No dia 11 de outubro de 2006, a Coréia do Norte, que recentemente desenvolveu capacidade nuclear, levou sua retórica para um nível mais alto quando ameaçou atacar os Estados Unidos, que a estavam "amolando" desde que ela se declarou membro do clube ao realizar um teste nuclear que abalou o mundo inteiro. Os oficiais da Coréia do Norte estão exigindo uma reunião cara a cara com os Estados Unidos, mas eles se recusam. Ao contrário, os Estados Unidos insistem em conversas multilaterais e prevêem duras medidas repressivas se a Coréia do Norte não cooperar. E a Coréia do Norte prometeu lançar um míssil nuclear se os Estados Unidos não fizerem alguma coisa para resolver o impasse. Será, porém, que a Coréia do Norte possui os recursos para cumprir suas ameaças contra os Estados Unidos?
Na verdade, não. E, de certo modo, sim.
Na verdade, não existe evidência de que a Coréia do Norte tenha armas nucleares, apenas que possui um dispositivo nuclear. Um dispositivo capaz de realizar uma explosão nuclear é uma coisa, mas enviar essa "bomba" para um alvo específico por meio de um míssil já é uma outra história. A maioria dos especialistas acredita que a Coréia do Norte ainda não desenvolveu a tecnologia para usar sua capacidade nuclear como uma arma. Supostamente, ela poderia usar o dispositivo como uma arma jogando-o de um avião, mas os aviões são fáceis de serem abatidos antes que consigam chegar perto do alvo. A capacidade da Coréia do Norte de diminuir seu dispositivo nuclear a ponto de deixá-lo do tamanho necessário para que caiba em um míssil está praticamente fora de questão no momento.
Mesmo que a Coréia do Norte possa usar sua tecnologia nuclear como uma arma e consiga colocar uma ogiva nuclear em um míssil, a ameaça ao território norte-americano é praticamente mínima agora. A Coréia do Norte tem mísseis de longo alcance teoricamente capazes de chegar aos Estados Unidos, mas o teste dessa tecnologia no verão de 2006 foi um completo fracasso. O país lançou um míssil balístico intercontinental em direção aos estados norte-americanos do Pacífico, mas ele explodiu 40 segundos depois de ser lançado. Não se sabe ao certo se ele ia em direção ao Alasca ou ao Havaí.
Está bem claro, contudo, quem está em risco: os EUA são aliados do Japão e da Coréia do Sul. Embora existam dúvidas a respeito de os mísseis de longo alcance da Coréia do Norte poderem chegar aos Estados Unidos, sabe-se com certeza que seus mísseis de curto alcance podem atingir seus vizinhos, e os dois são bastante amigos dos Estados Unidos. O Japão e a Coréia do Sul são os alvos das ameaças da Coréia do Norte de tomar "medidas físicas" contra os Estados Unidos, sejam essas medidas convencionais ou nucleares. O exército dos Estados Unidos tem grandes instalações nesses dois países, e os analistas prevêem que um ataque nuclear contra Hong Kong poderia enfraquecer o comércio internacional dos EUA. E também existe um problema que realmente preocupa Washington: a Coréia do Norte vende suas armas para consumidores que não são aliados dos Estados Unidos. Até mesmo a menor bomba nuclear poderia provocar conseqüências desastrosas se caísse em mãos erradas. Uma das sanções que os Estados Unidos estão baixando como uma resposta ao programa nuclear da Coréia do Norte é um embargo total de suas importações e exportações.
Em resposta à ameaça contra os aliados e os interesses dos EUA, o exército norte-americano está constantemente aumentando suas forças no Pacífico. Esse posicionamento estratégico ficou bem mais complicado graças aos outros conflitos em que os EUA já estão envolvidos (Afeganistão e Iraque), e construir uma força para lidar com a ameaça da Coréia do Norte pode se tornar uma tarefa digna de Hércules. Tecnologias essenciais como os sistemas aéreos não tripulados Predator estão em falta e já estão sendo usadas em outras partes do mundo, e os Estados Unidos não têm muitas tropas para posicionar no Pacífico. Os militares americanos já têm bombardeiros da Força Aérea, porta-aviões, aviões de caça, instalações de mísseis Patriot e submarinos nucleares posicionados na área, mas fornecer tropas para um conflito de verdade pode significar esgotar os recursos de outras frentes e mais tempo de serviço para tropas que já estão atuando no Iraque ou no Afeganistão.
Mesmo que existam dúvidas em relação aos verdadeiros recursos nucleares da Coréia do Norte e apesar do arsenal de armamentos de alta tecnologia posicionado bem próximo dela, o território dos EUA não está completamente seguro. Especialistas dizem que, a menos que a Coréia do Norte seja persuadida a se desfazer do seu arsenal nuclear ou algum outro país o destrua, ela será capaz de atacar os Estados Unidos com um míssil nuclear dentro de 10 anos.
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