domingo, 4 de maio de 2014

Homens de preto, Os verdadeiros MIB




MIB3O lançamento dos filmes Men in Black em 1997, e das seqüência Men in Black II em 2002 e Men in Black 3D de 2012 trouxeram a cultura pop a estranha, mas divertida figura dos Homens de Preto; agentes de um grupo Supra-governamental dedicado a  "Proteger a Terra da escória do Universo".  Com seus "desneuralizador" e seres intergalácticos pouco convencionais eles ganharam uma legião de fãs. Mas talvez poucos destes fãs saibam que os Homens de Preto realmente existem, pelo menos como parte de algumas teorias da conspiração bem mais antigas e certamente bem menos engraçadas.
O primeiro relato dos Homens de Preto
O mais antigo relato oficial de quem se tem notícia está em uma edição de 30 de março de 1905 do jornal Galês "Barmouth Adveriser" que trazia a história de uma moça tradicional família camponesa que por três noites seguidas recebeu a visita de um "anônimo homem de preto". As visitas aconteceram durante um caso de histeria religiosa na região envolvendo a a parição de luzes misteriosas. A figura transmitiu a ela informações que as deixou em choque, mas também com medo de contar as demais pessoas. A moça em seguida teria se reunido com as lideranças da paróquia e desde então as luzes não apareceram mais.
Conexão OVNI
Apesar do caso narrado pelo jornal Galês, e outras histórias de menor importância, a ligação dos Homens de Pretos com o fenômeno ufológico só aconteceu definitivamente em 1953. Nesta época havia um forte e influente grupo de pesquisa internacional chamado Serviço Internacional de Discos Voadores (IFSB, em inglês). Este grupo, chefiado por Albert K. Bender, se dedicava em reunir e verificar a validade dos crescentes casos de discos voadores que iam sendo relatados. Até que em 1953, sem nenhum aviso prévio, encerrou suas atividades e fechou seus contatos no mundo todo.
Na última edição da Space Review, a revista oficial da IFSBV, Bender deixou uma misteriosa declaração de que as atividades do grupo foram terminadas por "determinação superior" e também exortava  "muito cuidado às pessoas envolvidas com estudos dos discos voadores.". Pressionado por Gray Barket, um dos investigadores chefes do IFSB, Bender confessou que três homens vestidos de preto tinham ido visitá-lo com intenção clara de intimidá-lo e ameaçá-lo com o fim de fechar as portas da organização . Esta foi uma experiência tão traumática que Gray Barker ficou gravemente doente. Antes de morrer conseguiu escrever um livro assustador, talvez o primeiro sobre os Homens de Preto: They  Knew Too Much about Flying Saucers ( Eles sabiam demais sobre Discos Voadores) de 1956.
Alguns relatos de Homens de Preto
mib homens de pretoAlguns anos depois na década de 1960, a lenda dos Homens de Preto ganhou nova força com a publicação de dois livros do escritor de novayorquino John A. Keel. "UFOS: Operation Trojan Horse" e "The Mothman Prophecies". Ambos os livros relatam episódios sobre testemunhas que foram assediadas por MIB`s em diversas localidades incluindo um relato próprio que o motivou a escrever.
"Tive encontros com Cadillacs Pretos em Long Island, mas, quando eu os seguia, eles sumiam de repente mesmo em becos sem saída... Quando achei que não os perderia de vista então perdi a consciência e acordei dois dias depois retomando consciência no hospital e nunca mais vi meu carro.".
Segundo as pesquisas de Keel os homens de preto tinham interagido com diversas figuras históricas como Júlio César, Thomas Jefferson, Napoleão até o então recente Malcolm X.
Os relatos dos MIB não apareceram apenas nos livros de Keel, e nem mesmo estavam confinados apenas aos Estados Unidos. Por volta da década de 80 os casos eram tão numerosos  que chamaram a atenção do Journal of American Folklore que graças a seu editor Peter M. Rojcewicz, dedicou algumas edições especiais ao assunto relacionando-as com antigos relatos de aparições demoníacas.  Para alegria dos teóricos da conspiração, o próprio  Rojcewicz relatou mais tarde ter tido um encontro pessoal com a lenda. Em meio a uma pesquisa sobre OVNI numa biblioteca teria sido abordado por um estranho homem de terno , que não piscava e tinha um leve sotaque.  O teor  exato da conversa nunca foi divulgado por Peter.

O Modo de Agir dos Homens de Preto
Todos os relatos envolvendo os Homens de Preto  descrevem sempre um mesmo modo de agira,  como se seguisse uma espécie de protocolo simples e repetitivo.  Eles aparecem pouco antes ou pouco depois de algum evento de natureza sobrenatural ou ufológica. Se identificam como alguma autoridade local ou nacional. Fazem perguntas estranhas ou grosseiras e em alguns casos utilizam algum tipo de técnica hipnótica. Por fim partem tão inexplicavelmente quanto apareceram. Apesar de raramente serem violentos possuem um comportamento brusco como se não tivessem ou não pudessem expressar nenhum tipo de emoção.
Quem são os homens de Preto
A natureza exata dos Homens de Preto, é indefinida e por motivos óbvios alvo de muita especulação.  A maioria dos teóricos da conspiração está dividida entre dizer que os MIB são membros do governo dedicado a ocultar o fenômeno ovni ou declarar que são, eles mesmos, membros de alguma  inteligência alienígena. Entre outras teorias existentes estão a de que são seres pertencentes a uma  civilização intraterrena e a de que  trabalhem para banqueiros internacionais. Talvez eles sejam humanos, talvez já tenham sido humanos um dia. E não podemos esquecer as teorias de cunho religioso que os definem hora como anjos hora como demônios. Para o escritor o John A. Keel citado acima, Os MIB não são nem  seres humanos, nem alienígenas, mas entidades artificiais criadas com a forma humana pelos extraterrestres para diversas missões entre os humanos.

Os três tipos de fé


certezas.jpgTodas as filosofias, credos, dogmas e crenças que a humanidade desenvolveu são variantes de três grandes paradigmas; Transcendentalismo, Materialismo e Mágico. Em nenhuma cultura humana estes três modos de ver o universo foram completamente separados uns dos outros. Por exemplo, na cultura ocidental atual, o Transcendentalismo e o paradigma Mágico estão freqüentemente misturados um com o outro.
Filosofias Transcendentais são basicamente religiosas e manifestam um espectro que se estende do xamanismo, ao politeísmo, do monoteísmo judaico-cristão a sistemas teoricamente ateus como o budismo e o taoísmo. Cada uma destas crenças  acreditam que alguma forma de consciência ou espírito criou e mantêm o universo e que humanos, assim como outros organismos contêm fragmentos desta consciência além dos véus da ilusão da matéria. A essência do Transcendentalismo é a crença em seres espirituais maiores que nós. A vida na Terra é vista como meramente uma forma de diálogo entre as pessoas e esta divindade ou divindades ou uma interação com uma força superior impessoal. O mundo material  é um teatro para o espírito ou alma ou consciência. A mente é a realidade última para os transcedentalistas.
O paradigma Materialista acredita que o universo consiste fundalmentamente ou inteiramente de matéria. Energia é apenas uma forma de matéria e com ela preenche o espaço e tempo onde todas as mudanças ocorrer em bases estritas de causa e efeito. O comportamento humano é reduzido a biologia, a biologia é reduzida a química, a química é reduzida a física e a física e reduzida a matemática. Mente e consciência são eventos eletroquímicos e espírito é uma palavra sem significado objetivo. As causas de alguns eventos são obscuros por tempo indefinido, mas há uma fé intrínseca de sempre existe alguma causa material para todo evento. Todos os atos humanos são categorizados como consequências de necessidades biológicas, expressões de  comportamento condicionado ou disfunções. O objetivo do materialista que evitar o suicídio é perseguir a satisfação pessoal incluindo muitas vezes o bem estar oriundo do altruísmo.
A principal dificuldade para reconhecer e descrever um paradigma puramente mágico é a falta de vocabulário. A filosofia mágica saiu recentemente de uma forte influência da teoria transcedentalista. A palavra éter pode ser usada para descrever  a realidade fundamental do paradigma mágico. Ela é semelhante a idéia de mana usada pelo xamanismo da Oceania e também correlata ao mentalismo hermetista.  De um ponto de vista materialista, o éter é a informação que estrutura e organiza a matéria e que toda matéria é capaz de emitir ou receber.  Em termos transcedentalistas éter é a "força vital" presente em todas as coisas. Ela carrega tanto o conhecimento sobre os eventos como a capacidade de influenciar eventos similares ou relacionados. Eventos podem surgir espontaneamente  ou seguir padrões de influência no éter. Como todas as coisas possuem sua contraparte no éter, tudo pode ser considerado como sendo vivo, em certo sentido. Assim tudo acontece por magia, eventos macrocósmicos de larga escala no universo formam grandes padrões no éter que os tornam fáceis de prever, mas difíceis de influenciar por padrões etéricos menores criados pelo pensamento. Magos enxergam a si mesmos como participantes e co-criadores da natureza. Transcedentalistas se vêem como acima da natureza. Materialistas gostam de testá-la e manipulá-la.
Agora, este universo tem a propriedade peculiar de acolher e apresentar provas a favor, em confirmação de, qualquer paradigma que você escolha acreditar. Provavelmente em algum nível profundo, há alguma simetria escondida entre estas coisas que chamamos de Matéria, Éter e Espírito. De fato, é raro encontrar um indivíduo ou uma cultura que circulem exclusivamente em um único desses paradigmas e nenhum nunca é completamente ignorado. Os paradigmas não dominantes estão sempre presentes em formas de superstições e medos coletivos. A segunda parte deste artigo, sobre Aeos irá tentar desvendar as influências de cada uma dessas visões de mundo ao longo da história, para ver como eles interagem uns com os outros e para prever as tendências futuras. No meio tempo será feita uma análise dos conceitos radicalmente diferentes do tempo e do "Eu"  em cada um destes paradigmas para facilitar o entendimento das suas idéias básicas.
Tempo é concebido como tendo um começo e um fim, ambos executados pelas atividades das forças ou seres espirituais. O fim do tempo, seja numa escala pessoal ou cósmica não é considerado como o fim da existência, mas como uma mudança para um estado espiritual. O início do tempo, tanto em escalas humanas como cósmicas é igualmente considerado como um ato criativo da realidade espiritual. A atividade reprodutiva é fortemente controlada e coberta por tabus e restrições em culturas religiosas, pois implica na usurpação de poderes próprios da divindade. A reprodução também implica em uma certa superação da morte e portanto adiamento do culminar espiritual. Algumas vezes este respeito pelo poder criativo da divindade e desprezo pela morte resulta em um sacerdócio celibatário ou estéril.
Transcendentalistas entendem o tempo em termos milenaristas e apocalípticos. Normalmente, esta concepção é usada para provocar revivamentos quando os negócios vão mal ou a preguiça se transforma em tédio. Assim, derrepente, é revelado a alguém que estamos vivendo os últimos dias ou que alguma disputa territorial é na verdade uma batalha titânica contra agentes espirituais maléficos.
O tempo materialista é linear, mas ilimitado. Idealmente pode ser estendido arbitrariamente para o passado ou futuro a partir do presente. Para o materialista é evidentemente inútil especular sobre o princípio ou o fim do tempo. Da mesma forma, materialistas olham com desprezo qualquer especulação de existência pessoal antes do nascimento ou depois da morte. O materialista pode temer uma morte dolorosa ou prematura mas não está particularmente assustado sobre a morte em si.
A visão mágica tem o tempo como cíclico e que todos os processos são reincidências. Mesmo ciclos que parecem ter começo e fim na verdade, são peças de ciclos maiores. Assim, todos os finais são começos e o fim do tempo é sinônimo de início de tempo em outro universo. A visão mágica de que tudo é recorre é refletida na doutrina da reencarnação. A idéia atraente da reencarnação muitas vezes persistiu até ao paradigma religioso pagão e a algumas tradições monoteístas. No entanto teorias religiosas, invariavelmente, contaminam a idéia original com crenças sobre a alma pessoal. Do ponto de vista estritamente mágico somos um acúmulo de impressões mais do que uma unidade essencial. A psique não tem um centro especial, segundo o paradigma mágico somos colônias de uma rica colagem de muitos eus. Assim como nossos corpos contém fragmentos de inúmeros seres antigos, o mesmo ocorre com nossa psique. Embora isso seja encarado com naturalidade na maioria das vezes, existem certas tradições mágicas com técnicas para transferir e salvar grandes porções da psique do adepto por considerar isto um fim mais útil do que a dispersão da mesma por toda a humanidade.
Cada um destes paradigmas têm uma visão diferente do Eu. Transcendentalistas o vêem como um espírito inserido na matéria. Como um fragmento ou criação da divindade colocada no mundo de uma forma não-arbitrária e dotada de livre-arbítrio. A visão transcendental de si mesmo é relativamente estável  não-problemática se compartilhada como um consenso com as outras pessoas. No entanto, as várias teorias transcendentais sobre o lugar e propósito de si mesmo e sua relação com as divindades são mutuamente exclusivas. O conflito de visões transcedentalistas raramente podem co-existir sem causar desconforto com as imagens do Eu. Conflitos que não sejam decisivos tendem a ser mutuamente negados no longo prazo.
Das três visões do Eu, a puramente materialista é a mais problemática. A mente é uma extensão da matéria e deve obedecer as leis da matéria e um resultado determinístico conflita a todo instante com a experiência subjetiva do livre-arbítrio. Por outro lado se a mente e a consciência são qualitativamente diferentes da matéria, então o Eu se torna inatingível aos termos materialistas. Ainda pior, o materialista deve conceber a si mesmo com um fenômeno temporário em contradição com a constante experiência subjetiva de continuidade da consciência. Porque a visão puramente materialista é tão austera poucas pessoas estão preparadas para este crú existencialismo. Desta forma as culturas materialistas exibem um franco apetite pela sensação, identificação e crenças irracionais descartáveis. Qualquer um destes escapes pode tornar a visão materialista do Eu mais suportável.
A visão mágica do Eu é que ele se baseia no caos aleatório mesmo que faz o universo existir e se comportar como se comporta. A Eu mágico não tem um centro, não é uma unidade, mas um conjunto de peças, e qualquer número delas podem temporariamente se unir para chamarem-se de 'Eu'. Isto concorda com a observação de que nossa experiência subjetiva consiste de nossos vários eus experimentando uns aos outros. O livre-arbítrio surge tanto como um resultado de um litígio entre os nossos diversos eus como também como uma súbita criação aleatória de uma nova idéia ou opção. Na visão mágica de Eu não há a divisão espírito/matéria ou mente/corpo e os paradoxos do livre-arbítrio e determinismo desaparecem. Alguns dos nossos atos resultam de escolhas aleatórias entre as opções condicionadas e alguns de escolhas condicionadas entre as opções aleatórias. Na prática, a maioria dos nossos atos são baseados em complexas seqüências hierárquicas desses mecanismos. Sempre que um de nossos eus proclama 'Eu fiz isso! " alto o bastante a maioria dos outros eus acaba achando que eles fizeram isso também.
Cada um dos três pontos de vistas do Eu tem algo de depreciativo a dizer sobre os outros dois. Do ponto de vista do eu transcendental a eu materialista é prisioneiro do orgulho do intelecto, é a arrogância do demônio ao mesmo tempo que a visão mágica do Eu é também considerada demoníaca. A visão do Eu material enxerga o transcendentalista como um obcecado por suposições sem fundamento da realidade, e o Eu mágico como sendo infantil e incoerente. Do ponto de vista da Eu mágico, os transcendentalistas atribuem uma importância muito exageradas a alguns dos eus que eles chamam de Deus ou deuses, ao mesmo tempo o materialista se limita ao subordinar todos os seus eus ao Eu racionalista. Em última análise é uma questão de fé e de bom gosto. O transcedentalista tem fé em seu próprio Deus, o materialista tem fé em seu próprio raciocínio e os eus do mago tem fé uns nos outros. Naturalmente, todas estas formas de fé estão sujeitas a seus próprios períodos de dúvida

Reflexão sobre a Existência, a Vida e a Morte.

 
Os antropólogos consideram a crença na vida após a morte um marco significativo no processo de humanização das espécies antropóides. Evidência dessa crença é a adoção dos ritos funerários, que remontam ao longínquo neolítico [no mínimo, cem mil anos antes da era atual] e revelam um avanço do pensamento subjetivo, porque a despeito do mutismo inerte do cadáver o homem primitivo desconfia que a morte não é o fim.
 
Por isso se ocupa com as sepulturas. Suspeita que, de algum modo, a vida continua e aquele que aparentemente não existe mais está em algum lugar vivendo uma vida que a imaginação simplória supõe guardar algo de semelhante com a vida corpórea que se extinguiu. Grande parte dos cuidados com o morto consiste em fornecer suprimentos e objetos capazes de satisfazer as necessidades no Além-túmulo.
 
O fantasma tem sentimentos e carências. Quer consideração com seus restos mortais, deseja, ainda, desfrutar dos sabores e aromas dos alimentos, do conforto das vestes, da beleza dos adornos, da proteção dos amuletos. Está ligado ao corpo até que ele se decomponha; a libertação só vem depois que a carne se desfez e restaram somente os ossos. Estas crenças, tão comuns entre povos antigos e, ainda hoje, entre aborígenes da Oceania e África, entre indígenas das Américas, mostram que mesmo no pensamento supersticioso existe uma convergência com as filosofias mais elaboradas, tradicionais ou contemporâneas, sobre o post-mortem. O entendimento de que o fantasma, embora pertença à dimensão do metafísico, é uma entidade ainda apegada às experiências do físico.
 
O mundo é mesmo assombrado. Vivemos rodeados de espíritos, dizem os discípulos de Alan Kardec. Vivemos em meio aos cascões, dizem os teósofos e os magos. A legião dos fantasmas é composta por uma maioria de seres atormentados pelo inconformismo. Seres que não aceitam o fim desta vida. Antes de serem insatisfeitos com a morte, foram e são insatisfeitos com a vida: ou viveram mal, ou morreram mal ou ambas as coisas.
 
A legião dos fantasmas é composta por uma maioria de seres atormentados que não aceitam o "ter de se retirar" desta vida.  Para os Espíritas, o fantasma é um ente aprisionado ao mundo terreno que não percebe o significado de continuar existindo não obstante o colapso do sistema orgânico. Não se dá conta de que "aquela vida" era apenas "uma vida", temporária, piscar de olhos na eternidade da verdadeira vida que é a EXISTÊNCIA, este fato que transcende a mísera experiência de uma só biografia.
 
Os fantasmas kardecistas, em sua revolta, não passam de acomodados: demasiado acostumados a PERSONALIDADE terrena não dimensionam a grandeza da INDIVIDUALIDADE cósmica. Querem continuar sendo "aquela" pessoa, naquele lugar, naquela situação ad infinitum. Não compreendem a liberdade implícita em sua condição de Ser Espírito, desonerado dos condicionamentos da encarnação que os submete à fraqueza e inevitável deterioração do corpo físico; encarnação que os esmaga nos longos dias mundanos com os terrores das obrigações que, estas sim, tal como fantasmas intangíveis, assombram a Humanidade; porque são fantasmas  e são a fantasmas porque assombram e tiram o sono dos mortais: a miséria, a violência, a corrupção, o relógio, o calendário, as convenções sociais e toda as maldades de que o bicho-homem é capaz.
 
Para os Teósofos e outros Ocultistas, fantasmas são corpos astrais constituídos de restos; restos da memória, pensamento densificado feito de sensações e emoções apaixonadas de alguém que desencarnou. O verdadeiro Espírito já se foi em seu veículo próprio [buddhi dos budistas ou o perispírito dos kardecistas] para habitar outras dimensões, para continuar existindo em outro estado de Ser. Ficou o cascão, sombra entre os vivos, resíduo, o lixo da personalidade que mais cedo ou mais tarde desintegrar-se-á perdendo substância pouco a pouco até desaparecer. Dependendo da densidade do cascão [ou densidade da memória astral] a desintegração pode demorar poucos dias ou se prolongar durante séculos. Estes, os cascões, não devem ser evocados, porque isso lhes dá força vital para continuarem existindo. Não é preciso temê-los, pois nada aproveitam de quem não tem afinidade com suas inclinações. Os fantasmas, não é preciso escutá-los ou servi-los, porque é direito de todos os vivos não serem importunados pelas sombras destes cascões, que são os únicos e verdadeiros mortos.
 
 
BOA MORTE! MORTE BOA...

Como última reflexão, note-se que muito se fala, se escreve e se filma sobre fantasmas. Seria necessário um grosso volume encadernado para conter uma monografia que apresentasse um panorama geral porém completo sobre o espaço ocupado pelos fantasmas nas culturas de todos os países do mundo e ao longo da história. Muita gente gosta de histórias de fantasmas; poucos gostariam de encontrar um... Fantasmas inspiram medo; o mesmo medo que se tem dos bandidos. Porque é um princípio firmado da sabedoria popular mundial o fato de que os fantasmas são mantidos, movidos alimentados e fortalecidos pelas paixões violentas que mantêm agregada a matéria que os constitui.
 
Curiosamente, o maior temor das pessoas se concentra no evento de encontrar uma assombração. Poucos se inquietam com a possibilidade de VIRAR fantasma, uma fatalidade nem um pouco impossível quando o Humanidade é, na prática, extremamente materialista e imediatista. Estudando as características destes "mortos que não têm descanso", deveriam os vivos cuidar de evitar aquelas situações que que fazem do vivo de hoje, assombração amanhã.
 
Não importa o que diga o Hedonismo* míope, que não distingue prazer de psicopatia compulsiva... Bom para a alma, durante sua experiência em suporte físico humano, é seguir os Dez mandamentos da Lei Mosaica interpretadas à luz do cristianismo-budista: não matar, não se matar, não roubar, não cobiçar especialmente o que é dos outros  [xô! olho grande!], não mentir... além do estritamente necessário, sociável e caridoso, "guardar domingos e festas"... ou seja, não abusar do corpo entre glutonarias, bebedeiras e outros vícios.
 
Porque se o espírito e/ou alguma outra alguma coisa sobrevive à falência do homem físico e que essa coisa ou o próprio indivíduo se torne uma assombração é um distúrbio comportamental [do fantasma], é uma falta do que fazer, carência de humor e espírito esportivo, uma escassez de imaginação para quem tem todos os mistérios do Universo e do Ser para explorar, é a ignorância flertando com a lama densa da burrice. Pois de tudo o que se sabe sobre almas penadas, fica a lição inquestionável do consenso popular e acadêmico: ter uma vida boa é a condição fundamental para morrer uma morte boa.
 
* Hedonismo: (do grego hēdonē que significa prazer) é uma teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma ser o prazer individual e imediato o supremo bem da vida humana.

Fantasmas Conteporâneos


O presente está repleto de fantasmas do passado habitando velhas casas, cemitérios, teatros. Uma alma penada pode passar centenas de anos sem descanso em um apego psicótico pelos lugares onde viveu, sofreu, foi feliz e morreu. Pode-se ponderar que é tempo demais para um espírito continuar preso às afeições e paixões de uma vida que, definitivamente, não vai recuperar jamais. Todavia, o que é o tempo para quem tem a eternidade? Isso não significa que mortos mais recentes não se convertam em fantasmas. As tragédias continuam a acontecer e muitas almas têm-se se convertido em assombrações contemporâneas, como os artistas de Hollywood comentados nesta reportagem. No Brasil e no mundo, uma nova geração de fantasmas vai fazendo a história das aparições.
Em São Paulo, o roteiro turístico programa visitas a lugares assombrados da metrópole: o Castelinho da Rua Apa, no bairro de Santa Cecília, palco de misterioso crime ocorrido em 12 de maio de 1937 onde morreram a tiros todos os membros de uma rica família: Dona Maria Cândida Guimarães dos Reis e seus dois filhos Álvaro e Armando Reis. A polícia encontrou os corpos estendidos entre o escritório e a sala. Uma pistola < 9mm estava pródio; aventa-se um disparo ocasional e fatal desencadeando a tragédia. É um mistério e a casa ficou com a fama de assombrada.
No edifício Joelma, cenário de famoso incêndio cujas cenas de horror, pessoas se atirando pelas janelas, foram transmitidas pela TV em 1974. Treze pessoas morreram dentro de um elevador. Hoje são protagonistas da lenda: o "mistério das 13 almas" às quais são atribuídos até milagres. Dizem que o lugar já era amaldiçoado desde a década de 1950, quando ali se erguia a estalagem do Bexiga e aconteceu um crime que chocou a cidade: um rapaz matou a mãe e a irmã e jogou-as num poço. O assassino se suicidou.
Também estão no roteiro paulistano: a Casa de Dona Yayá, ou Sebastiana de Mello Freire, no Centro, que tinha problemas mentais, vivia isolada de tudo e de todos e morreu em 1961; a Capela dos Aflitos, no bairro da Liberdade onde os escravos eram enforcados; ainda na Liberdade, a Igreja Santa Cruz das Almas, testemunha do enforcamento do soldado Francisco José das Chagas que precisou de três tentativas do carrasco para morrer; o Palácio da Justiça, onde os injustiçados choram e reclamam das penas que lhes foram impostas em vida; o edifício Martinelli, assombrado por uma loira e a Câmara dos vereadores, com fama de estar repleta de espíritos.
No Rio de Janeiro, são tidos como assombrados: o Paço Imperial em Petrópolis, onde vagueia o saudosista de D. Pedro II; a Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói, que foi presídio até 1964; o Museu Histórico Nacional, antigo Arsenal da Marinha que abrigou a cela onde Tiradentes foi esquartejado; a Câmara dos Vereadores onde, no século XVIII [anos 1700] havia ruínas de uma capela na qual foram realizados cultos satânicos e, ainda, o Teatro Municipal, morada do espírito do operador de cenários João Batista de Carvalho e de uma cantora não identificada; o Mosteiro de São Bento, o Museu Histórico Nacional. Na Fundação Oswaldo Cruz, em Manguinhos, o fantasma do epidemiologista folheia os livros na biblioteca e no antigo prédio do DOPs ainda ecoam os gritos daqueles que ali morreram torturados nos anos da Ditadura.
Em 1972, o vôo 401 da Eastern Airlines caiu na Flórida matando os 100 passageiros e membros da tripulação, como o capitão Bob Loft, o engenheiro de vôo Dan Repo. Para reduzir o prejuízo, a companhia recuperou partes da aeronave e as utilizou em um L-1011 Jumbo Jet. O avião que recebeu as peças tornou-se assombrado: Loft e Repo apareciam operando o painel de controle, advertindo sobre problemas técnicos, checando a segurança dos viajantes e dos circuitos elétrico e hidráulico. O capitão era visto na primeira classe dando instruções sobre o uso dos cintos de segurança e proibição de fumar. O empresa teve de remover as peças...
Em Hollywood, o fantasma de um menino estreou oficialmente a assombração cinematográfica aparecendo em uma cena de Três Homens e um Bebê [1987], caso que ganhou ampla divulgação na internet. Na Tailândia, a tsunami que assolou o país em 2004 produziu uma legião de almas penadas: mais de 125 mil pessoas morreram. Uma turista grita nos escombros de um hotel, telefones assombrados tocam e transmitem o horror dos espíritos ardendo coletivamente nas chamas do crematório. Espectros vagueiam vestidos de branco deslizando em direção ao mar.Os monges budistas cuidam de apaziguar estes desencarnados oferecendo orações e alimentos, e como muitos são estrangeiros, as pizzas fazem parte do cardápio dos fantasmas. Os muçulmanos acreditam que eles jamais encontrarão descanso porque não foram enterrados apropriadamente, voltados para Meca.
Na China e na Malásia, mulheres ainda são compradas vivas [não por muito tempo...] ou mortas para se tornarem noivas-fantasma dos igualmente fantasmas de rapazes que morreram solteiros; o casamento dos espíritos chama-se minghun e a prática tem sido reprimida pela polícia. No Iraque, Saddam Hussein faz suas aparições em restaurantes e mercados de Bagdá. Em janeiro deste ano [2008], o fantasma de Adolf Hitler foi acusado de continuar a perseguir judeus até no espaço. Uma medium da pequena cidade de Palestine, Texas ─ EUA, tem estado em contato com o fantasma da vítima: ele, também famoso, foi o astronauta da NASA, nascido em Israel, o primeiro judeu a ser lançado no espaço. Por pouco tempo... Ilan Ramon era um dos tripulantes no acidente da Space Shuttle Columbia [ônibus espacial]. 
O Columbia foi lançado pela primeira vez em 1981. Em 2003 realizou sua última missão depois de passar 16 dias no espaço. Em seu retorno, quando entrava na atmosfera da Terra, a nave sofreu o acidente que pôs fim à vida dos sete astronautas à bordo.Ramon tem aterrorizado cidadãos de Palestine desde que morreu e afirma que Hitler ou, o espírito de Hitler, sabotou a nave para matá-lo. Confuso, o fantasma pensa que está na Palestina do Oriente Médio e aterroriza moradores negros do lugar em busca de vingança, porque considera os Palestinos tão inimigos quanto os nazistas. Sua mãe e sua avó sobreviveram a Auschwitz. Sobre Hitler, Ramon disse à clarividente Zelda Barrons: "Ele está aqui e ele é uma entidade terrível, um demônio".

domingo, 20 de abril de 2014

Brasil é 11º país mais mortal para jornalistas

 
Jornalistas em homenagem a Santiago Andrade (AP)
Jornalistas em homenagem a Santiago Andrade, morto durante cobertura de protestos
O cinegrafista Santiago Andrade, de 49 anos, registrava um confronto entre policiais e manifestantes em um protesto no Rio de Janeiro em fevereiro deste ano quando foi atingido na cabeça por um explosivo.
Ele foi levado para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
 
A morte de Andrade durante o exercício de sua profissão contribuiu para um triste índice brasileiro: O país é atualmente o 11º país mais perigoso do mundo para se exercer o jornalismo, segundo o "Índice de Impunidade", Clique publicado anualmente pelo Comitê de Proteção a Jornalistas.
A maioria dos jornalistas mortos trabalhava para veículos impressos (48%) e cobria casos de corrupção (59%). Todos eram homens.
A organização sem fins lucrativos monitora a violência contra esses profissionais por meio de seu ranking anual publicado desde 2008.

Represália

Entre 1994 e 2014, foram contabilizadas 29 mortes de jornalistas brasileiros. Eles morreram por ações de represália a seu trabalho ou em situações de combate ou conflito.
Em outros nove casos, o motivo da morte não pôde ser determinado e, por isso, eles não foram contabilizados no índice.
Em 93% das mortes registradas, os jornalistas foram assassinados.
Autoridades do governo foram consideradas responsáveis pelos disparos de armas de fogo em 56% das mortes. Os tiros partiram de criminosos em 33% dos casos.

Os dez países mais perigosos para jornalistas

  1. Iraque: 164 mortes
  2. Filipinas: 76 mortes
  3. Síria: 63 mortes
  4. Algéria: 60 mortes
  5. Rússia: 56 mortes
  6. Paquistão: 54 mortes
  7. Somália: 52 mortes
  8. Colômbia: 45 mortes
  9. Índia: 32 mortes
  10. México: 30 mortes
* Entre 1992 e 2014

Fonte: CPJ
A taxa brasileira foi a terceira mais alta da América Latina, onde a Colômbia é líder, com 45 mortes, seguida pelo México, com 30.

Líderes

O Iraque é de longe o país com mais mortes no ranking do comitê, num total de 164. Num distante segundo lugar estão as Filipinas, com 76 mortes. A Síria vem logo atrás, com 63.
"Esse índice mede como os países lidam com a violência contra a imprensa", afirmou o comitê no anúncio dos resultados atualizados de 2014. "No Iraque, uma centena de jornalistas foi morta na última década e ninguém foi punido."
No caso do Brasil, 70% das mortes seguem impunes, enquanto em 19% dos casos os culpados foram punidos parcialmente. O comitê avaliou que somente em 15% das mortes a justiça se fez por completo.
Por enquanto, o caso de Andrade continua em andamento. Fábio Raposo Barbosa e Caio Silva de Souza, acusados pelo Ministério Público de provocar a morte do cinegrafista, estão presos no Complexo Penitenciário de Jericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, enquanto aguardam julgamento.

Greves: O Brasil pode parar durante a Copa

 
Força Nacional na Bahia. AFP
A greve dos policiais da Bahia é apenas uma das paralisações no período pré-Copa
Diante de uma série de assembleias e ameaças de paralisação, marchas por reajustes e trabalhadores de setores importantes já de braços cruzados, a proximidade do torneio da Fifa e exemplos de eventos em outros países levantam a questão: As greves podem parar o Brasil durante a Copa?
Para especialistas ouvidos pela BBC Brasil o momento atual é propício ao surgimento de mais movimentos de paralisação em todo o país, devido a um “coquetel explosivo” que inclui perdas salariais, cenário econômico desfavorável, o estímulo da ida às ruas, a Copa do Mundo dentro de dois meses e a realização de eleições presidenciais em seis meses.
Mas eles acreditam que acordos com trabalhadores e servidores de segmentos cruciais como transportes e segurança devem impedir um travamento total do país durante o megaevento – cenário considerado como um “exagero”.
“O Brasil está num momento econômico delicado, mas permanecemos num discurso de crescimento e desenvolvimento, e estamos sediando grandes eventos internacionais. É natural que os trabalhadores queiram uma parte disso. Estamos em ano eleitoral, há tensões inflacionárias e houve perdas salariais, então é natural que haja toda essa movimentação”, acredita Adílson Marques Gennari, professor de Ciências Econômicas da Unesp.
“A Copa não criou essa conjuntura econômica. Acho um exagero dizer que haverá um levante total dos trabalhadores para bloquear a realização da Copa. Agora é claro que é um combustível, um ingrediente que potencializou tudo isso”, acrescenta.

Reta final

Nas Olimpíadas de Londres, em 2012, os motoristas de ônibus da capital britânica entraram em greve pouco antes da abertura dos Jogos, até conseguirem um bônus pelo trabalho extra durante o evento. Já na Copa da África do Sul, em 2010, milhares de trabalhadores dos mais variados setores interromperam suas atividades antes e durante o torneio, e muitos fizeram críticas pelos baixos salários e más condições dos contratos temporários.
O país africano não “parou”, mas houve tumulto e a necessidade de soluções emergenciais em mais de uma ocasião. No jogo entre Itália e Paraguai, por exemplo, no dia 10 de junho, na Cidade do Cabo, os “stewards”, vigilantes que deveriam fazer a segurança do estádio, cruzaram os braços e protestaram, e mais de mil cadetes policiais em treinamento foram enviados ao local para substituí-los.
No Brasil, o que se vê nesta reta final para a Copa em diferentes pontos do país é uma onda de greves e discussões sobre o uso de diferentes estratégias para aumentar a pressão sobre empresas e o governo. Há setores já paralisados, há os que fazem ameaças e ainda os que deram início a interrupções intermitentes, sinalizando que uma falta de acordo incorrerá em paralisação indeterminada após o torneio.
Em Brasília, os metroviários estão paralisados desde o dia 4; em Salvador, a Polícia Militar interrompeu o trabalho na última terça-feira; e na semana passada mais de 9 mil trabalhadores saíram em marcha no centro de São Paulo demandando redução da jornada de trabalho, melhorias e reajustes.

Oportunismo x demandas

As centrais sindicais negam “oportunismo” com a Copa e explicam que diversas categorias têm suas datas-base (período de vencimento das convenções coletivas, quando os aumentos anuais são negociados) nos próximos meses, o que aumenta a probabilidade de greves.
Entre elas estão trabalhadores dos setores de gastronomia, hotelaria e turismo, construção, vigilantes, além de vários ligados ao transporte (metroviários, rodoviários, aeroviários, aeronautas, motoristas e cobradores de ônibus, taxistas e motoboys).
Greve no Rio
Centrais sindicais negam “oportunismo” e alegam ter suas datas-base nesse período
“A greve não é um aproveitamento da situação. Trata-se de um instrumento para ser usado em última instância. Muitos vêm negociando há algum tempo”, diz Mauro Ramos, da UGT (União Geral dos Trabalhadores), que reúne 623 sindicatos e mais de 5 milhões de trabalhadores em todo o país.
Para Alci Araújo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio e Serviços da CUT (Central Única dos Trabalhadores), o objetivo não é atingir a Copa.
“As mobilzações podem ocorrer, sim, se os direitos forem desrespeitados. Não queremos atrapalhar o desenvolvimento do país, não somos baderneiros, e não estamos movimentando nenhum processo para prejudicar a Copa. Queremos que nossas demandas sejam atendidas, e que o legado inclua melhores condições de trabalho para o nosso setor”, diz.
Pedro Trengrouse, professor da FGV e consultor da ONU/PNUD para a Copa, diz que “existe realmente um componente de oportunismo, sim, mas que não é determinante, porque cada greve e protesto têm suas peculiaridades e intensidades diferentes”.

Setores cruciais

Elementos-chave para a Copa, quatro categorias também se posicionaram nos últimos dias. A Polícia Federal vai interromper o trabalho por 24 horas no dia 23 de abril, e adianta que pode parar 70% de seu efetivo em todo o território nacional durante o evento; os aeroviários e aeronautas estudam paralisações nos aeroportos de todo o país e os vigilantes tiveram reunião com a Fifa, em Brasília, na terça-feira, para exigir melhores condições e salários maiores.
No Rio, o sindicato dos vigilantes se antecipou e fez reunião na segunda-feira. Foram anunciadas “paralisações relâmpago” no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), no Aeroporto Santos Dumont e no Maracanã entre os dias 16 e 23 deste mês. Além disso, bancos, shopping centers e postos de saúde também poderão ficar sem segurança.
O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Jones Borges Leal, explica que a categoria deve entrar em greve às vésperas da Copa, mas que 30% do pessoal seguirá trabalhando, sobretudo os agentes de controle de passaporte nos terminais aéreos internacionais.
“Na verdade os aeroportos já funcionam hoje com efetivo irrisório. Não é a intenção fazer isso (interromper totalmente o serviço). Já fomos 15 mil e hoje somos apenas 10 mil policiais federais em todo o país”, explica, acrescentando que os servidores estão há sete anos sem aumento salarial.
Já o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Marcos José Moraes, diz que a perspectiva é de 99% de chances de greve. “Já reduzimos nossa demanda de 12% de reajuste salarial para 8%, mas as empresas só querem dar a recuperação do IPC, de 5,6%”, diz.
Ele adianta que um aeroporto fica impossibilitado de operar sem os aeroviários, responsáveis pelo check-in, bagagens e movimentação de aeronaves em solo.
Os aeronautas (comissários de bordo, comandantes, copilotos e engenheiros de voo) também já se mobilizam. Na quinta-feira, os funcionários da TAM se reuniram em quatro cidades (São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro), para estudar demandas e possibilidade de greve. Só na capital paulista mais de mil tripulantes aderiram ao movimento.

Sangue Artificial deve começar a ser testado em humanos até 2016


 

Banco de sangue | Crédito: BBC
Consórcio de universidades e órgãos do governo britânico está por trás de iniciativa, que poderá elevar estoque para transfusões
Cientistas britânicos querem começar a testar sangue artificial pela primeira vez em humanos nos próximos três anos.
Eles planejam iniciar a primeira fase de testes com voluntários no final de 2016 ou no início de 2017.
 
Por trás da iniciativa está um consórcio de universidades e órgãos do governo do Reino Unido que já vem produzindo células sanguíneas a partir de células-tronco.
As células-tronco são aquelas capazes de se transformar em qualquer outra célula do corpo humano. Muitos estudiosos apostam nelas como a chave para a cura de inúmeras doenças.
Cultivadas em laboratório, as células sanguíneas poderiam ser, assim, usadas para transfusões, evitando uma série de problemas comumente observados nesse processo, como o risco de transmissão de infecções, a incompatibilidade com o sistema imunológico do receptor e a possibilidade de excesso de ferro no sangue do doador.
Além disso, se for bem sucedido, o projeto permitirá aumentar a oferta de sangue disponível para transfusões.
Muitos países do mundo, como o Brasil, sofrem com o estoque dos bancos de sangue, que, alimentados por doações públicas, são insuficientes para atender a crescente demanda pelo material.
Segundo os envolvidos na pesquisa, o uso de células sanguíneas cultivadas em laboratório também apresentaria uma vantagem clínica em relação ao sangue colhido de doadores.
Isso porque, de acordo com os cientistas, as células produzidas artificialmente são mais novas e têm maior longevidade.
"Produzir uma terapia celular que leve em conta a escala, a qualidade e a segurança exigidas para testes clínicos em humanos é um desafio muito grande. Mas se tivermos êxito, poderemos garantir a populações de diferentes países o benefício dessas transfusões de sangue", afirmou Marc Turner, professor da Universidade de Edimburgo, na Escócia, e responsável pelo projeto.
"Os testes que faremos também fornecerão informação de valor a outros pesquisadores no desenvolvimento de terapias celulares", acrescentou.

Técnica

Turner e sua equipe usaram uma técnica que cria células do sangue a partir de células-tronco pluripotentes induzidas, também conhecidas como células iPS ou iPSCs.
Por esse artíficio, as células doadoras são isoladas e cultivadas. Posteriormente, transferem-se para elas os genes das células-tronco associadas por meio de vetores virais.
Ao final do processo, as células-tronco pluripotentes induzidas são estimuladas por uma substância química para se transformar em células do sangue do tipo O, raro e universal.
Segundo Turner, é provável que os testes sejam feitos em três pacientes com talassemia, uma doença que acomete o sangue e exige transfusões contínuas.
O comportamento das células sanguíneas produzidas artificialmente será monitorado durante os testes, acrescentou o pesquisador.
Ele, no entanto, ressalva que ainda há um longo caminho a percorrer para produzir sangue artificial em escala "industrial".
Atualmente, o custo para uma única transfusão de sangue é de 120 libras no Reino Unido, ou R$ 360.
Para Turner, se os testes forem eficazes, esses custos poderão ser reduzidos substancialmente no futuro.