terça-feira, 21 de outubro de 2014

Transplante de células do nariz faz homem andar novamente

Um homem paralisado conseguiu andar novamente após um tratamento inovador que envolveu o transplante de células de sua cavidade nasal para a medula espinhal.
Darek Fidyka, de 40 anos, ficou paralisado do peito para baixo após ser esfaqueado várias vezes em 2010. Agora, ele pode andar usando um andador. Ele também recuperou algumas funções da bexiga e intestino e funções sexuais.
Antes do tratamento, Fidyka estava paralisado havia quase dois anos e não mostrava nenhum sinal de recuperação, apesar de meses de fisioterapia intensiva. Ele disse que andar novamente foi "uma sensação incrível".
 
"Quando você não pode sentir quase metade do seu corpo, você é impotente, mas quando ele começa a voltar, é como se você tivesse nascido de novo".
O tratamento, inédito no mundo, foi realizado por cirurgiões poloneses em colaboração com cientistas em Londres. Detalhes da pesquisa foram divulgados na publicação científica Cell Transplantation.
O programa de TV Panorama, da BBC, teve acesso exclusivo ao projeto e passou um ano acompanhando a reabilitação do paciente.
O chefe de regeneração neural do Instituto de Neurologia da Universidade College, de Londres, liderou a equipe de pesquisadores. Ele disse que o resultado é "mais impressionante do que o homem andar na lua".

Como foi

O tratamento utilizou células especiais que fazem parte do sentido do olfato (OECs, na sigla em inglês). Elas agem como células de direção, que permitem que as fibras nervosas do sistema olfativo sejam continuamente renovadas.
Na primeira de duas operações, os cirurgiões removeram um dos bulbos olfativos do paciente e as células cresceram em cultura. Duas semanas depois, eles transplantaram as células para a medula espinhal, que tinha sido reduzida a uma pequena faixa de tecido, à direita.
Darek Fidyka (BBC)
Fidyka cumpre um programa de exercícios de cinco horas por dia, cinco dias por semana
Eles tinham apenas uma pequena porção de material para trabalhar - cerca de 500 mil células. Cerca de 100 microinjeções de células olfativas foram feitas acima e abaixo da lesão.
Quatro tiras finas de tecido nervoso foram tiradas do tornozelo do paciente e colocadas através de uma lacuna de 8mm no lado esquerdo da medula espinhal.
 
Os cientistas acreditam que as células olfativas forneceram uma direção, permitindo que as fibras acima e abaixo da lesão se reconectassem, usando os enxertos de nervos para preencher a lacuna na medula espinhal.
Fidyka mantém o programa de exercícios que já realizava antes do transplante - cinco horas por dia, cinco dias por semana. Ele notou pela primeira vez que o tratamento havia sido bem sucedido após cerca de três meses, quando sua coxa esquerda começou a desenvolver músculos.
Seis meses depois, ele foi capaz de tentar dar seus primeiros passos com a ajuda de barras paralelas, usando muletas e com o apoio de um fisioterapeuta. Dois anos após o tratamento, ele agora pode andar fora do centro de reabilitação utilizando um andador.
O neurocirurgião Pawel Tabakow, consultor no Hospital Universitário de Wroclaw, que liderou a equipe de pesquisa polonesa, disse: "É incrível ver como a regeneração da medula espinhal, algo que era considerado impossível por muitos anos, está se tornando uma realidade".
Darek Fidyka (BBC/PA)
Darek Fidyka voltou a andar após receber transplante de células olfativas
Fidyka ainda se cansa rapidamente ao caminhar, mas disse: "Eu acho que é realista que um dia irei me tornar independente".
"O que eu aprendi é que você nunca deve desistir, mas continuar lutando, porque alguma porta se abrirá na vida".
 
Um fator determinante para o sucesso do procedimento em Fidyka foi que os cientistas puderam usar céulas do bulbo olfatório do paciente. Isso significa que não havia perigo de rejeição, por isso não houve a necessidade de medicamentos imunossupressores usados em transplantes convencionais.
A maior parte da reparação de medula espinhal de Fidyka ocorreu no lado esquerdo, onde havia uma lacuna de 8mm. Desde então, ele recuperou massa muscular e movimento principalmente nesse lado.
Os cientistas acreditam que esta é uma evidência de que a recuperação se deve à regeneração, já que sinais do cérebro que controlam os músculos da perna esquerda viajam para baixo pelo lado esquerdo da medula espinhal.
Exames mostraram que a lacuna na medula espinhal fechou-se após o tratamento.

Mitos e Verdades sobre o Ebola

O surto do ebola já matou mais de 4.500 pessoas, a maioria na Libéria, Guiné e Serra Leoa, e países do Ocidente ampliam medidas para tentar conter a disseminação do vírus.
Autoridades sugerem que as pessoas evitem o contato com pacientes contaminados, já que o vírus se espalha por fluidos corporais. Além disso, profissionais da saúde devem usar equipamentos de proteção e qualquer equipamento médico deve ser descontaminado.

Apesar de uma campanha de conscientização, há mitos sobre a disseminação da doença. Veja abaixo os mais populares - e as explicações verdadeiras.

O vírus se propaga pelo ar, pela água e é contraído através do contato com quem está contaminado

Ebola (Reuters)
Mulheres curadas do ebola posam para foto na Libéria, o país mais atingido pelo atual surto da doença
O contágio se produz quando os fluidos corporais de um indivíduo infectado toca alguma das membranas mucosas de alguém que não está contamiado.
Isso quer dizer que o sangue, o suor, a urina ou as fezes do portador do vírus têm que entrar em contato com os olhos, os orifícios nasais, a boca, os ouvidos, a área genital ou uma ferida aberta para contrair a doença.
 
O contato com lençóis, roupas ou superfícies infectadas pelo vírus também pode causar o contágio, mas apenas se houver algum corte na pele.

É possível ser contaminado por alguém que aparenta estar saudável

É muito improvável que isso aconteça, mesmo se alguém for portador do vírus.
A razão é que os sintomas podem demorar até 21 dias para aparecer - período máximo de incubação da doença. E até que os sintomas sejam visíveis, não há contágio.
Uma pessoa só pode transmitir a doença se o vírus estiver em seu sangue e secreções.

Não se contrai o vírus através de relações sexuais

Ebola (Thinkstock)
Recomenda-se abstinência sexual ou o uso de preservativos para quem teve o vírus
Se um homem tem ebola, o vírus pode estar presente nos seus fluidos corporais, incluindo o sêmen. A Organização Mundial da Saúde acredita que o vírus pode permanecer nos fluidos do indivíduo até sete semanas após o paciente ter se recuperado.
Mas outros especialistas sugerem que a doença pode permanecer por até três meses, mesmo se médicos confirmarem não haver partículas virais no sangue.
 
Quem já teve ebola deve abster-se de relações sexuais ou usar preservativos durante esse período.

Alguém que morreu não pode espalhar a doença

Ebola (Thinkstock)
Enterros devem ser realizados por pessoas treinadas e com equipamentos para evitar disseminação do vírus
Embora o indivíduo tenha morrido, o vírus ainda pode estar presente. Por isso, especialistas em epidemiologia temem que a disseminação ocorra em práticas funerárias tradicionais realizadas em alguns países africanos, nas quais parentes ficam em contato direto com os mortos.
Nestes casos, a OMS recomenda o enterro imediato e o uso de luvas e roupas de proteção para o indivíduo que manipula o corpo.
Recomenda-se, também, o treinamento daqueles que lideram os funerais sobre os procedimentos a serem seguidos para evitar que a infecção se espalhe.

Um paciente pode transmitir a doença, mesmo que ele tenha se recuperado

Ebola (Getty)
Profissionais da saúde devem usar equipamentos de proteção ao tratar de pacientes com ebola
Normalmente, apenas as pessoas que têm os sintomas podem espalhar o vírus.
No caso de uma mulher grávida que recebeu alta, recomenda-se que ela não amamente o bebê.

Antibióticos, água salgada, leite e cebola crua podem prevenir o ebola

O consumo destes alimentos não impede a contaminação pelo ebola. Além disso, a ingestão de água salgada - que alguns acreditam que pode curá-los da doença - pode ser perigosa, especialmente em dias quentes.
A OMS cita dois casos de pessoas na Nigéria que morreram por essa razão.
No momento não há cura para o ebola, mas vacinas estão sendo testadas. Se os testes forem bem sucedidos, profissionais de saúde terão prioridade em receber as injeções.

Você tem que usar produtos antissépticos caros para eliminar o vírus

Ebola (Thinkstock)
É recomendado lavar as mãos com frequência, com álcool em gel ou sabão e água limpa
Recomenda-se lavar as mãos com frequência, especialmente se você estiver perto de um paciente com o ebola.
O álcool em gel pode ser útil, mas se as mãos estiverem visivelmente sujas, é importante lavar com sabão e água limpa, segundo autoridades sanitárias.

Este é o primeiro grande surto de Ebola

Ebola (CDCP)
O primeiro surto do ebola foi registrado no Sudão e na República Democrática do Congo, em 1976
Este é o surto que causou mais mortes, mas não é o primeiro.
Segundo a OMS, o vírus foi diagnosticado pela primeira vez em humanos em 1976, no Sudão e na República Democrática do Congo.
O surto ocorreu em uma aldeia perto do rio Ebola, daí o nome da doença. Cerca de 500 pessoas foram infectadas e 400 morreram.
Desde então, várias cepas do vírus surgiram no continente africano

Conciência em pacientes vegetativos

Cientistas descobriram sinais no cérebro de pacientes vegetativos que sugerem que eles podem estar com um grau de consciência - mesmo que pequeno - quando se encontram neste estado.
Médicos normalmente consideram que estes pacientes, que sofreram sérios danos cerebrais, não tomam conhecimento do mundo à sua volta, apesar de parecerem estar acordados.
Os pesquisadores esperam que seu trabalho ajude a identificar aqueles que estão de fato conscientes e apenas não conseguem se comunicar.
Depois de sofrer danos graves no cérebro, como os que podem ocorrer em acidentes de trânsito ou ataques cardíacos, algumas pessoas pessoas parecem estar acordadas, mas não reagem a acontecimentos ao seu redor.
Médicos descrevem este estado como vegetativo.
Normalmente, pacientes abrem seus olhos e olham ao seu redor, mas não têm reações a comandos e não realizam movimentos por vontade própria.
Algumas pessoas podem ficar assim por muitos anos.
Mas pesquisas recentes sugerem que alguns pacientes podem estar de fato conscientes do que ocorre ao seu redor e só não conseguem se comunicar.
Leia também: Americana saiu de coma ao ouvir música de casamento

Uma equipe de cientistas da Universidade de Cambridge estudou 13 pacientes em estado vegetativo, mapeando a atividade elétrica de seus nervos e depois comparando os resultados com os de pacientes saudáveis.
Em ambos os casos, os sinais encontrados foram bem parecidos.
"Isso sugere que algumas das redes neurais que dão suporte à consciência em adultos saudáveis podem estar bem preservadas em pessoas que se encontram em um estado vegetativo duradouro", disse o pesquisador Srivas Chennu, que liderou o estudo.
Num segundo estágio da pesquisa, os cientistas escanearam o cérebro com um aparelho de ressonância magnética enquanto pediam a eles para imaginarem que estavam jogando tênis.
Estudos anteriores haviam mostrado que a área do cérebro de pacientes vegetativos ligada a movimentos planejados se acendia quando era pedido a eles para realizar esta tarefa.
E o time de Cambridge descobriu resultados parecidos nos quadro de pacientes estudados, o que sugere que eles estavam conscientes o suficiente para entender a ordem e para decidir segui-la.
"Isso pode ser útil para as famílias dos pacientes e dos profissionais de saúde que cuidam deles", afirmou Chennu.
O cientista Tristan Bekinschtein também fez parte do estudo e esclarece que o teste tem algumas limitações, mas que, junto com outros exames, isso pode ajudar na avaliação dos pacientes.
"Se as redes cerebrais da consciência de um paciente estão intactas, então, sabemos que eles provavelmente estão conscientes do que se passa à sua volta."

Expectativa de vida medida pelo olfato

Medir o olfato das pessoas na velhice pode ajudar médicos a prever qual é a expectativa de vida dos pacientes, sugere um estudo da Universidade de Chicago.
A pesquisa publicada na revista científica online PLOS One descobriu que 39% dos 3 mil adultos que apresentaram o sentido do olfato menos eficiente morreram nos cinco anos anos seguintes.
Em comparação, o mesmo ocorreo com apenas 10% daqueles capazes de identificar odores corretamente.
Os cientistas dizem, porém, que a perda de olfato não causa a morte.
Mas este pode ser um sinal de alerta para que qualquer pessoa com problemas neste sentido por muito tempo procure um médico.

Cinco odores

No estudo, pesquisadores pediram a uma amostra representativa de adultos com idades entre 57 e 85 anos para participar de um rápido teste de cheiro.
A avaliação envolveu a identificação de odores distintos, disponíveis em canetas hidrográficas impregnadas por diferentes cheiros, como hortelã, peixe, laranja, rosa e couro.
Cinco anos mais tarde, cerca de 39% dos adultos que tiveram as notas mais baixas (4 a 5 erros) havia morrido, em comparação a 19% dos que tiveram uma perda de olfato moderada e com apenas 10% daqueles com um senso de cheiro saudável (um ou nenhum erro).
E, apesar de considerar idade, nutrição, tabagismo, pobreza e saúde, os pesquisadores descobriram que aqueles com o sentido do olfato mais pobre ainda permaneciam no grupo de maior risco.

'Prenúncio'

"Achamos que a perda do sentido do olfato não causa diretamente a morte, mas é um prenúncio, um sistema de alerta que mostra que o dano pode ter sido feito", disse o cientista-chefe da pesquisa, Jayant Pinto.
"Nossas descobertas podem fornecer um teste clínico útil, uma maneira rápida de baixo custo capaz de identificar pacientes de maior risco".
Ainda não está claro como a perda de olfato contribui exatamente para a expectativa de vida , mas os pesquisadores apresentaram uma série de possíveis razões.
Eles dizem que uma capacidade reduzida de detectar odores pode sinalizar menos regeneração ou reparação de células do corpo em geral.
Isso porque um senso de olfato saudável depende em parte de um volume de troca contínua das células que revestem o nariz.
Assim, uma sensação de piora no olfato pode servir como um espelho para a exposição de toda uma vida à poluição e a bactérias.
Os pesquisadores agora fazem investigações adicionais para entender as razões por trás desta ligação entre olfato e expectativa de vida.

'Interface'

"O sentido do olfato é um pouco subestimado, embora desempenhe um papel muito importante na vida cotidiana", disse Pinto.
"Mas não queremos que as pessoas entrem em pânico. Um forte resfriado, alergias e problemas de sinusite também podem afetar o olfato."
A redução do olfato nestes casos só devem ser motivo de preocupação, explica o cientista, se o problema persistir.
"Talvez, este estudo mostre que precisamos começar a prestar mais atenção à saúde sensorial."
O professor Tim Jacob, da Universidade de Cardiff, que não esteve envolvido na pesquisa, afirma:
"Este estudo foi bem conduzido e sugere que o sentido do olfato está intimamente ligado à saúde e ao bem-estar. O cheiro está na interface entre fisiologia e psicologia, que é um campo de batalha de interações recíprocas."
"Por exemplo, a perda de olfato pode resultar em depressão, e a depressão pode resultar em alterações na capacidade de sentir cheiros."

Quantas pessoas ganham bolsa família no Brasil?

O Bolsa Família é um programa de transferência de renda criado durante o governo do presidente Lula. O objetivo do programa é garantir um valor mensal para famílias que vivem em situação de extrema pobreza.

O Bolsa Família foi a principal bandeira dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do Partido dos Trabalhadores (PT). Este programa de transferência direta de renda beneficia cerca de 50 milhões de pessoas no Brasil.

Na teoria, o dinheiro do programa deve ser destinado apenas a famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza do País, mas já foram descobertos casos de pessoas que recebiam o Bolsa Família de forma inadequada, sem se encaixar nas regras do programa.

O Bolsa Família faz parte do Plano Brasil Sem Miséria, que ajuda brasileiros com renda familiar per capita inferior a 70 reais mensais. Segundo dados do governo, até o mês de abril de 2014 o Bolsa Família foi pago a 14.145.274 famílias.

O benefício é direcionado às famílias consideradas pobres ou extremamente pobres. Apenas em 2013, o Brasil gastou 20,6 bilhões de reais com o pagamento do Bolsa Família aos beneficiários.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, o total de pessoas que recebem o Bolsa Família no Brasil corresponde a mais de 25% da população brasileira, um número equivalente à população da África do Sul.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Um hormônio que mantém as pessoas em alerta também suprime a disseminação do câncer.

Um hormônio que mantém as pessoas em alerta também suprime a disseminação do câncer
13/10/2014

Surgem de noite, enquanto a pessoa dorme sem perceber, crescem e se disseminam o mais rápido que podem. E são mortais. Em um achado surpreendente que foi recentemente dado a conhecer no Nature Communications, investigadores do Instituto Weizmann de Ciências demonstraram que a noite é o momento certo para que o câncer cresça e se dissemine pelo corpo. Seus achados indicam que a administração de determinados tratamentos em coincidência com o ciclo diurno-noturno do corpo poderia melhorar sua eficácia.

Este achado surgiu de uma pesquisa sobre as relações entre diferentes receptores na célula -uma rede complexa que ainda não compreendemos totalmente-. Os receptores -moléculas de proteína na superfície celular ou dentro das células- recebem mensagens bioquímicas secretadas por outras células e as passam para o interior da célula. Os cientistas, dirigidos pela Dra. Mattia Lauriola, pesquisadora pós-doutorado do grupo de pesquisa do Professor Yosef Yarden do Departamento de Regulação Biológica do Instituto Weizmann, em colaboração com o Professor Eytan Domany do Departamento de Física de Sistemas Complexos, enfocaram-se em dois receptores específicos. O primeiro, o receptor de fator de crescimento epidérmico, EGFR, favorece o crescimento e a migração das células, incluídas as cancerosas. O segundo se une a um hormônio esteroide chamado glicocorticoide (GC). Os glicocorticoides desempenham um papel em manter os níveis de energia do corpo durante o dia, bem como o intercâmbio metabólico de substâncias. Frequentemente é denominado hormônio do estresse, porque suas concentrações aumentam em situações estressantes, que levam rapidamente o organismo a um estado de alerta total.

A célula, com receptores múltiplos, recebe toda classe de mensagens ao mesmo tempo e algumas destas mensagens têm prioridade a respeito de outras. No experimento, Lauriola e Yarden descobriram que a migração das células -a atividade favorecida pelo receptor de EGF- suprime-se quando o receptor de GC se une a seu mensageiro esteroide.

Devido a que as concentrações de esteroide alcançam seu máximo durante as horas de vigília e diminuem durante o sono, os cientistas se perguntaram como isto poderia afetar o segundo receptor: EGFR. Verificando os graus desta atividade nos ratos, descobriram que há uma diferença importante. Este receptor é muito mais ativo durante o sono e quiescente nas horas de vigília.

O quão relevantes são estes achados para o câncer, sobretudo para os tipos que utilizam os receptores de EGF para crescer e disseminar-se? Com o propósito de descobri-lo, os cientistas administraram lapatinib -um dos fármacos antineoplásicos de nova geração- a  modelos de câncer no rato. Este fármaco, utilizado para tratar o câncer de mama, está concebido para inibir o EGFR, e por conseguinte evitar o crescimento e a migração das células cancerosas. No experimento, administraram o fármaco aos ratos a diferentes horas do dia. Os resultados revelaram diferenças significativas entre os tamanhos dos tumores dos diferentes grupos de ratos, o que dependeu de se tinham recebido o fármaco durante as horas de sono ou de vigília. Os achados experimentais indicam que é em realidade o aumento e o diminuição das concentrações dos esteroides GC no curso de 24 horas o que dificulta ou possibilita o crescimento do câncer.

A conclusão, dizem os cientistas, é que poderia ser mais eficiente administrar alguns fármacos antineoplásicos de noite.

«Parece um problema de sincronização», diz Jordão. «Os fármacos para tratar o câncer no geral são administrados durante o dia, justamente quando o corpo do paciente está suprimindo a disseminação do câncer por si mesmo. O que propomos não é um novo tratamento, mas um novo horário de tratamento para alguns dos fármacos atuais»

Fonte: Medical News Today

Primeira criança do mundo nascida após transplante de úteo

Primeira criança do mundo nascida após o transplante de útero
09/10/2014

Em um projeto de pesquisa inovador da Universidade de Gotemburgo, em sete mulheres suecas foram reintroduzidos embriões após receber úteros de doadoras vivas. Agora, a primeira mulher transplantada deu à luz um bebê saudável e com desenvolvimento normal Este nascimento único no mundo foi reconhecido no The Lancet em 5 de outubro.

O projeto de pesquisa transplante de útero na Universidade de Gotemburgo começou em 1999 e foi avaliado em mais de 40 artigos científicos. O objetivo do projeto Gotemburgo é permitir que as mulheres que nasceram sem útero ou que perderam os seus úteros em cirurgias de câncer possam dar a luz seus próprios filhos.

Doadoras vivas

Nove mulheres no projeto receberam um útero de doadoras vivas - na maioria dos casos a mãe da receptora, mas também outros membros da família e amigas íntimas. O útero transplantado foi removido em dois casos, sendo um caso devido a uma infecção grave e, no outro, devido à formação de coágulos de sangue nos vasos sanguíneos transplantados.

As sete mulheres restantes tentaram ficar grávidas em 2014 por meio de um processo em que os seus próprios embriões produzidos por fertilização in vitro eram reintroduzidos no útero transplantado.

Primeiro filho de um útero transplantado

A primeira gravidez foi confirmada na primavera, após uma primeira tentativa de gravidez bem-sucedida em uma mulher de 30 e poucos anos, um pouco mais de um ano após seu transplante.

No início de setembro, a mulher deu à luz com sucesso um bebê por cesariana, tornando-se a primeira mulher no mundo a dar à luz uma criança de um útero transplantado. Seu útero foi doado por uma mulher não relacionada de 61 anos de idade.

A cesariana teve que ser realizada antes do planejado: a mulher desenvolveu pré-eclâmpsia na semana 32 da gravidez e o CTG indicou que o bebê estava sob stress. A cesariana foi realizada de acordo com as rotinas clínicas normais, para não arriscar a saúde da mãe e do lactente.

Desenvolvimento normal

Segundo o professor Mats Brännström, que realizou a cesariana, o recém-nascido perfeitamente saudável está se desenvolvendo normalmente. O bebê pesava 1,775 gramas no momento do nascimento, o qual é um tamanho normal, considerando a idade gestacional no parto.

"O bebê gritou imediatamente e não exigiu nenhum outro cuidado mais do que a observação clínica normal na unidade neonatal. A mãe e a criança estavam ambos muito bem e voltaram para casa. Os novos pais estão, naturalmente, muito felizes e agradecidos", diz o professor Mats Brännström, que lidera o projeto de pesquisa.

"A causa para a pré-eclâmpsia da mulher é desconhecida, mas pode ser devido ao seu tratamento imunossupressor combinado com o fato de que ela tem um rim a menos. A idade do útero doado também pode representar um fator. Além disso, a pré-eclâmpsia é geralmente mais comum entre as mulheres que engravidaram por meio do tratamento de fertilização in vitro ".

Episódios de rejeição leve

A mulher teve três episódios de rejeição leve desde o transplante, um dos quais ocorreu durante a gravidez. Os episódios de rejeição, que muitas vezes são vistos também em outros tipos de transplantes, poderiam ser interrompidos com o tratamento imunossupressor.

Seguimento de perto

A equipe de pesquisadores acompanhou a gravidez de perto, seguindo atentamente o crescimento e o desenvolvimento do feto, com um foco especial sobre o suprimento de sangue para o útero e cordão umbilical.

"Havia a preocupação de que o suprimento de sangue pudesse estar comprometido, uma vez que os vasos sanguíneos tinham sido reconectados para o útero. Mas não foi notado nada de anormal sobre a função do útero e do feto, e a gravidez seguiu todas as curvas normais', explica Brännström.

Passo importante

O parto bem-sucedido é considerado um grande passo em frente.

'Isto dá evidências científicas quanto a que o conceito de transplante de útero pode ser utilizado para tratar a infertilidade por fatores uterinos, que até agora tem-se mantido a última forma não tratável de infertilidade feminina. Também mostra que os transplantes com doadoras vivas são possíveis, incluindo se a doador é menopásica", diz Brännström.

Várias equipes de pesquisa de todo o do mundo estão aguardando os resultados do estudo de Gotemburgo, a fim de lançar estudos observacionais similares. As tentativas de gravidez estão em curso com as outras seis mulheres envolvidas no projeto.

Fonte da história:

A história acima é baseada em materiais fornecidos pela University of Gothenburg. O artigo original foi escrito por Krister Svahn, Nota: Os materiais podem ser editados quanto a conteúdo e extensão.

Referência do jornal:

Mats Brännström, Liza Johannesson, Hans Bokström, Niclas Kvarnström, Johan Mölne, Pernilla Dahm-Kähler, Anders Enskog, Milan Milenkovic, Jana Ekberg, Cesar Diaz-Garcia, Markus Gäbel, Ash Hanafy, Henrik Hagberg, Michael Olausson, Lars Nilsson. Livebirth after uterus transplantation. The Lancet, 2014; DOI: 10.1016/S0140-6736(14)61728-1

Fonte: Science Daily