Cientistas nos Estados Unidos e na Alemanha construíram o menor HD de computador do mundo. Cada bit, que é a menor unidade de armazenamento de dado, é guardado em só 12 átomos.
É um salto tão absurdo que a tecnologia, se vingar, pode revolucionar o armazenamento de memória em dispositivos digitais.
Para ter uma ideia, um HD (disco rígido) moderno usa cerca de 62,5 milhões de átomos por bit armazenado.
A inovação foi desenvolvida por cientistas da IBM, nos EUA, e do Centro para Ciência de Laser de Elétrons Livres, na Alemanha.
MESMO PRINCÍPIO
Assim como os HDs convencionais, o novo dispositivo funciona a partir da magnetização de unidades.
O campo magnético, quando detectado, indica qual é a informação contida ali, em código binários (número zero ou um).
A diferença é que os pesquisadores estão usando um novo tipo de material, descrito como antiferromagnético.
São átomos de ferro magnetizados, numa superfície com magnetização oposta.
Para conseguir a precisão necessária para ler (e alterar) o campo magnético dos átomos desse nanodispositivo, os pesquisadores usaram microscópio de tunelamento.
O instrumento mudava a orientação dos átomos para gravar neles a informação desejada e também fazia a leitura. Eles experimentaram diversos arranjos de átomos e descobriram que o ideal, naquelas condições, era ter 12 átomos por bit.
A FRIA REALIDADE
Para armazenar a informação em tão pouco espaço é preciso que os átomos individuais estejam num nível de energia extremamente baixo. Resultado: o armazenamento só pode ser mantido a 268 graus Celsius negativos.
Um computador nessa temperatura seria impraticável. Contudo, os pesquisadores não antecipam dificuldades para levar a tecnologia à temperatura ambiente.
"Estamos usando baixas temperaturas para tornar nossa vida mais fácil na montagem desses bits antiferromagnéticos", disse à Folha Andreas Heinrich, pesquisador da IBM e autor do estudo. "Para levar tudo que sabemos com certeza até a temperatura ambiente teremos de usar 150 átomos por bit."
Ainda assim, seria uma revolução descomunal na capacidade de armazenamento. "O experimento tem grande potencial para aplicações futuras", diz Adalberto Fazzio, físico da USP não envolvido com o trabalho.
"O desenvolvimento tecnológico é sempre assim: a ciência básica mostra o caminho", afirma.
Para Heinrich, o mais complicado mesmo será fabricar um dispositivo prático.
"Operá-lo à temperatura ambiente não deve ser muito complicado", diz. "Um desafio maior é fabricar estruturas na escala atômica de forma barata e confiável. Isso está no coração dos atuais esforços da nanotecnologia e é um problema insolúvel."
Contudo, os pesquisadores estão otimistas. "Acredito que a ideia de usar antiferromagnetos como o componente ativo em dispositivos será de grande importância num futuro próximo -mesmo que não seja na escala que aplicamos no modelo criado nessa pesquisa", diz o cientista.
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