 vezes mais informaçnao do que toda a internet visível.
  • Sites Deep Web tendem a ser mais diretos, com conteúdo mais profundo do que sites da Web convencionais, fazendo o conteúdo de qualidade total ser de 1.000 a 2.000 vezes maior que a da Web que voce usa.
  • Um total 95% da Deep Web é informação acessível ao público - não sujeitos a taxas ou assinaturas. 
  • O risco de baixar um arquivo contaminado é 5 vezes maior que na Internet comum.
  • Enquanto a internet que você navega tem 20.000.000.000 de páginas web, a Deep Web tem 600.000.000.000.
Sentiu a curiosidade cutucando atrás da sua orelha? Ótimo. Caso a Morte Súbita Inc. fosse apenas mais um desses sites de curiosidades, com certeza nosso artigo terminaria aqui, seria bem mais curto e você poderia dizer "UAU!". Mas infelizmente a vida não é tão fácil, e nós não prestamos nem um pouco, por isso não vamos apenas falar da Deep Web, nós vamos ensinar você a acessar ela. Preparados para aprender a enxergar no escuro?


Mergulhando nas Trevas

Antes de mais nada não é preciso dizer que o seu browser não foi feito para mergulhar nas profundezas da internet. Para conseguir enxergar o invisível você vai precisar de novos olhos. Navegadores como o Chrome, Firefox, IE e etc, não são capazes de acessar a maioria dos sites da Deep Web, sem contar que eles não foram criados para preservar o seu anonimato. É então preciso baixar o navegador TOR (https://www.torproject.org). A maioria absoluta dos sites profundos são criptografados e somente o TOR é capaz de quebrar a criptografia, além de manter o usuário no anonimato - ao menos em muitos dos casos, mas não conte em ter se tornado invisível.
Com o seu navegador TOR instalado e ciente dos riscos que existem na zona do baixo meretrício virtual você está pronto para dar as suas primeiras braçadas onde a luz não existe mais. Uma das maiores dificuldades para os iniciantes na Deep Web é encontrar os sites que existem lá, por isso você precisa aprender a procurar pelas coisas da maneira correta.
O site de buscas mais popular no lado negro é o Hidden Wiki. Para acessá-lo basta digitar no seu TOR o endereço http://kpvz7ki2v5agwt35.onion/wiki/index.php/Main_Page e iniciar suas buscas. Ele indica links de acordo com os assuntos buscados e com certeza é nele que você vai encontrar as coias mais escrotas que existem na internet. Recentemente, para se ter idéia, sofreram ataques do Anonymous por compartilharem links de sites de pedofilia, mas também é possível se encontrar muitos sites de cunho cultural.
Caso você se interesse por enciclopédias, almanaques, mapas, biografias e material técnico do gênero, busque o Infoplease digitando o endereço http://www.infoplease.com/index.html no Tor.
Para aqueles familiarizados com a busca de imagens do Google, tente o http://www.incywincy.com/. Lembre-se, você está no mundo da escrotidão bizarra.
O DeepWebTech é composto por 5 mecanismos de buscas, cada um voltado para um tema específico da medicina, negócios e ciências http://www.deepwebtech.com/
Quer saber o que os gênios loucos andam fazendo hoje em dia? Como planejam dominar o mundo? O Scirus é voltado totalmente para o mundo científico. Encontre jornais, homepages dos cientistas,  material didático, pré-impressão de material de servidor, patentes e intranets institucionais. http://www.scirus.com/srsapp/
Se o que te dá tesão são números, vá atrás do TechXtra, um buscador voltado para Matemática, engenharia e computação, com  muitos dados e relatórios técnicos,  http://www.techxtra.ac.uk/index.html
E já que está navegando por ai mesmo, não deixe de procurar pela The WWW Virtual Library. Ela é mais antigo catálogo WEB e foi desenvolvida por alunos de Tim Berners-Lee, o cara que inventou a WEB. Para usar pode se inserir o termo na caixa de pesquisa ou simplesmente clicar no menu vertical. Endereço: http://vlib.org/
Agora lembre-se, se na internet comum já é possível se perder entre os milhões de toneladas de lixo virtual, imagine como será no lugar que é centenas de vezes maior do que o mundo que você conhece.