domingo, 11 de março de 2012

Maçonaria eclética

De vez em quando você pode se deparar com alguns maçons incomodados com a variedade de ritos na Maçonaria, argumentando que os "Altos Graus" se distanciam da maçonaria operativa e crentes que os vários ritos mais dividem do que unem os obreiros da Arte Real. Ou talvez você mesmo pense assim. Saiba que esse incômodo não é coisa nova na Maçonaria, e já até originou Ritos e Obediências. A Maçonaria Eclética, que também ficou conhecida como União Eclética, teve início como uma espécie de confederação de algumas Lojas alemãs. Essa união de Lojas se baseava no desejo de praticar um sistema mais puro de Maçonaria, mais próximo das antigas práticas da Maçonaria Operativa, ou seja, sem as influências de Cabala, Alquimia, Astrologia, Hermetismo, Cavalaria, Teosofia ou outras ciências ocultas e religiões que os diversos ritos do século XVIII na Europa apresentavam.

A União Eclética teve início em 1779 sob a liderança do Barão Von Ditfurth, que havia sido um importante adepto do Rito da Estrita Observância, o qual estava em decadência por conta da indevida influência da cavalaria nos graus simbólicos e de sua “liderança oculta”. Desse movimento eclético, concentrado em Frankfurt, surgiu o Rito Eclético, composto por apenas os três graus simbólicos de Aprendiz, Companheiro e Mestre.

Em 1783 duas “pequenas Grandes Lojas” adotaram o Rito Eclético: Grande Loja de Frankfurt am Main, e Grande Loja de Wetzlar. Elas enviaram uma carta a todas as Lojas da Alemanha convidando-as para se aliarem à União Eclética e assim praticarem a legítima Arte Real. Algumas Lojas atenderam o chamado, o que serviu de base para a fundação, em 1823, da “Grande Loja Mãe da Eclética União”, a qual, obviamente, somente reconhecia o Rito Eclético. Porém, essa receita de simplicidade não encontrou muitos adeptos ao longo dos anos: a Grande Loja da Eclética União nunca passou da casa dos 20 em número de Lojas.

Já a Maçonaria de Hamburgo nutria da mesma insatisfação com o Rito da Estrita Observância e o mesmo desejo pela prática de uma Maçonaria mais “pura”, mas de uma certa forma optou por trilhar o seu próprio caminho, adotando o Rito Schroeder em 1801. Pelo tamanho e importância de Hamburgo no cenário alemão, o Rito Schroeder obteve mais êxito.

Tais fatos evidenciam mais uma vez que, durante o século XVIII e início do século XIX, os maçons europeus, em vez de se submeterem à Maçonaria, submetiam-na a si mesmos.

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