Para compreendermos o surgimento do papel moeda no Brasil, devemos primeiramente levar em conta o próprio desenvolvimento da economia deste país. Ao longo dos séculos, especialmente no período colonial, observamos que as transações comerciais foram praticadas através do escambo (troca de mercadorias) e o uso de moedas de metal cunhadas com ouro e prata.
Até o século XVIII, não possuindo atividades tão complexas, a economia brasileira conseguiu manter suas atividades comerciais pelo uso dessas modalidades. Contudo, no século seguinte, começava a ficar latente a insustentabilidade de uma economia possuidora de um baixo montante de moedas em circulação. De acordo com algumas estimativas, a riqueza circulante em moeda girava em torno da cifra de dez milhões de réis.
Com a chegada da Família Real ao Brasil e a consequente abertura dos portos, a necessidade de se modernizar e agilizar nosso sistema monetário se tornou ainda mais urgente. Por isso, D. João VI ordenou a criação do Banco do Brasil, que passaria a desenvolver a emissão de papel-moeda em quantidade proporcional ao lastro oferecido pela quantidade do ouro presente nos cofres públicos. Dessa forma, a quantidade de dinheiro no mercado seria sustentada pelas reservas controladas pelo governo.
Em 1820, a saída de D. João VI estabeleceu uma séria crise na economia brasileira. Além de voltar a Portugal com sua família, o rei extraiu arbitrariamente as reservas disponíveis no país. Com isso, o papel-moeda brasileiro se desvalorizou e, logo em seguida, um grave processo inflacionário atravancou o desenvolvimento da economia nacional. Não por acaso, a questão do desenvolvimento instigou a realização de várias revoltas no Primeiro Reinado e no Período Regencial.
Ao longo do Segundo Reinado, o desenvolvimento da economia cafeeira, do setor de transportes e a tímida industrialização deram indícios de recuperação econômica. Contudo, os vários empréstimos buscados no exterior e a manutenção de uma economia agroexportadora forçaram um sistemático processo de desvalorização da moeda brasileira. Paralelamente, devemos ainda salientar que a monetarização da economia exigiu que o processo de fabricação do papel moeda fosse devidamente aprimorado.
Inicialmente, o papel-moeda era fabricado no molde de “cartas”, que eram preenchidas com o próprio punho. Por conta de seu difícil manuseio e a possibilidade de falsificação, as moedas foram se modificando até que pudessem ser utilizadas em escala cada vez mais ampla. Graças à modernização dos métodos de impressão, o papel-moeda brasileiro foi paulatinamente enriquecido com uma maior gama de detalhes aliados a um material mais leve e resistente.
Somente em 1942, já em plena vigência do governo republicano, foi que a moeda brasileira foi dos “réis” para o “cruzeiro”. No século XX, ao longo de idas e vindas dos nossos instáveis índices econômicos, o papel moeda brasileiro foi modificado na intenção de se reestruturar o mercado interno. Em 1967, mediante a grave desvalorização do cruzeiro, o governo realizou sua substituição pelo cruzeiro novo. Três anos mais tarde, o cruzeiro voltou a ser adotado.
Em 1986, em mais um tentativa de contenção da exponencial desvalorização da moeda brasileira, o governo instituiu a criação do “cruzado”. Mais uma vez, não suportando os galopantes índices inflacionários, o governo criou o “cruzado novo”, com uma valorização de 1000%. Somente em 1994, através de um ousado plano de valorização monetário, foi que o governo teve capacidade de promover um quadro econômico relativamente estável com o “real”, moeda que ainda vigora em nosso sistema financeiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário