sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Como vencer a solidão e a depressão




Para o filósofo alemão Martin Heidegger, solidão é a condição original de todo ser humano. Filosoficamente falando, nascer é ser lançado à própria sorte. O que nos diferenciaria uns dos outros é a forma como lidamos com essa solidão: podemos senti-la como liberdade ou como abandono. Ao encarar a solidão natural como possibilidade de ser livre, assumimos a responsabilidade pelas nossas escolhas, corremos os riscos para conseguir obter o que precisamos e encontramos em nós mesmos o amparo e a segurança para os momentos difíceis. Se, por outro lado, sentimos que fomos abandonados, deixamos de lutar pelas nossas escolhas, nossa existência e colocamos no outro a responsabilidade pela nossa própria vida.

O autoconhecimento e a autoaceitação podem colocar diante de nós uma pessoa de quem tínhamos nos esquecido e que é nossa companheira em todas as aventuras que quisermos viver, nós mesmos. No momento em que descobrimos significado em simplesmente sermos quem somos, podemos nos relacionar com os outros sem o peso de esperar deles a solução para as nossas angústias. O que pode tornar nossa vida prazerosa parece vir dessa descoberta pessoal, quando ouvimos nossos desejos, respeitamos a nossa vontade, temos segurança para expressar nossos sentimentos e buscar nossos objetivos.

Quando estiver mais familiarizado consigo mesmo, e quiser agitar, não vão faltar alternativas:

•Aumente suas redes virtuais e, ao mesmo tempo, busque também encontrar pessoalmente essas pessoas da net. Talvez você não construa amizades profundas, daquelas em que os dois lados têm muitas afinidades, mas tudo bem: são as amizades superficiais que nos apresentam novas ideias, e isso amplia nossos horizontes.
•Por isso, abandone aquela sensação de que só vale a pena sair de casa para se encontrar com “grandes amigos”. Isso faz parte de uma série de comportamentos que o psicanalista Contardo Calligaris identificou como típicos da solidão urbana. Permita-se “perder tempo” com pessoas que conhece menos. Arrisque. Não adianta rezar por aventura e ter medo de um happy hour com o pessoal do escritório.
•Ter hobbies é uma maravilha. Aproveitar o tempo livre lendo um bom livro também reconforta. Cozinhar alguma coisa que você adora e organizar um belo jantar pra si mesmo pode ser gostoso. Mas tudo isso não deve se transformar em desculpa para deixar de aceitar convites. Muitas pessoas fogem da convivência social com medo de abrir mão dos hábitos solitários consolidados em anos e anos de isolamento
•Passar a vida se preparando para um grande amor não vai deixá-lo mais próximo dele. Agir assim pode simplesmente não permitir que um grande amor aconteça de fato. Para isso também vale a pena aceitar convites. Mesmo que no dia seguinte você tenha que acordar cedo. Não permita que a rotina se torne uma camisa de força para o desejo de se relacionar.
•Academias são ótimas, mas ficam melhores se forem o começo da sua “exposição” social. Correr na esteira achando que está correndo junto com o corredor da esteira seguinte é uma ilusão. Se atividades físicas o interessam, tente grupos de corrida ao ar livre. Com tanta coisa acontecendo em volta, não vai ser difícil ter assunto. Sem contar que os instrutores têm sempre muito know-how em promover momentos de socialização. Aproveite.
•Cursos relacionados a artes, cultura, música são verdadeiros catalisadores de solitários em busca de companhia. Se decidir frequentar um deles, tente ir além das perguntas básicas na hora do café. E ouça. Ter a disponibilidade de ouvir os outros faz milagres pelas relações. Afinal, essa é uma das necessidades que nos movem em direção a eles, o desejo de trocar experiências.

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