domingo, 7 de abril de 2013
Transtorno obsessivo convulsivo(TOC)
O Transtorno obsessivo-compulsivo é o resultado de combinações de obsessões e compulsões que afetam os indivíduos.
As obsessões são pensamentos ou idéias, imagens e impulsos recorrentes e insistentes que se caracterizam por serem extremamente desagradáveis, perturbadores, intrusivos, repulsivos e contrários à índole e aos comportamentos do paciente. Por exemplo, uma pessoa correta e de bom comportamento social e moral pode ter pensamentos recorrentes de roubo, ataques a pessoas, trapaças e traições. Outra pessoa fervorosamente religiosa pode ter pensamentos obscenos, idéias sexuais que não praticaria, se em fosse de seu pensamento normal. Os pensamentos obsessivos não têm controle pelo paciente, e podem proporcionar ao mesmo medo, nojo ou sentimento de pecado. Podemos dizer que estes pensamentos estão relacionados com medos e temores.
Ter obsessões é patológico porque causa ao portador significativa perda de tempo, queda do rendimento pessoal e muito sofrimento. Ao perder o controle sobre seus pensamentos, o paciente, muitas vezes, passa a praticar atos repetitivos, que, com o passar do tempo, tornam-se verdadeiros rituais. Quase sempre a finalidade destes rituais é prevenir, aliviar ou mesmo neutralizar as tensões causadas pelos pensamentos obsessivos.
Já as compulsões são comportamentos, gestos, rituais ou ações sempre iguais, repetitivas e incontroláveis, executados de forma consciente, que se seguem às obsessões. Um paciente que tenta evitar as compulsões acaba submetido a uma ansiedade e a uma tensão insuportáveis, e acaba, sempre, cedendo a elas. Um portador do transtorno que tem medo de se infectar com germes ou bactérias lava as suas mãos três, quatro, vinte vezes, mesmo sabendo que este ritual não o isenta da possibilidade remota de se infectar com os germes e bactérias que tanto teme. Mesmo assim, continua a lavar suas mãos. Os objetos e coisas mais temidos pelos pacientes são impossíveis de serem evitados, como: fezes, urina, germes e bactérias, poeiras, poluição e outros.
Os pacientes não chegam a perder o juízo a respeito do que está acontecendo consigo mesmo, e percebem o absurdo do que está se passando, mas como não sabem realmente o que está acontecendo e temem estar enlouquecendo.
No começo do TOC, tentam ainda não expor aos mais próximos seus pensamentos, compulsões e rituais, mas é quase impossível que estes não tenham já percebido o sofrimento ao qual o parente ou amigo está sendo submetido.
Qualquer portador do TOC pode ser mais obsessivo que compulsivo ou mais compulsivo do que obsessivo. Uma diferença a observar entre TOC e uso compulsivo de drogas, jogo ou sexo patológico está no prazer que estas atividades trazem aos que realizem estas compulsões, e o desconforto que estas outras compulsões do TOC trazem a seus portadores.
Prevalência
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo possui uma prevalência na população de 2 a 3%, podendo ter início na adolescência ou na infância, mas quase sempre, apresenta-se mais ativo na idade entre 30 e 40 anos. O sexo feminino é mais sensível ao transtorno e nas mulheres aparece, na maioria dos casos, no início da idade adulta.
Os portadores do transtorno não o reconhecem, e pode se passar muito tempo antes de buscarem ajuda. Quase sempre há uma grande dificuldade do paciente de se aceitar como portador do transtorno, mas, se consegue buscar tratamento, o alívio dos sintomas mais difíceis de conviver é rápido e eficiente.
Hereditariedade e genética
Não foi reconhecido, até o presente momento, a presença de genes causadores do Transtorno Obsessivo-Compulsivo, mas sabe-se que pais portadores do transtorno têm, com mais freqüência, filhos portadores do transtorno.
Alguns atribuem à convivência entre pais e filhos a maior probabilidade dos filhos de portadores de TOC, serem também portadores do transtorno. Uma possibilidade da provável causa do TOC seria a falta de serotonina no cérebro dos portadores, tanto isto é verdade, que o uso de medicações à base de recaptadores de serotonina aplaca a severidade do transtorno em 40 a 60% dos portadores.
Sintomas
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo é classificado como um transtorno de ansiedade por causa da forte tensão que sempre surge quando o paciente é impedido de realizar seus rituais. Mas a ansiedade não é o ponto de partida desse transtorno como nos demais transtornos dessa classe, sendo que o que o inicia são os pensamentos obsessivos ou os rituais repetitivos. Há algumas formas mais brandas desse distúrbio nas quais o paciente tem apenas poucas obsessões e as compulsões são discretas.
Os sintomas obsessivos mais comuns são:
Contaminação: medo de contaminar-se por germes, sujeiras etc.
Agressividade: imaginar que tenha ferido, prejudicado, ou ofendido seriamente outras pessoas.
Perda de controle: imaginar-se perdendo o controle, realizando violentas agressões ou mesmo assassinatos.
Sexuais: pensamentos sexuais urgentes e intrusivos.
Dúvidas: não acreditar em si mesmo, se achar incompetente, não se acreditar capaz de realizar tarefas simples e do cotidiano, ter dúvidas morais e religiosas.
Conteúdo moral: apresentar pensamentos proibidos.
Coleções e simetria: ideias de guardar objetos inservíveis, idéias de colocar tudo que possível na mais absoluta ordem simétrica.
Os sintomas compulsivos mais comuns são:
Limpeza: lavar-se frequentemente para se descontaminar. Lavar as mãos e tomar banhos a toda hora. Usar produtos químicos com a finalidade de se descontaminar, produtos do tipo xampus, cândida, creolina, álcool.
Repetição: repetir determinados gestos, tais como entrar em casa com o pé direito, benzer-se ao ouvir trovoada, bater de um lado e do outro do corpo.
Verificação e teste: verificar e checar se as coisas estão como deveriam estar: portas trancadas, gás e eletricidade desligados, se o marido está trabalhando, se o filho entrou na escola, etc.
Tocar objetos. Toca três vezes a madeira, beija santinhos, etc
Contar objetos. Conta carros na rua, conforme suas cores, faz contas com placas de carros, etc.
Ordenar ou arrumar os objetos de uma forma igual. Fazer rituais de ordem, sempre igual, para guardar ou expor objetos em casa ou em armários. Faz assepsia de tudo que toca sua pele, para não se expor a doenças.
Colecionar e juntar coisas inúteis, como: revistas velhas, jornais velhos, sacos de supermercado, vidros e embalagens.
Rezar compulsivamente, frequentar igrejas, centros espíritas e templos para rezar e se purificar, pedir proteção a Deus e às entidades religiosas.
Repetir ações e gestos: ligar e desligar rádios e aparelhos de TV, interruptores de luz, não passar ou passar sempre pelo mesmo caminho, etc.
Diagnóstico
Os sintomas obsessivos e compulsivos são obrigatórios para se diagnosticar o TOC. Contudo, além destes sintomas, são necessários outros critérios:
1- O primeiro é que o tempo gasto com os sintomas deve ser de no mínimo uma hora por dia ou quando o tempo for inferior a esse valor, é necessária a presença de marcante aborrecimento ou prejuízo pessoal.
2- É preciso também que, em algum momento, o paciente reconheça que o que está acontecendo seja excessivo, exagerado, injustificável ou anormal.
Curso e Epidemiologia
Esse transtorno apresenta dois picos de incidência. O primeiro na infância e o segundo em torno dos trinta anos de idade. Muitas crianças apresentam esse problema nessa fase e depois nunca mais têm nada. Outras continuam tendo o problema durante a vida adulta. Os adultos também apresentam oscilações do problema; podem ficar livres dos sintomas e dos remédios, mas também podem precisar deles continuadamente.
Esse transtorno incide aproximadamente com a mesma freqüência em homens e mulheres, com pequenas diferenças de um estudo para outro. Nas crianças observa-se um aparecimento um pouco mais comum nos meninos.
Tratamentos
É necessário lembrar que o TOC é um transtorno crônico e com uma evolução bastante variável. Para alguns portadores aparece de forma rápida e até violenta, isto quando o portador é submetido a alguma situação estressante. Para outros pacientes aparece de forma lenta e insidiosa.
Tratamento medicamentoso
Até o presente, a clomipramina (Anafranil ou Clo) é a primeira escolha de medicação para os portadores do TOC. A característica desse antidepressivo é a grande inibição da recaptação da serotonina, possuindo também bons efeitos como antiobsessivo.
Há outras medicações do grupo dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (IRSS) que propiciam alternativas de tratamento também eficazes. São eles: a Fluoxetina (Prozac, Daforin), a Paroxetina (Paxil) e a Sertralina (Zoloft).
Lembramos que todo o uso de medicamentos para tratamentos psiquiátricos deve ser feito com o acompanhamento de um médico, e, somente a ele cabe receitar, acompanhar e mudar o uso destes medicamentos.
Tratamento terapêutico
É reconhecido que o tratamento mais adequado é a combinação da farmacoterapia com a Terapia Cognitivo-Comportamental que, de per si, também apresenta bons resultados com os pacientes portadores do TOC. Outra grande ajuda que a Terapia Cognitivo-Comportamental dá aos portadores do TOC e aos seus familiares é auxiliá-los no conhecimento e no reconhecimento das características e sintomas do transtorno e na busca de soluções para o problema, através do uso das medicações indicadas pelo médico e a frequência às sessões de terapia.
Transtorno Obsessivo-Compulsivo de Personalidade: é um transtorno de personalidade que faz de seus portadores sejam pessoas exageradamente ordeiras e perfeccionistas, ritualistas, amantes de regras, horários, devotos ao trabalho e à religião, mas que não possuem obsessões, e não trazem prejuízos ao funcionamento pessoal dos portadores. pelo terapeuta para os pacientes exercícios de dessensibilização, de interrupção dos pensamentos repetitivos e de condicionamento aversivo. O paciente precisa estar totalmente comprometido com o tratamento, para que se obtenha bons resultados.
A combinação de ambos os tratamentos medicamentoso e terapêutico é superior ao uso isolado de cada um deles.
Para pacientes refratários aos tratamentos acima especificados, que sejam portadores de outras comorbidades como depressão, de forma grave, e que não reajam aos tratamentos convencionais, pode-se utilizar a Eletroconvulsoterapia ( ECT ou Eletrochoque).
Uso de drogas e comorbidades
Não é comum a presença de dependência química nos portadores do TOC, pois estes, especialmente, são grandes medrosos de contraírem doenças, conforme as obsessões que os dominam. Alguns portadores podem abusar algumas vezes de álcool para diminuírem sintomas de ansiedade, ou abusarem de remédios ansiolíticos, como benzodiazepínicos.
As principais comorbidades do TOC são a depressão e a ansiedade, e ambas são controladas com o uso dos mesmos medicamentos antidepressivos usados para o tratamento da depressão.
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