Empresa proprietária do microblog prepara uma ferramenta que permitirá a medição da audiência de cada perfil da rede
Quando o Twitter foi criado, há quatro anos, ninguém imaginava que ele faria tamanho sucesso. Das cerca de 500 mil contas iniciais, a rede passou a ter aproximadamente 145 milhões de usuários, segundo o mais recente levantamento. Toda essa adesão despertou o interesse de empresas e hoje o microblog é considerado a menina dos olhos do marketing digital. Agora, o próprio Twitter está atento a isso e planeja o lançamento de uma ferramenta que medirá a audiência nas contas da rede. O serviço, parecido com o Google Analytics, ainda não tem data para chegar a todos os internautas, mas já está sendo testado por seletos tuiteiros.
“Demos a um pequeno grupo do Twitter acesso a um painel de análise simples e direta, como parte de um teste alpha. Queremos dar uma visão de como esses usuários podem deixar seus tuítes mais atraentes”, contou ao Correio, por e-mail, Jolanta Twarowska, da equipe de comunicação da companhia. “Há uma demanda corporativa forte por melhores ferramentas de acompanhamento e análise e nós queremos ajudar os desenvolvedores a aproveitar essa grande oportunidade”, disse.
Até agora, todos os mecanismos de verificação de audiência no microblog foram criados por outras empresas. O trst.me, por exemplo, do site de pesquisas Infochimps, oferece um ranking mundial dos tuiteiros mais influentes. Também é possível saber, em uma escala de 1 a 10, qual é o grau do alcance de sua conta. O apresentador Luciano Huck, um dos tuiteiros mais ativos do país, ficou com 7,6, segundo o trst.me, que lança mão de um recurso similar ao que o Google usa para classificar os resultados de buscas.
Sem se levar tão a sério, o site TweetValue avalia quanto vale, em dólares, o seu perfil no microblog. “Esse serviço foi criado pelo empresário sueco Jonas Lejon. O valor é calculado com um algoritmo que se baseia na informação pública disponível no seu perfil do Twitter. Na verdade, não”, avisa o about do site — deixando claro que é tudo uma grande brincadeira. Mas vale pela brincadeira. A página mais bem cotada é a da cantora Lady Gaga, que vale US$ 104 mil. Ivete Sangalo conseguiu alcançar US$ 64 mil e Sabrina Sato, US$ 59 mil.
Há também ferramentas úteis — como o Twitual e o Friend or Fallow — que mostram quem são seus seguidores, quem você segue e quem não está lhe seguindo de volta. O Tweetstats, outro medidor independente, oferece um gráfico com a quantidade de tuítes que foram parar na sua página, distribuídos conforme os dias da semana. Bastante recomendável, há o Follow Cost, que calcula quantos tuítes, em média, um usuário escreve por dia. Assim, fica fácil imaginar se a pessoa tem realmente algo a dizer ou se apenas sai por aí postando a torto e a direito.
Critérios
É nesse aspecto que muitos tuiteiros pecam. “O microblog, assim como qualquer outra mídia social, superexpõe as pessoas. Você pode abrir sua vida completamente, postar fotos e vídeos, mas é preciso ter cuidado, porque essas coisas formam o seu caráter virtual”, afirma Sérgio Lima, da agência de marketing digital AD Brazil. “Isso é ainda mais importante entre os jovens, que, por vezes, falam demais e acabam criando uma imagem diferente do que eles realmente são”, destaca.
Como, então, fazer com que seu perfil conquiste uma boa audiência? Sérgio Lima explica que a chave de tudo é a interação, ter disposição para se relacionar com seus seguidores. “As pessoas comuns precisam criar conteúdos interessantes — posts bem-humorados ou de crítica social — e estarem prontas para receber críticas”, aconselha. Um caso de sucesso é PC Siqueira, mais conhecido por @pecesiqueira, que posta vídeos semanais sobre abobrinhas e hoje tem quase 500 mil seguidores. Outro exemplo é Hugo Gloss (@hugo_Gloss), considerado o melhor colunista social do Twitter, também com cerca de meio milhão de followers.
Esse imenso potencial do microblog não passou batido para os empresários. “O Twitter é uma ferramenta de marketing direto, um pouco parecida com aqueles canais de TV que vendem produtos na madrugada”, define Conrado Adolpho, diretor da agência PubliWeb e autor do livro Google marketing (Editora Novatec). Isso não significa, no entanto, que as companhias têm de entrar a qualquer custo no Twitter e sair publicando preços e ofertas. “Os brasileiros se relacionam, em média, com cinco empresas nas redes sociais. Mas o contato só dá certo se as companhias não forem incisivas, é preciso ter tranquilidade para administrar a relação”, esclarece Lucas Pestalozzi, porta-voz do instituto de pesquisa TNS Research.
Basicamente, a audiência virá depois de um plano de comunicação bem elaborado (veja quadro). Uma clínica de cirurgia plástica, por exemplo, não deve tuitar pacotes promocionais a todo momento, porque quem faz isso são os sites de descontos, como o Peixe Urbano. “O papel da empresa é construir um relacionamento e isso se faz com informações relevantes. No caso da clínica de cirurgia plástica, seria bacana tuitar sobre dicas de beleza, cuidados com a pele”, exemplifica Conrado Adolpho.
O especialista cita o caso da construtora Tecnisa, que, após muita interação com tuiteiros, acabou vendendo um imóvel pelo microblog. Fora do Brasil, há outras histórias de sucesso: na Inglaterra, uma rede de padarias sincronizou o Twitter com a máquina de fazer pão. Assim, quando o alimento sai do forno, os seguidores recebem um tuíte. “O microblog deixa a relação de consumo mais direta, por isso é preciso ter cuidado. Não dá para usá-lo só para fazer promoção, senão é como aquele amigo que só liga para pedir dinheiro emprestado”, compara.
Entre os bits
O marketing digital reúne uma série de estratégias de comunicação que utilizam como plataforma os meios eletrônicos: computadores, celulares, smartphones, tablets e por aí vai. Ganhou mais importância com o surgimento das redes sociais, uma vez que elas permitem o contato direto e segmentado com os consumidores.
Bê-á-bá da empresa tuitera
Saiba o que fazer para conquistar internautas.
» As empresas devem estar presentes em redes sociais. Isso não significa que todas precisam ter ações propositivas. O essencial é monitorar o que os internautas pensam da sua marca e da concorrência.
» Se a companhia quiser ser mais ativa, é preciso elaborar um plano de ação, com objetivos claros dentro das mídias sociais. Se a ideia é atingir o público feminino de 20 a 30 anos, por exemplo, não adianta postar tuítes sobre maternidade.
» O mais importante é interagir com os usuários, ouvindo o que eles têm a dizer e respondendo a críticas e sugestões de forma rápida e cortês.
» Um bom caminho é investir em tuítes patrocinados. Uma loja de roupas, por exemplo, pode fechar negócio com os administradores do perfil do programa Esquadrão da Moda, que passa no SBT, para apresentar seus produtos.
» Acima de tudo, a empresa precisa estar aberta a reclamações. Afinal, a web é como uma palanque, e quem se propõe a entrar nesse mundo tem de estar preparado para tudo
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