terça-feira, 12 de junho de 2012

Aumenta o risco de extinção global


           Uma das maiores pesquisas já realizadas sobre as condições de reservas naturais protegidas mostra que elas tem sido tão intensamente exploradas que o planeta enfrenta o mais grave risco de extinção global desde o desaparecimento dos dinossauros, há 65 milhões de anos.
            Segundo o estudo, as estratégias de conservação falharam frente a pressão causada pelo crescimento populacional e expansão de áreas agrícolas. Cerca da metade das reservas naturais está sendo intensamente usada para a agricultura. Dez mil pesquisadores de 181 países analisaram as condições de 17 mil reservas naturais. O estudo foi realizado pelas ONGs União Mundial Para a Natureza (IUCN, na sigla em inglês), na Suíça e na Future Harvest, nos EUA.

            As áreas estudadas, entre elas a Mata Atlântica brasileira, são consideradas os maiores tesouros naturais do planeta. Os cientistas disseram que encontrar uma forma de atender às necessidades da população e preservar a biodiversidade é um dos maiores desafios do século. "A fome se transformou numa inimiga da vida selvagem", disse a pesquisa. Os pesquisadores descobriram elevados índices de desnutrição da população que vive junto a 16 das 25 grandes áreas mundiais ricas em biodiversidade.

            Se o ritmo atual de devastação continuar, 25% das espécies de plantas e animais, e metade das florestas poderão estar extintas ou seriamente ameaçadas até 2050. Os cientistas propuseram que a agricultura e a preservação do meio ambiente sejam unidas sob uma só bandeira, a da ecoagricultura. O estudo frisou que proibir invasões de nada adiantará. Muito mais eficácia teria incentivar a agricultura em outras áreas, com a ajuda de novas tecnologias.

            A Mata Atlântica, da qual restam cerca de 7%, mereceu destaque. Segundo o estudo, mesmo o protegido mico-leão-dourado não está livre da ameaça da perda de território para a agropecuária.
Atmosfera perde capacidade autolimpante
            Um grupo de pesquisadores dos EUA, da Austrália e do Reino Unido trouxe mais um alerta a quem ainda ousa duvidar do efeito estufa e das mudanças climáticas globais: alem de poluir, o homem também está minando a capacidade da atmosfera de se limpar sozinha - e de uma forma mais avassaladora do que seria imaginável, ou recomendável. Estudo feito por eles e publicado em edição da revista científica americana "Science" (http://www.sciencemag.org/) mostra que os níveis do radical hidroxila (OH) na atmosfera despencaram a partir de 1995.

            Esse radical é o principal detergente natural do planeta. É ele o principal responsável pela decomposição de gases-estufa, como o metano e o dióxido de enxofre, e de poluentes, como o monóxido de carbono e o ozônio. Sem o OH por perto, esses gases acabam ficando no ar em quantidades  maiores, agravando o efeito estufa (retenção de radiação solar por uma capa de gás, que esquenta a Terra).

            Segundo o estudo, coordenado pelo climatologista Ronald Prinn, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts-MIT, EUA, a concentração média de OH  no ar do planeta caiu de cerca de 150 ppt (partes por trilhão) em 92 para  pouco mais de 40 ppt em 2000. Embora não se arrisquem a apontar as causas dessa redução, Prinn e sua equipe apostam que há o dedo da humanidade por trás dela.

            "O recado é basicamente o seguinte: a humanidade alterou o equilíbrio sem entender como funcionava a máquina original", disse o físico Paulo Artaxo, da USP, vice-presidente do IGAC (Programa Internacional de Química Atmosférica Global). Segundo Artaxo, o estudo é importante porque analisa, pela primeira vez, o efeito das mudanças globais sobre os chamados gases de meia-vida curta. Apesar de ficarem muito pouco tempo no ar, esses compostos são fundamentais para o funcionamento da "sopa" atmosférica. O OH, por exemplo, só dura um segundo - mas é responsável pela quebra do metano, que tem meia-vida de 11 anos.

            Acontece que, justamente pelo fato de o OH ser tão fugidio, até agora ninguém havia conseguido medir sua concentração. Prinn, então, apelou para  um truque: ele calculou indiretamente o nível do gás, olhando para uma molécula chamada metil-clorofórmio. Esse composto é uma espécie de "espelho" químico do OH. Para cada molécula dele que é degradada existe uma molécula do radical fujão na atmosfera. Assim, estimando a sua concentração entre 1978 e 2000, Prinn e seu grupo puderam chegar à trilha do OH.

            E não gostaram do que viram: os níveis de metil-clorofórmio subiram 15%  entre 78 e 92 e caíram em 2000 para 10% abaixo do mínimo medido em 78. "Esses gases estão reagindo muito depressa 'as mudanças na atmosfera", disse Artaxo. Os cientistas ainda não sabem dizer se a tendência é a queda. Mas num  momento em que os EUA enterram o Protocolo de Kyoto, acordo mundial para reduzir os gases-estufa, os resultados não são animadores.

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