sábado, 31 de agosto de 2013

Sexo e relacionamento

Parafraseando Drayton Sawyer, o grande cozinheiro do Texas, "sexo, bem ninguém sabe ao certo o que é isso...", e de fato isso é correto. O que nos leva a enfiar partes nossas dentro de outras pessoas, ou deixar que outros nos estufem enquanto fazem caretas e pingam suor no nosso rosto? Ninguém sabe de fato. Necessidade biológica de nos reproduzir? Carência de atenção e toque humano? Prazer pelo prazer? Existem aqueles que usam sexo e afeto para manipular, uns para dilatar a mente e a consciência enquanto outros simplesmente para dilatar orifícios do próprio corpo. Algumas pessoas fantasiam com estrelas de cinema, outras só querem achar o pinto encantado. Química entre pessoas, hormônios em ebulição... por que você coloca aquilo na boca ou fica lambendo aquilo outro? Provavelmente como Drayton Sawyer sentenciou nunca vamos entender, mas existem algumas coisas que podemos perceber e quantificar. Tento isto em mente a Morte Súbita Inc. levantou 30 fatos sobre o assunto, não com a intenção de explicar como as coisas funcionam ou porque elas são o que são, mas para acrescentar, talvez, um pouco mais de confusão para esse caldeirão. Atração Sexual 1- Estar apaixonado ou apaixonada por alguém diminui o apelo sexuais de parceiros em potencial. A natureza usa o amor como uma ferramenta para garantir que relacionamentos durem além do período de corte e relação sexual, avançando na fase de criação dos filhos e além dela. Para testar essa idéia foi realizado um estudo para descobrir o que pessoas compromissadas sentiam em relação a outras pessoas com diferentes níveis de atração sexual. Pessoas em dois grupos de teste tiveram que considerar dois conceitos, um grupo teve que pensar em felicidade extrema, outro no amor que sentiam por seus parceiros. E então ambos os grupos assistiram uma sequência aleatória de fotos de pessoas atraentes e pessoas com fisionomia comum. Os pesquisadores mediram as reação de ambos os grupos e concluíram que o grupo que havia falado sobre felicidade extrema prestou a mesma quantidade de atenção para as fotos de pessoas atraentes e para as pessoas normais. Mas o grupo que teve que pensar sobre o amor que sentiam por seus parceiros prestaram muito menos atenção para as fotos de pessoas mais atraentes. Terem que se lembrar dos sentimentos que tinham em relação a alguém as tornou de certa forma imunes à atração para outros romances. 2. Seus sistema imunológico determina o quanto você sente de atração por outra pessoa. Geneticamente falando como é que isto funciona? Simples: tudo começa com o seu perfume pessoal. Seus sistema imunológico cria proteínas que seu corpo usa, elas então são secretadas através de suas glândulas sudoríparas. As bactérias na superfície da sua pele quebram essas proteínas e isso se torna no seu aroma pessoal, sua assinatura odorífera. Analisando o outro envolvido: as pessoas acham o aroma de sistemas imunológicos compatíveis mais agradáveis. Se você encontra uma pessoa com um sistema imunológico diferente do seu, as crianças que vocês gerarem desenvolverão o benefício de uma variedade muito maior de resistência. Claro que isto não significa que existe um perfume ideal para uma pessoa, já que todos temos sistemas imunológicos diferentes, e por isso criam-se inúmeras combinações diferentes. O que isto significa: que sistemas imunológicos semelhantes se desencorajam mutuamente de criar vínculos. Como todos nós sabemos, parentes que se reproduzem podem gerar defeitos genéticos recessívos e sistemas imunológicos fracos. Mesmo em casais que não tenham nenhum parentesco mas possuem um sistema imunológico semelhantes, a ocorrência de puladas de cerca aumenta de acordo com a porcentagem dos genes de leucócitos antígenos que ambos compartilham. 3. Homens gays gostam muito mais do perfume de outros homens gays do que de homens héteros. E as pessoas acham que o "gaydar" é uma lenda urbana. Isto foi testado com um estudo cego realizado com 4 grupos de cobaias: homens heterossexuais, homens homossexuais, mulheres heterossexuais e mulheres homossexuais. A essência de cada indivíduo foi mesclada com a essência dos outros membros de um mesmo grupo para se criar uma amostra genérica da essência que representasse a orientação sexual de um grupo. O segundo estágio da experiência consistiu em fazer os indivíduos de cada grupo experimentarem os perfumes criados e darem suas impressões. Resultado: homens heterossexuais, mulheres heterossexuais e mulheres homossexuais preferiram o perfume de homens heterossexuais. Homens homossexuais preferiram o perfume de... homens homossexuais. Em segundo lugar na lista de melhor perfume dos homens gays ficou o perfume de mulheres heterossexuais. Pensem no que isso significa rapazes, quando baterem o olho em um outro cara e pensarem: tenho certeza que aquele cara é gay! 4. Bebês conseguem avaliar o grau de atração de uma pessoa, mesmo que tenham menos de 5 semanas de idade. É, a beleza nem sempre está nos olhos de quem vê. A natureza tem um sistema de avaliação de beleza e atração bem simples: simetria. Até mesmo pássaros com padrões mais simétricos em suas caudas se divertem mais do que aqueles com "limitações físicas". Esses valores pessoais não são adquiridos, eles são evidentes em cada um de nós assim que nascemos. Em uma experiência, pesquisadores fizeram adultos dar notas para fotos de pessoas, indicando qual julgavam ser mais atraentes, então as fotos foram apresentadas para recém nascidos. Os bebês passaram muito mais tempo olhando para os fotos de pessoas atraentes do que para as mais comuns. Isso pode nos fazer considerar: programas infantis com apresentadoras "gostosas" vestidas como prostitutas são mesmo uma forma de influência negativa para crianças ou apenas uma forma natural de prender a atenção delas por mais tempo na televisão? 5. Mulheres tem mais orgasmos com homens que possuem corpos simétricos. Assim como bebês gostam dos rostos mais simétricos - e assim mais atraentes - deve ser notado que homens atraentes são parceiros mais apropriados. Por mais "bizarro" que isto possa parecer uma pesquisa realizada mostra que 60% das mulheres chegam ao orgasmo com seus parceiros. Deixando de lado as 40% coitadinhas desse número das que chegam lá, mais de 70% são aquelas que tem um parceiro mais simétrico, fazendo as contas, os menos de 30% das mulheres que chegam lá tem parceiros com menos simetria. Isso não quer dizer que a simetria é o único fator que faz com que luzes se acendam e sinos toquem, mas isso nos mostra outras qualidades que são importantes como fator de escolha genética para os parceiros: para começo de conversa homens atraentes tem uma chance muito maior de serem confiantes e mais dominantes, e esses são fatores importantes durante o rala e rola na cama, sem contar que conseguir atingir o orgasmo faz com que as mulheres se sintam mais ligadas aos parceiros. 6. Olhar dentro dos olhos de uma pessoa atraente faz o cérebro antecipar uma recompensa. Todos nós já sentimos a emoção de trocar olhares com alguém sensual. Nós sentimos um pouco de ansiedade, mas o que é isso exatamente? É como olhar a sua bola de deslizar pela pista a primeira vez que você vai jogar boliche. Isso acontece, para aqueles que já jogaram boliche e para aqueles que nunca jogaram, porque existe uma área do cérebro, chamada de estriato ventral que começa a faiscar quando surge uma situação onde uma recompensa é esperada. E é a área que funciona muito quando alguém encara uma pessoa que considera sexy e atraente, Se o potencial para uma interação social é maior o cérebro recebe um empurrãozinho extra, isso acontece para que você consiga se apresentar e começar uma conversa. 7. Humanos tem a tendência de escolher entre parceiros similares do que considerar uma terceira opção que seja complemente única e diferente. Este é um conceito muito interessante quando o vemos na prática. Em um experimento foram mostradas fotos de duas pessoas diferentes, mas muito atraentes, vamos chamá-las de Tom e Jerry, junto com uma terceira foto. Esta terceira foto era uma variante, metade das vezes era uma versão modificada de Tom, só que com um detalhe: uma versão mais feia. Na outra metade das vezes era uma versão enfeiada de Jerry. Quando pediam para as pessoas escolherem entre as três fotos, elas escolhiam o Tom quando ele era acompanhado de sua versão piorada, e escolhiam Jerry quando acompanhado de sua contraparte. O que aprendemos aqui é que nós precisamos de um padrão de comparação para decidir de algo é bom ou não. Nós somos capazes de determinar que o Tom é uma escolha melhor do que sua versão piorada, mas não sabemos se Jerry está à altura porque não existe algo com o que compará-lo, poderia haver um Jerry melhor ou pior do que aquele, sem um parâmetro é melhor agarrar o Tom que já sabemos ser interessante. Então caso queiram se dar bem em uma balada, arranjem uma versão piorada de você e leve junto para servir de aviso: sou eu que vale a pena! 8. Beijos podem ter evoluído do costume das mãe mastigarem a comida para oferecer aos próprios filhos. Beijos são um costume muito comum para nós - assumindo que você seja humano - e tem muitos significados além de uma grande importância no processo de realizar a corte a alguém. Um monte de informações é trocado com um beijo: cheiro, gosto, linguagem corporal. De fato 59% dos homens e 63% das mulheres entrevistadas em uma pesquisa afirmaram terem se sentido atraídos por alguém, mas terem perdido o interesse após um beijo meio boca. Mas como o beijo se tornou tão importante? Uma das teorias sendo pesquisadas hoje é que a intimidade de um beijo pode ter evoluído do ato de uma mãe mastigar a comida para passar para o bebê comer. Lembrem-se que papinhas prontas e talhares são invenções relativamente recentes. Tentem pensar nisso a próxima vez que forem beijar alguém. 9. Mulheres se excitam tão rapidamente quanto homens, elas só não estão cientes disso. A velha sabedoria da culinária nos diz que precisamos aquecer o forno antes de começar a cozinhar. Agora saibam que as mulheres se aquecem tão rápido quanto os homens. E não apenas isso, mulheres conseguem se excitar com uma variedade de imagens e estímulos visuais muito maior do que os homens, inclusive imagens de animais transando. Imagens térmicas mostram que o sangue corre para as áreas genitais delas, mas elas não se apercebem disso até que que tenham chegado no limite da excitação. Quando compararam o tempo que levam para chegar a esse limite, tanto homens quanto mulheres tiveram a mesma marca de 10 minutos. E mais ainda: quando param para ver pornografia, enquanto homens perdem mais tempo olhando para os rostos das estrelas, as mulheres já partem para as partes íntimas expostas. 10. Macacos também pagam por pornografia E você achava que só você fazia isso? Pegaram um grupo de macacos rhesus e fizeram uma proposta: eles recebiam suco de fruta, e gostavam muito desse suco, mas se eles dessem o suco. Então deram a eles a oportunidade de trocar a sua parte de suco por fotografias de traseiros de macacas. Eles trocaram sem pensar duas vezes, de forma bem enfática. 10 fatos para os rapazes - (sim falaremos o suficiente de tamanho de pênis para ninguém se sentir excluído) 11. Os humanos tem os maiores pênis dentre os primatas. De fato dentre de todos da espécie, incluindo a nós os macacos pelados, aquele que pelos padrões de tamanho deveria ter o maior pênis seria o gorila, mas eles tem pênis que chegam a uma média de de 4 cm. Viu, por pior que seja a situação, saiba que gorilas teriam inveja de você, se eles ligassem para esse tipo de coisa. Mas como nós chegamos a esse estágio de os mais bem dotados de todos os primatas? A Chita responde: Provavelmente por causa da nossa evolução postural. Nossas posturas permitem que nós criemos uma enorme variedade de posições sexuais que só seriam possíveis ser realizadas com este impávido colosso que carregamos no meio das pernas. 12. O tamanho dos pênis variam entre as diferentes etnias, raças e regiões. Isso todos nós sabemos, mas a curiosidade é que o tamanho das camisinhas é padrão no mundo todo. E isto aumenta o risco de HIV em culturas que possuem pênis maiores ou menores do que o da média. Uma pesquisa realizada entre casais há alguns anos concluiu que mais de 50% dos Indianos possuem pênis que chegam a ser dois cm a baixo do tamanho padrão de camisinhas. Um caimento ruim em uma camisinha (usando um termo de alfaiataria) significa que a chance de se romper durante o ato (sexual) é grande, ou que por causa do desconforto causado muitos homens vão "esquecer" de usá-las. Este fato pode nos ajudar a compreender porque algumas sociedades tem maiores índices de HIV do que outras antes de começarmos a jogar a culpa na Igreja e na pobre Madre Teresa. Dois lembretes para vocês: - Antes de tentarmos convencer as pessoas de que é mais seguro usar camisinha seria bom termos certeza de que elas vão caber em todos. - Se você estiver naquele momento, com um sorrinho nos lábios, pensando naquele monte de indianos dizendo Hare Baba, se informe sobre os australianos, tire o sorriso da cara e continue tocando a sua vida como se nunca tivesse lido isto. 13. Mesmo ficando "duros como rocha" os humanos não possuem ossos no pênis. Isso é obvio para você, mas não seria para a grande maioria dos mamíferos. Chimpanzés, cachorros, gatos, ursos e baleias possuem ossos no pênis, por exemplo, e os ossos estão lá para garantir uma penetração mais rápida já que o macho não precisa estar ereto para isso acontecer. Basta inserir o pino A no orifício B algumas vezes e pronto! Intercurso sexual realizado, sem a necessidade de perder tempo com sedução e essas outras coisinhas, mesmo que alguém jogue um balde de água fria - literal ou não - em você, não existe a necessidade de voltar ao clima. Claro que isso não significa que um pênis não possa se quebrar, na verdade chega a ser comum e os relatos são quase sempre os da mesma situação: uma mulher extremamente zelosa resolvendo soltar todo o peso do corpo em cima de um pênis que ainda não está completamente ereto. Caso isso aconteça com você rapaz, esqueça-te das boas maneiras e corre como um louco para um hospital. 14. Bolas ficam azuis por causa do sangue preso na região pélvica que não consegue ser drenado. Isso acontece da seguinte maneira: um homem se excita as veias da sua região pélvica se dilatam por causa do óxido nítrico que é liberado na corrente sanguínea. Ao mesmo tempo as veias que saem dessa região se contraem, para prender o sangue nela. Lembrem-se: nós não temos ossos em nossos pênis. Quando o homem em questão atinge o orgasmo, tudo se relaxa e volta ao estado normal, mas quando o corpo não consegue aquilo que ele quer as coisas podem ficar dolorosas. O sangue começa a ficar sem oxigênio, o que é o que acontece nos estágios iniciais da necrose. Mas não precisam se preocupar, muito, o corpo não faz essa birrinha por muito tempo e logo se relaxa de novo antes que as coisas fujam do controle. 15. O tamanho dos testículos em relação ao corpo é diretamente proporcional à promiscuidade das fêmeas da espécie. Colocando isso em uma linguagem mais fácil de ser compreendida: quanto mais safadas e promíscuas as mulheres, maiores as bolas dos machos da mesma espécie. Essa é uma regra básica e fácil de ser compreendida. Imagine, se você sabe que terá que enfrentar uma batalha mais longa com mais competição vindo do adversário, mais soldados você leva para o campo de batalha. Testículos maiores são capazes de gerar e armazenar mais esperma, ou seja, mais soldados para competir com a concorrência, lembre-se que na natureza o objetivo é você passar os seus genes adiante no lugar dos seus rivais. Chimpanzés são o retrato perfeito do amor livre, por isso possuem testículos grandes. Gorilas, por outro lado, são monôgamos, o que cria uma competição sexual mínima, uma vez que tenham arranjado uma parceira. Humanos se encaixam entre essas duas espécies, como você pode imaginar. 16. Logo de cara, menos de 15% do esperma de um homem são saudáveis o suficiente para chegar ao óvulo. Como em uma supermaratona, dos 150 milhões de espermatozóides liberados em uma ejaculação padrão apenas uma porção muito pequena tem qualidades físicas para atravessar a linha de chegada. Os outros são deformados, incapazes de nadar, possuem duas cabeças, ou chegam seriamente comprometidos ou mortos. 17. Os espermatozóides de homens que assistem pornografia hardcore heterossexual nadam mais rápido do que os de um homem que assistem pornografia lésbica. A competição sexual faz com que o corpo crie nadadores mais rápidos e mais resistentes. Ao testemunhas o ato de copular o corpo começa a produzir seus fluídos e deixa o esperma pronto para a briga. Isso resulta em espermatozóides mais saudáveis e fortes liberados durante a ejaculação. No caso de apenas mulheres se pegando, não existe um ambiente de agressividade, já que não existem concorrentes, e em uma cena de lesbianismo o cérebro pensa: melhor, tem mais para mim! No mundo animal isso se reflete no fato do espermatozóides de chimpanzés nadarem extremamente mais rápidos do que os de um (adivinharam) gorila. 18. O sêmen tem a capacidade de subjulgar o sistema imunológico das mulheres, evitando ser atacado por ele. Conforme os espermatozóides fazem seu percurso, saindo dos testículos e passando pela uretra, eles se combinam com vários fluídos vindo de diferentes glândulas. Esses fluídos tem muitas funções como neutralizar a acidez de certos ambientes e até mesmo energizar os espermatozóides. Um dos elementos mais interessantes do sêmen são as prostaglandinas, que atuam como uma força Jedi de segurança, assim que entram na mulheres elas movimentam suas mãos e convencem o sistema imunológico a não destruir o inofensivo espermatozóide. "Esses não são os andróides que vocês estão procurando!" 19. Algumas mulheres podem ser alérgicas a esperma. E isso é um fato. Existem certas proteínas no sêmen que causam reações alérgicas causando comichões ou mesmo ardor e irritação. Felizmente existe uma maneira de reduzir o grau de alergia que uma pessoa possa ter ao sêmen. Através da exposição frequente e repetida uma pessoa pode perder a sensibilidade à substância e levar uma vida normal. Lembrem-se que alergias podem voltar, por isso é importante que o tratamento nunca pare. (Claro que em casos de reações alérgicas mais fortes do que simples coceiras ou irritações um médico deve ser procurado) 20. Pitágoras acreditava que o sêmen era "parte do tecido do cérebro contento vapor aquecido" Não é de se admirar que homens fiquem estúpidos sempre que entram em um estado de produção de esperma. 10 fatos para as meninas 21. A faixa etária de entrada na puberdade em mulheres caiu dos 17 para os 12 anos nos últimos 150 anos. E existem 3 teorias do porquê disto ter acontecido: - O aumento do stress diário que a sociedade moderna faz questão de tornar aparente para crianças está ligado no "despertar" da puberdade. Esta é conhecida como a Teoria de Aceleração Psicossocial. - A maior frequência de garotas que crescem com homens que não tem familiaridade com elas - não são pais ou irmãos biológicos) - O problema de obesidade infantil. O aumento repentino na quantidade de gordura nos quadris da criança sinalizam para o sistema reprodutivo se ligar e começar a funcionar. Meninas, sem começar a resmungar que aquela gorda era mesmo a vaca da classe. 22. Os humanos são os únicos mamíferos cujos seios são proeminentes quando não estão amamentando. Os seios de todos os outros mamíferos se expandem quando estão amamentando e depois se contraem quando suas crias passaram da idade de colo e tem que começar a procurar o próprio alimento. Existem duas razões para isto: ou o corpo humano precisa da gordura extra para uma emergência, ou 23. Os seios humanos podem ter se desenvolvido para imitar o traseiro. Nós sabemos que a posição preferida para se reproduzir utilizada pelos mamíferos é chegar por trás, já que a forma e a cor das nádegas do animal é um indicativo de fertilidade. Mas os humanos começaram a andar eretos (ha ha) e nosso ritual de acasalamento mudou também. Os seios femininos então teriam começado a mimetizar as nádegas quando começamos a utilizar a posição papai e mamãe, ou a fazer amor olhando nos olhos se você tiver uma queda mais romântica para a coisa. Não é de se admirar que tanto traseiros quanto peitos causem efeitos semelhantes nos machos da espécie. 24. O leite materno muda de composição, acompanhando o crescimento do filho. As fórmulas específicas para cada idade ajudam a criança a conseguir os nutrientes que ela precisa em cada estágio do desenvolvimento. Na Suécia já existem bancos de leite materno onde as coletas são categorizadas pelas proteínas para serem distribuídas para as crianças de forma apropriada. 25. Existe uma chance de 5% de um humano nascer com um terceiro mamilo. Eles geralmente se desenvolvem acompanhando a "linha do leite" que vai da axila através do peito até o lado interno da coxa, mas podem às vezes aparecer em qualquer lugar. No caso de alguém com mais de dois mamilos desenvolver câncer de mama a chance dele aparecer no mamilo extra é muito grande. 26. Mulheres com tamanhos diferentes de seios tem uma chance maior de desenvolver câncer de mama. De acordo com a pesquisa Breast Cancer Research, de 2006, "seios assimétricos podem ser uma forma confiável de se prever um futuro caso de doença dos seios em mulheres, e este fator deveria ser considerado como fator de risco nas mulheres." E lembrando-se da atração que humanos tem por simetria, não seria um erro afirmar que seios desiguais não excitem um homem. 27. Mulheres com quadris grandes e cinturas estreitas são mais férteis. Seus corpos contém 30% mais estradiol do que a média das mulheres. O estradiol é um hormônio que tem um papel muito importante no desenvolvimento sexual de uma mulher. 30% a mais significa que ela tem uma chance 3 vezes maior de engravidar. Lembrem-se disso a próxima vez que procurarem uma garota com cinturinha de pilão para seus rituais sexuais. 28. Mães com mais curvas possuem filhos mais inteligentes. Com dados do National Center for Health Statistics, dois cientistas descobriram que mulheres que tem uma proporção de 7 ou 8 para 10 de medidas de cintura para quadril, tem a tendência de terem filhos com pontuação maiores em testes de inteligência. Isso acontece por causa da quantidade de ácidos graxos que auxiliam na desenvolvimento do cérebro do feto. 29. A ocorrência de "chatos" reduziu muito desde que a depilação brasileira se tronou popular. E isso faz muito sentido se compararmos com a ideia de que o desflorestamento mata os animais que vivem nas floresta. Mas antes de saírem se depilando completamente lembrem-se de que os pêlos púbicos são responsáveis pelo seu perfume pessoal, já que é nele que vivem os organismos que transformam o seu suor em aroma, e lembre-se dos fatos sobre perfumes pessoais. E os pêlos púbicos também são um sinal natural de fertilidade, repare como a grande maioria das atrizes pornôs não desejam passar uma idéia de mulher em um ato belo e natural de fazer uma criança em seus filmes. 30. No século XVIII a vagina era conhecida como "Hei nonny-no". Pensem nisso na próxima vez que forem fazer as chamadas enoquianas. E para aqueles que conseguiram ler até aqui, alguns fatos de bônus: - A proteína responsável por assinalar a puberdade em garotas é chamada de kisspeptina, por causa do chocolate Kisses da Herhey. - A média do tamanho dos seios aumentou de uma taça 34B para 36C nos últimos 10 anos (se você não sabe o quanto é isso na prática pergunte para uma garota) - Em casos extremos de falta de alimento, homens podem produzir leite. - Os perfumes sexuais, ferormônios, ativam o centro de prazer do cérebro ao invés do centro de olfato. - Quando estão férteis, as mulheres tem um cheiro mais agradável para os homens. - Quanto mais atraente um homem, mais curtas são suas relaçãos com as mulheres. - 2.5% dos recrutas militares italianos, para alegria dos indianos, possuem micropênis. - Em estudos de medidas de pênis, para a alegria dos italianos, os Koreanos ficam do lado menos confortável da fila. - 85% das mulheres estão satisfeitas com o tamanho do pênis dos parceiros, mas apenas 55% dos homens estão satisfeitos com o tamanho dos próprios pênis. - O clitóris é o único órgão humano que possui apenas um único propósito em si - dar prazer às damas. - A chance de uma mulher sentir desconforto durante o sexo com um parceiro circuncisado é maior do que com um que não passou pela faca. - E para algum gorila que tenha lido isso poder ir dormir tranquilo: os zangões se acasalam apenas uma vez na vida. Seus pênis se quebram dentro da jovem rainha por causa da força da própria ejaculação, e como o ato se realiza no ar, eles caem no chão e morrem de inanição depois de algumas horas. O próximo macho da fila então se aproxima, retira o pênis que está lá dentro da rainha e sem pensar duas vezes enfia o dele no lugar.

Eliminando o ronco com exercícios de canto

Foi um teste consideravelmente grande, tivemos 60 pessoas com roncos simples e outros 60 com apneia do sono. A metade deles estava nos grupos de controle onde não fizeram nada, enquanto os outros fizeram os exercícios", explicou Ojay à BBC. Segundo ela, pacientes que fazem estes exercícios de voz, pronunciando os sons "ung" e "gar" juntos e em tons diferentes conseguiram diminuir e até acabar com o ronco. A diretora de coral afirmou à BBC que os exercícios precisam ser feitos diariamente, durante três meses, para o paciente conseguir alguma melhora. Estes exercícios diários são realizados durante 12 minutos no primeiro mês e 18 minutos nos meses seguintes. AcademiaDepois de anos de estudo e testes com voluntários que roncavam, os estudiosos descobriram que os exercícios vocais funcionam para as pessoas que sofrem de uma forma simples do problema e aquelas com apneia do sono suave ou moderada. Sons devem ser praticados de forma repetitiva para fortalecer músculos da garganta. Existem diferentes causas para o ronco. Mas, de acordo com Ojay, a maioria dos que começam a roncar com o passar do tempo, como parte do processo de envelhecimento, o fazem devido à falta de tônus muscular na garganta. "Quando se deitam para dormir, os tecidos obstruem a garganta, a respiração é mais turbulenta e forçada. É quando qualquer tecido solto começa a vibrar", disse a especialista. "E estes exercícios foram elaborados especificamente para as pessoas que roncam porque os músculos da garganta ficaram flácidos", acrescentou. A diretora de coral gravou um CD com os exercícios para tonificar a garganta que, segundo ela, são diferentes do que simplesmente o ato de cantar. "Trabalho com sons que soam vigorosamente e movimentos fortes e repetitivos no músculo importante para a pessoa que ronca", afirmou. Ojay acrescenta que estes exercícios são como ir à academia para trabalhar uma área específica de músculos, de uma forma repetitiva.

Sucos de frutas e diabetes tipo 2

Comer mais frutas, particularmente mirtilos (as blueberries), maçãs e uvas tende a reduzir o risco de desenvolvimento de diabetes do tipo 2, segundo um estudo publicado no British Medical Journal. No entanto, tomar de sucos de frutas pela manhã, tido por muitos como um hábito saudável, aumenta os riscos da doença, devido à maior quantidade de açúcar (um suco leva mais frutas do que as regularmente ingeridas em estado bruto) e à rápida absorção pelo corpo. A pesquisa acompanhou a dieta de 187 mil pessoas nos Estados Unidos. Destas, 6,5% desenvolveram a doença. A diabetes tipo 2 corresponde a 90% dos casos da doença, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes. Os pesquisadores usaram questionários para observar a frequência do consumo de frutas e quais as porções. As frutas em questão eram uvas ou passas, pêssego, ameixa, damascos, pera, maçã, laranjas, toranja (grapefruit), morangos e mirtilos. A análise dos dados recolhidos mostraram que três porções semanais de mirtilo, uva, passas, maçã e peras reduziam significativamente o risco do tipo 2 da doença. Níveis de açúcar de acordo com o estudo publicado, "frutas têm componentes altamente variáveis de fibra, antioxidantes, outros nutrientes e fitoquímicos que, juntos, influenciam o risco". No entanto, quando observado o impacto de sucos de frutas, os pesquisadores chegaram a um leve aumento do risco de diabetes tipo 2, contra a redução provocada pela ingestão de frutas sólidas. Substituindo-se sucos de frutas por mirtilos inteiros corta o risco em até 33%; com uvas e passas, em até 19%; por peras e maçãs, em até 13% - e por uma combinação de frutas, em até 7%. A substituição de sucos por laranjas, pêssegos, ameixas e damascos leva a resultado similar. "Ao fazermos um suco, separamos a (polpa) fruta de seus fluidos, que são absorvidos mais rapidamente, aumentando os níveis de açúcar e insulina no sangue para conter os açúcares", explica Qi Sun, autor do estudo e professor na Harvard School of Public Health. "Para diminuir o risco de diabetes tipo 2, o ideal seria diminuir o consumo de sucos e aumentar o de frutas", aconselha.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Echelon: O Sistema de Espionagem Mundial.

Talvez você não saiba, mas tudo o que você fala pelo telefone ou transmite pela Internet é controla­do, em tempo integral, via satélite, pelo Sistema Echelon, uma sofisticada máquina cibernética de espionagem, cria­da e mantida pela Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, com a participação direta do Reino Unido, do Canadá, da Austrália e da Nova Zelândia. Com suas atividades iniciadas nos anos 80, o Echelon tem, como embrião histórico, o Pacto denominado Ukusa, firmado secretamente pela Grã-Bretanha e pelos EUA, no início da Guerra Fria. Destinado à coleta e troca de informações, o Pacto Ukusa resultou, nos anos 70, na instalação de estações de rastrea­mento de mensagens enviadas desde e para a Terra por satélites das redes Intelsat (International Telecommunica­tions Satellite Organisation) e Inmarsat. — Outros satélites de observação foram enviados ao es­paço para a escuta das ondas de rádio, de celulares e para o registro de mensagens de correios eletrônicos. Além disto, já sob o guarda-chuva do Echelon, são cap­tadas as mensagens de telecomunicações, inclusive de ca­bos submarinos e da rede mundial de computadores, a lnternet. Em linguagem técnica, o objetivo dessa rede (ne­twork) é o de captar sinais de inteligência, conhecidos como sigint. O segredo tecnológico do Echelon consiste na interco­necção de todos os sistemas de escuta. A massa de infor­mações é espetacular e, para ser tratada, requer uma tria­gem pelos serviços de espionagem dos países envolvidos, por meio de instrumentos da inteligência artificial. “A chave da interpretação — afirma Nicky Hager; pes­quisador do tema — reside em poderosos computadores que perscrutam e analisam a massa de mensagens para delas extraírem aquelas que apresentam algum interesse. As estações de interceptação recebem milhões de mensa­gens destinadas às estações terrestres credenciadas e utili­zam computadores para decifrar as informações que con­têm endereços ou textos baseados em palavras-chaves pré-programadas”. Estas palavras-chave resumem os alvos principais dos serviços de inteligência dos Estados Unidos e de seus só­cios no Echelon. Integram os chamados “dicionários”, que são produzidos e trocados, sistematicamente, entre esses organismos. Entre essas palavras encontram-se, por exemplo, os nomes de Fidel Castro, Saddam Hussein e Hugo Chávez e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST. Incluem, também, expressões como terrorismo, guerrilha, narcotráfico e ajuda ao Terceiro Mundo. O acesso a alguns desses “dicionários” só tornou-se possível graças à colaboração de ex-agentes — sobretudo australianos e neo-zelandeses — com pesquisadores liga­dos a ONGs defensoras das liberdades públicas e do direi­to à privacidade. Os megacomputadores da NSA são capazes de reco­nhecer automaticamente a identidade dos interlocutores, numa conversação telefônica. Além de palavras-chave, o código do Echelon também inclui cifras-chave. 5.535 representa as comunicações diplomáticas japonesas; 8.182 indica a troca de tecnologias criptográficas. Os documentos resultantes das pesquisas recebem símbolos distintivos: Moray (secreto), Spoke (ul­tra-secreto), Gamma (interceptação de comunicações rus­sas, mesmo no pós-Guerra Fria). O megapoder da NSA A agência de inteligência norte-americana mais conhe­cida é a CIA. No entanto, de acordo com os pesquisadores nessa arca, a mais poderosa é a NSA. Ela possui, hoje, cer­ca de 20 mil funcionários em Fort Meade, seu quartel-ge­neral. São, principalmente, analistas de sistemas, engenhei­ros, físicos, matemáticos, linguistas, oficiais de segurança e administradores de empresas, entre outros especialistas de alto padrão. A NSA foi criada em 1952 por meio de um decreto se­creto do presidente Harry Truman para cuidar de espionagem e contra-espionagem, dentro e fora dos Estados Unidos. Seu organograma (conhecido publicamente, pela primeira vez, em 18 de dezembro de 1998, graças à lei co­nhecida como Freedom Information Act), demonstra que seus serviços cobrem praticamente todo o universo das tecnologias da informação. Com base nessa massa crítica, os EUA adiantaram-se no tempo para assegurar s???? ?o?ua hegemonia mundial no sé­culo 21. Em novembro de 1997, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea norte-americana fez palestra na Câmara de Representantes, em Washington e afirmou: “No primei­ro trimestre do próximo século, seremos capazes de locali­zar, seguir e mirar — praticamente em tempo real — qual­quer alvo importante em movimento, na superfície da Ter­ra Ao refletir sobre o que chama de televigilância global, o filósofo e urbanista francês Paul Vinho afirma que o fenômeno histórico que leva à mundialização exige cada vez mais luz, cada vez mais iluminação. E assim que se desenvolve hoje uma televigilância global que não reco­nhece qualquer premissa ética ou diplomática. A atual glo­balização das atividades internacionais torna indispensá­vel uma visão ciclópica ou, mais precisamente, uma visão cyber-ótica... Com essa dominação do ponto de vista orbi­tal, o lançamento de uma infinidade de satélites de obser­vação tende a favorecer a visão globalitária. Para “dirigir” a vida, não mais se trata de observar o que acontece diante de si. A dimensão zenital prevalece, de longe ou mais alto, sobre a horizontal e não se trata de um assunto de pouca importância porque o “ponto de vista de Sirius” apaga toda perspectiva”. (em Le Monde Diplomatique, agosto de 1999, pgs.4e 5). Confirmação Oficial do Parlamento Europeu Em 18 de Maio de 2001, veio a conhecimento público o informe, elaborado pela Comissão Provisória, nomeada pelo Parlamento Europeu, para investigar o Echelon, em que confirmaram: “A existência de um sistema global de interceptação das comunicações em que cooperam os Estados Unidos, o Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, já não pode ser colocado em dúvida.(...) O que resulta importante é que seu propósito é interceptar comunicações privadas e comerciais, e não comunicações militares.” (NAVARRO, 2001: 50) Sem dúvida, mais do que um sistema de espionagem, este sistema é uma grave violação ao nosso direito de privacidade. Qualquer dia nem os sites de Internet escaparão à censura total. O relatório completo do parlamento europeu pode ser facilmente encontrado na internet. O Brasil no Echelon De forma totalmente extralegal, a NSA utilizou a rede Echelon para espionar todos os movimentos do Greenpe­ace por ocasião dos protestos contra os ensaios nucleares franceses, no Atol de Mururoa, no Pacífico Sul. O Brasil também participa da história secreta do siste­ma: por meio da rede, o governo norte-americano inter­ceptou as negociações entre o governo FHC, no primeiro mandato, e a empresa francesa Thomson, para a compra dos equipamentos de vigilância da Amazônia, através do Sivam. Com base nos dados coletados, a Casa Branca e o com­plexo industrial estadunidense conseguiram derrubar Thomson e, finalmente, a empresa norte-americana Raytheon acabou ganhando a concorrência internacional. As comunicações dos países e dos cidadãos latino-ame­ricanos são processadas na estação de Sabana Seca, em Porto Rico. Na Inglaterra, o órgão governamental associa­do à NSA é a GCHQ (Britain’s Government Communica­tions Headquarters).

Explicando a Maçonaria

“Sejamos, ao menos, justos... [com a Maçonaria]. Beijem-lhe os jesuítas as mãos, por lhes ter sido dado acolhimento e liberdade na Prússia, no século XVIII - quando, expulsos de toda a parte, os repudiava o próprio papa - pelo maçom Frederico II. Agradeçamos-lhe a vitória de Waterloo, pois que Wellington e Blücher eram ambos maçons. Sejamos-lhe gratos por ter sido ela quem criou a base onde veio a assentar a futura vitória dos Aliados - a Entente Cordiale, obra do maçom Eduardo VII. Nem esqueçamos, finalmente, que devemos à Maçonaria a maior obra da literatura moderna - o Fausto, do maçom Goethe” (Fernando Pessoa - Diário de Lisboa, nº 4388, 4-II-1935). A Maçonaria é uma instituição essencialmente filosófica, filantrópica, mística, esotérica e progressista. É filosófica porque orienta o homem na investigação das leis da natureza, e convida ao pensamento que contido na simbologia da representação geométrica conduz a todos pela abstração metafísica, na busca pela reflexão filosófica. A penetração do sentido espiritual do movimento da historia, contempla em cada tempo histórico as novas inspirações doutrinarias e assimila cada sistema filosófico que pode significar a contribuição para o patrimônio do resumo da verdade além do tempo e do espaço. É filantrópica porque pratica o altruísmo, deseja o bem estar de todos os seres humanos e não visa lucros pessoais. Seus esforços e recursos são completamente dedicados ao progresso e a felicidade da espécie humana, sem distinção de nacionalidade, raças, sexo, nem religião. Alguns escritores maçons têm expressado através de frases sistemáticas, o espírito ecumênico que existe na Maçonaria. Toda a espécie humana faz parte de uma só família que se encontra dispersa pela terra, todos os povos são irmãos e devem amar-se uns aos outros como tais, esta é também uma de nossas características filosófica. É mística e esotérica porque tenta desenvolver as faculdades espirituais do ser mesmo estando estas adormecidas no subconsciente do individuo. É progressista na medida em que ensina as práticas de solidariedade humana e da vontade absoluta de consciência. Nós maçons somos buscadores da verdade, rejeitamos enfaticamente o fanatismo, em seu lugar oferecemos o tratamento desprovido de preconceitos, oferecemos à humanidade todas as contribuições que possam ser conquistadas e que de alguma forma venham a beneficiar a todos. Dentre os objetivos da Maçonaria posso destacar o estudo da moral universal e o cultivo das artes e da ciência. Jamais nos permitiremos, ou permitiremos a quem quer que seja, criar qualquer obstáculo na investigação da verdade. A Maçonaria é a maior e mais antiga organização fraternal (religiosa) conhecida do mundo atual, nossa existência se reporta a bem antes do nascimento das maiores religiões, (judaísmo, cristianismo, budismo e islamismo), do mundo conhecido somos as testemunhas da história, zelamos pela fé do individuo, seja ela qual for. Ao longo da história muitos livros foram escritos sobre Maçonaria, no entanto, para muitos não iniciados, a maçonaria ainda continua sendo um mistério. Este mistério é alimentado pela imperícia de historiadores que tentam localizar seu nascimento em algum momento da eternidade, não é raro alguém apontar o nascimento da Maçonaria para o período compreendido durante a construção do templo do Rei Salomão. Outros menos atentos ainda dizem que a Maçonaria descende diretamente da associação dos maçons operativos, os construtores das catedrais da idade média, que viajaram por toda Europa disseminando entre seus iguais os segredos e habilidades da arte de construir. É fato que no século XVII a Maçonaria sofreu a transição que hoje denominamos de operativa para especulativa, talvez aí seja explicada a confusão por parte daqueles que não nos compreendem e apontam os primeiros construtores medievais como nossos precursores universais. Concordo que quando as construções de catedrais diminuíram, os grêmios (ou guildas) de Maçons Operativos abriram suas portas para aceitar como membros, pessoas (do sexo masculino) que não faziam parte do contexto da construção civil (da época). Esta abertura permitiu que o maçom agrupado em Lojas reunisse milhares de maçons na face da terra, estas Lojas passaram a ser denominadas Lojas Simbólicas. Hoje o privilégio de ingressar na Maçonaria está limitado aos homens maiores de 18 anos (RGF - GOB), que satisfaçam os requisitos e padrões reconhecidos de caráter de moral, assim como também o candidato deve gozar de boa reputação junto á comunidade onde reside. É mister que para ser convidado um homem deve manifestar a um Mestre Maçom o seu desejo de ingressar na ordem, a Maçonaria não faz proselitismo, ninguém é compelido a ser Maçom, quando um homem pede para ser admitido em uma Loja Simbólica, é por sua livre iniciativa. Para que alguém seja aceito na Maçonaria, antes deverá submeter-se a aprovação unânime dos confrades, também deverá comprovar estar físico, moral e mentalmente capaz de poder realizar a ajuda que lhe será requerida para seus semelhantes, deve também acreditar em um Ser Supremo, a quem universalmente denominamos Grande Arquiteto do Universo. Talvez por isso, muitas pessoas, embora erroneamente, tem dito que a Maçonaria é uma religião, a estes que assim pensam, afirmo que a maçonaria não está associada, nem pode ser associada a nenhuma religião específica. Deixo claro, e espero que inequivocamente compreendam que tampouco pretendemos estabelecer na Maçonaria uma nova ordem religiosa. A Maçonaria quando organização oferece aos amantes da verdade, condições apropriadas de pesquisar, estudar e aprender livre das paixões escondidas no sectarismo político e religioso, as mais belas verdades protegidas ao longo dos séculos dos olhares profanos e malévolos daqueles que disputam com a verdade. Cada Maçom compreende que a fraternidade é o lugar apropriado para se desenvolver a inteligência e a união fraternal livres dos dogmas sectários. Embora sejamos defensores da ciência, não reconhecemos na investigação científica autoridade que seja superior a razão humana. Para aqueles que nos acusam de falsos religiosos, (em nosso contexto: cristãos), afirmo que rejeitamos as verdades religiosas que tentam cecear a liberdade de escolha de um homem, estas são nossas inimigas sim, as colocamos a lado dos ditadores e tiranos que privam o ser humano do maior dom concedido a todos, que é a liberdade de expressão que nasce nas fontes do livre arbítrio. Para compor nossas fileiras, admitimos entre nós pessoas de todos os credos religiosos, não fazemos distinção, a muito que superamos as barreiras do sectarismo religioso, a tolerância religiosa é uma de nossas maiores características, respeitamos todas as opiniões professadas como fé que sejam livres do fanatismo, egoísmo e das superstições; para alguns, a Maçonaria, do ponto de vista etimológico, é uma religião, para melhor compreensão daquele que ainda não viu a luz, convido inicialmente a observamos, sem paixões, a definição dada pra religião pelo dicionário (virtual, http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx) que diz religião ser: “culto prestado à divindade; crença na existência de uma ou mais forças sobrenaturais; fé; reverência às coisas sagradas; observância dos preceitos religiosos; doutrina, sistema religioso; ordem religiosa.” Agora que temos uma definição “una” para a expressão etimológica religião, comentarei cada definição para que haja melhor compreensão por parte de meu leitor: a) “culto prestado à divindade” → Na Maçonaria embora (obrigatoriamente) reconhecemos e respeitamos a existência de um ser supremo, não existe dentro de nossas reuniões um momento específico, onde paramos para prestar cultos á divindades, deixamos esta pratica para as religiões. b) “crença na existência de uma ou mais forças sobrenaturais” → Embora cada Maçom esteja, por força de compromisso, obrigado a crê na existência do sobrenatural, não existe dentro da Maçonaria um catecismo que discipline esta crença, na verdade embora seja exigido à crença, a Maçonaria não intervém nesta temática. Mais uma vez deixamos mais esta questão para que o Maçom resolva com sua religião. c) “fé” → A fé por si só, não pode caracterizar uma religião, uma vez que a palavra tem sua origem no latim fide e quer dizer confiança, que por sua vez no mesmo dicionário citado anteriormente significa “segurança e bom conceito que se faz de alguém”, e o bom senso nos diz que mesmo o ateu tem algumas pessoas em bom conceito. d) “reverência às coisas sagradas” → Se não existe a prestação de cultos a divindades dentro da Maçonaria, como pode existir o sagrado? e) “observância dos preceitos religiosos; doutrina, sistema religioso; ordem religiosa” → Estas práticas são comuns às religiões, como penso ter demonstrado que não nos enquadramos no contexto das religiões... Nada mais há de se comentar sobre isto. Espero ter dirimido todas as dúvidas relacionadas a esta temática, se mesmo assim, ainda perdurar alguma, recomendo o uso de bom senso, faça uma análise tranqüila, dispa-se dos pensamentos tendencioso, então poderá encontrar a verdade. Para ajudar mais ainda nesta compreensão, esclareço que a elevação moral de nosso eu interior é o grande objetivo maçônico. Posso enfaticamente afirmar, que Maçonaria não é uma religião, penso estar bem claro isto, já que tantas vezes foi abordado este tema. A Maçonaria não pretende tomar o lugar das religiões, nem modificar suas crenças, na verdade somos seus colaboradores, já que na Maçonaria são aceitos somente homens considerados bons cidadãos, bons maridos, bons pais, bons vinhos, bons profissionais na área que atuam. Penso que os religiosos antes de estigmatizar os maçons de suas religiões, deveriam respeitá-los, e admirá-los como homens livres e de bons costumes que são. Ser Maçom é um privilégio que a poucos contempla. Ao repetir minha fala, espero não estar sendo demasiadamente prolixo. O principal requisito para que alguém seja considerado apto a ser iniciado Maçom é a crença na existência de um ser supremo ao qual de forma universal denominamos Grande Arquiteto do Universo, ao referirmo-nos assim ao criador de tudo e de todos, estamos intimamente nos referindo ao ser supremo cultuado em nossa fé, que poderá ser; Deus, Jeová, Buda, Alá, entre tantos outros. Procedendo assim, respeitando a fé de cada irmão, nossa convivência é pacifica. Na Maçonaria todos podem pacificamente compartilhar de conhecimentos que conduzem aos vínculos iniciais da criação. Como regra de ouro, a Maçonaria busca bons homens para transformá-los em homens melhores, utiliza suas crenças na paternidade divina, na irmandade existente entre todos os homens e na imortalidade da alma, para ajudar a superar as debilidades que impendem o homem de usufruir de forma profusa de todo seu potencial caritativo. É característico do Maçom, honrar seus negócios, ser leal no trabalho, respeito e misericórdia para com os (momentaneamente) menos afortunados, resistência contra o mal, ajudar aos fracos, perdão para o penitente, amor fraternal acima de tudo, reverência, respeito e amor pelo Grande Arquiteto do Universo (que no universo cristão é Deus). Normalmente aqueles que tentam relacionar a Maçonaria a alguma forma de religião, o fazem baseados no grande mito maçônico, que também podemos nomear como “a grande incógnita do segredo maçônico”. Contrário ao que muitos crêem, a Maçonaria não é uma sociedade secreta, prefiro defini-la como discreta em suas pesquisas. Não escondemos nossa existência ou filiação, (a não ser que isto ponha em risco nossa liberdade e direitos de homens livres), e também não fazemos nenhuma tentativa de esconder nossos objetivos, metas, e princípios. A Maçonaria é uma organização formada sobre bases fortalecidas pelo amor ao próximo, e alicerçadas por todos que buscam a verdade. Nossos estatutos, nossas leis e regras estão disponíveis a inspeção das autoridades legais. É bem verdade que temos modos e formas de reconhecimentos, ritos e cerimônias as quais o mundo não está acostumado. Sobre isto, categoricamente afirmo, todos os grupos e instituições sociais, comerciais, filantrópicas, religiosas, tem seus próprios assuntos que só dizem respeito a seus participantes, por exemplo: algumas vezes sua família precisa tratar de assuntos que não são de interesses de seus vizinhos, a direção de uma escola se reúne para definir suas questões administrativas, os líderes de determinada igreja reúnem-se para deliberar assuntos que não serão externados em sua totalidade a todos os membros. Esta é uma característica indelével que das instituições, eu não as censuro, entendo serem necessárias para o bom funcionamento da organização. Aqueles que questionam a Maçonaria por seus rituais sigilosos esquecem que os diferentes grupos ou instituições, têm seus próprios rituais de iniciação para receber um novo membro, estas comunidades, tais como, universidades, clubes e até algumas cerimônias de ordenação ao sacerdócio estão envolvidas em seus mistérios sigilosos, sendo que os mesmos não podem, nem devem ser relacionados a princípios malignos, nem contrários a moral. Nós maçons temos proclamado ao mundo que a Maçonaria é uma associação universal, que nada tenciona governar além de suas práticas ritualísticas e sociais e que prima por estabelecer vínculos entre os homens de todos os povos criando laços de ética. A Maçonaria é uma instituição que proclama a paz entre os homens, como um de seus mais altos ideais. Finalizando, posso dizer que a maçonaria é uma fonte inesgotável de moral e sabedoria, que continuará atraindo as almas boas e generosas. Não negamos o direito dado ao homem de adorar a um deus, que conforme a fé e a crença que manifeste, será reverenciado e respeitado. Não somos juízes e nem réus em uma batalha judicial, somos vítimas sobreviventes do preconceito que é antagônico a fé religiosa, acreditamos no homem, e aguardamos com paciência, mais não passivos, pelo dia (...) “que seus preconceitos cedam diante da verdade” (...)

O Papél da Maçonaria na Independência do Brasil

Apesar do muito material documental existente, pouco se publica sobre o papel importante, decisivo e histórico que a Maçonaria, como Instituição, teve nos factos que precipitaram a Proclamação da Independência. Deixar de divulgá-los, é ocultar a verdade e consequentemente ocorrer no erro da omissão, que nem a História e nem o tempo perdoam, principalmente para com aqueles nossos irmãos, brava gente brasileira, que acreditavam, ou ainda mais, tinha como ideal de vida a Independência da Pátria tão amada. O objectivo principal, sem dúvida nenhuma, da criação do Grande Oriente foi envolver a Maçonaria na luta pela independência política do Brasil... Desde sua descoberta em 1500, o Brasil foi uma colónia Portuguesa, sendo explorada desde então pela sua metrópole; não tinha, portanto, liberdade económica, liberdade administrativa, e muito menos liberdade política. Como a exploração metropolitana era excessiva e os colonos não tinham o direito de protestar, cresceu o descontentamento dos brasileiros. Iniciam-se então as rebeliões conhecidas pelo nome de Movimentos Nativistas, quando ainda não se pensava na separação entre Portugal e Brasil. Estampava-se em nosso País o ideal da liberdade. A primeira delas foi a Revolta de Beckman em 1684, no Maranhão. No início do século XVIII, com o desenvolvimento económico e intelectual da colónia, alguns grupos pensaram na independência política do Brasil, de forma que os brasileiros pudessem decidir sobre seu próprio destino. Ocorreram, então, a Inconfidência Mineira (1789) que marcou a história pela tempera dos seus seguidores; depois a Conjuração Baiana (1798) e a Revolução Pernambucana (1817), todas elas duramente reprimidas pelas autoridades portuguesas. Em todos estes movimentos a Maçonaria esteve presente através das Lojas Maçónicas e Sociedades Secretas já existentes, de carácter maçónico tais como: Cavaleiros das Luz na Baía e Areópago de Itambé na divisa da Paraíba e Pernambuco, bem como pelas acções individuais ou de grupos de maçons. Início do século XIX, ano de 1808 - D. João e toda família real, refugiam-se no Brasil na sequência da invasão e dominação de Portugal por tropas francesas, encetadas pelo jugo napoleónico. Este facto trouxe um notável progresso para a colónia, pois esta passou a ter uma organização administrativa idêntica à de um Estado independente. D. João assina o decreto da Abertura dos Portos, que extinguia o monopólio português sobre o comércio brasileiro. O Brasil começa a adquirir condições para ter uma vida política independente de Portugal, porém sob o aspecto económico, passa a ser cada vez mais controlado pelo capitalismo inglês. Ano de 1810 - Ocorre a expulsão dos franceses por tropas inglesas, que passam a governar Portugal com o consentimento de D. João. Ano de 1815 - D. João, adoptando medidas progressistas, põe fim à situação colonial do Brasil, criando o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve. Ano de 1820 - Cansados da dominação e da decadência económica do país, os portugueses iniciam uma revolução na cidade do Porto culminando com a expulsão dos ingleses. Estabelecem um governo temporário, adoptam uma constituição provisória e impõem sérias exigências a João (agora já com o título de rei e o nome de D. João VI), ou seja: Aceitação da constituição elaborada pelas cortes, Nomeação para o ministério e cargos públicos, A sua volta imediata para Portugal. Com receio de perder o trono e sem outra alternativa, face às exigências da Corte (Parlamento português), D. João VI regressa a Lisboa (Portugal) em 26 de Abril de 1821, deixando como Príncipe Herdeiro, nomeado Regente do Brasil pelo Decreto de 22 de Abril de 1821, o primogénito com então 21 anos de idade - PEDRO DE ALCANTARA FRANCISCO ANTÓNIO JOÃO CARLOS XAVIER DE PAULA MIGUEL RAFAEL JOAQUIM JOSÉ GONZAGA PASCOAL CIPRIANO SERAFIM DE BRAGANÇA E BURBON. O Príncipe D. Pedro, jovem e voluntarioso, aqui permanece, não sozinho pois viu-se logo envolvido por todos os lados por homens de bem, Maçons, que constituíam a elite pensante e económica da época. Apesar de ver ser aceites suas reivindicações, os revolucionários portugueses não estavam satisfeitos. As cortes de Portugal estavam preocupadas com as perdas das riquezas naturais do Brasil e previam a sua emancipação, como ocorria noutros outros países sul-americanos. Dois decretos de 1821 (124 e 125) emitido pelas Cortes Gerais portuguesas, são editados na tentativa de submeter e inibir os movimentos no Brasil. Um reduzia o Brasil da posição de Reino Unido à antiga condição de colónia, com a dissolução da união brasílico-lusa, o que seria um retrocesso, o outro, considerando a permanência de D. Pedro desnecessária em nossa terra, decretava a sua volta imediata. Os brasileiros reagiram contra os decretos através de um forte discurso do Maçon Cipriano José Barata, denunciando a trama contra o Brasil. O Maçon, José Joaquim da Rocha, funda na sua própria casa o Clube da Resistência, depois transformado no Clube da Independência. Verdadeiras reuniões maçónicas ocorrem na casa de Rocha ou na cela de Francisco de Santa Tereza de Jesus Sampaio, Frei Sampaio, no convento de Santo António, evitando a vigilância da polícia. Várias providências foram tomadas, tais como: Consultar D. Pedro; Convidar o Irmão, Maçom, José Clemente Pereira, Presidente do Senado a aderir ao movimento e Enviar emissários aos maçons de São Paulo e Minas Gerais. Surge o jornal, "Revérbero Constitucional Fluminense", redigido por Gonçalves Ledo e pelo Cónego Januário, que circulou de 11 de Setembro de 1821 a 08 de Outubro de 1822, e que teve a mais extraordinária influência no movimento libertador, pois contribuiu para a formação de uma consciência brasileira, despertando a alma da nacionalidade. Posteriormente a 29 de Julho de 1822 passa a ser editado o jornal "Regulador Brasílico-Luso", depois denominado, "Regulador Brasileiro", redigido pelo Frei Sampaio, que marcou também sua presença e actuação no movimento emancipador brasileiro. Na representação dos paulistas, de 24 de Dezembro de 1821, redigida pelo Maçon José Bonifácio de Andrade e Silva, pode-se ler o seguinte registo: "É impossível que os habitantes do Brasil, que forem honrados e se prezarem de ser homens, possam consentir em tais absurdos e despotismo... V. Alteza Real deve ficar no Brasil, quaisquer que sejam os projectos das Cortes Constituintes, não só para o nosso bem geral, mas até para a independência e prosperidade futura do mesmo. Se V. Alteza Real estiver (o que não é crível) deslumbrado pelo indecoroso decreto de 29 de Setembro, além de perder para o mundo a dignidade de homem e de príncipe, tornando-se escravo de um pequeno grupo de desorganizadores, terá que responder, perante o céu, pelo rio de sangue que, decerto, vai correr pelo Brasil com a sua ausência...". 09 de Janeiro de 1822 - Na sala do trono e interpretando o pensamento geral, cristalizado nos manifestos dos fluminenses e dos paulistas e no trabalho de aliciamento dos mineiros, o Maçon José Clemente Pereira, presidente do Senado da Câmara, antes de ler a representação, pronunciou inflamado e contundente discurso pedindo para que o Príncipe Regente Permanecesse no Brasil. Após ouvir atentamente, o Príncipe responde: "estou pronto, diga ao povo que fico". A alusão às hostes maçónicas era explícita e D. Pedro conheceu-lhe a força e a influência, entendendo o recado e permanecendo no Brasil. Este episódio, conhecido como o Dia do Fico, marcou a primeira adesão pública de D. Pedro a uma causa brasileira. 13 de Maio de 1822 - os Maçons fluminenses, sob a liderança de Joaquim Gonçalves Ledo, e por proposta do brigadeiro Domingos Alves Munis Barreto, resolviam outorgar ao Príncipe Regente o título de Defensor Perpétuo do Brasil, oferecido pela Maçonaria e pelo Senado. Ainda em Maio de 1822, aconselhado pelo então seu primeiro-ministro das pastas do Reino e de Estrangeiros, o Maçon José Bonifácio de Andrade e Silva, D. Pedro assina o Decreto do Cumpra-se, segundo o que só vigorariam no Brasil as Leis das Cortes portuguesas que recebessem o cumpra-se do príncipe regente. 02 de Junho de 1822 - em audiência com D. Pedro, o Irmão José Clemente Pereira leu o discurso redigido pelos Maçons Joaquim Gonçalves Ledo e Januário Barbosa, que explanavam a necessidade de uma Constituinte. D. Pedro comunica a D. João VI que o Brasil deveria ter suas Cortes. Desta forma, convoca a Assembleia Constituinte para elaborar uma Constituição mais adequada ao Brasil. Era outro passo importante em direcção à independência. 17 de Junho de 1822 - A Loja Maçónica, "Comércio e Artes na Idade do Ouro" em sessão memorável, resolve criar mais duas Lojas pelo desdobramento de seu quadro de Obreiros, através de sorteio, surgindo assim as Lojas "Esperança de Niterói" e "União e Tranquilidade", constituindo-se nas três Lojas Metropolitanas e possibilitando a criação do "Grande Oriente Brasílico ou Brasiliano", que depois viria a ser denominado de "Grande Oriente do Brasil". José Bonifácio de Andrade e Silva (O Patriarca da Independência) é eleito primeiro Grão-Mestre, tendo Joaquim Gonçalves Ledo como 1º Vigilante e o Padre Januário da Cunha Barbosa como Grande Orador. O Objectivo principal da criação do GOB foi de envolver a Maçonaria como Instituição, na luta pela independência política do Brasil, conforme consta de forma explícita das primeiras actas das primeiras reuniões, onde só se admitia para iniciação e filiação nas suas Lojas, pessoas que se comprometessem com o ideal da independência do Brasil. 02 de Agosto de 1822 - Por proposta de José Bonifácio, é iniciado o Príncipe Regente, D. Pedro, adoptando o nome histórico de Guatimozim ultimo imperador Asteca morto em 1522), e passa a fazer parte do Quadro de Obreiros da Loja Comércio e Artes. 05 de Agosto de 1822 - Por proposta de Joaquim Gonçalves Ledo, que ocupava a presidência dos trabalhos, foi aprovada a exaltação ao grau de Mestre Maçon que possibilitou, posteriormente, em 04 de Outubro de 1822, numa jogada política de Ledo, o Imperador ser eleito e empossado no cargo de Grão-Mestre, do GOB. Porém, foi no mês de Agosto de 1822 que o Príncipe, agora Maçon, tomou a medida mais dura em relação a Portugal, ao declarar inimigas as tropas portuguesas que desembarcassem no Brasil sem o seu consentimento. Em 14 de Agosto parte em viagem, com o propósito de apaziguar os descontentes em São Paulo, acompanhado do seu confidente, Padre Belchior Pinheiro de Oliveira e de uma pequena comitiva. Faz a viagem pausadamente, percorrendo em 10 dias, 96 léguas entre Rio e São Paulo. Em Lorena, a 19 de Agosto, emite o decreto dissolvendo o governo provisório de São Paulo. No dia 25 de Agosto chega a São Paulo sob salva de artilharia, repiques de sino, girândolas e foguetes, hospedando-se no Colégio dos Jesuítas. De São Paulo dirige-se para Santos em 5 de Setembro de 1822, de onde regressou na madrugada de 7 de Setembro. Encontrava-se na colina do Ipiranga, às margens de um riacho, quando foi surpreendido pelo Major António Gomes Cordeiro e pelo ajudante Paulo Bregaro, correios da corte, que lhes traziam notícias enviadas com urgência pelo seu primeiro ministro José Bonifácio. D. Pedro, após tomar conhecimento dos conteúdos das cartas e das notícias trazidas pelos emissários, pronunciou as seguintes palavras: "As Cortes perseguem-me, chamam-me com desprezo, rapazinho e brasileiro. Verão agora quanto vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações; nada mais quero do governo português e proclamo o Brasil para sempre separado de Portugal". A independência do Brasil foi realizada à sombra da acácia, cuja raízes prepararam o terreno para isto. A Maçonaria teve a maior parte das responsabilidades nos acontecimentos literários. Não há como negar o papel preponderante desta instituição maçónica na emancipação política do Brasil. Desde 1815 com a fundação da Loja Maçónica Comércio e Arte, que daria origem as Lojas União e Tranquilidade e Esperança de Niterói e a posterior constituição do Grande Oriente do Brasil em 17 de Junho de 1822, o ideal de independência estava presente entre os seus membros e contagiava os brasileiros. À frente do movimento, enérgica e vivaz, achavam-se a Maçonaria e os Maçons. Entre seus principais Obreiros, pedreiros livres, de primeira hora podemos destacar: Joaquim Gonçalves Ledo, José Bonifácio da Andrade e Silva, José Clemente Pereira, Cónego Januário da Cunha Barbosa, José Joaquim da Rocha, Padre Belchior Pinheiro de Oliveira, Felisberto Caldeira Brant, Bispo Silva Coutinho, Jacinto Furtado de Mendonça, Martim Francisco, Monsenhor Muniz Tavares, Evaristo da Veiga Muitos outros... Faz-se necessário também realçar a figura do personagem que se destacou durante todo o movimento articulado e trabalhado pela Maçonaria, o Príncipe Regente, D. Pedro. Iniciado Maçon na forma regular prescrita na liturgia e nos rituais maçónicos, e nesta condição de pedreiro livre no grau de Mestre Maçon, aos 24 anos de idade, proclama no dia 07 de Setembro a INDEPENDÊNCIA do Brasil. Posteriormente, no dia 04 de Outubro de 1822, D. Pedro comparece ao Grande Oriente do Brasil e toma posse no cargo de Grão-Mestre, sendo na oportunidade aclamado Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil. No mesmo dia, Joaquim Gonçalves Ledo, redigiu uma nota patriótica ao povo Brasileiro, a primeira divulgação, depois da independência, que dizia: "Cidadãos! A Liberdade identificou-se com o terreno; a natureza nos grita Independência; a razão nos insinua; a justiça o determina; a glória o pede; resistir-lhe é crime, hesitar é dos covardes, somos homens, somos Brasileiros. Independência ou Morte! Eis o grito de honra, eis o brado nacional..."

domingo, 25 de agosto de 2013

Fobia, quando o medo é uma doença.

Medo é um sentimento universal e muito antigo. Pode ser definido como uma sensação de que você corre perigo, de que algo de muito ruim está para acontecer, em geral acompanhado de sintomas físicos que incomodam bastante. Quando esse medo é desproporcional à ameaça, por definição irracional, com fortíssimos sinais de perigo, e também seguido de evitação das situações causadoras de medo, é chamado de fobia. A fobia na verdade é uma crise de pânico desencadeada em situações específicas. Existem três tipos básicos de fobias, que são: A agorafobia (literalmente, medo da ágora, as praças de mercado - o nome é muito antigo) que é o medo generalizado de lugares ou situações aonde possa ser difícil ou embaraçoso escapar ou então aonde o auxílio pode não estar disponível. Isso inclui estar fora de casa desacompanhado, no meio de multidões ou preso numa fila, ou ainda viajar desacompanhado; A fobia social, quando a pessoa tem um medo acentuado e persistente de "passar vergonha" na frente de outros, muitas vezes por temor de que as outras pessoas percebam seus sinais de ansiedade. Ela pode ser específica para uma situação (por exemplo assinar cheques ou escrever na frente dos outros) ou generalizada (por exemplo participar de pequenos grupos, iniciar ou manter conversação, ter encontros românticos, falar com figuras de autoridade, etc.); E as fobias específicas, quando o medo acentuado e persistente é na presença (ou simples antecipação) de coisas como voar, tomar injeção, ver sangue, altura. Ou ainda o medo específico de elevador, dirigir ou permanecer em locais fechados como túneis ou congestionamentos. Origem Seis em cada dez pessoas com fobias conseguem se lembrar da primeira vez que a crise de medo aconteceu pela primeira vez, quando as sensações de pânico ficaram ligadas ao local ou situação em que a crise ocorreu. Para essas pessoas, há uma ligação muito clara entre o objeto e a sensação de medo. Por exemplo, uma pessoa tem uma crise de pânico ao dirigir, e a partir desse dia passa a evitar dirigir desacompanhada, com temor de passar mal e não ter ninguém por perto para auxiliá-la. E talvez esse temor se expanda para um local aonde a saída seja difícil em caso de "passar mal", como cinemas e teatros. Surgiu assim uma agorafobia, um medo generalizado a "passar mal" e não ter como escapar ou receber auxílio. Uma outra pessoa, por exemplo, pode ter tido uma experiência traumática de um acidente de carro, e a partir desse dia não querer mais andar de carro, desenvolvendo uma fobia específica a carros. Perceba que o medo de andar de carros é igual, mas a origem, e na verdade o próprio medo, são fundamentalmente diferentes. No primeiro caso, o que se evita é ficar numa situação em que o socorro possa ser complicado, e no segundo caso, o que se evita é o carro em si mesmo. Mas por qual motivo uma pessoa desenvolve uma fobia? E ainda, por quais razões algumas fobias são mais comuns que outras? Vários neurocientistas acreditam que fatores biológicos estejam francamente ligados. Por exemplo, encontrou-se um aumento do fluxo sangüíneo e maior metabolismo no lado direito do cérebro em pacientes fóbicos. E já foi constatado casos de gêmeos idênticos educados separadamente que desenvolveram um mesmo tipo de fobia, apesar de viverem e serem educados em locais diferentes. Também parece que humanos nascem preparados biologicamente para adquirir medo de certos animais e situações, como ratos, animais peçonhentos ou de aparência asquerosa (como sapos, lesmas ou baratas). Numa experiência clássica, Martin Seligman associava um estímulo aversivo (um pequeno choque) a certas imagens. Dois ou quatro choques eram suficientes para criar uma fobia a figuras de aranha ou cobra, e muitas mais exposições eram necessárias para uma figura de flor, por exemplo. A provável explicação é que esses temores foram importantes para a sobrevivência da espécie humana há milênios, e ao que parece trazemos essa informação muitas vezes adormecida mas que pode ser despertada a qualquer momento. Outra razão para o desenvolvimento das fobias pode ser o fato de que associamos perigo a coisas ou situações que não podemos prever ou controlar, como um raio numa tempestade ou o ataque de um animal. Nesse sentido, pacientes com quadro clínico de transtorno de pânico acabam desenvolvendo fobia a suas próprias crises, e em conseqüência evitando lugares ou situações que possam se sentir embaraçados ou que não possam contar com ajuda imediata. E por fim, há clara influência social. Por exemplo, um tipo de fobia chamada taijin kyofusho é comum apenas no Japão. Ao contrário da fobia social (em que o paciente sente medo de ser ele mesmo humilhado ou desconsiderado em situação social) tão comum no ocidente, o taijin kyofusho é o medo de ofender as outras pessoas por excesso de modéstia e consideração. O paciente tem medo que seu comportamento social ou um defeito físico imaginário possa ofender ou constranger as outras pessoas. Como se percebe, esse tipo de fobia é bem pouco encontrado em nosso meio... O que há em comum em todas as fobias é o fato de que o cérebro faz poderosos links em situações de grande emoção. Para entender o que se passa, é interessante lembrar de uma situação universal: você provavelmente, em algum tempo de sua vida, estava com outra pessoa, numa situação bastante agradável, e ao fundo tocava uma música. Agora, quando você ouve a música, lembra da situação. E se parar para pensar bem, não apenas lembra da situação, mas talvez sinta as mesmas sensações agradáveis. Para o cérebro, o fenômeno é o mesmo. Fortes emoções em geral ficam ligadas ao que acontece em volta. Em geral as fobias ocorrem quando a crise de pânico é desencadeada em situações que já são potencialmente perigosas. Por exemplo: nenhum animal (e nós somos animais, lembra-se?) gosta de ficar acuado ou perto de algum outro animal que possa lhe trazer riscos. Estar preso no trânsito, num elevador, num shopping é, para quem sofre de certos tipos de fobia, uma situação de "ficar acuado", sem saída. Por isso, muitos pacientes com pânico acabam desenvolvendo fobias a lugares fechados.

Paralizia do Sono

Imagine a seguinte cena: você acorda no meio da noite ou logo de manhã e, antes de qualquer coisa, pensa que será um dia como qualquer outro. Mas ao tentar abrir os olhos percebe que eles não obedecem ao seu comando. Pior do que isso, ao tentar mexer qualquer parte do seu corpo nota que está absolutamente imóvel como se estivesse morto, enterrado em pixe, cada movimento precisa de uma vontade e uma força fora do comum e mesmo assim quase não há resposta do seu corpo. Bate o desespero, seus sentidos estão ligados, você consegue ouvir os barulhos do ambiente e sentir os lençois da cama. Absolutamente consciente, mas sem nenhum controle de seus músculos, não consegue sequer gritar ou falar falar. Não resta nada a fazer, a não ser tomado pelo pânico. Para piorar em alguns casos existe a nítida sensação de que você não está sozinho. Muitas pessoas não precisam imaginar esta cena, elas já a vivenciaram, e algumas pessoas com certa frequência. Caso você seja uma dessas pessoas, parabéns! Você é mais uma vítima da Paralisia do Sono. Um caso que serve para ilustrar centenas de experiências individuais é o de Ronald Seigel, documentado na revista Fator X: "Eram 4:20 da madrugada quando Ronald Seigel foi despertado pelo barulho da porta do seu quarto. Ouviu passos que se aproximavam e uma respiração ofegante. Paralisado de medo, só conseguiu ficar deitado, olhando para cima enquanto sentia o fétido odor da entidade que se aproximava. Parecia que havia uma tenebrosa presença. 'Tratei de tentar retirar os lençois e pular para fora da cama, porém estava preso a ela. Sentia uma forte pressão sobre o peito, meu coração batia forte e minha respiração estava difícil. Cada palavra saía de uma boca que cheirava a tabaco. Sua linguagem era estranha, parecia um inglês dito ao contrário. Havia um forte clima sexual. A entidade deitou em cima de mim. Comecei a perder a consciência e logo a voz cessou'." Folclore e explicações sobrenaturais Durante séculos, pessoas de diferentes culturas descreveram ataques semelhantes. Normalmente ocorrem a noite, justamente no momento de dormir ou despertar. Estes ataques iniciam-se invariavelmente submetendo suas aterrorizadas vítimas a uma paralisia total, uma pressão forte sobre o peito e uma intensa atividade sexual, muitas vezes de natureza sodomita. Uma das mais antigas tradições africanas a respeito do fenômeno lhe presta o nome de Popobawa, um espírito que submete as pessoas enquanto estas dormem e as faz "gritar sem voz". Já no Canadá "Old Witch" é o termo cunhado para se referir a assustadora figura que aparece durante os ataques noturnos. Na Alemanha, o nome para o fenômeno é "Mare", enquanto que os escandinavos a chamam de "Mara" e os gregos de "Mora", sendo que todas estas palavras são derivasões do saxão antigo para "Pesadelo"; a própria palavra pesadelo sendo derivada de 'pesado' usado para designiar um sonho penoso com sensação de peso no peito. No Japão é o Kanashibari que usa de sua magia para paralizar suas vítimas. Na idade média este amante noturno recebia o nome de íncubo, do latim "incubare", "estar sobre". O incubo foi muitas vezes descrito como um angustiante peso sobre o peito que traz a sensação de excitação sexual. Modernamente é muito comum ligar a paralisia do sono com relatos de abduções e visitas alienígenas. A semelhança universal dos casos sugere que o fenômeno seja real. Porém de onde vêem estas "entidades"? Se formos acreditar nos casos descritos pelo folclore e no que dizem os pesquisadores paranormais, o que acontece é que ao dormirmos nossa alma se separa do corpo e visita diferentes mundos espirituais. Algumas vezes ao acordarmos o processo de união da alma e do corpo pode não ser perfeito e ficamos presentes ao mesmo tempo no mundo material e espiritual, resultando dai a paralisia do corpo físico. Segundo esta teoria isso chama a atenção de espíritos malévolos presos a terra que se aproveitam desta situação e nos atacam durante o sono para relembrar e reforçar seu apego as coisas terrenas, em especial ao sexo. Abordagem científica da paralisia sonora A visão científica atual propõe uma visão menos assustadora do fenômeno. Também chamada de Catalepsia do Sono, este é um problema mais comum do que as pessoas imaginam. Isto porque, todas as noites, quer lembremos ou não, sonhamos. Ao sonharmos é essencial que as funções motoras do corpo estejam desligadas. Caso isso não acontecesse as consequências poderiam ser desastrosas, imagine cada vez que você sonhasse que está caminhando, caso seu corpo não estivesse com as funções motoras desligadas provavelmente acordaria a quilómetros de sua cama, ou tentaríamos correr, nadar e voar no mundo real a cada sonho que sugerisse a ação, nos expondo a muitos perigos e acidentes. A catalepsia é portanto um avanço evolutivo para nossa própria segurança. Pessoas que falam dormindo apresentam algum grau de dificuldade em manter a catalepsia, e assim são justamente estas pessoas que podem se expor aos momentos de paralisia em sonho. Normalmente ao acordarmos esta paralisia cessa, mas em algumas raras ocasiões esse mecanismo pode falhar. Esta paralisia noturna é normalmente acompanhada de taquicardias, dificuldade de respiração e pânico. A experiência é penosa pois a vítima está semi-consciente do que acontece a sua volta e pode adentrar no que os cientístas chamam de alucinação hipnagógica: um estado entre o sono e a vigília, no qual os sonhos são bastante realistas. O estado de paralisia pode produzir hipervolemia e a sensação de opressão no peito. A restrição de oxigênio estimula os centros de prazer sexual do cérebro. Nestes casos a imaginação preenche a estranha realidade da paralisia com seus próprios medos e fantasias. Normalmente, o primeiro sintoma da Catalepsia Noturna é a paralisia em sonhos. A pessoa pode ouvir um estranho som, as vezes descrito como um silvo ou um uivo. Também são ouvidos passos, ruído de motor ou mesmo uma "respiração profunda". O aspecto mais assustador da paralisia durante os sonhos é a sensação de uma presença próxima. É possivel que nada esteja sendo visto, porém tem-se a sensação de que existe alguém mais no quarto. Algumas vezes esta presença se aproxima e a vítima pode sentir seu toque na pele, apertos, sacudida e contorsões. Como lidar com a paralisia do sono A tentativa de racionalizar a paralisia noturna, não a torna menos assustadora. Não explica, por exemplo, porque, se os conteúdos dos pesadelos são tao variados, por quê o conteúdo dos casos de paralisia são tão semelhantes, independente da cultura de cada indivíduo. David J. Hufford, professor e diretor do Centro Kienle de Medicina Humanística da Universidade da Pensilvânia, sustenta em seu livro, "The Terror that comes in the Night", que existe algo a mais do que apenas truques produzidos pelo cérebro. O que é mais curioso é o fato desses ataques terem sido denunciados por pessoas sãs e consciêntes do mundo inteiro. Pessoas que nunca tinham tido contato com as tradições populares e negam possuir qualquer interesse por fenômenos paranormais. Seja como for é fato sabido que nos casos de paralisia noturna o melhor a se fazer é não se debater, nem se esforçar, pois isso pode levar a um ataque de pânico, seja a origem da paralisia um espírito malicioso ou uma alucinação hipnagógica. Se ao invez disso, simplesmente a pessoa tentar voltar a dormir sua mente pode descansar livre de angústia e o corpo pode em instantes retomar o processo natural de despertar. Tenha em mente que por pior que seja a experiência todos os relatos coincidem em um ponto: eventualmente a pessoa volta a ter o controle sobre o corpo e a vida segue seu rumo.

Transcedendo a Mente Tribal

Ao longo de sua evolução, o cérebro humano adquiriu três componentes que foram surgindo e se superpondo, tal qual em um sítio arqueológico: a parte inferior, a mais primitiva, correspondendo ao cérebro dos répteis, é onde se encontram algumas estruturas como as do tronco cerebral, responsáveis pela ações involuntárias e o controle de certas funções víscerais (cardíaca, pulmonar, intestinal, etc), indispensáveis à preservação da vida. A porção intermediária corresponde ao cérebro dos mamíferos antigos, e é formada pelas estruturas que regem as nossas emoções, ou seja, as estruturas do sistema límbico. E a porção mais externa de nosso cérebro é conhecida como cérebro superior ou racional, compreendendo a maior parte dos hemisférios cerebrais (formado por um tipo de córtex mais recente, denominado neocórtex) e alguns grupos neuronais subcorticais. Este é o cérebro dos mamíferos superiores, aí incluídos os primatas e, consequentemente, o homem, onde se constitui o cérebro "racional", responsável por ações voluntárias, percepção, consciência, aprendizado e linguagem. Nossa mente é resultado da ação combinada e integrada de todas estas partes. É na porção primitiva do cérebro que são gerados os atos e comportamentos mais básicos para a sobrevivência e preservação da espécie (os mecanismos de agressão, de defesa, as posições hierárquicas no grupo e a delimitação de território. Apesar da impressionante dominância do neocórtex, até hoje conduzimos muitos de nossos atos com base em nosso cérebro primitivo, como os nossos antepassados, há milhares de anos: possuímos comportamentos ritualísticos, matamos para comer, tendemos a discriminar pessoas fora do nosso grupo imediato (família, aldeia, raça, etc.), defendemos nosso espaço (domínio territorial). Sobre esse pano de fundo biológico, desenvolveram-se as múltiplas culturas humanas, tão diversas entre si, mas todas tendo muitas coisas em comum, como a chamada "mente tribal". Alguns autores, como Edward Wilson da obra "Sociobiologia" (1), opinam, inclusive, que o tribalismo foi fundamental para a evolução acelerada do cérebro humano, ao promover competição acirrada e genocídio entre tribos. A cultura, entretanto, é o resultado da interação de genes com o ambientes, incluindo aprendizagem social, e é capaz de evoluir também. Nem os genes e nem o ambiente sozinho podem ser responsáveis por nosso comportamento: ambos são importantes, em quantidades variáveis, dependendo do tipo de comportamento. Portanto, conceitos que denotam o "meu" como o centro de tudo, como "minha" religião, "minha" raça, "meu espaço", "meu" país, são conceitos primitivos para a sociedade moderna. Há muito tempo esse tipo de coisa era útil, porque o homem vivia rodeado de animais ferozes e precisava ficar em grupo para defender a tribo. Mas hoje vivemos em uma nova era. Como civilização, teremos que transcender a mente tribal. Na verdade, o homem tem se esforçado por isso e conseguido significativo progresso ao longo de sua história. Há 10.000 anos, nós passamos de caçadores e coletores e de uma vida nômade, para plantadores e cultivadores (revolução agrícola), e então as cidades tomaram o lugar das cavernas, bem como o comércio, a escrita e a matemática; no século XIX, a força humana e animal foi substituída pelas máquinas - barcos a vapor, trens, escavadeiras, automóveis, avião, ferramentas poderosas (a revolução industrial). E hoje, passamos por uma terceira revolução cultural: a revolução da informação. O progresso humano tem exigido máxima atualização da informação, uma vez que a velocidade de acumulação do conhecimento tem aumentando de forma vertiginosa em quase todas as atividades humanas. A tecnologia, ao tentar transmitir e facilitar a informação, criou meios de aproximação entre os povos. O telegrama, o rádio e a televisão foram os predecessores desta aproximação; a telefonia e as redes internacionais de computadores foram mais além: permitiram a comunicação e a interação instantânea e bidirecional entre indivíduos, onde qualquer ser humano do planeta poderá entrar em contato e dialogar facilmente com qualquer um dos seus semelhantes, esteja ele onde estiver. Desta forma, evoluímos de tribos estreitas e restritas, para uma aldeia global. Nossa tecnologia de informação está reduzindo todo o planeta à mesma situação que ocorre em uma aldeia, ou seja, à possibilidade de nos intercomunicarmos diretamente com qualquer pessoa que nele vive. Isto representa uma grande mudança na maneira como se processa a comunicação humana. Esta via começou historicamente quando nossas espécies emergiram milhões de anos atrás, primeiro com o aprendizado e comunicação por gestos e imitação, e então por um passo poderoso representado pela aquisição da linguagem, e finalmente, pela invenção da escrita. A aldeia global levará a um rompimento de barreiras culturais, permitindo uma fusão de diálogos, conhecimentos e entendimentos, e certamente poderá sobrepujar os ditames do cérebro primitivo. Precisamos nos libertar do tribalismo. Mas como? Nos últimos cem mil anos o nosso cérebro tem permanecido biologicamente exatamente igual, ou seja, ele não está mais sujeito às forças da evolução pela seleção natural. Portanto, a única esperança que temos de mudá-lo significativamente será através da quarta e próxima revolução: a da biotecnologia. Poderemos, quem sabe, descobrir os genes que controlam nosso comportamento agressivo e que fazem a nossa mente ser tribal; e desativá-los. Mas como poderíamos fazer isso ainda permanece uma discussão aberta, pois existem muitos problemas morais, éticos e políticos a serem solucionados, mas nos parece inevitável que isso venha a ocorrer. As neurociências terão um papel fundamental nessa "evolução artificial" .

Deja Vu

Déjà vu é uma sensação psicológica de que você já passou antes por uma dada situação, já esteve em algum lugar ou já conhecia uma determinada pessoa antes de que estes eventos tenham de fato acontencido cronologicamente. É uma expressão francesa que significa literalmente "Já vi isso!". Da mesma forma que é impossível se explicar a um daltônico o que é a cor verde, trata-se de uma experiência psicológica impossível de ser satisfatoriamente explicada para quem nunca passou por ela. Déjà vu é uma sensação psicológica de que você já passou antes por uma dada situação, já esteve em algum lugar ou já conhecia uma determinada pessoa antes de que estes eventos tenham de fato acontencido cronologicamente. É uma expressão francesa que significa literalmente "Já vi isso!". Da mesma forma que é impossível se explicar a um daltônico o que é a cor verde, trata-se de uma experiência psicológica impossível de ser satisfatoriamente explicada para quem nunca passou por ela. Ok, agora você sabe do que estamos falando. Embora aqui você tenha realmente passado pela mesma situação duas vezes, a sensação de Déjà vu é exatamente a mesma. Só que com uma variante: imagine você pedir pela primeira vez um sanduiche de ciruelitas roxas grelhadas; agora imagine que logo que pediu, você já sabe o gosto que o sanduiche vai ter, sem nunca ter provado. Fica pior, você sabe exatamente o gosto do sanduiche que acabou de pedir e que o cozinheiro nem começou a fazer. A pessoa que experiencia um déjà vu o faz desta forma, como se acontecesse de trás para frente. Você tem a clara sensação de já ter experienciado algo, ou seja está experienciando a coisa pela SEGUNDA vez, mas não sabe quando foi a primeira. Lugares, rostos e eventos inéditos podem soar extremamente familiares e em algumas situações você pode jurar que poderia ter previsto com exatidão quais as próximas palavras seriam ditas. Na sua cabeça um evento surge como se fosse uma memória, embora esteja acontecendo agora e você não tenha uma memória anterior dele. Como se isso não bastasse a experiência é tão rápida que você logo duvida desta certeza pois não tem nenhuma prova concreta de que aquilo já tivesse acontecido antes, não há uma memória. Mas se você parar para pensar, também não tem nenhuma prova concreta de que ficou com febre mês passado, mesmo que tenha ficado. Ou seja, sabe quando quer lembrar o nome de uma música e ele fica na ponta da língua, mas não vem nunca? É parecido, mas pior. É como ter algo na ponta da língua, sem ter uma língua em primeiro lugar. O que mais incomoda ao experimentar o Dévà vu é que, embora você saiba que passou duas ou mais vezes pelo mesmo evento não há nenhum registro em sua memória capaz de localizá-lo no passado. Nos acostumamos a classificar acontecimentos em ordem cronológica em nossa mente, de uma forma quase espacialmente disposta em prateleiras. Às vezes basta evocarmos um nome e a memória relacionada nos vêm a tona. As vezes temos que nos esforçar mais para lembrar quem começou uma briga. Mas o Déjà vu desafia esta organização ao apresentar um evento que não pode ser encontrado em lugar nenhum. Variações do Deja vu O déjà vu atormenta tanto as vítimas quanto os estudiosos, o que fez com que tentassem isolar as diferentes áreas de atuação dessa não memória para buscar onde a "falha" pode ter sua origem. Aqui estão as principais dentre elas. Déjà vécu Significa literalmente 'já visto' ou 'já vivido assim'. A maioria dos relatos de déjà vu referem-se a situações de déjà vécu, mais de 1/3 deles. A experiência de uma sensação relacionada àquilo que estamos dizendo ou fazendo. Olhar ao redor e se lembrar do local ou das pessoas que nos cercam assim como dos objetos presentes. Acredita-se que as pessoas mais afetadas por ele estejam entre os 15 e 25 anos. Déjà senti Significa "já sentido", déjà senti é primeiramente ou igualmente exclusivo para um acontecimento mental, sem aspectos precognitivos, e raramente, permanece na memória da pessoa logo depois. É uma memória sensorial e física. Déjà visité É a sensação mais incomum de todas. Quem passa por essa situação, pode, por exemplo, conhecer tudo a sua volta em uma cidade que nunca tenha visitado antes, sabendo que nunca esteve lá antes. Para diferenciar o dejà visité do dejà vécu, é importante identificar a causa da sensação. Déjà vécu é uma referência a ocorrências e processos temporais. Enquanto déjà visité tem mais ligações a dimensões geográficas e espaciais. Explicações Possíveis para o Deva vu: Durante uma vida toda nos deparamos com vários destes espaços flutuantes de memórias. Como é costume no modelo científico, rotulamos o fenômeno com um nome descritivo e fingimos que ele está explicado. Matéria escura, DNA-Lixo, Gravidade, Deja vu. Nosso cérebro é uma entidade complexa. Ele permite que nossa memória tridimensional se organize em padrões holográficos complexos. Uma memória em particular pode entrecruzar com outras em uma rede intrincada. Estudos mostram por exemplo que quando tentamos lembrar o nome de alguém, ativamos nossas memórias dos rostos destas pessoas em uma parte do cérebro enquanto que ao mesmo tempo acionamos uma outra parte da massa cinzenta para lembrar de seu nome. Nós não temos simples dados soltos que brilham quando pensamos neles, todos estão dispostos em conjunto, basta se lembrar da época da escola, é mais fácil se lembrar de uma sequência de 12 letras ou de uma frase complexa, para então deduzir das palavras códigos e desses códigos uma sequência de 12 letras? Na escola era muito comum se decorar a frase "hoje li na cama Robinson Crusoé em francês", essa frase então era transformada em Hoje LI NA Kama RoBinson CruSoé em Francês" e então decodificada para H, Li, NA, K, Rb, Cs, Fr. E voilá, temos a primeira coluna da tabela periódica com os elementos Hélio, Lítio, Sódio, Potássio, Rubídio, Césio e Frâncio. Bizarro, mas é assim que nossa mente funciona. Agora como sabemos que parte dela precisa ser acionada para que as memórias comecem a ser acessadas ainda é um mistério. E onde fica uma lembrança quando ninguém se lembra dela? Para sermos honestos ainda não temos nenhuma explicação racional para este fenômeno. Algumas pessoas serão rápidas em afirmar que trata-se de memórias perdidas de vidas passadas. Algumas pessoas dirão que por uma falha no cérebro armazenemos fatos triviais na memória de longo prazo, causando uma ilusão temporal. Algumas pessoas dirão que temos muitas encarnações simultâneas em outras dimensões e às vezes uma memória escapa de uma dimensão para outra. Algumas pessoas dirão qe trata-se de uma falha no mundo de ilusão em que vivemos. Algumas pessoas dirão que não é algo relacionado ao passado, mas a uma memória do futuro. Algumas pessoas dirão que isso é causado por demônios que querem nos confundir com ilusões. Algumas pessoa dirão que você está mentindo. Nenhuma destas explicações pode ser refutadas. Nenhuma é mais ou menos racional do que outra. Por isso, qualquer um que defender qualquer uma destas explicações deve também satisfatoriamente refutar todas as outras alternativas. A não ser é claro que a causualidade seja também uma ilusão. Neste caso tudo pode ser explicado de formas diferentes e até opostas. Ironicamente, se a causualidade for uma ilusão então não precisaríamos de razão alguma para lembrar de qualquer coisa.

Você já sonhou com este homem?

Não muito tempo atrás, num belo dia em Nova York, um homem vai ao psiquiatra falando sobre problemas da vida. No decorrer de suas falas, o homem diz que sonha esporadicamente com um homem que jamais viu na vida real. O psiquiatra, curioso, pede ao homem que diga como é o homem e, através das informações obtidas, consegue um retrato falado (conforme imagem acima) que, segundo o seu paciente, se aproxima bastante do homem com quem sonhou. Apesar de tudo, o psiquiatra deixa o retrato em cima da mesa sem dar muita importância ao assunto. Na semana seguinte, ao atender outra paciente, ele nota que a mulher também reclama de sonhar com um homem com o qual jamais havia conhecido ou visto antes. O psiquiatra acha estranho e, por vias das dúvidas, mostra o retrato e, para sua surpresa, a mulher diz que é exatamente o homem com quem sonhou. A princípio, o psiquiatra acha que se trata de alguma pessoa que apareceu num meio de comunicação em massa, na televisão, no jornal ou em propaganda impressa. Contudo, ele envia cópias desse retrato para colegas psiquiatras em todo país para que apresentarem a seus pacientes. e, como resposta, soube que haviam pelo menos outras 4 pessoas, em todo os EUA, que haviam sonhado com ele. Dali em diante, o psiquiatra resolve espalhar panfletos e criar um site chamado, onde pessoas de todo mundo afirmam terem sonhado com este homem sem sequer tê-lo visto na vida. Estimasse que perto de 5 mil pessoas já sonharam com ele. Há cartazes por todo o mundo, nas mais diversas línguas, perguntando para as pessoas quem seria este homem. Irmãos e Irmãs, algum de vocês já sonhou com este homem? Eu Não. Há uma explicação bem simples para isso: Reparem nos sonhos, reparem nas pessoas com quem você sonha, reparem que mesmo quando você conhece as pessoas que aparecem neles, elas não são perfeitas, possuem imperfeições, pois sonhos são LEMBRANÇAS (guarde bem essa palavra, usar-na-emos depois) e são em sua totalidade coisas que já aconteceram. Pessoas com as quais você convive, tendem a aparecer com mais detalhes nos sonhos (sua mãe, seu cachorro, a namorada, o demônio,..), já as pessoas que abarrotam nossos sonhos, podemos dizer assim, os figurantes deles, são pessoas que ocasionalmente vimos na rua, na panificadora, no banheiro público ou no shopping, no entanto, todas essas pessoas nós VIMOS em algum lugar antes. Nos sonhos, somos incapazes de criar, não conseguimos imaginar coisas que nunca vimos antes. O que vemos ali são coisas que podemos até ter imaginado quando conscientes, mas que naquele momento não percebemos ou não damos conta. Posso afirmar que todos os literários, inventores e pesquisadores que tiveram um "Feeling" com base em sonhos estão ou equivocados porque não lembram sua verdadeira origem, ou então estavam mentindo-tindo-tindo. Claro que os sonhos podem nos dar novas perspectivas sobre as coisas, nos definir idéias, nos mostrar caminhos pelos quais nunca passamos antes nas nossas vidas, mas eles não nos permitem CRIAR rotas neles. O que acontece, como disse no começo, é que as coisas as quais não atemos aos detalhes podem assumir qualquer detalhe nos sonhos. São todas LEMBRANÇAS, como disse. Pode-se dizer que muitas pessoas já sonharam com pessoas que parecem ser iguais, como quando vemos vultos no escuro, mas que na verdade não são. Ninguém nunca soube do paradeiro deste indivíduo, ninguém nunca o viu. Poderia ser ele um ser que entrasse no Subconsciente das pessoas, que aparecem em sonhos para transmitir idéias para elas? Mistério... De qualquer forma, se alguém aqui já sonhou com este homem ou tem mais curiosidade em saber a história por trás disso, pode acessar o site: www.thisman.org

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Propaganda: Ideologia e Manipulação

Ao assistir à televisão, ler um jornal ou revista, ouvir rádio ou olhar um cartaz de rua, tem-se a atenção despertada para mensagens que convidam a experimentar um determinado produto ou a utilizar algum serviço. São anúncios que pedem para usar um sabonete, fumar cigarros de certa marca, depositar dinheiro numa caderneta de poupança e inúmeros outros. Outras vezes, embora sem se referir especificamente aos produtos ou serviços, os anúncios mencionam uma determinada empresa ou instituição, falam de sua importância para a sociedade, dos empregos que ela propicia ou de sua contribuição para o progresso do país. Procuram, dessa forma, criar uma imagem positiva da entidade para que se a considere com simpatia. Trata-se, em todos esses exemplos, de publicidade, também denominada propaganda comercial. A propaganda eleitoral, geralmente, é realizada em vésperas de eleições. Suas mensagens, veiculadas pelos meios de comunicação ou divulgadas diretamente através de discursos e apelos pessoais, convidam a votar em determinado candidato, enaltecem suas qualidades positivas e informam sobre as obras que realizou no passado e as que irá fazer no futuro, se eleito. A produção desses anúncios envolve diversas e diferentes etapas. A empresa que deseja aumentar as vendas, o número de usuários de seus serviços, ou o candidato que quer ser eleito, contrata uma agência de propaganda. A partir daí, profissionais especializados passam a estudar cuidadosamente os diversos aspectos que lhes permitam adquirir um perfeito conhecimento da situação. Verificam as características do produto ou serviço, formas de distribuição, preços e informam-se sobre os concorrentes. No caso de candidatos a cargos políticos, analisam suas qualidades, aspectos físicos, idéias que defendem etc. Obtido o maior número possível de informações, a agência passa a investigar os prováveis consumidores ou eleitores. Pesquisa seus hábitos, expectativas, motivações, desejos e todos aqueles elementos necessários para prever as atitudes que poderão assumir em face das propostas a serem apresentadas. Verifica, ainda, os hábitos de leitura, locais que freqüentam, canais de televisão e estações de rádio que preferem e os respectivos horários. De posse de todos esses dados, relativos ao que deve ser anunciado, às pessoas que devem receber as mensagens e aos veículos de divulgação, a agência prepara a campanha. Tem condição, assim, de criar os comerciais e anúncios de forma atrativa e convincente para, em seguida, difundi-los nos locais, veículos e horários mais adequados à consecução dos objetivos que tem em vista. A pessoa que recebe a comunicação não encontra nenhuma dificuldade em perceber que se trata de propaganda, ou seja, de que existe o fim específico de gerar uma predisposição para a compra ou utilização da serviço, criar uma imagem favorável da empresa ou obter votos. Pode, inclusive, evitar os apelos desligando a TV, mudando a estação do rádio ou simplesmente não prestando atenção. Há uma outra forma de propaganda que se desenvolve de maneira bem mais complexa. Nos casos até agora mencionados a meta era estimular apenas a prática de um ou alguns atos isolados. Promovia-se, como vimos, a escolha de bens ou serviços de certas empresas ou a opção de voto para o candidato de determinado partido. A propaganda ideológica ao contrário, é mais ampla e mais global. Sua função é a de formar a maior parte das idéias e convicções dos indivíduos e, com isso, orientar todo o seu comportamento social. As mensagens apresentam uma versão da realidade a partir da qual se propõe a necessidade de manter a sociedade nas condições em que se encontra ou de transformá-la em sua estrutura econômica, regime político ou sistema cultural. Não é mais tão fácil perceber que se trata de propaganda e que há pessoas tentando convencer outras a se comportarem de determinada maneira. As idéias difundidas nem sempre deixam transparecer sua origem nem os objetivos a que se destina. Por trás delas, contudo, existem sempre certos grupos que precisam do apoio e participação de outros para a realização de seus intentos e, com esse objetivo, procuram persuadi-los agir numa certa direção. E eles conseguem, muitas vezes, controlar todos os meios e formas de comunicação, manipulando o conteúdo das mensagens, deixando passar algumas informações e censurando outras, de tal forma que só é possível ver e ouvir aquilo que lhes interessa. Os noticiários de jornais, rádio e televisão e os documentários cinematográficos transmitem as informações como se fossem neutras, mera e simples descrição dos fatos ocorridos. Mas, em verdade, essa neutralidade é apenas aparente, pois as notícias são previamente selecionadas e interpretadas de molde a favorecer determinados pontos de vista. Os filmes de ficção, romances, poesias, as letras de músicas e expressões artísticas de maneira geral parecem resultar da livre imaginação dos mais variados artistas. Todavia, a distribuição a promoção das obras são controladas de modo a só tronar conhecidas aquelas cujo conteúdo não contrarie as idéias dominantes. As denominações de ruas e praças, as placas comemorativas e de sinalização, as estátuas e efígies de pessoas, colocadas nos mais diversos logradouros, aparentemente se destinam apenas a servir de orientação ou a decorar os ambientes. Porém, na maioria dos casos, cuja vida deva servir de exemplo, com o objetivo de que sejam imitadas em benefício da realização dos interesses promovidos pela propaganda. Professores extravasam sua função de transmitir conhecimentos científicos para divulgar concepções comprometidas com certas posições. Líderes religiosos, que se propõe a orientar seus adeptos pelos caminhos da paz espiritual e da salvação eterna, acabam empurrando-os para ações que favorecem lucros materiais e ambições terrenas. Por toda a parte e em todos os momentos são propagadas idéias que interferem nas opiniões das pessoas sem que elas se apercebam disso. Desse modo, são levadas a agir de uma outra forma que lhes é imposta, mas que parece por elas escolhida livremente. Obrigadas a conhecer a realidade somente naqueles aspectos que tenham sido previamente permitidos e liberados, acabam tão envolvidas que não têm outra alternativa senão a de pensar e agir de acordo com o que pretendem delas. Um exemplo concreto, dentro da história brasileira, permitirá esclarecer melhor essa amplitude da propaganda ideológica. Em abril de 1964, alguns militares, com apoio de políticos, empresários e segmentos da classe média, tomaram o poder através de um golpe de estado. O novo regime político foi redefinido no sentido de restringir a participação popular, impedindo quaisquer reivindicações, movimentos ou conflitos. Paralelamente, propunha-se a reorientação do sistema econômico para um modelo de desenvolvimento que, diferentemente das propostas nacionalistas anteriores, permitiria maior penetração de capital externo no país. Essas diretrizes eram fixadas em função dos interesses das empresas multinacionais, dos grandes proprietários de terras, industriais, comerciantes e banqueiros. Através delas, estimulava-se a acumulação de capital sem os incômodos das tensões causadas pela luta reivindicatória dos trabalhadores. Mas esses objetivos não poderiam ser realizados sem o apoio e a colaboração dos trabalhadores em geral e da classe média. Necessitavam-se dos operários nas fábricas, dos colonos nas fazendas e dos funcionários nas repartições. Era preciso que todos trabalhassem e se esforçassem o mais possível, sem grandes exigências, para promover a expansão econômica. É claro que tal apoio não seria conseguido se as pessoas visadas não estivessem convencidas de que atuavam em função de seus próprios interesses e benefícios. Para isso o governo promoveu uma intensa campanha de propaganda ideológica, que se resolveu durante vários anos. Inicialmente improvisada e pouco sistemática, a propaganda logo passaria a ser orientada por órgãos especialmente criados para coordenar as campanhas. A Assessoria Especial de Relações Públicas da Presidência de República (AERP) encarregou-se da propaganda nos governos de Costa e Silva e Médici. Geisel teve a Assessoria de Imprensa e Relações Públicas (AIRP), depois desmembrada em duas. Figueiredo criou a Secretaria da Comunidade Social (SECOM), posteriormente substituída pela Secretaria de Imprensa e Divulgação (SID). Organizou-se, em todo o país, um sistema de censura de tal forma rigoroso que quase nada podia ser divulgado sem prévia autorização. Qualquer informação ou notícia que não estivesse de acordo com a ideologia oficial do governo era proibida e podia acarretar a punição do responsável. Estabelecido, dessa forma, o controle absoluto das informações, a propaganda passava a desenvolver-se sem nenhum obstáculo. O primeiro passo foi justificar o golpe do estado e o regime implantado. Explicava-se que o militares haviam tomado o poder porque o Brasil era um país desorganizado pelas crises econômicas e distúrbios políticos constantes que os governantes e administradores corruptos não conseguiam solucionar. A dramática ameaça de subversão e guerra revolucionária, orientada por comunistas portadores de " ideologias exóticas e alienígenas", era o pretexto anunciado para justificar o caráter autoritário e repressivo do governo. Procurando legitimar o regime, a propaganda encarregou-se de enaltecer os presidentes, apresentando-os como líderes os mais indicados para serem chefes de governo. Com a construção de uma imagem positiva dos presidentes, esperava-se conseguir despertar a confiança da população para as suas decisões, explicações e esclarecimentos. Pretendia-se obter, também, a submissão às convocações de mobilização para o trabalho e apoio ao governo. Mas não bastavam imagens; era preciso alguns fatos concretos que mostrassem governos atuantes, e a propaganda se encarregou de difundi-los. Todas as realizações, pequenas ou grandes, eram divulgadas para todo o Brasil com insistência e repetição. A todo o momento, na imprensa, rádio, televisão ou cinema, se mencionavam a industrialização do Nordeste, a Transamazônica, os milhões alfabetizados pelo Mobral e tantos outros. Muitos feitos foram exagerados e dramatizados ao extremo, com o objetivo de sugestionar os ouvintes. Sugeria-se que naquele período se fizera mais que em toda a história anterior do país; inúmeras construções eram apresentadas como as maiores do mundo. Afirmava-se que todas a realizações visavam ao bem estar da população em geral, ocultando-se que os maiores beneficiados eram os detentores do grande capital. Apelava-se para o orgulho patriótico da população, mas o amor à pátria passou a ser sinônimo de submissão ao governo. Quem contestasse o regime militar passava a ser considerado antibrasileiro, e o "slogan" de 1970 impunha: "Brasil, ame-o ou deixe-o". Em seguida, a propaganda procurava instilar o espírito de fé no país para que a população, confiando no futuro, aguardasse chegada de dias melhores e suportasse calmamente as dificuldades. Diziam que o Brasil era uma grande extensão de terras férteis cujas inúmeras riquezas permitiriam que viesse a se transformar em grande potência. Prometia-se a produção de ouro, urânio, ferro, petróleo e alimentos em grandes quantidades, quando então não haveria mais problemas nem sofrimentos. Otimismo e confiança passaram a ser a tônica das mensagens. "Chegou a hora de crescer sem inflação" (Castelo Branco). "Confiamos no Brasil" ( Costa e Silva). " Ninguém segura o Brasil" (Médici). " Este é um país que vai pra frente" (Geisel). " O Brasil encontrou a saída. Vamos todos crescer" (Figueiredo). Foram épocas e slogans diferentes, mas sempre o mesmo sentido. Legitimados o golpe e o regime, construída a boa imagem dos presidentes e suas realizações, estimulados o patriotismo e a confiança, restava pedir apoio e convocar para o trabalho. " Participação", a idéia-chave da segunda metade dos anos 60 continuaria um lema a ser repetido pelos anos afora. " Pague seus impostas" (Castelo Branco). " A ordem do Brasil é o progresso. Marche conosco" (Costa e Silva). " Você está convidado a participar das duzentas milhas" (Médici). " O Brasil é o trabalho e participação de todos" (Geisel). Todos esses slogans, cada um na sua época, foram intensa e sistematicamente repetidos em todos os meios de comunicação. A propaganda deu resultados. Grande parte da população acreditou no que ouvia confiando em que os governos militares eram legítimos e defendiam seus interesses. Submeteu-se às decisões políticas e colaborou com o seu trabalho. Os objetivos foram alcançados em sua maior parte. O país superou a crise em que se encontrava em 1964, expandiu-se o sistema financeiro, o capital estrangeiro investiu em todos os setores, diversificou-se a agricultura e se desenvolveu a indústria. As fábricas, as fazendas e os bancos cresceram e com eles os lucros. Os grandes beneficiados foram os proprietários do grande capital. Uma pequena parte da população recebeu alguns poucos frutos desse desenvolvimento, mas os capitalistas viram sua riqueza multiplicar-se rapidamente, ficando com a maior parte. Para as classes trabalhadoras, contudo, a pior conseqüência foi a alienação produzida pela propaganda, a ignorância sobre suas próprias condições de vida e seu papel na sociedade. Mistificadas, perderam grande parte da sua capacidade de organização e luta em defesa de seus próprios interesses, e só ao final dos anos 80 é que viriam a recuperar parte de sua força. Esses exemplos são simplificativos para mostrar a força de expansão da propaganda ideológica. Ela foi empregada em todas as épocas conhecidas da história, pelos mais diversos grupos e líderes. Uns para manter o status quo e garantir seu poder, outros para transformar a sociedade todos procuraram envolver as massas na consecução de determinados objetivos e realização de certos interesses. Inúmeras vezes a propaganda foi total, utilizada não apenas para divulgar alguns idéias e princípios, mas para incutir toda uma visão do mundo e sua história, de idéias e respeito do papel de cada indivíduo e sua família, da posição dos grupos e classes na sociedade e para impor valores e padrões de comportamento como os mais adequados e mais justos. A propaganda nem sempre se desenvolveu da mesma maneira, mas variou conforme o momento histórico que foi realizada. Em cada época, o modo de produção econômico vigente, o estádio em que se encontravam as forças produtivas, a posição e capacidade das classes sociais em conflito é que determinaram a forma, o conteúdo e o grau de intensidade das campanhas. Mas há alguns aspectos que permanecem constantes, repetem-se na história, e podem ser considerados princípios gerais. É o que se verá a seguir. Classes Sociais, Ideologia e Propaganda As ações humanas se definem e se distinguem pelo fato de que são realizadas com um caráter eminentemente social, baseadas na cooperação entre diversos indivíduos. Para que possam satisfazer às suas necessidades, as pessoas dependem de bens e produtos os mais diversos. A produção e distribuição desses bens exigem o trabalho integrado de vários homens, colaborando uns com os demais. Para que essa colaboração seja possível, é indispensável que haja certas idéias orientadoras, partilhadas pela maioria, que a oriente numa mesma direção, permitindo a consecução dos objetivos comuns. Cada indivíduo precisa ter concepções a respeito do meio em que vive, dos objetivos que devem ser atingidos e do seu papel no conjunto das relações sociais. Somente quando essas idéias coincidem com as dos demais membros da sociedade é que lhes é possível agir e participar de forma harmônica e integrada. As idéias não surgem fortuitamente na mente humana, mas são produzidas a partir da percepção da realidade concreta, tal como vivida pelos membros da sociedade. Ocorre que as pessoas não vivem da mesma forma. Embora se encontrem perante uma mesma realidade, inserem-se nela de maneiras diferentes, advindo daí diversas e distintas formas de pensar. Em outras palavras, as idéias são determinadas pela posição que se ocupa no contexto social. Resta verificar como se caracterizam as diferenças de participação dos indivíduos em uma mesma sociedade. A forma como os homens se encontram integrados na produção econômica determina os limites de sua atuação e participação em todos os níveis sociais, estabelecendo o seu "espaço". A expressão "espaço", no aspecto social, tem um sentido específico. É a área, definida por certos limites, dentro dos quais os indivíduos e grupos podem agir. Não se trata de uma área física ou geográfica, mas de um conjunto de relações. Isto significa dizer que as pessoas, em suas relações com os objetos matérias e imateriais e com outros indivíduos, estão condicionadas por certas barreiras que restringem suas possibilidades de ação. É o caso das classes sociais. Uma classe social se constituem pelo conjunto daqueles indivíduos que têm uma mesma posição e ocupam o mesmo espaço no plano da produção econômica, situação que lhes determina uma mesma forma de participação a nível político e cultural. Quando a produção se encontra organizada em moldes capitalistas, a sociedade se caracteriza pela divisão em duas classes fundamentais: os trabalhadores de um lado e os capitalistas do outro. Essas duas classes vivem em condições totalmente diversas e antagônicas. Os trabalhadores têm o seu espaço delimitado pelo fato de que entram na produção apenas com sua força de trabalho, participando dos resultados através de um salário que lhes garantem, exclusivamente, o mínimo necessário à própria subsistência. Refletindo essa marginalização econômica, em nível político, os trabalhadores são apenas os sujeitos passivos das decisões e medidas geradas no seio do Estado. Essas decisões são tomadas e implementadas através de órgãos governamentais, onde os representantes dos trabalhadores não existem ou constituem uma minoria insignificante. No plano cultural, da mesma forma, a situação reflete a realidade econômica, sendo mínimas as possibilidades de acesso aos produtos culturais para qualquer trabalhador. Poucos podem estudar em escolas além de determinado grau, não têm condições de adquirir livros, discos ou quadros, nem de freqüentar concertos, cinema ou teatro. Por outro lado, o espaço dos patrões, dos capitalistas, é bem mais amplo. Eles são os proprietários dos meios de produção: as terras, máquinas, ferramentas. Nessa condição, apropriam-se da maior parte dos bens produzidos, fato que se concretizam no seu crescente enriquecimento. Conseguem controlar órgãos do governo para que as decisões e medidas sejam favoráveis aos seus interesses e têm grande acesso à produção cultural que, inclusive, ajudam a financiar. Essa diversidade de posições, frente a uma mesma realidade, determinam as concepções a respeito dela sejam igualmente distintas. Se para os mais privilegiados trata-se de uma sociedade bem organizada e justa, para os demais ela lhes parece absurda e desumana. Todavia, os limites que definem os espaços das classes sociais não são estáticos nem eternos. Em determinados momentos históricos surgem possibilidades, para uma classe ou parte dela, de ampliar seu campo de ação. A possibilidade aparece, geralmente, quando um grupo adquire maior força em virtude do aumento numérico de sues membros, ou por se ter organizado melhor, ou qualquer outra razão que permita visualizar uma alternativa de lutar e conquistar melhores condições de existência. É o que tem ocorrido com os operários da maioria dos países de economia capitalista. O desenvolvimento econômico faz com que sejam necessários trabalhadores com melhor habilitação profissional. Pelo próprio fato de serem mais qualificados e, portanto, intelectualmente melhor preparados, esses operários encontram-se com mais condições de entender a situação e perceber a contradição entre o baixo nível salarial e os altos lucros das empresas. A partir do momento em que passam a trocar informações e discutir sua situação, começam a adquirir maior capacidade de organização e mobilização, que lhes permite lutar o obter melhores condições de vida. Ocorre, contudo, que devido às dissidências e antagonismos existentes entre as classes sociais, a ampliação do espaço de atuação de uma, geralmente, implica a redução do espaço da outra. Realmente, a possibilidade de os trabalhadores obterem um aumento salarial resulta na igual possibilidade de redução dos lucros dos patrões. Da mesma forma, a participação política através da eleição de alguns representantes operários significaria uma diminuição do número equivalente de representantes dos patrões e assim por diante. É nessa contradição que se definem os interesses das classes sociais. O espaço passível de ser ocupado pelos trabalhadores constitui, ao mesmo tempo, uma área passível de ser perdida pelos patrões. Esse espaço corresponde, nesse momento, aos "interesses" dos setores em conflito. Isso significa dizer que o "interesse" de uma classe social corresponde à possibilidade que ela tem de ampliar o espaço que ocupa ou à necessidade de defendê-lo contra as ameaças de outra classe. Nesse caso, para a classe operária trata-se de um interesse de transformação, com menor ou maior mudança de suas condições. Para a classe patronal, significa um interesse de manutenção, de conservar a sociedade na forma como se encontra organizada, impedindo uma mudança que signifique a perda de uma área já ocupada e das vantagens e privilégios que ela representa. A intensidade da mudança varia de acordo com as condições concretas em que se encontra a sociedade naquele momento. Pode haver pequenas mudanças quantitativas, com maior índice salarial, mais representantes políticos, direito de freqüentar escolas de grau mais elevado. Pode, também, traduzir-se em radicais transformações qualitativas, como a mudança do sistema econômico ou do regime político. Voltemos, agora, à análise da forma como se desenvolvem as idéias dos agentes sociais. Qual a primeira condição necessária para que uma classe consiga realizar seus interesses, atuando no sentido de ampliar ou manter seu espaço? Antes de mais nada é preciso que seus membros percebam que essa possibilidade existe. Para tanto é importante que tenham conhecimento da situação em que vivem, saibam qual a sua força e quais as condições em que se encontram os membros de outras classes. Só então têm condições fixar objetos e traçar os caminhos mais adequados para atingi-los, que podem ser desde uma reivindicação perante um tribunal até uma greve geral e mesmo uma revolução armada. Em outras palavras, é preciso que a classe adquira consciência das suas reais condições de existência e das possibilidades de mudança ou da necessidade de manutenção nessas mesmas condições. Essa consciência nada mais é que um conjunto de idéias a respeito da realidade social, ou seja, uma ideologia. Uma ideologia contém três tipos básicos de idéias, que são as representações, os valores e as normas. Representações são idéias a respeito de como é a realidade: como está organizada a sociedade, em que classes se divide, se há ou não exploração de uma pela outra, como ocorre a exploração etc. Valores são idéias a respeito de como deve ser a realidade: a organização social deve ser diferente, sem classes e sem exploração ou, então, tudo deve permanecer como está. Finalmente, normas são aquelas idéias a respeito do que deve ser feito para transformar a realidade ou mantê-la nas condições em que se encontra: votar no candidato que torne a sociedade menos injusta, organizar uma greve para forçar o governo a providenciar mudanças ou, para aqueles que querem manter a situação, usar força policial para reprimir reivindicações, demitir operários grevistas etc. Uma vez definida, a ideologia serve como modelo para a compreensão da realidade e guia orientador da conduta de todo o grupo e de cada indivíduo em particular. Resta verificar de que forma essa ideologia é propagada, tornando-se conhecida pelos diversos membros de uma classe social ou, até mesmo, por toda a sociedade. Uma ideologia nunca surge, ao mesmo tempo, para todos os membro de uma determinada classe. Geralmente são apenas uns poucos, um pequeno grupo que consegue adquirir consciência e visualizar um quadro completo de sua realidade. Todavia, sua atuação isolada pode não ser suficiente. De nada adiantaria se apenas alguns líderes sindicais fizessem uma greve. Se os operários de um único setor da indústria lutarem por seus interesses, podem ser despedidos sem nada obter, sem realizar nenhuma mudança. Os empresários, também, pouco conseguiriam se apenas alguns reagissem contra as ameaças aos seus privilégios ou só uns poucos procurassem obter medidas que assegurassem maiores lucros. Daí a importância do apoio, senão de todos, ao menos de uma grande maioria dos membros de uma mesma classe, para que possam atingir qualquer resultado. Por essa razão que um grupo, percebendo possibilidades de progresso ou a necessidade de defesa contra certas ameaças, procura difundir suas idéias. Sua expectativa a de integrar o maior número de pessoas que, aceitando os mesmos valores e normas, atuem numa mesma direção, permitindo que os objetos sejam atingidos. Senão houver idéias comuns, torna-se impossível coordenar, integrar as ações, organizar as lutas e os movimentos. Ocorre também, muitas vezes, que determinado objetivos que podem ser atingidos por certa classe se a outra resistir e impedir as ações. Nesse caso se torna necessário que a outra classe dê seu apoio e, até mesmo, colabore ativamente para a consecução daqueles objetivos, o que exige que a ideologia seja aceita também pelos seus membros. Os patrões querem manter ou aumentar seus lucros, precisam do trabalho de seus empregados, sem o qual lhes é impossível realizar esse intento. Para os trabalhadores, também, é mais fácil conquistar melhores condições se puderem contar com o apoio dos empresários, situação que raras vezes ocorre na realidade concreta. Por essas razões é que os grupos sociais procuram difundir suas idéias, não só para aqueles que pertencem à mesma classe social como aos de outras. Essa difusão da ideologia se faz pela propaganda ideológica. O Desenvolvimento da Propaganda A propaganda ideológica envolve um processo complexo, com termos e fases distintas. O "emissor", grupo que pretende promover a difusão de determinadas idéias, ao visar outros com interesses diversos, realiza a "elaboração" de sua ideologia para que as idéias nela contidas pareçam corresponder àqueles interesses. Feito isso, procede um trabalho de "codificação". pelo qual transforma as idéias em mensagens que atraiam a atenção e sejam facilmente compreensíveis e memorizáveis. Através do "controle ideológico" o emissor manipula todas as formas de produção e difusão de idéias, garantindo a exclusividade na emissão das sua próprias. Procura, dessa forma, evitar a possibilidade de que os receptores venham a receber, ou mesmo produzir, outra ideologia que os oriente contra os interesses do emissor. A partir daí as mensagens são emitidas através da "difusão", que procura atingir o mais rapidamente possível um maior número de pessoas. Elaboração Quando a propaganda ideológica se faz entre os membros de uma mesma classe social, as idéias a serem propagadas não precisam sofrer nenhum tipo de elaboração mais significativo. Isto porque se trata de pessoas que, por pertencerem à mesma classe, ocupam uma mesma posição, donde se segue que tenham interesses comuns. Nesta caso, as idéias defendidas por uns dificilmente seriam rejeitadas pelos demais. Não haveria grandes dificuldades para operários transmitirem a outros a idéia de que sua situação é precária e da necessidade de se mobilizarem para conquistar melhores condições. Podem surgir divergências quanto à forma e ao momento da mobilização, mas dificilmente quanto à idéia em si. Um grupo de empresários tampouco teria dificuldades para mostrar aos demais a importância de se ajustar certas medidas econômicas, de forma a aumentar os lucros de todos. Nesses casos, praticamente não há necessidade de convencer, de persuadir, pis que a apresentação clara das idéias já deve ser suficiente para que os receptores dêem sua adesão e apóiem as propostas. A propaganda adquire, nesses casos, um caráter de demonstração e conscientização. Procura explicar a realidade existente, mostrar a necessidade de mudá-la ou mantê-la e indicar formas de realizar interesses que são comuns. Se a propaganda é realizada de uma classe social para outra que tem interesses diversos, a simples difusão da ideologia já não é suficiente para gerar adesão. Nesse caso, o grupo emissor, antes de difundir suas idéias, elabora-as para que se adaptem às condições dos receptores, criando a impressão de que atendem a seus interesses. Mas a verdade é que as idéias contêm apenas os objetivos do emissor, e a impressão contrária só é possível se, ao se reportar à realidade, as mensagens ocultem ou deformem alguns de seus aspectos. Nesse caso, convencidos de que as propostas atendem às suas necessidades, os receptores não têm razão para discordar delas. A elaboração, dessa forma, esconde quais são os interesses reais existentes por trás da ideologia, ao mesmo tempo que oculta a realidade vivida pelos receptores, para que estes não possam formular outras idéias que melhor correspondam à sua posição. Neste caso, a propaganda não tem mais o caráter de conscientização, mas de mistificação, manipulação e engano. A forma mais utilizada na elaboração das ideologias é a universalização. As idéias, que na realidade se referem aos interesses particulares de uma classe ou grupo, são apresentadas como propostas que visam a atender a todos e satisfazer às necessidades da maioria. No Brasil, isto tem sido constantemente feito com relação às medidas governamentais, apresentadas através de fórmulas do tipo: "benefícios para o povo", "progresso do país", "desenvolvimento nacional", "para o bem de todos", "para todos os brasileiros". A elaboração também tem sido feita por transferência, em que os interesses contidos na ideologia são transferidos e atribuídos diretamente aos receptores. Um dos primeiros a adotar ostensivamente essa fórmula, no Brasil, foi Getúlio Vargas. Seus inúmeros discursos começavam dirigidos aos "Trabalhadores do Brasil" e seguiam com a enumeração das medidas tomadas pelo governo como tendo sido adotadas para beneficiar os operários. Ajudava-se os industriais com incentivos, empréstimos e subsídios. Mas a propaganda transferia as vantagens para os trabalhadores alegando que, com o estímulo às indústrias, estas teriam condições de oferecer melhores empregos. A universalização e a transferência também se processam de forma mais sutil. Há expressões que não têm significado muito preciso, de tal forma que cada pessoa lhes dá uma interpretação. É o que ocorre com os conceitos de "democracia", "igualdade", "justiça", "liberdade" e tantos outros. Quando alguém fala em "democracia" a um grande número de pessoas, cada uma entende a palavra num sentido relacionado à sua própria condição. Pequenos empresários pensam em maior abertura para decidir sobre seus próprios negócios ou na possibilidade de concorrer com as multinacionais em igualdade de condições. Operários pensam em liberdade de lutar eficazmente por melhores condições de trabalho. Estudantes imaginam maior participação dos alunos nas decisões e atividades escolares, e assim por diante. E a palavra democracia é insistentemente utilizada pelos políticos e homens de governo, que raramente explicitam a que se referem concretamente. A propaganda age, assim, resumindo as idéias em expressões ambíguas dos tipos mencionados. Consegue-se, com isso, que cada um dos que ouvem a mensagem concorde com ela, por acreditar que diga respeito a si e a seus interesses e necessidades, e acabe apoiando o sistema econômico e o regime político. A universalização e a transferência são feitas, ainda, de forma indireta. Ao invés de apresentar propostas como possíveis de atender a todos, mascara-se a diferença entre os indivíduos, grupos e classes sugerindo-se a igualdade. Mostra-se a sociedade como um todo homogêneo onde não há diferenças de posições e interesses. Tal imagem acaba por levar à conclusão de que quaisquer medidas beneficiam a todos sem discriminação, já que são iguais. Expressões do tipo "todos são iguais perante a lei"; teses sobre o Brasil ser um país cordial onde todos falam a mesma língua e professam a mesma religião, a propalada afirmação de que no Brasil não há racismos nem preconceitos, são argumentos empregados com aquele objetivo. Ao serem convencidas de que são cidadãos de um país onde todos são tratados igualmente, as pessoas acabam por não perceber a exploração de que são vítimas. As divergências com países estrangeiros, até mesmo em caso de guerras, têm permitido manipular a população para que esta sinta participar de um todo único. A única diferença passa a ser entre nacionais amigos e estrangeiros inimigos. Nesse contexto, todas as idéias e propostas são recebidas como visando ao interesse geral. Quando não é possível ocultar as diferenças existentes na sociedade, procuram minimizá-las, torná-las insignificantes. A fórmula mais comumente empregada para tal tipo de sugestão é a do chamado "mito do esforço pessoal". A idéia é divulgada alegando-se que a diferença entre ricos e pobres corresponderia a uma distinção entre pessoas mais e menos esforçadas. Afirma-se que os que detêm grande quantidade de bens conseguiram adquiri-los porque trabalharam muito para isso, e que qualquer pessoas que se exerça o suficiente pode atingir altos cargos e ganhar muito bem. Tomam-se alguns exemplos de pessoas bem-sucedidas, apesar de sua origem bastante humilde, alegando que progrediram porque estudaram com afinco e se esforçaram muito. Embora esses exemplos raramente ultrapassem uma dezena, num país de milhões, fica a idéia de que qualquer um, com tenacidade, pode atingir a nível dos mais privilegiados na sociedade. Essa idéia parece anular a contradição entre as classes, em que uma é explorada pela outra e não tem alternativas para fugir à dominação. Todavia, oculta um aspecto importante dos países subdesenvolvidos. Nesses, a grande massa populacional, devido à subnutrição, doenças, necessidade de trabalhar desde criança, não tem condições de se esforçar ou estudar. Há outras situações em que as diferenças e contradições entre as classes sociais são muito gritantes. Quando se vê, numa mesma região, favelas e mansões luxuosíssimas, famintos ao lado de indivíduos ostensivamente poderosos, não há meios de se ocultar ou minimizar as diversidades. A propaganda recorre, então, à ocultação dos efeitos da exploração. Não nega a pobreza existente, mas esconde que ela existe para garantir o enriquecimento de alguns. È assim que a elaboração se faz, no sentido de desvalorizar os benefícios recebidos pela classe dominante. Formulam-se argumentos de que as pessoas não podem comer além de um certo limite, não podem utilizar mais de um automóvel ao mesmo tempo, para concluir que a riqueza não é tão significativa nem tão atraente. Afirmam-se serem tão poucos os privilegiados que a redistribuição de sua riqueza sã daria uma pequena e insignificante parte para cada um. Ou, então, procura-se apresentar a riqueza como desvantajosa sob argumentos do tipo "dinheiro não traz a felicidade", "dinheiro acarreta preocupações", "rico morre de enfarte", "os ricos, para manter sua fortuna, precisam trabalhar mais que os pobres e não têm tempo de aproveitar a vida", "Natal de pobre é mais humano e não tão formal quanto o dos ricos". Aproveita-se a diferença de costumes, onde os hábitos das classes mais abastadas são postos como desagradáveis e cansativos. "Rico não pode comer à vontade por ter de obedecer a regras de etiqueta" ou então "tem de comer pouco por educação". Sugere-se, com isso, que a condição dos explorados é menos desagradável que a dos exploradores. Quando não é possível ocultar os benefícios para as classes dominantes, disfarçam-se os prejuízos para os dominados. Nega-se, por exemplo, que os salários sejam tão baixos como de fato são. Diz-se que assistência médica garantida pelos Institutos de Previdência, a existência de produtos a preços mais baixos por subsídio do governo, a construção de estradas e avenidas, a assistência das Delegacias do Trabalho, a segurança policial, tudo deve ser considerado como um salário indireto, já que são vantagens que independem de pagamento direto dos empregados e custariam caríssimas se não fosse assim. Tenta-se, também, sugerir que se a situação não é tão boa, resta o consolo de que poderia ser pior. Exemplo sugestivo dessa tática ocorreu em fins de 1976, quando o governo brasileiro lançou uma campanha que, entre outras coisas, afirmava: "Se você está triste porque perdeu seu amor, lembre-se daquele que não teve uma amor para perder (...); se você está cansado de trabalhar, lembre-se daquele angustiado que perdeu o seu emprego; se você reclama de uma comida mal feita, lembre-se daquele que morre faminto (...), lembre-se de agradecer a Deu, porque há muitos que dariam tudo para ficar no seu lugar". Para disfarçar os efeitos da dominação procura-se, também, atribuí-los a um "bode expiatório", um elemento, muitas vezes externo, que é responsabilizado pelos problemas. Crises internacionais, alto preço de produtos importados, ação de empresas e grupos estrangeiros, corrupção de alguns políticos, infiltração comunista até mesmo misteriosas "forças ocultas" passam a ser apresentados como responsáveis por todos os males. Fatos e pessoas do passado, também, costumam ser responsabilizados por problemas presentes, ocultando-se, dessa forma, a real origem dos males. Assim é que a colonização portuguesa teria sido a causa original do subdesenvolvimento brasileiro e das precárias condições econômicas atuais. Ou então foi o sistema de monocultura da economia cafeeira, adotado nos começos do século, que gerou a atual crise econômica. Com tudo isso, a classe dominante disfarça sua exploração sobre os demais e neutraliza a possibilidade de que lutem por melhores condições de vida. Chega-se, mesmo, a atribuir a culpa da pobreza aos próprios pobres. Por não se interessarem em estudar, por não ferverem as águas contaminadas, é que são incompetentes, pobres e doentes. Dessa forma, grande parte da população, que não tem nenhum acesso à assistência médica e educacional, vê inverter-se a relação para se tornar culpada pelo que não tem condições de fazer. É em parte com esse objetivo que os textos de certas campanhas repetem tão insistentemente: "você também é responsável", "O Brasil é feito por nós", "não deixe de vacinar seu filho". De tanto ouvir tais apelos, os receptores acabam sentindo-se culpados pelos problemas, com a impressão de que, se eles existem, é porque não tomaram alguma providência para a qual foram alertados. Por toda a parte, na sociedade, estão pessoas a afirmar que se tivessem estudado mais, ou trabalhado com mais afinco, ou feito isso e aquilo, poderiam encontrar-se em melhores condições. Sequer percebem que sua situação é fruto do fato de pertencerem a uma classe à qual não são dadas outras alternativas e a s poucas apresentadas são ilusórias. Mascara-se, também, a dominação e a exploração de classes atribuindo-se a algumas pessoas ou a certos órgãos e instituições toda a responsabilidade pelas medidas tomadas e implementadas. Apregoa-se, por exemplo, que o governo, o presidente, ou alguns burocratas é que detêm o poder e se encarregam de todas as decisões. Oculta-se que, na verdade, eles não detêm o poder, mas apenas o exercem na defesa dos interesses dos detentores do capital. esse disfarce permite sugerir que todas as decisões são tomadas por pessoas ou grupos neutros e desinteressados, cuja única preocupação é progresso do país. Na maioria dos países da América Latina, as classes dominantes, as que realmente detêm o poder da decisão, são compostas por proprietários de capital financeiro, latifundiários, empresários nacionais associados aos de empresas multinacionais. com a plena consciência dessa situação, as populações talvez não apoiassem seus governos, porque perceberiam que a participação do povo é insignificante e seus interesses não são atendidos. Por essa razão, deformam a realidade, atribuindo todo o poder de decisão ais militares ou tecnocratas. Como estes não são banqueiros nem latifundiários, podem afirmar que os interesses visados são os do povo. Na verdade, estes militares e tecnocratas são instrumentos - de boa ou má-fé - de grupos cujos interesses não podem deixar de realizar. Estes, a propaganda esconde e não deixa aparecer como os realmente beneficiados. Tática muito empregada é a de construir a imagem de um líder, responsável por todas as medidas, único detentor do poder. Enquanto a população acreditar nele não percebe quem são os verdadeiros privilegiados que se encontram por trás das decisões. Além disso, há sempre a possibilidade de se substituir um líder por outro, em épocas de crise econômica ou política, convencendo a população de que o substituto poderá solucionar todos os problemas. São os chamados líderes carismáticos, homens que parecem possuir dotes e atributos excepcionais. A propaganda cuida de propalar insistente e repetidamente as qualidades daquele que dirige. Gênio político, inteligente, hábil, de inusitada memória, e superior a todos os demais, a ele deve caber o exercício pleno do poder. Mas não bastam as qualidades excepcionais; os líderes só são seguidos se forem capazes de compreender a condição de seus liderados. A propaganda cuida deste aspecto também, apresentando-o como popular, simples, acessível e, portanto, capaz de compreender melhor que ninguém os problemas da maioria. A elaboração da ideologia também tem sido feita pela negação de quaisquer possibilidades de mudanças que possam beneficiar os receptores, como forma de fazer com que estes aceitem as propostas apresentadas como as únicas possíveis. Assim, quando trabalhadores pretendem maior participação nos resultados econômicos através de aumentos salariais, argumentam que é impossível melhorar os salários, porque haveria tal aumento de custos para as empresas que as levaria à falência, deixando os operários em situação ainda pior: a do desemprego. Outras vezes, procuram demonstrar que as contradições e desigualdades são naturais e inevitáveis, que sempre haverá pessoas privilegiadas e outras destituídas de quaisquer recursos, de nada adiantando lutar contra isso. Afirmam mesmo que a realidade é de tal ou qual forma porque Deus quis assim e é inútil pretender transformar a natureza em que só o "Todo Poderoso" pode decidir. Ou então se utiliza a técnica de criar uma imagem das pessoas que seja incompatível com qualquer proposta de mudança social. Sob o rótulo de "caráter nacional brasileiro" se atribui uma série de características à população, onde se diz que o homem brasileiro se define pelo individualismo, pela emotividade, pela vocação pacifista e outros. Daí concluem e argumentam que, sendo individualista, pouco dado ao trabalho em conjunto e em cooperação, é incapaz de se organizar em partidos políticos, justificando o controle autoritário dos partidos pelo governo. Sendo emotivo, de comportamento pouco racional, alega-se que não deve ter maior participação política pelo voto direto, que exige senso crítico e tirocínio. Apoiando-se na idéia de que o povo brasileiro é cordial e pacífico, afirma-se que é contrário aos conflitos e se proíbem as greves e movimentos de contestação, porque seriam insuflados por agentes comunistas estrangeiros. Chega-se a falsificar e deformar fatos da história, a fim de esconder a capacidade de uma classe para obter a realização de seus interesses. Uma das formas de os indivíduos melhor conhecerem suas condições de existência, sua posição na sociedade, é a compreensão do passado histórico. Importa ter noção das próprias raízes, das origens e do desenvolvimento da classe social a que se pertence, das lutas e conquistas obtidas pelos antepassados. São aspectos importantes para que os membros de uma sociedade possam localizar-se no tempo, compreendendo o processo de desenvolvimento em que estão inseridos. Daí a preocupação daqueles que detém o poder em interpretar a história a seu favor, deformando o passado histórico de certos grupos, para que não adquiram consciência a respeito de sua própria força. A atuação das classes média e trabalhadora teve um papel importante na evolução de todos os países capitalistas. Suas exigências determinaram uma série de medidas que permitiriam uma organização mais racional e eficiente do trabalho. Todavia, a história universal foi escrita e ensinada nas escolas como um conjunto de fatos resultantes das decisões de apenas alguns homens, ora heróis, ora tiranos. A história passou a ser um conjunto de atos e comportamentos das elites, como se a maioria das populações não tivesse nenhum papel no processo. Essa interpretação, quando disseminada, gera um impressão de que os povos são incapazes de decidir sua própria vida, necessitando das elites para cuidar de seus interesses. Mas nem sempre é possível ocultar totalmente os interesses dos receptores ou a sua capacidade de escolher seu próprio destino. Nesse caso a elaboração tem sido feita pelo adiamento, para um futuro vago, das satisfação de certas necessidades. As elites e os governantes costumam prometer futuros grandiosos quando haverá bem-estar para todos. Sugerem que se deve suportar alguns problemas e aceitar sacrifícios, em função dos melhores dias que virão. As descobertas de riquezas, os avanços tecnológicos, têm sido constantemente alardeados, de forma dramática, como as novas fontes que trarão o progresso e desenvolvimento para todos. Com tudo isso se faz que as pessoas, confiando no amanhã, no dia melhor para seus filhos, aceitem passivamente suas agruras. Todos os casos acima mencionados constituem fórmulas de apresentação das idéias e propostas de grupos que deformam a realidade, ocultando o fato de que elas se referem exclusivamente à satisfação de seus objetivos. Adequando-as, assim, aos interesses de todos ou, mais especificamente, dos receptores, tornam possível fazer com que se submetam e até mesmo colaborem para a realização daqueles intentos. Existem ainda outras possibilidades de elaboração de ideologia, cada momento histórico determinando quais são as mais eficazes. Codificação A realidade social é extremamente complexa. São indivíduos, grupos menores ou maiores e classes sociais interando-se uns com os outros e se defrontando com objetos que podem ou não satisfazer as suas necessidades. Integram-se econômica, política e culturalmente, compondo toda uma trama de relações altamente diversificada. Por participarem de formas diferentes dessas relações os homens têm conhecimentos e experiências igualmente diversas. Sua capacidade de compreensão variável. Enquanto uns têm mais facilidade para entender certos fenômenos, outros não conseguem sequer percebê-los. Outros, ainda, nem chegam dar atenção a um grande número de fatos e acontecimentos, por não considerá-los importantes, embora possam interferir profundamente em suas vidas. Uma ideologia, por refletir a realidade, reflete também grande parte de sua complexidade e, para muitos, dificilmente é compreensível em seu todo. Nessa condições a propaganda, para transmitir a ideologia, precisa adaptar e adequar as idéias nela contidas às condições e à capacidade dos receptores de tal forma que tenham sua atenção despertada para as mensagens e consigam entender seu significado. Pois bem, codificação é processo pelo qual as idéias são transformadas em mensagens passíveis de serem transmitidas e entendidas. Há inúmeras formas pelas quais as idéias são codificadas antes de sua divulgação. Em primeiro lugar, levando-se em conta aquelas pessoas que têm dificuldade em entender certas idéias complexas, procura-se simplificá-las. Essa simplificação pode ser maior ou menor, em função do grau de compreensão daqueles que deverão recebê-las. Lenin, procurando definir a maior forma de organizar a propaganda socialista, afirmava que o agitador para atingir uma grande massa, deveria transmitir uma só idéia ou um pequeno número delas. Hitler, por sua vez, entendendo que a capacidade de compreensão do povo era limitada, considerava que a propaganda deveria restringir-se a poucos pontos repetidos como estribilhos. A propaganda, dessa forma, procura difundir apenas o essencial do conteúdo de uma ideologia, selecionando algumas idéias fundamentais, restringindo-se a uma ou se limitando a um mero sinal simbólico. As declarações, programas e manifestos, entre outros, constituem formas de simplificação em que se encontram selecionadas e destacadas as idéias centrais de uma determinada ideologia. O "Credo" contém as idéias básicas defendidas pela Igreja Católica. O "Manifesto Comunista" constitui uma síntese das principais conclusões contidas no pensamento socialista tal como formulado por Marx e Engels. Procurando obter simplificação ainda maior, a propaganda utiliza fórmulas curtas que contenham uma ou alguma das idéias mais importantes de uma dada corrente ideológica. A "palavra de ordem" contém, em uma expressão curta, o principal objetivo a ser atingido em determinado momento. Quando, durante os movimentos estudantis ocorridos ao final dos anos 60, defendia-se a idéia de que era necessário reduzir a verba destinada às Forças Armadas para que fosse possível atender às necessidades básicas do povo, adotou-se, para difundi-la, a palavra de ordem "Mais pão, menos canhão". O slogan, outra forma de simplificação muito semelhante à palavra de ordem, contém um apelo aos sentimentos de amor, ódio, indignação ou entusiasmo daqueles a quem se dirige. "Aqui começa o país da liberdade", escreviam os revolucionários franceses na fronteira de seu país. Esses mesmos revolucionários adotavam o lema "Liberdade, igualdade e fraternidade" para representar suas idéias e despertar a emoção dos ouvintes. A fórmula mais sintética que se pode utilizar para exprimir uma idéia é o símbolo, breve sinal que resume uma ideologia ou que a representa. Justamente por ser bastante simples, é usado constantemente pela propaganda. Impresso em jornais, panfletos, nas bandeiras, pintando nas paredes e muros, utilizando como distintivo nas roupas, permite difundir a idéia a que se refere de forma ampla e rápida. Os símbolos são formados por sinais gráficos, gestos ou expressões e cumprimentos repetidos pelos adeptos de uma determinada corrente. Foram empregados em todas as épocas e, dentre os conhecidos, o adotado pelos aliados durante a Segunda Guerra Mundial pode ser considerado dos mais perfeitos. O "V" era bastante simples: apenas dois traços retos que podiam ser rapidamente reproduzidos, com qualquer instrumento de escrita, em papéis, paredes, no chão ou em quaisquer objetos. Além disso, era suficientemente sugestivo por ser a letra inicial da palavra Vitória ( Victory), que representava o principal objetivo dos aliados. Importa lembrar que a palavra vitória começa com a letra "V" tanto em inglês, como em francês, espanhol ou português, o que lhe dava um grande valor para ser difundida em nível internacional. Era um sinal versátil, que podia passar de gráfico para plástico e ser feito com os dedos indicador e médio ou com os dois braços erguidos. Além disso, tornou-se sonoro, porque a letra V, em código Morse, formada por três pontos e um traço, e passou a ser associada ao trecho inicial da Quinta Sinfonia de Beethoven, que tem três notas curtas e uma longa. Além da simplificação, as idéias tornam-se mais acessíveis quando associadas a outras mais simples. Essa associação é feita por semelhança, se a idéia transmitida é explicitada por outra diferente, mas com a qual guarda alguma similitude de forma ou estrutura e que seja mais simples. Para transmitir as idéias relativas à organização política do país e à estrutura dos órgãos de governo, tem sido muito utilizado o recurso de compará-las a um sistema familiar. A família é uma realidade mais conhecida e vivida pelos receptores, que nem sempre conseguem compreender toda a complexidade das instituições governamentais. Durante o Estado Novo, procurou-se uma fórmula para apresentar a idéia de que o Brasil era uma só nação, unida sob a direção de Getúlio Vargas, líder absoluto a quem deveriam ser atribuídas todas as decisões e toda responsabilidade. Para tanto, dizia-se: "A nação é uma grande família", " Getúlio, o pai dos pobres", " Getúlio, o pai dos trabalhadores". As ideologias geralmente se referem a certas situações que, por jamais terem sidos presenciadas pelos receptores, são pouco compreensíveis. Como explicar o valor e a importância de um regime liberal e democrático a quem tenha vivido apenas sob sistemas autoritários ? Nesse caso a associação da idéia é feita por contraste, em que se compara a situação a ser explicada a outra contrária, porém mais conhecida. Essa é a fórmula constantemente empregada por grupos de oposição que apresentam suas propostas recorrendo a imagens de um regime "sem censura", "sem violência policial" etc. A ilustração de idéias com exemplos concretos conhecidos é outra forma comum de codificação. Aqueles que defendem a necessidade de que a direção da economia fique a cargo da iniciativa privada costumam apoiar-se na tese da incompetência administrativa e gerencial do governo. Para demonstrá-la recorrem freqüentemente a exemplos bem conhecidos de empresas e repartições públicas desorganizadas e ineficientes. A existência de favelas serve para ilustrar a idéia de que o governo deve investir antes na solução do problema habitacional que na construção de obras suntuárias. Lenin, para explicar essa forma de apresentar as mensagens, levantava a hipótese de se ter de explicar uma greve. Segundo ele, para defini-la em suas características mais importantes, o agitador deveria ilustrar a noção de greve tomando um fato bastante conhecido por seus ouvintes, como o de uma família de grevistas pobre e faminta. A partir desse exemplo é que procuraria mostrar o absurdo da contradição entre a riqueza de uns em oposição à miséria absoluta de outros. Só então é que seria possível explicar a greve como uma conseqüência da forma de organização econômica do sistema capitalista. Outro aspecto importante a ser considerado na codificação é o fato de que as pessoas já carregam consigo uma série de concepções a respeito da realidade em que vive. Ideologias já existentes, idéias e crenças as mais diversas, mitos e superstições dão aos indivíduos que vivem em uma cultura uma versão de seu ambiente e de sua vida, uma explicação da realidade, que lhes permitem integrar-se ao meio e exercer um determinado papel. A propaganda não deve deixar de considerar, ao difundir novas idéias, o fato de que elas podem chocar-se com as já existentes, por serem diversas e mesmo contraditórias. Nesse caso, ao mesmo tempo que se apresentam certas idéias, pode-se negar as já existentes, procurando mostrar que são falsas e não correspondem à realidade. É o que ocorre com alguns pregadores protestantes ao difundir suas idéias aos adeptos da fé católica combatendo a prática da adoração dos santos e criticando a utilização de imagens como as existentes nas igrejas católicas. Essa orientação, contudo, nem sempre é eficaz, porque as pessoas tendem a se apegar emocionalmente a certas concepções que, às vezes, trazem consigo desde a infância e rejeitam qualquer nova explicação. Outra possibilidade, nesse caso, é a de fundir a idéia a ser propagada com as concepções já existentes, solução que inclusive facilita a aceitação das mensagens, porque baseadas em idéias já aceitas como verdadeiras. A propaganda hitlerista pregava a pureza da raça ariana, destinada a dominar o mundo, ao mesmo tempo que condenava e combatia os judeus. Essas idéias, contudo, não foram criadas pelos nazistas, mas já se encontravam disseminadas pela Alemanha. A propaganda nazista se apropriou delas, combinando-as com as propostas do partido para torná-las mais convincentes. Controle ideológico Por mais que um grupo elabore sua ideologia, ocultando que se refere exclusivamente a seus objetivos, para obter o apoio dos demais, é possível que estes acabem por adquirir consciência de sua própria posição na sociedade e de que seus interesses são diversos. Nessa hipótese, poderiam formular outra ideologia, mais adequada às suas condições, que os levaria a agir em sentido diverso daquele pretendido pelos emissores da propaganda. Por essa razão, os grupos que propagam suas idéias, geralmente procuram evitar que os receptores possam perceber a realidade por outro prisma que não aquele que lhes é proposto. Fazem isso tanto impedindo a formação de outras ideologias como neutralizando a difusão das já existentes. O controle ideológico compreende todas as formas utilizadas para que determinados indivíduos e grupos não tenham condições de perceber sua realidade e, assim, fiquem impedidos de formar sua própria opinião. Os indivíduos e grupos só podem adquirir consciência de suas reais condições de vida por duas vias: a observação direta do meio em que vivem ou através das informações obtidas de outros, seja pessoalmente, seja pelos meios de comunicação. Daí o controle ideológico se realizar sobre o meio ambiente, sobre os meios de comunicação e sobre as pessoas. A remodelação do ambiente físico permite torná-lo mais adequado às idéias difundidas pela propaganda. Procuram, assim, fazer com que as imagens percebidas confirmam as idéias apresentadas. Desde a Antiguidade se encontram momentos em que os grupos detentores do poder procuraram moldar a decoração do meio, de forma a apoiar suas idéias. Inúmeros reis, imperadores e dirigentes políticos mandaram construir grandes monumentos para reforçar a idéia de seu poder e prestígio. No Brasil, Getúlio Vargas foi um dos que mais se preocuparam com a forma do ambiente urbano como instrumento de confirmação das suas idéias. A eficiência e modernidade de suas medidas eram sugeridas através de inúmeras construções que indicavam um governo organizado e empreendedor. A idéia do seu carisma e de sua personalidade forte era reforçada através das suas fotografias, obrigatoriamente afixadas em todas as escolas, fábricas, repartições públicas, bares e restaurantes, vagões de trens. Sua efígie estava nas moedas, selos, placas comemorativas e de inauguração. Bustos de bronze foram erigidos em diversos locais. Seu nome foi atribuído a inúmeras ruas e logradouros públicos. Sua imagem, dessa forma, impregnava todos os lugares e ambientes durante todo o tempo. As idéias e concepções, contudo, nem sempre provêm da percepção direta do meio ambiente. Devido à complexidade do contexto em que vivem as pessoas, elas só têm condições de se informar e se conscientizar a respeito de sua sociedade através dos meios de comunicação. O controle desse meio se faz, principalmente, pela sua utilização direta. Dado o fato de que a comunicação depende, cada vez mais, de aparelhagem sofisticada e bastante cara, torna-se inevitável que os meios sejam controlados por pessoas e grupos da classe economicamente mais forte. Ele os utilizam exclusivamente para a difusão das idéias e opiniões que lhes são favoráveis, não permitindo que se propaguem ideologias contrárias ou fatos que contestem seus interesses. A população fica, desse modo, impossibilitada de ter acesso à maior parte dos aspectos de sua realidade e, assim, impedida de compreender exatamente sua posição e seu interesses, termina por ser envolvida na única ideologia que lhe é apresentada. A censura oficial, realizada por órgãos governamentais, também é um instrumento de controle ideológico. Através dela se definem os limites do que pode ou não ser divulgado, neutralizando-se as possibilidades de manifestações contrárias aos valores defendidos pelos governos. Sem acesso às informações que lhe possam fornecer uma visão dos diversos aspectos do mundo em que vive, a população acaba tendo uma visão deformada da realidade, que a conduz a se comportar dentro dos estritos limites traçados a partir dos interesses da classe dominante. O controle ideológico se exerce, também, diretamente sobre as pessoas, seja reprimindo ou corrompendo líderes para que desistam ou sejam impedidos da tentativa de conscientizar seus liderados, seja exercendo pressões constantes par que os receptores não tenham condições psicológicas de julgar, analisar e avaliar as idéias que recebem. Geralmente surgem, no seio das classes dominadas, alguns indivíduos que, apesar de toda a censura e manipulação dos meios de comunicação, conseguem perceber melhor certos aspectos da realidade e procuram transmitir sua compreensão aos demais, conscientizando-os. É o caso dos líderes operários, estudantes, religiosos e intelectuais. Nesses casos, a classe dominante, diretamente ou através dos órgãos do governo, procura neutralizar esses líderes através de ameaças, prisões, torturas ou exílio. Outras vezes, a neutralização se faz de forma não tão violenta através da cooptação. Cooptação é o processo pelo qual um indivíduo ou pequeno grupo recebe concessões e privilégios, em troca dos quais deva deixar de defender os interesses da classe social à qual pertence, para defender aquele que lhe fez as concessões. É o caso de trabalhadores e intelectuais que são contratados para exercer certos cargos privilegiados no governo ou em empresas privadas. A pressão sobre as pessoas pode, também, concretizar-se através de perseguições, denúncias e acusações insistentes contra aqueles que não seguem determinada orientação. É o caso das "patrulhas ideológicas", expressão muito empregada no Brasil, a partir de 1978, para qualificar os grupos que criticam repetidamente alguns artistas, intelectuais e pessoas muito populares que não aderem às idéias defendidas por aqueles grupos. O cineasta Carlos Diegues e o cantor Caetano Veloso já se queixaram por serem exageradamente criticados ao não assumirem as posturas exigidas por militantes esquerdistas. Pelé afirmou ser perseguido e criticado por grupos que não admitiam sua recusa em assumir a liderança na luta contra o racismo. A mesma forma de pressão tem sido feita, desde os começos do século, sobre aqueles que defendem a necessidade de se dar maior atenção aos problemas sociais como o analfabetismo, a miséria, o alto índice de enfermidades etc. Inúmeros são os que estão prontos a acusá-los de anarquistas, comunistas, agentes russos ou cubanos, antipatriotas. Trata-se de uma forma de perseguição que visa, senão obter a adesão do pressionado, ao menos conseguir seu silêncio para que não expresse idéias julgadas inconvenientes. A pressão psicológica é uma das formas mais interessantes de controle. Atua diretamente sobre os receptores, afetando sua capacidade de análise, para que recebam as mensagens da propaganda dentro de uma postura passiva e submissa. As pessoas, em condições normais, ao receberem uma informação ou assistirem a um fato, procuram compreender a situação, analisar os prós e contras, verificar se se trata de algo que lhes diga respeito diretamente assim por diante. É o que se chama senso crítico. Todavia, em determinadas situações de envolvimento emocional, tensão nervosa, temor, cansaço físico e mental, os indivíduos tendem a ter o seu senso crítico diminuído. Nesses momentos, ouvem as afirmações ou assistem aos fatos sem avaliá-los, aceitando passivamente o que lhes apresenta. A propaganda utiliza inúmeras formas de pressão para neutralizar o senso crítico dos receptores e lograr convencê-los. O recurso mais empregado é a organização de grandes concentrações de massas. Nessas ocasiões, as marchas, as músicas e cânticos ampliados por alto-falantes, as luzes, o lançamento de folhetos e papéis, o ritmo dos tambores, as bandeiras, estandartes, os discursos inflamados, tudo reflete sobre os presentes. Envolvem as pessoas com tal intensidade que, quase hipnotizadas, tornam-se mais sugestionáveis às mensagens que recebem. Foi com o emprego constante desses recursos que Adolf Hitler conseguia manter as multidões em contínuo estado de exaltação e conduzi-las ao delírio. Algumas práticas religiosas também são empregadas como instrumentos de pressão psicológica para obter a adesão fanática dos receptores. Produzem esgotamento físico, fazendo as pessoas ficarem muito tempo em pé, ajoelhadas ou participando de longas e cansativas danças. Geram ansiedade através da espera do sacerdote que se atrasa, da escuridão ou luz muito intensa, palmas, músicas e cantos ritmados, da repetição dos sons de tambores. Embriagam com incenso, álcool, fumo e drogas inebriantes. Despertam temor com ameaças de infernos, monstros e demônios. Em meio a tudo isso fazem-se as pregações, conseguindo não só convencer os receptores. como levá-los a verdadeiros estados de possessão e transe. São os recursos adotados por diversos cultos místicos praticados no Brasil e na África e, embora de forma menos profunda e pouco intensa, por quase todas as seitas religiosas existentes na face da terra. Dentre as formas de pressão psicológica conhecidas, a mais intensa e, talvez, a mais eficaz é a denominada "lavagem cerebral". É realizada com indivíduos ou grupos que são conduzidos a locais afastados, de onde não podem sair durante algumas semanas ou meses, ocasião em que são freqüentemente bombardeados com novas idéias. Baseia-se essa técnica no fato de que os conhecimentos, idéias e reflexos dos indivíduos servem para que possam adaptar-se e manter-se em equilíbrio como o seu meio. Conseqüentemente, ao se criar um novo ambiente onde os hábitos e reações costumeiras são insuficientes para obtenção do equilíbrio, torna-se mais fácil incutir novas orientações. Se, além disso, forem feitas pressões que diminuem o senso crítico, a possibilidade de persuasão é ainda maior. Há ainda, uma técnica de controle ideológico que procura impedir que as pessoas adquiram consciência de suas condições de vida, distraindo sua atenção. Através dos meios de comunicação, bombardeia-se a sociedade com notícias sobre fatos suficientemente atrativos para que os indivíduos tenham sua atenção desviada dos problemas econômicos e sociais. Baseia-se no fato de que as pessoas têm um limite de percepção e atenção e que, saturadas por um certo número de informações que apelam para as emoções e sentimentos, não lhes sobra espaço nem tempo para receber outras idéias. Grandes torneios desportivos, crimes cometidos com crueldade, têm sido constantemente alardeados para envolver os receptores em sua discussão e distraí-los das questões mais graves. Contrapropaganda Quando não conseguem obter o monopólio das informações através do controle ideológico, os grupos procuram neutralizar as idéias contrárias através da contrapropaganda. Ela se caracteriza pelo emprego de algumas técnicas que visam amenizar o impacto das mensagens opostas, anulando seu efeito persuasivo. Procura colocar as idéias dos adversários em contradição com a realidade dos fatos, com outra idéias defendidas por eles próprios ou em desacordo com certos princípios e valores aceitos e arraigados entre os receptores. Outra vezes, atua de forma indireta, tentando desmoralizar as idéias, não pela crítica à personalidade ou ao comportamento daqueles que as sustentam. Critica-se o sacerdote para desmerecer o conteúdo de suas pregações, ataca-se alguns dirigentes políticos para combater a filosofia adotada pelo governo e assim por diante. A contrapropaganda, na prática, se concretiza através da emissão de mensagens que, associadas aos argumentos ou à personalidades dos adversários, despertam reações negativas. A apresentação de fatos que estejam em contradição com as mensagens adversárias, sugerindo sua falsidade, irrealidade ou absurdo, é realizada com o intuito de despertar dúvida em relação a elas. A contrapropaganda dos defensores do sistema capitalista procura neutralizar as idéias socialistas difundindo, dramaticamente e com estardalhaço, notícias sobre fugas de pessoas que viviam em países comunistas. O objetivo desse procedimento é o de sugerir que não deve ser bom aquele regime, se a pessoas que nele vivem querem fugir de lá. Os fatos que se contrapõem às idéias da propaganda adversária costumam ser totalmente forjados. Não tendo condições de verificar, através de fonte segura, a veracidade ou não das informações, os receptores tendem a aceitá-las ou, ao menos, permanecem indecisos. Durante a Segunda Guerra Mundial os aliados criaram uma estação de rádio que se fazia passar por alemã e irradiava notícias para a Alemanha. Um dos informes, apresentado como comunicado oficial do governo nazista e transmitido quando Hitler insistia em que estava vencendo a guerra, gerava certa perplexidade. A notícia dizia que alguns soldados alemães estavam desertando do front e deveriam ser denunciados por qualquer pessoa que conhecesse seu paradeiro. Suscitava-se, assim, dúvidas em relação à vitória de um exército cujos soldados estavam fugindo. A contrapropaganda também atua sobre o temor, mostrando que as idéias adversárias, se concretizadas, podem causar graves prejuízos e malefícios às pessoas. As campanhas anticomunistas constituem os exemplos mais significativos. Nos países do "bloco ocidental", inclusive o Brasil, ainda se repete a técnicas que vem sendo posta em prática há anos de divulgar notícias de atrocidades cometidas na União Soviética, China, Cuba, Nicarágua, e países africanos. Fala-se em crianças e mulheres fuziladas, homens cruelmente torturados, degolados e queimados. Ao mesmo tempo insiste-se que tais fato serão sempre inevitáveis para qualquer país que opte pelo sistema socialista. Com isso, conseguem incutir um tal medo na população que as convencem a apoiar o governo em sua ação repressiva contra os adeptos de idéias igualitárias, sejam socialistas ou apenas superficialmente semelhantes. A contrapropaganda também é realizada no sentido de despertar desprezo pelos adversários e suas idéias, associando-os a situações contrárias aos princípios e valores respeitados pelos receptores. Os comentários que se fazem a respeito de alguns dirigentes governamentais, acusando-os de desonestos, corruptos, homossexuais e, até mesmo, de traídos pelas esposas, visam desmoralizá-los e gerar desprezo pelas propostas e idéias que defendem. Com o objetivo de desmoralizar as manifestações estudantis, afirmou-se que se tratava de "filhinhos de papai"que, ao invés de estudar e cumprir suas obrigações, permaneciam fazendo "badernas" e "arruaças", prejudicando o trânsito, gerando insegurança para o povo e criando dificuldades para todos. Conseguiam, dessa forma, despertar a hostilidade e desprezo de grande parte da população contra os movimentos e, assim, abafar a questão dos problemas sociais que estavam sendo levantados pelos universitários. As questões de natureza econômica ou política são extremamente significativas para maioria das pessoas, já que se relacionam intimamente com suas condições de vida. Por essa razão, a propaganda procura apresentar as idéias dentro de um clima de grande seriedade, às vezes até solene, que torne possível despertar a atenção para a importância dos assuntos abordados. Daí grande parte da contrapropaganda atuar através do humor, da sátira ou da piada, ridicularizando as idéias e pessoas que as defendem. Procuram, assim, gerar desinteresse pelo conteúdo das mensagens e desvalorizar sua importância. Os veículos de comunicação, constantemente, difundem charges, apelidos e sátiras que desmoralizam e desfiguram dirigentes e líderes políticos, tornando-os engraçados ou mesmo ridículos. Quebram, assim, a imagem de respeito que estes pretendam impor e afetam o conteúdo de suas afirmações. Os slogans também são ridicularizados, para perder seu efeito persuasivo e de impacto. No Brasil, os temas das campanhas governamentais têm sido automaticamente ironizados com sugestiva criatividade. Para a frase "Brasil, ame-o ou deixe-o" criou-se a resposta "O último, apague a luz do aeroporto". Quando se disse "O Brasil deu um passo à frente", contestou-se rapidamente "E estava à beira do abismo". Contra o tema "O Brasil é feito por nós" respondia-se "O difícil é desatá-los". A contrapropaganda, portanto, é o instrumento utilizado por um grupo através das formas e recursos mencionados, visando neutraliza a força das teses e argumentos da propaganda adversária. Dessa forma, amenizando o efeito persuasivo das idéias contrárias às suas, o grupo pode desenvolver sua própria campanha de propaganda, sem a necessidade de recorrer a outros artifícios e precauções que esclareçam a razão das diferenças entre suas propostas e as alheias. Difusão Elaborada a ideologia, realizada sua codificação e estruturado o sistema de controle ideológico, procede-se à difusão sistemática das mensagens. Dentre as formas de difusão utilizadas pela propaganda ideológica, a oral, através da palavra falada, ainda é das mais importantes. Empregada desde a antiguidade, foi a forma preferida por inúmeros líderes. Hitler considerava que todos os acontecimentos importantes e todas as revoluções foram produzidas pela palavra falada. Lenin dizia que o agitador, antes de mais nada, deveria agir de viva voz. Os discursos políticos, pregações religiosas, declarações de líderes e homens de governo têm sido, em grande parte, os maiores responsáveis pela propagação das ideologias em todos os recantos do mundo. Uma de suas grandes vantagens é permitir ao orador observar diretamente a reação dos seus ouvintes e, a partir dela, reforçar certos argumentos, insistir em determinados aspectos, dar maior ou menor ênfase às palavras, repetir afirmações, aumentar ou diminuir pausas, sublinhar as idéias com gestos e expressões fisionômicas. Além disso, o discurso e a pregação constituem as únicas formas que permitem reunir um grande número de pessoas, até mesmo em grande praças públicas, de tal forma que cada indivíduo sinta sua personalidade diluir-se na multidão, percebendo-se como parte de um todo e tendendo a acompanhar as manifestações da maioria. Tem-se aí a possibilidade de produzir uma impressão de unanimidade tão persuasiva quanto os argumentos do orador. Esse clima pode ainda ser reforçado pela preparação das claques, grupos de pessoas previamente encarregadas de aplaudir e ovacionar o orador. Outra vantagem da palavra falada, quando proferida diretamente pelos líderes, é a sua maior credibilidade. O orador pode impor uma imagem de sinceridade, impossível de ser transmitida por outro meio; suas afirmações têm mais calor e se tornam mais humanas. Se a expressão oral encontrava limites restritos de tempo e espaço no passado, hoje, com a evolução tecnológica dos meio de comunicação de massa, adquiriu uma amplitude quase infinita. Os satélites têm possibilitado que muitas declarações do papa ou do presidente dos EUA, dentre outros, sejam divulgadas imediatamente à maioria dos países do globo terrestre. A imprensa, o mais antigo dos meios materiais de comunicação, exerce um papel importante em propaganda. Jornais e revistas, por informarem constantemente sobre os fatos regionais e internacionais, contribuem em alto grau para fornecer aos leitores uma determinada visão da realidade em que vivem. Dessa maneira transmitem os elementos fundamentais para a formação de um conceito da sociedade e do papel que cada um deve exercer nela. Por trabalhar com fenômenos apresentados de maneira aparentemente objetiva, como se fosse a mera e simples apresentação dos fatos puros, tais como realmente ocorreram, adquire uma aparência de neutralidade que assegura a confiança da maioria dos leitores. Mas essa neutralidade não é real. As notícias internacionais são distribuídas por agências especializadas, principalmente as norte-americanas Associated Press e United Press International, onde se selecionam as informações segundo os critérios estabelecidos pelos interesses econômicos e políticos dos grupos que as controlam. Essas informações são enviadas às redações, onde, juntamente com as notícias locais, são novamente selecionadas, agora com observância de outros critérios, determinados pelo interesse dos proprietários dos jornais ou dos que neles anunciam. Dessa forma, a imprensa acaba por constituir um elemento de manipulação de grupos internacionais e nacionais que só permitem a transmissão daquelas mensagens que possam reforçar sua ideologia. Além da seleção de informações, há outros meios de manipulação dos fatos. Um deles é a fragmentação da realidade, implícita na própria forma como são apresentadas as notícias. Para se adquirir consciência da realidade social, é necessário que se percebam as relações entre os diversos fenômenos, obtendo-se a visão de conjunto necessária para ver a sociedade como um todo integrado, em que os fatos econômicos, políticos e culturais sejam vistos tal como se determinam reciprocamente. A grande imprensa, ao contrário, aponta os fatos isolados uns dos outros, mantendo ocultas aquelas relações. O leitor, em relativamente pouco tempo, acaba lendo notícias as mais variadas sobre esportes, crimes, cotações de bolsa, inflação, desastres, guerras externas, declarações de brasileiros e estrangeiros. Recebe uma visão caótica da realidade, sem perceber os efeitos que os fatos têm uns sobre os outros. Outra forma de manipulação é realizada pelo maior ou menor destaque que se dá à notícia. A página em que é colocada, a dimensão do texto, o título, o maior ou menor número de pormenores contidos na descrição permitem dar aos fatos um outro significado. As greves organizadas pelos sindicatos operários, por exemplo, que têm uma enorme repercussão econômica e política, geralmente são tratadas pela grande imprensa como um simples fato acidental sem maior significação. O Estado de S. Paulo, por exemplo, menciona-as em pequenos espaços nas páginas de economia, ao lado de outras informações, como posição de preços no mercado, cotações de bolsa, dando a impressão de um simples fenômeno corriqueiro sem maiores conseqüências. Há também a interpretação das informações, geralmente realizada dentro de uma linha preestabelecida pela direção do jornal, que é determinada pelos interesses ali defendidos. As notícias a respeito dos países socialistas são selecionadas a interpretadas de forma altamente negativa. Pouco se mencionam as providências bem-sucedidas, tomadas na China e em Cuba, para melhoria dos níveis de educação e saúde. Mas um grande destaque é dado às prisões políticas e torturas, mostrando-se apenas o lado negativo daqueles sistemas. Já em relação aos Estados Unidos, insiste-se no desenvolvimento econômico, na "perfeição" do sistema "democrático". Mas pouco se menciona a exploração dos povos subdesenvolvidos por aquele país, ou a intervenção norte-americana em países onde se fazem revoluções e se depõem homens de governo que não aceitam certas imposições. Silencia-se sobre a corrupção política existente. Pouco se fala sobre a vida cada vez mais angustiada da juventude americana, que vai buscar nas drogas o único consolo para suas crises existenciais. Além dos aspectos mencionados, que fazem parte da rotina dos periódicos, estes também são empregados para difundir a declaração dos homens públicos. O próprio governo usa espaço dos jornais para relacionar suas realizações. Grupos particulares também aproveitam a imprensa, pagando o espaço, para apresentar suas idéias. Até agora falamos da imprensa vinculada aos interesses dos grupos econômicos mais fortes. Mas ela também é adotada, algumas vezes, por grupos minoritários não ligados aos detentores do poder. A História do Brasil registra o aparecimento de inúmeros jornais e pequenas revistas da imprensa operária e estudantil que procuram evidenciar as contradições do sistema vigente e transmitir propostas alternativas. Geralmente são periódicos de vida curta, logo obrigados a fechar em virtude de dificuldades financeiras resultantes de pressões dos grupos econômicos mais fortes ou mesmo por imposição policial, que não permite que se excedam limites preestabelecidos por setores da classe dominante. A propaganda emprega ainda o cinema, tanto com filmes documentários quanto de ficção. Os documentários têm a grande vantagem, para os que o utilizam, de que é montado com imagens verdadeiras, extraídas diretamente da realidade, fato que lhes dá extrema credibilidade. Todavia, a possibilidade de selecionar, dentre as imagens possíveis, aquelas que confirmem e reforcem uma determinada idéia, permite uma grande oportunidade de manipulação. No Brasil, os documentários cinematográficos são obrigatoriamente exibidos nas telas dos cinemas por imposição legal. São sistematicamente utilizados para engrandecer o regime político vigente e enaltecer a capacidade dos dirigentes e empresários. O conteúdo mais constante desses filmes documentários é a apresentação de grandes realizações governamentais ou de setores privados da agricultura, indústria e comércio. Quase sempre trazem cenas que sugerem apoio e unanimidade pela presença sorridente e confiante das autoridades civis, militares e eclesiásticas ou de multidões populares que aplaudem. Os documentários podem ser falsificados, montados com sons e cenas verdadeiros, mas sem nenhuma relação uns com os outros, fato que raramente é perceptível para a maioria dos espectadores. Pode-se acrescentar sons de gritos, tiros, aplausos a cenas eu que na verdade não ocorreram. Multidões podem ser associadas a reuniões onde não há mais de uma dezena de pessoas. Essa possibilidade de associar e fundir trechos diversos de filmes e sons permite ao produtor transmitir a idéia que lhe aprouver. Os filmes de ficção, sendo produzidos não com cenas reais e objetivas, mas interpretadas e montadas, não têm o mesmo ar de autenticidade e o poder persuasivo dos documentários. Mas, através da trama de situações que se pode criar, da variedade imensa de ritmo de som e imagens possíveis de se obter, permitem criar um clima de envolvimento emocional que facilita a inculcação de idéias e valores. Além disso, projetados em salas escuras, podem contar com maior receptividade, já que não existem outros fatos que possam distrair a audiência. O roteiro padrão dos filmes de aventura americanos permite avaliar bem seu valor como instrumento de transmissão de idéias. Geralmente são compostos de três idéias essenciais. Uma primeira mostra uma situação de paz e harmonia. Em seguida há o aparecimento de uma ameaça para, finalmente, se sucederem as tentativas de defesa que culminam com um final heróico. O espectador, envolvido pelo clima harmonioso inicial, é levado a indignar-se contra o sujeito da ameaça, que pode ser um indígena, um criminoso ou um espião russo. Afinal, acaba identificando-se com o herói ou heróis que vêm proporcionar a solução feliz. Todo filme acaba reduzido a uma proposta maniqueísta em que se apresentam apenas duas alternativas: a certa ou a errada, a boa ou a má. Todo esse contexto é permeado de cenas de amor e ódio, atos de maldade ou bondade, violência e carinho intensos, alguns toques eróticos. O ritmo das cenas se alterna da lentidão à rapidez extrema, as músicas acompanham o crescendo e variam da doce suavidade de um coro celestial à veemência das marchas de guerra, tudo para conduzir o receptor a um clímax. Foi através desses recursos que o cinema norte-americano conseguiu impor ao mundo ocidental certas imagens estereotipadas como a do indígena selvagem e assassino, dos alemães e japoneses frios e calculistas da Segunda Guerra Mundial, ou do agente russo desumano, traiçoeiro e criminoso. E tudo isso em contraste com a figura do norte-americano bom, leal, corajoso e honesto. O cinema também pode ser utilizado para conscientizar o espectador acerca das contradições sociais, embora nem sempre esses filmes consigam vencer os obstáculos da censura e das pressões econômicas. No Brasil, tivemos o período do chamado "Cinema Novo", entre o final dos anos 50 e começo dos 60, onde se produziram alguns filmes que mostravam a miséria dos sertões e o drama das favelas brasileiras. Mais recentemente, fizeram-se alguns filmes sobre a corrupção policial e a violência urbana. O rádio também é um instrumento da propaganda, com a grande vantagem de poder transmitir as mensagens com rapidez e amplitude, permitindo mesmo que certos fatos sejam divulgados imediatamente após ocorrerem. Permite dirigir-se às camadas mais humildes da população, inclusive analfabetos, que muitas vezes não têm acesso a outros meios de informação. Permite também o estabelecimento de um clima de intimidade, onde o locutor sussurra opiniões para o ouvinte, criando uma situação de amizade e de descontração informal bastante sugestiva. Por ser tratar de concessão governamental que pode ser cassada a qualquer momento, induz seus proprietários e funcionários a evitar a difusão de mensagens em desacordo com a ideologia proclamada oficialmente. Além disso, pelo fato de, como a imprensa, depender de anúncios comerciais para se manter, o rádio se torna um instrumento passível de ser controlado pelos interesses das classes dominantes que pagam esses anúncios. É largamente empregado para a divulgação dos discursos, declarações e mensagens dos dirigentes e órgãos governamentais. A irradiação oficial chamada "Hora do Brasil" foi criada por Getúlio Vargas com esse objetivo e, embora reformulada, permanece até hoje com o nome de "A voz do Brasil". A televisão serve antes de mais nada para e difusão de notícias, o telejornalismo. Como a imprensa escrita, passa por processos de seleção e interpretação, depende de anúncios pagos e de concessão governamental, o que a transforma em instrumento de difusão das ideologias dos grupos econômicos ou do governo. A forma como são produzidos os programas deu à televisão o caráter de instrumento para tornar a população mais passiva. Novelas, programas de auditório, shows de variedades, apresentação de cantores, jogos, disputas, esportes e sorteios absorvem grande parte da capacidade crítica do espectador, conduzindo-o a uma espécie de fuga da realidade. Desviando sua atenção das questões sociais, induz à alienação. Tome-se o exemplo do programa Sílvio Santos, há anos sendo veiculado aos domingos, desde a manhã até a noite. Toda a produção é caracterizada por um clima constante de suspense e de agitação crescentes, com enorme variedade de apresentações. Os sorteios, anunciados desde o início do programa, são realizados ao final quando, em alguns segundos, alguém pode tornar-se um milionário. Envolve-se a audiência de tal forma e com tal ritmo que lhe é impossível raciocinar sobre o que vê e ouve. E não faltam os elogios e enaltecimentos a políticos e governantes. O teatro teve papel importante na divulgação dos ideais da Revolução Francesa e na preparação da Revolução Russa. Os revolucionários bolchevistas, por exemplo, o empregavam para a apresentação de peças rápidas onde se criticavam a nobreza, a decadência do capitalismo e se enalteciam os operários, camponeses e o regime socialista. No Brasil o teatro tem-se desenvolvido bastante e é muito empregado como instrumento de crítica e contestação dos valores e costumes vigentes. Contudo, devido ao alto preço dos ingressos, a maioria das peças atinge apenas a uma pequena elite econômica e cultural. Dessa forma, pelo pequeno público a quem se dirige, perde grande parte do seu valor como meio de transmissão de idéias e de conscientização. Os cartazes, ilustrados ou não, em cores ou em branco e preto, são bastante utilizados para afixação em muros e paredes visando transmitir algumas idéias fundamentais através de um impacto rápido. Além deles, inúmeros outros impressos se prestam a auxiliar na difusão de mensagens. Os "manifestos" explicam e defendem uma determinada posição perante certos fatos econômicos e políticos. Os "panfletos" divulgam fatos, notícias ou críticas a determinadas idéias e propostas. Os "volantes" servem para difundir nomes, frases, slogans, palavras de ordem e símbolos ou para anunciar e convocar reuniões e movimentos. Distribuídos diretamente para os receptores ou lançados do alto de edifícios ou de aviões, são mais freqüentemente adotados por aqueles que, por se oporem aos detentores do poder e contestarem a ideologia dominante, não conseguem ter acesso à imprensa, rádio ou televisão. O livro, por suas próprias características, se destina a levar idéias apenas a um pequeno número de pessoas: aquelas que têm grau de instrução mais elevado. As idéias nazistas na Alemanha tiveram no livro "Minha Luta", de Adolf Hitler, um dos seus mais importantes instrumentos de divulgação. No Brasil, foi durante a ditadura de Getúlio Vargas que mais se produziram livros com o objetivo específico de apoiar a propaganda. Centenas de obras elogiosas ao regime e enaltecedoras da personalidade de Vargas foram escritas, em linguagem simples a acessível, para que fossem lidas pelo maior número possível de pessoas. Além dos meios de comunicação propriamente ditos, a propaganda também se apóia em inúmeros outros suportes. Qualquer objeto ou espaço que possa ser visto por um razoável número de pessoas é aproveitado. As paredes são pichadas com frases, slogans e símbolos. As placas de inauguração e sinalização difundem realizações, prestigiam líderes políticos e homens públicos. As cédulas e moedas, os selos postais, contêm mensagens e efígies de homens públicos. Faixas e estandartes ostentam mensagens e símbolos. Estátuas e bustos concretizam o prestígio daqueles que devem ser considerados heróis. Alto-falantes auxiliam a ampliar o alcance dos discursos e declarações. Aviões escrevem mensagens de fumaça nos céus. Há, ainda, uma outra forma de difusão de idéias que se caracteriza pelo anonimato: o rumor. A informação, geralmente falsa, circula de pessoa, podendo atingir grande parte de uma população. Como é muito difícil descobrir a fonte inicial da informação, o rumor constitui um instrumento muito útil para aqueles que, por qualquer razão, pretendem transmiti-la sem serem identificados. Efeitos da Propaganda Ideológica A propaganda ideológica permite disseminar, de forma persuasiva, para toda a sociedade, as idéias de determinado grupo. Depois de emitida através dos diversos meios e suportes de comunicação, elas passam a ser retransmitidas, direta ou indiretamente, no seio das diversas instituições sociais, ampliando e reforçando o processo de difusão. A ideologia, dessa forma, se espalha e impregna todas as camadas da sociedade. Na família, na escola ou no trabalho, em todas as partes e por todos os meios, todos passam a ser orientados para os mesmos fins e enquadrados dentro dos mesmos princípios. Nas famílias, os pais, que sofrem o efeito persuasivo da propaganda, acabam transferindo para seus filhos as concepções e normas de conduta que lhes foram inculcadas. Acreditam, na maioria das vezes, que a experiência adquirida lhes dá condições de orientar seus filhos, de forma neutra e objetiva, para que julgam ser o "melhor caminho". Impõem regras de respeito e obediência, indicam os cursos que devem realizar e as profissões que podem exercer. Dessa maneira, moldam seus filhos para que ingressem no contexto social da forma mais adequada à realização dos interesses da classe ideologicamente dominante. Em cada classe social as famílias produzem os novos membros que deverão entrar, disciplinadamente, no sistema econômico, político e cultural, reproduzindo o papel de seus antecessores. Criam os operários esforçados e submissos, os gerentes hábeis e obedientes, e, até mesmo, os novos privilegiados que deverão saber como manter e reforçar o poder e a dominação adquiridos por herança. A escola, em princípio, tem o objetivo de orientar o desenvolvimento dos alunos, ao mesmo tempo que fornece as informações e fórmulas práticas que lhes permitirão integrar-se ao meio. Nesse processo, acabam por receber o conteúdo da ideologia aceita por seus professores ou imposta pelos administradores escolares. Aprendem as normas de disciplina que devem cumprir e os conhecimentos que os levarão a integrar-se na sociedade, observando os estritos limites definidos pela ideologia dominante. São condicionados a respeitar hierarquias e obedecer os superiores, aprendem qual é "o seu lugar" e o papel que devem exercer. Há, inclusive, as matérias e disciplinas criadas e programadas com o fito exclusivo de transmitir determinadas ideologias de forma direta. É o caso de cursos como os de "Educação Moral e Cívica" etc. Nas igrejas e templos, também, os sacerdotes e pastores, além do seu escopo confessado, que é o de transmitir paz e conforto espiritual, ultrapassam os limites das idéias próprias à religião que professam. Defendendo os interesses e valores ideológicos vigentes na sociedade em que atuam, transformam-se em instrumento de sua divulgação. Durante séculos, a Igreja procurou induzir seus fiéis a permanecerem passivos perante os abusos e arbitrariedades em troca da felicidade a ser obtida no "reino dos céus". Algumas vezes, inclusive, esse papel é previamente orientado pela pressão dos detentores do poder. Merecem ser lembrados os exemplos de Napoleão Bonaparte e Getúlio Vargas que, embora em épocas e países diferentes, utilizaram a mesma tática de impor aos sacerdotes a obrigação de, em suas pregações, afirmar que o "bom cristão" deveria observar as leis e obedecer às ordens e decisões do governo. Esse processo de retransmissão da ideologia, difundida inicialmente pela propaganda, ocorre, da mesma forma, em todos os tipos de instituições, sejam elas religiosas, políticas ou mesmo culturais e recreativas. Nos partidos, sindicatos, empresas, clubes e associações, a todo momento se está defendendo e disseminando as idéias incutidas pela propaganda. As conseqüências da difusão de uma ideologia e seu esforço em nível institucional são diversos em função da direção e do plano em que se realiza. Em primeiro lugar, há aquela realizada entre indivíduos e grupos de uma mesma classe social, onde emissores e receptores ocupam uma mesma posição no conjunto das relações econômicas. Nesse caso, as idéias de uns, refletindo suas condições, refletem, ao mesmo tempo, a realidade dos demais. A difusão dessas idéias permitirá que um maior número adquira consciência do espaço que ocupa na sociedade e das possibilidades de ampliação de seus limites. A propaganda adquire aí um papel de instrumento de conscientização, permitindo a cada um dos envolvidos compreender melhor o contexto que o cerce e orientar sua ação em sentido adequado ao sue próprio desenvolvimento. Além disso, a propaganda se transforma em instrumento de união da classe social em torno de metas comuns, permitindo que ela se torne mais organizada e que sua ações sejam mais coerentes. Impede-se que os indivíduos e grupos caminhem em sentido diversos, o que acabaria por obrigá-los a retornar ao ponto de partida e recomeçar o trabalho. Assegurando, dessa maneira, a atuação coesa numa mesma direção, a propaganda propicia o fortalecimento da classe em questão, que passa a ter maiores possibilidades de se defender de eventuais ameaças e mesmo de ampliar os limites que restringem sua atuação. É através da propaganda, por exemplo, que os empresários conseguem difundir, entre si, uma mesma concepção da realidade econômica em que vivem, através da qual orientam sua ações e integram seis esforços para assegurar a realização dos interesses comuns. Entre operários, somente quando alguns deles conseguem compreender o sistema em que estão inseridos e propagam essa percepção aos demais é que surge maior união. Conscientes do fato de que ocupam posição idêntica no contexto social é que podem organizar-se e mobilizar-se na luta pela melhoria de sua situação. Só com essa consciência e organização é que adquirem força e condições para avançar e progredir econômica, política e culturalmente. A situação assume outras características quando a propaganda se faz de uma classe social para outra. Pode ocorrer que o emissor apresente suas idéias sem pressão ou imposição. Simplesmente expõe suas convicções e argumentos a té mesmo confessa que se referem a seus próprios interesses, deixando aos demais a liberdade de aderir ou não. Estes, analisando as propostas, têm condições de avaliar até que ponto partilham os mesmos interesses, podendo apoiar ou sugerir outras alternativas. Essa seria a forma normal de transmissão de ideologias dentro de uma sociedade ideal, pluralista e democrática. Todavia, à medida que um dos lados tem possibilidade de exercer o controle absoluto das vias de acesso à realidade, acaba por impor seus objetivos aos demais. As pessoas, a maior parte delas, passam a viver, como sua, uma realidade que lhes é estranha e a lutar pela realização de interesses que se opões aos seus. Inconscientemente, trabalham e se esforçam em benefício de um capital que as explora e propiciam um desenvolvimento que se realiza às expensas de sua miséria. Convencidos de assumir uma personalidade que lhes é imposta e acreditando que essa é a maneira de participar e desenvolver-se, sofrem e se frustam quando não obtêm qualquer recompensa que tenha alguma significação. São membros das classes médias, envolvidos pela ânsia de possuir e consumir bens que não lhes dão a satisfação e bem-estar prometidos. Estudantes, que após anos de esforço, quando logram obter uma colocação, utilizam seus conhecimentos e habilidades na realização dos objetivos de uma minoria que nem sempre conseguem identificar. Agricultores e colonos que ajudam a produzir milhares de toneladas de alimentos, mas não conseguem escapar da ignorância e da miséria. Operários que jamais conseguem adquirir um único, dentre os milhares de objetos que produzem diariamente. Envolvidos, assim, em um modo de vida vazio de sentido, procuram refugir-se em distrações momentâneas e fugazes que conduzem a uma alienação ainda maior. E a propaganda impinge futebol e carnavais que passam a ser algumas das poucas compensações para um longo e estafante período de trabalho. O controle ideológico, estabelecendo os limites do que pode ou não ser divulgado e reprimindo toda manifestação contrária aos valores vigentes, acaba por gerar um conservantismo obscurantista que atinge a sociedade em todos os seus aspectos. Todos passam a viver em função de um mesmo conjunto de idéias que ficam congeladas e emperram o progresso cultural. Impede-se a evolução da ciência, o desenvolvimento de novas técnicas e o aprimoramento das formas de expressão artística. Intelectuais e artistas são reprimidos e amordaçados. E essas é uma das principais razões pelas quais, em diversas áreas do conhecimento, nós nos encontramos com anos de atraso em relação a outras culturas. Mas essa situação, se pode ser mantida e reproduzida por longo tempo, não é eterna. No afã de aumentar sua riqueza e acumular mais capital, a classe economicamente dominante precisa ampliar e desenvolver seus negócios. Para tanto, depende de mais apoio e colaboração das subalternas. Em troca, se vê obrigada a ceder e fazer concessões. Os setores dominados, pela própria exigência do desenvolvimento econômico e político, também se desenvolvem e se tornam menos sugestionáveis e vacinados contra certas formas de mistificação. Gradativamente, a manipulação ideológica precisa sofisticar-se, sob pena de perder a eficácia. Cada vez se acredita menos em propostas triunfalistas e promessas demogógicas. Começa-se a exigir maior participação real e efetiva. Embora com um ou outro retrocesso, os esquemas de controle e persuasão vêm perdendo sua força e eficiência e tendem a desmoronar mais cedo ou mais tarde. O futuro deverá trazer formas mais democráticas na transmissão das ideologias.