sexta-feira, 17 de agosto de 2012
A síndrome da pressa
O mundo moderno exige cada vez mais do ser humano. A correria do dia-a-dia pode levar ao estresse e desencadear uma série de doenças e síndromes. Um exemplo disso é a síndrome da pressa – alteração no comportamento que pode levar a perda da qualidade de vida e também a doenças gástricas e do coração, por exemplo. Lúcia Novaes, professora de Terapia Comportamental, do Instituto Comportamental, do Instituto de Psicologia (IP/UFRJ), lida de perto com essa realidade. Confira seu depoimento para o Olhar Virtual.
“Na minha disciplina – Terapia Comportamental – eu abordo o estresse e dentro dele os alunos estudam as fontes de estresse, tanto internas quanto externas. É nesse momento que abordo a síndrome da pressa. Em termos práticos, dentro da DPA (Divisão de Psicologia Aplicada) eu faço atendimentos em pacientes com hipertensão e nós trabalhamos com o controle de estresse nesses pacientes.
Ligada ao estresse, a síndrome da pressa é a denominação utilizada pela mídia, mas seu nome verdadeiro é Padrão Comportamental tipo A, fruto de uma pesquisa, na década de 50, de dois cardiologistas que analisaram pessoas com determinados comportamentos. Os estudos têm revelado que existem certas pessoas que possuem uma pré-disposição ao desenvolvimento de estresse excessivo e a síndrome da pressa seria uma característica do indivíduo que funciona como uma fonte interna de estresse. Porém, o estresse em si, até determinado limite, é saudável e necessário para a sobrevivência. O problema é o estresse excessivo.
Vale lembrar que não é uma doença, mas sim uma alteração no padrão comportamental e que pode atingir homens e mulheres de qualquer idade, inclusive crianças. Não é que a síndrome da pressa vai causar doença. Mas o estresse excessivo é o facilitador para as doenças. Estudos mostram que o estresse gera uma série de alterações psico-fisiológicas que vão afetar todo o sistema, incluindo o imunológico. Assim, a pessoa fica vulnerável ás doenças. Algumas desenvolvem transtornos psicológicos, como a síndrome do pânico e a depressão. Ou então, problemas cardíacos, de pressão.
Para saber se uma pessoa tem ou não essa síndrome, é preciso analisar suas atitudes ao longo do dia. Quem sofre com a pressa, em geral é uma pessoa que fala, anda e come muito rápido. É superficial no olhar – se for ler um texto ela apenas lê superficialmente. Tem uma gana muito grande de realização. É impaciente. E muitas vezes já está acostumada a esse padrão, já criou a vida com muitas demandas.
Para que a mudança ocorra, o primeiro passo é o desejo da mudar. Depois disso, é preciso contar com a ajuda de um psicólogo com experiência no assunto. Contudo, apresentar a pressa em determinados momentos não deve ser um problema. Ter esse potencial para pressa não deve ser encarado como um problema ou algo que não se deve ter. A grande questão é saber manejá-la. É preciso ter uma noção de que determinadas atividades têm que ser realizadas com calma. Existem profissionais, por exemplo, que precisam dessas características e que, se eles souberem ajustar e usar apenas a pressa no momento certo, pode ficar tudo bem.”
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