A vida é passageira
A vida humana é viajante do universo e do tempo, a vida começa tão rapidamente quanto termina
Dizem que o homem é o dono do universo. Há quem acredite, porém, que a vida humana seja viajante do universo. Em chinês, quando os juízes vão ao tribunal, diz-se que vão “passar pela sala”. Assim também no budismo, quando os monges vão ao refeitório fazer suas refeições, diz-se que vão “passar pela sala”.
“Passar” significa não permanecer por muito tempo – uma passagem, em um determinado momento do tempo. Assim como nossa vida neste mundo passa do nascimento à morte em apenas algumas décadas. Ao atravessar o processo de nascimento, envelhecimento, doença e morte, partimos da mesma maneira que chegamos – de mãos vazias. É certamente apropriado dizer, portanto, que a vida humana é viajante do universo.
Marcas na história
O universo é a viagem da vida humana no contrafluxo; a vida humana, por sua vez, é viajante do universo. Ao viver como viajantes, muitos deixam para trás suas marcas no universo. Ao mesmo tempo em que existem ministros leais, crianças filiais, heróis e aventureiros, há assassinos malignos, bandidos cruéis e até monstros famigerados. Uns deixam para trás cores gloriosas, enquanto outros deixam, como legado ao mundo, uma reputação vil. Observando a história, podemos julgar, a partir das ações de reis e de imperadores, estudiosos e profissionais, oficiais corruptos e piratas, a virtude e os vícios de suas criações.
Sendo a vida humana viajante do mundo, sempre há aqueles que querem deixar sua marca na história. Uns deixam amor e amizade; outros, o brilho da vida. Mas há os que vêm e vão em silêncio, sem saber por que vieram nem porque partiram. Assim como hóspedes que entram e saem de um grande hotel, será que todos têm um objetivo? Mesmo que a vida humana seja apenas viajante do universo, aqueles que são capazes de administrar o tempo sabem viver a vida de verdade. E aqueles que sabem fazer bom uso do tempo sabem lidar bem com ela.
Dor e vazio
Infelizmente, entre essas mesmas vidas viajantes, há os que apreciam a vida e lamentam sua brevidade, enquanto outros a desperdiçam e reclamam de sua extensão. A verdade é que, se realmente a conhecêssemos, nós nos daríamos conta de que, nela, há muito sofrimento. Somente quando temos o controle de nossas vidas deixamos de temer a dor e o vazio.
Na jornada da vida, alguns vivem com seriedade, enquanto outros simplesmente seguem as circunstâncias. Como disse o mestre Ch’an Wumen: “Na primavera, há flores; no outono, lua; no verão, há brisas; no inverno, neve. Quando não se tem aflição, qualquer momento é um bom momento na vida.” Seja primavera ou outono, seja tempo de nascer, envelhecer, adoecer ou morrer, a jornada da vida começa tão rapidamente quanto termina. Por isso, devemos nos indagar: “Que marcas deixaremos neste mundo, que tem uma vida muito além da nossa própria vida?”
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